Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 39
XXXIX


Notas iniciais do capítulo

POV da Liv de novo nesse capítulo, pessoal



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/171241/chapter/39

 Depois dos acontecimentos constrangedores em Seattle, eu estava muito agradecida por Vancouver ser nosso último destino com o ônibus. Depois de Vancouver, o show seria em Winnipeg. Como nunca chegaríamos em Winnipeg a tempo, íamos pegar um avião até lá. Eu e as crianças ficaríamos em Winnipeg. Só Pattie iria com Justin para Toronto, no final oficial da turnê.

 Durante as entrevistas e a passagem de som em Seattle, eu estive muito ocupada, fazendo uma matéria para um programa de TV. Nem sei por que eles quiseram que eu fizesse, mas levei as crianças comigo e a matéria acabou ficando bem engraçada e fofa. Só que a ordem era: não mencionar isso com Justin. Ele não podia nem sonhar o que eu havia feito. Fiquei de boca calada. Não era pedir muito, depois de todas as coisas que haviam acontecido conosco. Nós não íamos conversar direito mesmo.

 Chegando a Vancouver, no frio de verdade, Jazzy decidiu que queria cortar o cabelo. Ela convenceu Justin a leva-la a um cabeleireiro. Continuei tentando dissuadi-la a fazer o contrário, mas meus argumentos não fizeram muito efeito.

 - Mas Jazzy, está frio! Você vai cortar o cabelo no inverno? Vai ficar com frio.

 - Eu coloco um casaco – ela respondeu, dando de ombros.

 - Por que você quer cortar seu cabelo?

 - Porque sim.

 - Mas o seu cabelo é tão lindo!

 - Ele vai continuar lindo. Só vou cortar – Jazzy respondeu, dando de ombros.

 Depois de me recuperar do fato de que uma garotinha de três anos ganhou uma discussão comigo, que tenho 16, eu me convenci. Liguei para Erin enquanto procurávamos pelas ruas de Vancouver uma boa cabeleireira. Erin concordou. Ela até ficou animada. Falou que estava ansiosa para ver como sua princesinha iria ficar.

 Quando descemos para a cabeleireira, Jaxon estava até com um pouquinho de inveja da irmã, então ele também quis cortar o cabelo. Eu levava Jazzy no colo e Justin levava Jaxon. Ninguém ficou chocado quando entramos no salão, porque este era frequentado por gente mais velha que devia conhecer Justin só com o cabelo que tinha antes. A prova disso foi quando a mulher perguntou o nome dele para colocar numa ficha.

 - Justin Bieber – ele respondeu.

 Ela ficou chocada e passou a nos tratar bem melhor do que antes. Caminhamos para uma área mais privativa, onde pudemos nos sentar em grandes e confortáveis sofás. Ofereceram-nos água, café, cappuccino e até champagne. Não aceitei nada, porque estava preocupada com Jazzy. Justin quase aceitou o champagne, mas eu o interceptei.

 - Quer o champagne coisa nenhuma! – respondi à moça – Ele quer uma água e olhe lá.

 Justin me encarou de olhos arregalados e me deu uma cotovelada.

 - Legal aí, mãe.

 - Tenho que cuidar de você, não tenho?

 - Uma taça de champagne não faria mal nenhum.

 - Ah, não!

 Justin, mesmo bravo, deu risada. Eu me levantei e caminhei até a cadeira em que Jazzy estava sentada. A cabeleireira conversava com ela, que não parava de falar. Sorri ao chegar perto. A cabeleireira também sorriu.

 - Você é a irmã dela? – perguntou.

 - Não, não. Sou a babá. O irmão dela é aquele desmiolado sentado no sofá.

 A mulher riu e voltou a se focar em Jazzy.

 - Jazmyn disse que quer cortar o cabelo aqui – ela apontou na altura das orelhas de Jazzy – O que você acha?

 Eu arregalei os olhos. Ia ficar tão curto!

 - Jazzy, você quer cortar assim mesmo? Vai ficar tão curto.

 - Quero – respondeu a garotinha.

 Meu coração até doeu. Ia perder todo aquele cabelo lindo dela. Ah, que coisa triste. Mas quem era eu para decidir? Se Jazzy queria cortar tão curto daquele jeito, eu não podia impedi-la. Assenti para a cabeleireira.

 - Pode cortar, então.

 A mulher assentiu. Saí de perto. Não queria ver até Jazzy estar completamente pronta. Caminhei até a cadeira em que Jaxon estava sentado. A moça já estava cortando seu cabelo. Aquilo eu podia observar. A moça foi cortando e cortando tanto que, no fim, parecia que estava quase careca. Mas Jaxon sorriu satisfeito.

 - Você gostou, Jax? – perguntei, enquanto abria os braços.

 - Gostei – ele pulou para meus braços.

 Voltei com ele para o sofá. Justin conversava com uma garota de uns vinte anos de idade, que o servia água. Ela parecia uma fã, mas não estava toda histérica. Sentei ao lado dele, que não pareceu ter me visto chegar, e coloquei Jaxon ao meu lado.

 - Você vai ao show hoje? – ele perguntava.

 - Vou, claro! Minhas amigas estão guardando lugar para mim na fila. Elas não vão acreditar que te conheci.

 Justin deu risada. Eu pigarreei para mostrar que estava ali do lado. Sorri para a garota.

 - Ah, meu Deus. Você é a Liv, não é? – ela perguntou, apontando pra mim.

 Olhei para os lados e assenti.

 - Sou.

 - Uma das minhas amigas te adora – ela comentou, se aproximando – Nossa! Você é linda.

 Não havia sido um elogio. Tinha uma nota de surpresa em sua voz. Além disso, ela parecia meio decepcionada com minha aparência, mas eu sorri e assenti.

 - Obrigada.

 Ela se afastou de mim. Voltei a minha posição inicial, estranhando aquilo. Continuei ouvindo a conversa deles, que não passou de conversa de fã e ídolo. Ela disse que estava ansiosa para Believe. Só Deus sabia o que era aquilo, porque ainda não estava no Wikipédia. Eles conversaram por mais tempo. Ele autografou um papel e tirou foto com ela. Até começou a segui-la no Twitter. Com um suspiro de alívio quando ela foi embora, percebi que Justin estava sendo muito simpático com ela. Mais do que o normal. Aí me toquei: ela era bonita. Ele ficava assim com toda garota bonita.

 Cruzei os braços, ficando brava com ele. Justin era um mulherengo.

 - Você devia ter mais decência – sussurrei.

 - Como é?

 - Você tem namorada, Bieber.

 Ele começou a rir e se acomodou no sofá, ficando mais confortável.

 - Está com ciúmes, Liv?

 - Não. Estou apenas protegendo Selena – dei de ombros.

 Ele riu de novo.

 - E quem vai proteger a Selena de você?

 Encarei-o, boquiaberta. Ninguém precisava proteger Selena de mim, porque eu e ele não tínhamos nada. Nós nunca teríamos nada. As coisas que aconteceram entre nós foram simples erros. Nunca íamos comentar sobre aquilo, porque era inútil. Dei um tapa em Justin. Dei outro tapa. Ele não precisava ter me lembrado daquilo.

 - Seu idiota cabeçudo!

 Justin continuou a rir, porque sabia que havia me atingido em cheio. Como da vez em que ficou fazendo piada sobre mim e Chaz. Ele sabia como me atingir e eu odiava aquilo. Mas eu também sabia atingi-lo de volta. Mesmo que fosse batendo nele.

 - A culpa é toda sua. Você que me viu nua no banheiro!

 Justin só faltou pular em cima de mim. Ele calou minha boca com as mãos, mas já havia sido tarde demais. A cabeleireira de Jazzy havia escutado. Ela nos olhou com os olhos arregalados, mas voltou a fazer seu trabalho. Justin queria me matar. Ele tirou a mão da minha boca e eu comecei a rir.

 - Sua lesada. Como você pode soltar uma coisa dessas em público? – ele perguntou, vermelho feito um pimentão.

 - Não estou mentindo, estou?

 - Ninguém pode saber. Selena me mataria se soubesse!

 - Por que você está me culpando? Foi você que entrou no banheiro. Eu te avisei que ia tomar banho.

 Justin bufou e revirou os olhos.

 - Já disse que foi sem querer.

 - É o que você diz, mas não sei se acredito – apontei para ele – Seu safado.

 Comecei a rir. Eu sabia que Justin não havia entrado de propósito. Ele tinha uma memória de formiga, então eu realmente não podia culpa-lo. Mas aquela havia sido a única coisa que eu podia usar para rebater o argumento dele.

 Justin revirou os olhos de novo e me ignorou até Jazzy estar pronta. Ela apareceu, com os cabelos na altura das orelhas, sorrindo como se a manhã de Natal já tivesse chegado. Justin abriu os braços e ela correu até ele. Ele se levantou. Eu me levantei também e peguei Jaxon.

 - Meu Deus, como você está linda! – disse Justin, beijando-a na bochecha.

 Ela deu uma risadinha. Enquanto caminhávamos para frente do salão, dei uma olhada na pilha de cabelo no chão debaixo da cadeira de Jazzy. Bateu uma dor no meu coração de novo. Era um cabelo tão lindo! Mas Justin tinha razão: ela estava mesmo linda.

 Mandei um sorriso para a cabeleireira que havia nos atendido e ela acenou. Justin pagou com o cartão ao chegar na recepção. Nem escutei o valor, mas não podia ter ficado tão caro assim. Saímos e subimos no ônibus, seguindo em direção a casa de shows.

 As entrevistas foram em maior número agora que a turnê estava definitivamente no fim. Foi com um susto que descobri que eu só veria Justin nesse show e no de Winnipeg. Tentei processar esse assunto quando surgiu logo na primeira entrevista, mas perdi o chão por um bom tempo. Entre a segunda e a terceira entrevista, Justin chamou minha atenção.

 - O que você tem?

 - Não vou te ver mais – falei, sentindo meus olhos se enchendo de lágrimas.

 - Claro que vai – Justin franziu as sobrancelhas – Você acha que vai se ver livre de mim tão fácil assim?

 Soltei uma risada estranha pelo nariz, ainda me sentindo mal.

 - Quer passar o Natal comigo? – Justin perguntou.

 Pisquei os olhos incessantemente.

 - Como assim passar o Natal com você?

 - Ah, você sabe. Com a gente. Com toda a minha família. Sua mãe e Louie também podem ir. Afinal, você ainda tem que conhecer o Sammy.

 - Quem é Sammy?

 - Meu cachorro. Ele mora com meus avós, só que no aniversário do Jaxon ele foi para um hotel para cachorros, porque tinha muita gente lá.

 Abri um sorriso. Um cachorro, que coisa mais fofa. Eu adorava cachorros, gatos, tartarugas, pássaros. Enfim, amava quase todos os animais.

 - Então, quer passar o Natal comigo? – perguntou Justin novamente.

 Ele deu ênfase no “comigo”. Por mais que eu soubesse que toda a família dele estaria lá, Justin queria dizer que nosso tempo juntos ainda não havia acabado. E aquilo me deixou feliz. Ele se importava comigo.

 - Quero. Vai ser ótimo – respondi, sorrindo.

 As outras entrevistas foram mais calmas. Nós ficávamos zoando um ao outro de uma maneira sutil: usávamos muito sarcasmo, para que não desse tão na cara que estávamos brincando. Ninguém realmente percebeu que nós éramos umas pestes. E, naquele ponto da turnê, até Jaxon e Jazzy se sentiam confortáveis o suficiente para responderem às perguntas dos entrevistadores. Os dois adoravam as câmeras.

 Depois das entrevistas, eu e as crianças assistimos à passagem de som com direito a trezentas beliebers e boyliebers gritando. Passagem de som completa e fomos para o camarim enquanto Justin se arrumava para o show. E, quando ele ficou pronto, caminhamos todos juntos para o palco. Justin tomou uma direção diferente e nós caminhamos para o espaço entre as grades e o palco.

 O show foi incrível e a plateia foi ótima. Justin sempre parava para falar algumas coisas para eles ou para dizer algo engraçado. Dei risada e dancei com as crianças e com Pattie o show inteiro. Não havia me divertido assim sem me preocupar com outra coisa há muito tempo. Teria sido melhor se Justin também estivesse lá dançando com a gente, mas ele tinha que fazer seu papel de popstar e cantar muito.

 Quando o show acabou, Justin quis tomar outro banho. Não fui procura-lo dessa vez e esperei ele sair. Depois nós tivemos que pegar um carro para ir até o aeroporto. Mandei um tchau triste para o ônibus. Foi quando me lembrei da minha mala, que havia ficado lá dentro.

 - A gente tirou tudo que estava lá dentro – disse Kenny – Sua mala já está sendo despachada para Winnipeg, Liv. Não se preocupe.

 Relaxei. Nós chegamos ao aeroporto com duas horas de vantagem. Alguns fotógrafos nos esperavam na entrada, mas não nos preocupamos com isso. Fizemos o check-in e depois fomos para a sala de embarque. Nenhuma fã interceptou Justin.

 Entramos no avião. As crianças ficaram do meu lado. Justin ficou na poltrona da frente, mas ele sempre se virava para conversar comigo. O voo durou quatro horas. Nas últimas duas horas, estava tão cansada que acompanhei as crianças e dormi também.

 Chegar em Winnipeg com aquele tanto de fotógrafos nos esperando não parecia ser real. Aquela era minha casa, minha cidade. Nunca imaginei que algo daquele tipo fosse acontecer. Eu estava tão enterrada na minha vidinha normal que nunca pensei que algo de extraordinário fosse acontecer comigo.

 Depois de pegar minha mala e a das crianças, o carro nos levou para a casa dos Bieber. Não havíamos avisado Erin que estávamos chegando, mas era tão cedo que ela ainda não havia saído para trabalhar. As crianças correram em direção aos braços da mãe. Erin até ligou para o trabalho e pediu para faltar.

 Justin ficou lá na casa deles e eu acabei nem me despedindo dele. Peguei um táxi e fui direto para casa. Nem consegui acreditar que estava finalmente voltando pra casa. Agora eu podia ver Louie. Estava com tantas saudades dela.

 Entrei em casa com a chave reserva debaixo do tapete. Larguei a mala na sala mesmo. Ninguém estava acordado ainda. Realmente era cedo demais para que minha mãe fosse para o trabalho e Louie já devia estar de férias. Caminhei até o quarto de Louie, mas ela não estava lá. Caminhei até meu quarto, mas ela também não estava lá. Entrei no quarto da minha mãe. As duas dormiam juntas na cama de casal.

 Cheguei perto do lado da cama que Louie estava dormindo e a sacudi de leve. Ela abriu os olhos, ainda sonolenta. Quando me viu, pulou da cama em direção ao meu colo. Caí para trás, dando risada e a abracei.

 - Ah, meu bem. Que saudade que eu estava de você! – eu disse, beijando o topo da cabeça dela.

 - Eu também estava com saudades. Você sumiu – ela disse, com uma voz triste.

 - Mas agora eu estou de volta e não vou mais sumir, tá bom?

 - Promete?

 - Prometo!

 Minha mãe acordou com o nosso encontro barulhento. Por mais que eu estivesse fugindo dela todo aquele tempo, confesso que até senti sua falta. Ela se levantou e me abraçou. Nós nunca havíamos nos abraçado daquela maneira, mas eu me senti bem. Pela primeira vez, eu via minha mãe como minha mãe de verdade.

 Ela decidiu até nos fazer café da manhã, o que foi ótimo porque eu estava morrendo de fome. Enquanto eu contava sobre o que havia acontecido e nós dávamos risada, eu me sentia parte de uma família. Eu me sentia tão bem como quando estava com os Bieber. E aquilo era novidade. Uma ótima novidade, por sinal. Pensei, por um segundo, que talvez eu não tivesse mais que fugir. Agora eu tinha duas famílias de braços abertos para me receber.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Heart and Soul recebeu mais uma recomendação! WEEEEE *---* A gabymellarkbieber que mandou. Então palmas pra ela também, WEEEEE! ADUHDAOHDI Vocês não tem ideia do quanto me deixam feliz com todas as reviews e as recomendações. Muito, muito, muuuuito obrigada por tudo, meus amores. Amo vocês demais ♥
E espero que tenham gostado desse capítulo. Os próximos serão bem fofinhos *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Heart And Soul" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.