Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 3
III




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 Kenny retrocedeu o caminho inteiro que havia percorrido para nos escoltar até o carro. Esse não tão curto caminho foi recheado de clicks, para o meu desespero. E como se não bastasse, um cara apareceu com uma câmara e se aproximou bastante. Não parecia estar tirando fotos e sim, filmando.

 - Justin, oi, com licença – disse o homem por trás da câmera.

 - Oi – respondeu Justin, naturalmente, e deu um sorrisinho meio amarelo para a câmera – Eu queria que vocês evitassem a casa do meu pai. Meus irmãos não precisam passar por isso toda vez que vamos sair, então...

 Ele não completou, mas acho que o câmera entendeu exatamente o que ele queria dizer.

 - Ah, sim, claro. Desculpa. E para onde vocês vão?

 Eu soltei uma risada, o que atraiu a atenção da câmera para mim. Abaixei um pouco a cabeça. Era incrível a falta de desconfiança que eles tinham, como se Justin fosse lhes dizer para onde estávamos indo para que eles pudessem nos interceptar com mais fotos na hora da saída.

 - E quem é você? – perguntou o câmera, meio ofendido.

 Ele parecia ter entendido minha risada debochada e agora estava focando a câmera completamente em mim. Ergui a cabeça e olhei para frente, tentando ignorá-lo, mas ele foi chegando cada vez mais perto, o que me fez recuar instintivamente. Não gritei por Kenny, porque ele não era meu segurança. Eu não estava carregando nenhuma das crianças Bieber, então também não era seu dever me proteger. Fiquei um pouco assustada, mas não abri a boca. Paralisei, abaixei a cabeça e tentei me desviar dele, mas o cara estava realmente me perseguindo.

 - Deixa ela em paz – disse Justin, assim que percebeu o que estava acontecendo; ele me puxou e depois passou o braço pelo meu ombro, fazendo com que eu caminhasse mais rápido em direção ao carro. O Land Rover estava estacionado relativamente perto da casa, mas longe o suficiente para não ser exatamente visto. Tivemos que correr um pouquinho, mas Kenny já estava com o motor ligado e só esperava por nós.

 Acho que nunca entrei num carro tão rápido quanto daquela vez. Abri a porta de trás do Land Rover preto rapidamente e forcei Louie para dentro do carro; Jazzy já estava lá sentada e nos olhava com curiosidade. Justin, ao meu lado, estava tendo problemas para abrir a porta. Não sei como nos comunicamos, mas ele se virou para me entregar Jaxon e eu já estava de braços abertos para recebê-lo. Depois me empurrou para dentro com rapidez e se deixou como alvo dos fotógrafos por alguns segundos. Entrou no carro o mais rápido que pode e fechou a porta.

 As fotos não pararam. O vidro do carro era bem escuro, mas não escuro o suficiente. Kenny rapidamente saiu da vaga onde havia estacionado e nos colocou em movimento. Só consegui respirar aliviada quando passamos três ou quatro quarteirões.

 - Meu Deus! Senti como se estivesse em um episódio de The Walking Dead, correndo de zumbis – comentei, esbaforida.

 Kenny e Justin riram.

 - É mais ou menos assim mesmo – ele comentou, depois de uma pausa – Ah, mas enfim. Qual é o seu Twitter? Vou te seguir.

 Fiquei muito vermelha, mas ninguém reparou. Fingi estar muito ocupada colocando o cinto de segurança em Jazzy e Louie, e depois em mim e Jaxon, que estava em meu colo. Quando ergui a cabeça novamente, Kenny me olhou rapidamente pelo espelho retrovisor.

 - Hã... – comecei, sem saber como terminar – Eu não...

 - Você não quer? – perguntou Justin, virando-se no banco do passageiro para que pudesse me encarar.

 - Eu não tenho Twitter.

 Deu-se uma longa e estranha pausa. Justin me encarava de boca aberta e, quando o carro parou em um sinal fechado, Kenny também virou para me encarar com a mesma expressão. Engoli em seco e dei um sorrisinho.

 - Isso é uma coisa muito ruim? - perguntei, tímida.

 - Em que mundo você vive? – perguntou Kenny, abismado.

 - Hã, no meu – respondi, sinceramente. E então apontei para frente, sorrindo – O sinal já está verde.

 Kenny e Justin voltaram às posições anteriores e o carro voltou a se movimentar. Eu não sabia para onde estávamos indo, mas não podia reclamar ou sugerir muita coisa. Quero dizer, com Justin Bieber no carro, você meio que fica paralisada. Eu não sabia como ainda conseguia estar falando. Ele não era tipo super famoso? As pessoas normalmente ficam sem reação ao ver um famoso. A questão era saber porquê eu não estava daquele jeito.

 - Por que você não tem Twitter? – perguntou Justin ao colocar o cinto de segurança.

 - Por que quer saber? – revidei.

 Ele soltou uma risada antes de responder.

 - Bem, eu preciso conhecer quem está cuidando dos meus irmãos e ter certeza que ela não é uma maníaca psicopata que rejeita redes sociais.

 Soltei uma risada alta e tive que respirar muito fundo para parar de rir. Louie, Jazzy e Jaxon me encaravam como se eu fosse louca, mas eles ainda eram muito pequenos para entenderem o que estava acontecendo e não pareciam muito a fim de comentar alguma coisa. Louie parecia ter medo de dizer algo e eu brigar com ela em seguida.

 - Eu tinha uma conta, mas deletei há um ano, quando me mudei para cá – resumi, sem prolongar muito a explicação.

 - E por que você deletou? Quero dizer, você se mudou para uma cidade nova, Twitter não seria uma coisa boa para manter o contato com seus outros amigos? – ele perguntou, levemente interessado.

 - Seria, e foi por isso que eu deletei. Minha mãe tem essa filosofia de recomeçar quando nos mudamos, então tudo que era velho devia ser descartado. A gente recomeça a vida num estado novo, numa cidade nova, com uma casa e móveis novos. E, como eu sou americana, a gente sofreu uma mudança drástica dessa vez. Por isso eu não podia, de jeito nenhum, manter contato com meus velhos amigos.

 - Isso não é um pouco triste? Você meio que ficou sozinha – ele virou a cabeça para me olhar rapidamente.

 - Não me preocupei com isso. Eu nem tinha mesmo muitos amigos em Oregon – respondi, dando de ombros.

 Desviei o rosto no mesmo instante, porque ele pareceu querer se virar para me encarar novamente e isso revelaria a minha posição. Eu não queria mostrar, mas estava muito cansada de sempre me mudar. Não mudei tantas vezes assim, mas fui obrigada a desistir da minha antiga vida e isso era o que mais doía. Quando eu era criança, não conseguia perceber tudo isso, mas assim que cresci as coisas se tornaram mais difíceis.

 - Hum, ok. É uma desculpa válida. Vou te perdoar dessa vez – disse Justin, rindo.

 - Oh, muito obrigada, Vossa Majestade – respondi, rindo também – Se eu não tivesse seu perdão, não conseguiria viver com esse erro!

 As crianças começaram a rir das caretas que eu estava fazendo e Justin virou a cabeça para olhar. Parei imediatamente de fazê-las e ele se virou, dizendo em alto e bom som:

 - É bom mesmo, hein!

 Voltei a fazer as caretas, dessa vez com Jazzy, Louie e Jaxon me imitando. Assim que Justin virava a cabeça para nos olhar, nós parávamos, mas assim que ele voltava a olhar para frente, continuávamos com caretas. Na terceira vez que isso já estava acontecendo, eu quase não conseguia me conter e estava quase rindo, Jazzy nos delatou. Ele virou e ela lhe mostrou a língua.

 - A-há! Peguei você! – ele apontou para ela, que começou a rir, soltou um gritinho e escondeu o rosto – O que eu vou fazer com você, hein? O que será?

 E então ele começou a fazer cócegas nela de novo; ela se esquivava de seus dedos e ria de suas tentativas em tocá-la. Quando os olhos de Justin encontraram os meus, ele soltou um sorrisinho malicioso e eu entendi o que ele quis dizer. As crianças ficaram paradas, observando nossos olhares, temendo nossa reação. E então, eu gritei:

 - GUERRA DE CÓCEGAS!

 Justin soltou seu cinto de segurança para usar as duas mãos e fazer cócegas em Jazzy, Louie e Jaxon, um de cada vez, e eu atacava Louie e Jaxon, que estavam mais perto. A risada deles encheu o carro e foi como um raio de sol numa manhã nublada; era o som mais puro do mundo, a coisa mais bonita de se escutar. Dava pra perceber que até Kenny parecia estar se divertindo lá na frente, rindo das nossas brincadeiras bobas.

 Quando paramos por um segundo, as crianças estavam tentando recuperar o fôlego. Até eu e Justin estávamos cansados. Mas ainda assim, tudo havia mudado. Parecia que todo mundo tinha ganhado aquele brilho extra no olhar, aquele sorriso espontâneo no rosto. Todos me olharam, como se eu fosse a chefe e fosse meu dever decidir o que aconteceria em seguida. Arqueei as sobrancelhas, pensando no que ia acontecer. No instante em que abri a boca, o carro parou abruptamente.

 - Chegamos, pessoal – disse Kenny, olhando para trás.

 - Ah – todo mundo disse, em uníssono, com aquele tom de tristeza.

 Tirei o cinto de segurança de todo mundo e olhei pela janela antes de abrir a porta. Eu ainda tinha medo de que algum fotógrafo psicopata aparecesse, mas estava tudo muito tranqüilo. Não vi ninguém, portanto achei seguro o suficiente e abri a porta.

 Desci com Jaxon no colo e peguei Louie pela mão para ajudá-la a descer do carro alto. Pedi que ela esperasse ao meu lado e ajudei Jazzy a sair também. Mas, assim que Justin desceu, Louie não me obedeceu e foi correndo até ele, que pegou-a no colo.

 - Louie, o que eu te disse? – reclamei, fechando a porta com força.

 Justin deu risada enquanto Louie escondia o rosto na curvatura do seu pescoço. Ele balançou o ombro e fez com ela o olhasse.

 - Fala pra sua irmã malvada que você quer ir com o tio Bieber – disse, sorrindo para ela.

 Louie se virou para mim, pareceu aterrorizada com meu olhar meio maligno, mas não se escondeu. Ela deu um sorrisinho e colocou os braços em volta do pescoço de Justin.

 - Quero ir com o tio Bieber!

 - Viu? As crianças me adoram – Justin comentou, sorrindo e mandando uma piscadela.

 Revirei os olhos, arrumei Jaxon no meu colo e dei a mão a Jazzy.

 - Ok, Rei dos Baixinhos. Vamos lá – eu disse, apontando o boliche a nossa frente.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por todos os reviews novamente, vocês são muito lindas *-* Espero que gostem desse capítulo ;D



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