Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 2
II




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 - Bieber, Bieber! – gritou Jazzy, soltando minha mão e correndo para os braços do irmão mais velho.

 Ele a levantou nos braços, sorrindo, e deu-lhe um beijo na bochecha.

 - Meu Deus, como você está linda! Você cresceu tanto nesse mês que eu estive fora. Hein, hein?! – e então começou a fazer cócegas nela, que ria alto e tentava desviar de seus dedos.

 Eu não fazia idéia do quão idiota era minha expressão, mas devia ser extremamente descrente. Jaxon estendia os braços em direção ao irmão em meu colo e murmurava várias palavras ao mesmo tempo. Justin colocou Jazzy no chão e caminhou em minha direção, tomando Jaxon dos meus braços. Jazzy pulava e ria, colada às pernas do irmão.

 Louie foi, na verdade, mais esperta do que eu nessa situação. Ela continuava parada, encarando aquele estranho, mas não com a mesma cara de tacho que eu exibia.

 - Você é Justin Bieber? – ela perguntou, com sua voz fina.

 Ele sorriu com bondade e encarou-a.

 - Sim, eu sou. E você, quem é? – perguntou, olhando-a de cima.

 - Eu sou Louie – ela respondeu, subitamente tímida.

 Agarrou-se a minha mão livre e tentou se esconder atrás da minha perna. Foi só nesse momento que Justin pareceu me notar. Engoli em seco quando ele me encarou e ofereceu sua mão livre.

 - Oi, eu sou Justin – disse, com um sorriso – Você deve ser a babá dos meus irmãos.

 - Sou Liv – respondi, quase sem voz. Pigarreei algumas vezes para que minha voz voltasse e então repeti – Eu sou Liv.

 - Erin me falou de você – ele respondeu, olhando para Jaxon e depois me dirigiu o olhar rapidamente – Obrigado por cuidar deles.

 - Não há de quê – respondi, sem voz novamente.

 Acho que ele não escutou, porque não voltou a olhar para mim. Virou-se e se sentou no sofá, com Jaxon no colo e Jazmyn ao seu lado. Naquele momento, enquanto eles conversavam baixinho, Erin entrou na sala. Eu ainda devia estar com uma expressão muito idiota enquanto olhava o trio de irmãos, porque ela parou ao meu lado e observou a cena também.

 - Eles têm uma boa relação – comentou.

 Eu apenas assenti, impossibilitada de ter outra reação. Alguns segundos depois, Louie puxava minha mão, que estava caída ao lado do corpo.

 - Louie? – perguntei, olhando-a.

 Ela apontou o trio sentado do sofá, como se quisesse se juntar a eles. Neguei com a cabeça e mandei-lhe um olhar zangado. Nós não éramos parte daquela família e não devíamos nos intrometer.

 Pedi licença a Erin e subi as escadas, carregando Louie comigo. Fui em direção ao quarto dos brinquedos das crianças, que estava uma bagunça, por sinal. Havia brinquedos espalhados em todo lugar: algumas Barbies amontoadas de um lado, a motocicleta de brinquedo movida à energia elétrica estava bem no meio do quarto, carrinhos e mais carrinhos espalhados, além de vários outros brinquedos educativos da Fisher Price.

 Coloquei a bolsa que havia levado para o parque num cantinho. Comecei a juntar todos os carrinhos e a colocá-los dentro de uma grande caixa de plástico transparente. Louie ficou emburrada num canto do quarto, de braços cruzados e sem conversar comigo.

 - Louie, pare com isso – eu pedi, olhando tristemente para ela.

 Ela não me respondeu; nem mesmo me encarou.

 - Eles não são nossa família. Você não pode agir como se fossem – retruquei, sem encará-la dessa vez.

 - Então quem é nossa família? – ela perguntou, com raiva.

 Descruzou os braços e bateu os pés com força no chão. Olhei para ela e me levantei, caminhando em sua direção.

 - Temos a mamãe e você tem o seu pai – eu respondi, pegando-a no colo.

 Ela fez um bico e seus olhos se encheram rapidamente de lágrimas.

 - Quase nunca vejo a mamãe – ela reclamou – E não vejo mais o papai.

 - Ah, Louie – eu puxei sua cabeça suavemente e beijei sua testa – Nós não precisamos de mais ninguém. Nós duas formamos uma família. Eu e você, baixinha. Para sempre.

 Sequei as lágrimas que corriam por suas bochechas e sorri bondosamente.

 - Você promete? – ela perguntou, chorosa, erguendo o dedo mindinho.

 - Prometo – respondi, entrelaçando o meu dedo com o dela.

 Ela sorriu e coloquei-a no chão, então nós duas terminamos de guardar os brinquedos de Jazmyn e Jaxon nas grandes caixas de plástico e arrastamos a motocicleta elétrica para um canto do quarto. Estávamos conversando sobre o que iríamos pedir para o jantar quando eu peguei-a pela mão para descermos a escadas. Assim que chegamos ao último degrau, Justin apareceu do nada e me assustou.

 Levei um susto e pendi para trás, tentando me agarrar no corrimão, mas caí sentada nos degraus e fui escorregando até chegar ao chão. Eu havia soltado a mão de Louie antes de cair e ela me encarava de cima, confusa.

 - Meu Deus, você está bem? – perguntou Justin, se abaixando para ver como eu estava.

 - Não sei – respondi, sinceramente.

 Ele riu e me ofereceu a mão.

 - Desculpa por isso – disse, me ajudando a ficar de pé.

 Minha bunda doía, pelo impacto da queda e de escorregar por uns três degraus. Antes de perceber o que estava fazendo, esfreguei as nádegas. Parecia que Justin estava acompanhando minhas mãos com o olhar, mas eu provavelmente estava enganada. Ele só devia estar olhando para Louie, porque passou a mão nos cabelos dela e sorriu.

 - Ah, enfim. Eu estava subindo para te avisar. Nós vamos sair para jantar – e ele se virou, voltando para a sala.

 - Tudo bem, então – respondi, caminhando pouco depois atrás dele, até a sala – Isso significa que eu posso ir embora, certo?

 Olhei para Erin com as sobrancelhas arqueadas. Ela estava colocando um casaco em Jaxon, porque poderia fazer frio. Jazmyn estava sentado ao seu lado, esperando sua vez.

 - O que? Não! – respondeu Justin, chamando minha atenção – Você vai com a gente.

 Encarei-o confusa, como se não tivesse escutado direito. Porque eu tinha que ir junto? Erin estava ali, preparando Jaxon e Jazmyn. Eles não precisavam de mim. Além do mais, jantar com Justin Bieber? Já estava ótimo tê-lo conhecido, porque eu não era uma fã. Nem mesmo era uma admiradora. Só havia visto ele na TV uma vez, nunca havia escutado uma música sequer. Eu já estava me culpando o suficiente por não ter feito a relação com os sobrenomes e nunca ter adivinhado que Jaxon e Jazmyn Bieber eram irmãos de Justin Bieber. Eu tinha sido muito burra. Já estava na hora de parar.

 - Hã, por quê? – perguntei, tímida, coçando a parte de trás do pescoço.

 Justin riu e se aproximou um pouco.

 - Por que não? Você não quer jantar comigo? – ele perguntou, sorrindo.

 Eu dei um passo para trás, meio atordoada. Diabo. O que havia sido aquilo? Algum tipo de tentativa? Provavelmente, não. Eu tinha que me concentrar no que sabia. O que eu sabia? Na última - e única - vez que eu havia visto Justin Bieber na TV, ele parecia bem mais novo. Não tinha esse cabelo todo espetado e para cima, do jeito que estava agora. Acho que ele estava divulgando algum tipo de filme. Eu não havia visto a matéria inteira, porque achei que era perda de tempo. Não devia ter mudado de canal.

 - Hã... – soltei esse monossílabo e paralisei, provavelmente com a boca aberta.

 Erin, que já parecia ter terminado de arrumar as crianças, voltou-se para mim.

 - Você tem que ir, Liv. Eu e Jeremy vamos sair, e sei que Justin não consegue cuidar de Jaxon e Jazzy sozinho.

 Engoli em seco e olhei para baixo rapidamente, para Louie.

 - Mas e Louie? – perguntei, confusa.

 Eu sempre soube que não havia problema em levá-la para a casa dos Bieber quando fosse cuidar de Jazzy e Jaxon, afinal Jazzy e Louie eram amigas e ela não tinha com quem ficar depois que voltasse da escola. Mas, sair para jantar? Isso era muita despesa. Seria muito melhor se tivéssemos ido embora, mas eu estaria tirando proveito do meu trabalho e, bem, poderia ser despedida.

 Naquele exato momento, enquanto minha cabeça borbulhava de pensamentos, Jazzy caminhou até Louie e puxou-a pela mão.

 - Ela vai com a gente – disse a garotinha, de mãos dadas com minha irmã.

 - Viu? Está tudo certo, então – disse Erin, sorrindo.

 Encarei-a e encarei Jazzy e Louie de mãos dadas - e não demorou para Jaxon se juntar a elas pois pensou que estavam brincando - e encarei Justin novamente.

 - Eu preciso de você lá comigo.

 Pisquei os olhos várias vezes e abaixei a cabeça, meio tímida.

 - Isso soou extremamente estranho – e levantei a cabeça, com um sorriso no canto dos lábios – Mas por que não? Vamos, claro.

 Ele sorriu e assentiu, agradecendo.

 - Então, quem quer sair para jantar? – perguntou, se agachando e abrindo os braços.

 - EU! – disseram as três crianças juntas e se jogaram em cima dos braços de Justin.

 Ele não agüentou o peso dos três e caiu para trás, levando-os consigo. Dei risada e me aproximei, pegando Jaxon no colo e puxando Louie pela mão. Justin se levantou, mesmo depois de três tentativas mal sucedidas de Jazzy de derrubá-lo de novo, e pegou-a pela mão, imitando meu gesto. Ela obedeceu e se acalmou, porque já estava acostumada a andar comigo assim e sabia que tinha que ficar quietinha.

 Justin, que estava na frente do grupo, abriu a porta. Do lado de fora, imóvel feito uma pedra, estava um cara de no mínimo dois e metros de altura. Ele olhava para o lado e estava com os braços cruzados. Imaginei que fosse um segurança, mas me assustei mesmo assim. Para minha surpresa, Jazzy correu até as pernas dele.

 - Ken-ken! – gritou, com sua vozinha estridente.

 - Jazzy! – ele exclamou, sorrindo, com uma voz muito mais suave do que eu havia imaginado, e pegou-a no colo.

 Justin sorriu para ele. Eles pareciam amigos, o que era estranho.

 - Assim não vale! Vocês roubaram todas as crianças de mim. Eu até pareço um irmão desnaturado desse jeito – disse Justin, cruzando os braços e fazendo cara de bravo.

 Ambos o encaramos e, ao mesmo tempo, nos viramos e nos cumprimentamos, ignorando seu último comentário.

 - Oi, eu sou o Kenny – disse o grandão, oferecendo- me sua mão livre – Segurança do Justin.

 - Sou Liv – respondi, apertando-a – A babá dos irmãos dele.

 - Legal te conhecer – disse, soltando-se de meu aperto.

 - Legal te conhecer também – respondi, sorrindo.

 Assim que voltamos à posição anterior, Justin nos encarava com falsa incredulidade. E então ele começou a fingir ficar bravo. Era engraçado, na verdade. Tive que morder o lábio para não rir.

 - Desculpa, cara. Eu resolvi não comentar nada para você não ficar triste – disse Kenny, dando de ombros e começando a caminhar.

 - E qual é a sua desculpa? – Justin perguntou, olhando para mim.

 - Não me meta nisso, nem faço parte dessa família – reclamei, também dando de ombros.

 Comecei a andar atrás de Kenny, principalmente porque não sabia onde estávamos indo. Não escutei passos atrás de mim, então imaginei que Justin tinha ficado um pouco para trás. Quando me virei, ele ainda estava lá parado.

 - Você pode pegar o Jaxon no colo, se você prometer se comportar – brinquei, parando no meio do caminho.

 Justin se aproximou, com um sorrisinho entre os lábios. A partir do momento que ele se tornou visível, os fotógrafos de antes também apareceram. Eu conseguia escutar o click das máquinas como se fossem as batidas do meu coração. Nem Justin ou Jaxon pareciam se importar, porque já deviam ter se acostumado, mas para mim era um inferno. Eu queria correr, fugir, ir para qualquer lugar em que aquele barulho fosse silenciado. Ainda assim, fiquei e ninguém pareceu reparar em meu desespero.

 Justin puxou Jaxon para si e ajeitou-o em seu colo.

 - Sim, senhora – respondeu, e deu risada. 


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada pelos reviews, pessoal *-* Espero que gostem desse capítulo :D



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