Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 17
XVII


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, pessoal )):



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 Os dias que se seguiram foram uma correria danada. Erin me avisou, na noite do dia 17, que iríamos pra Stratford, uma cidadezinha de Ontário, no dia 19 bem cedinho. O aniversário do Jaxon seria comemorado lá e depois a gente já ia sair pra turnê. Eu fiquei desesperada. Como ia arrumar tudo em tão pouco tempo? Achei que ia demorar pra aquilo tudo acontecer.

 Então, assim que cheguei em casa, tratei de começar a arrumar tudo. Minha mãe subitamente se interessou pela minha vida e me ajudou. Ela estava tão contente que eu estava indo pra turnê com o Justin que eu achava que ia me expulsar de casa se eu não tivesse aceitado. Louie também estava animada, mas me cortava o coração olhar pra ela e saber que teria que deixa-la para trás. Pensei várias vezes em voltar atrás e dizer que não ia mais, mas também me cortava o coração fazer isso. Eu me lembrava de tudo que havia passado com a minha mãe, da felicidade na voz de Justin, me lembrava das crianças e como elas adorariam passar esse tempo com o irmão mais velho. E então eu chorava. Chorei umas duas noites seguidas por não saber o que fazer. No entanto, todo dia que eu acordava e via minha mãe fazendo café da manhã pra mim e pra Louie com aquele sorriso enorme no rosto, eu sentia vontade de ir embora. De fugir. Todo dia eu ganhava uma nova razão pra ir para a turnê e todo dia eu me convencia de que era a coisa certa a fazer. Quando o dia da despedida chegou, eu já estava 100% certa de que era o que eu queria e eu não ia voltar atrás.

 Eu fui à escola na sexta e trabalhei normal o dia inteiro. Erin conversou comigo sobre os preparativos da viagem e me pediu ajuda para saber que roupas levar. A mala das crianças ficou enorme, – por minha culpa – mas eles não podiam passar frio. Estávamos entrando no inverno e íamos viajar pelos Estados Unidos inteiro. Só Deus sabia as temperaturas que iríamos enfrentar.

 Erin fez uma lista de tudo que as crianças poderiam ser alérgicas e de todos os remédios específicos. Ela me deu seu telefone do trabalho também para que eu ligasse se algo desse errado. Ela pediu que, se algo de grave acontecesse, eu ligasse pra ela, porque ela pegaria um voo e nos encontraria onde quer que estivéssemos.

 Eu fui pra casa na sexta feira completamente cansada. Louie sabia que Jazzy e Jaxon iam viajar, mas não sabia ainda que eu ia junto. Assim que chegamos ao carro, eu resolvi trazer o assunto a tona. Eu teria que sair antes de ela acordar no dia seguinte e não queria sumir sem dar explicações ou me despedir.

 - Louie, você sabia que Jaxon e Jazzy vão viajar? – perguntei, já com a voz de choro.

 Ela estava sentada no banco de trás. Olhei-a pelo espelho retrovisor.

 - Sabia – ela respondeu, sorrindo e batendo palminhas – É aniversário do Jaxon e eles vão encontrar o tio Bieber.

 As lágrimas começaram a escorrer sem que eu pudesse contê-las. Não ousei olhar para trás de novo e tentei manter minha voz calma.

 - Então, Louie, só que eu vou junto com eles.

 A garotinha ficou calada por um tempo.

 - Eu não vou com você? – perguntou ela, com uma voz triste.

 Tentei conter um soluço, mas tive que estacionar o carro. Minha visão já estava embaçada e eu não podia dirigir daquele jeito. Não consegui olhar para Louie e me debrucei no volante, soluçando alto.  Eu me sentia tão culpada. Como eu podia deixa-la? Eu não podia fazer aquilo. Era injusto demais com ela. Injusto demais comigo.

 Senti uma mãozinha quente no meu ombro. Levantei a cabeça e olhei para o lado. Louie havia pulado do banco de trás para o banco do passageiro. Ela me encarava com seus olhinhos verdes como se fosse muito mais velha do que eu. Aquilo me fez parar de chorar por um segundo.

 - Porque você está chorando? – ela me perguntou.

 - Porque vou te deixar para trás – respondi, segurando mais lágrimas.

 - Eu tenho a mamãe. Você pode ir. Tá tudo bem – ela disse, sorrindo.

 Puxei-a para um abraço bem apertado. Ela afagou meus cabelos e assobiou nos meus ouvidos, da mesma maneira que eu fazia quando ela estava com medo de uma tempestade ou havia tido um pesadelo. Chorei mais ainda. Eu ia sentir tanta a falta dela, mesmo estando apenas um mês longe. Ia ser um mês longe da minha bebê.

 Ela me soltou lentamente, me mandou outro sorriso e voltou ao seu lugar, colocando o cinto de segurança. Eu limpei as lágrimas e voltei a dirigir. Naquela noite, Louie dormiu comigo. Eu cantei pra ela cantigas de ninar até ela adormecer, o que demorou uns vinte minutos. Todo o meu repertório já havia acabado e eu tive que repetir algumas músicas, mas aí ela finalmente pegou no sono. Dormi no mesmo instante.

 No dia seguinte, meu celular vibrou debaixo do travesseiro às seis da manhã. Troquei de roupa calmamente. Minha mala estava no canto. Tirei-a do quarto tentando não fazer barulho para que Louie não acordasse e coloquei-a na sala. Comi uma maçã e tomei um pouco de leite e já estava pronta pra sair. Deixei um bilhete na geladeira pra minha mãe.

Já desci para o térreo. Os Bieber vão passar pra me pegar. Ligue no meu celular se alguma coisa acontecer. Não sei o roteiro da turnê depois de Stratford, mas vou te mantendo informada.

 Liv

 Eu havia acabado de abrir a porta da entrada e estava puxando minha pesada mala para fora de casa quando Louie apareceu. Ela estava com sono ainda. Coçava os olhos e bocejava sem parar.

 - Aonde você vai? – perguntou ela.

 - Estou indo viajar, meu bem – eu respondi, largando a mala no corredor e ficando de joelhos na frente dela para que nossas alturas se igualassem.

 - Vou sentir sua falta – ela se agarrou ao meu pescoço.

 - Também vou sentir sua falta, baixinha.

 Eu já conseguia sentir as lágrimas chegando de novo, mas então a afastei de mim e segurei suas mãozinhas por mais um tempo, encarando-a.

 - Se você precisar, ligue pra mim. Peça pra mamãe me ligar, ok?

 Ela assentiu, sorrindo.

 - Você vai ficar bem, meu amor? – perguntei, ainda com remorso de ir embora.

 - Vou sim – ela disse, despreocupada.

 Sorri. Era tão mais fácil ser criança. Elas não tinham o menor senso de perigo. Mas eu sabia o que podia acontecer e aquela triste pergunta me dominou a cabeça de novo: eu estava fazendo a coisa certa? Os olhinhos de Louie brilharam pra mim e seus cachos continuaram intactos. Eu não podia ir embora assim.

 - Louie? – perguntou uma voz vinda do corredor – O que você está fazendo acordada?

 Minha mãe chegou à sala ainda de pijamas. Ela estava com sono também. Os braços estavam cruzados, porque devia estar com frio. O olhar que ela me mandou naquela hora foi decisivo. Eu já sabia o que fazer.

 - Louie, venha cá. Vamos voltar a dormir. Sua irmã tem que ir embora – disse minha mãe, estendendo a mão à Louie.

 Minha irmãzinha correu para apertar a mão da minha mãe. Acho que elas nunca haviam sido tão próximas quanto ficariam assim que eu fosse embora. Engoli em seco, levando todas as lágrimas junto, e encarei minha mãe.

 - É, eu tenho mesmo que ir embora. Tchau.

 Virei para sair pela porta sem nem olhar para trás, mas ela chamou meu nome de novo. Correu até mim e me puxou, apertando-me num abraço.

 - Boa viagem, filha. Tome cuidado – sussurrou ela em meu ouvido.

 - Não finja que se importa comigo, mãe. Não tenho mais sete anos de idade – respondi com amargura.

 Minha mãe me soltou, incrédula, e eu dei as costas a ela, segurando minha bolsa no ombro e carregando a mala pesada até o elevador. A porta se fechou atrás de mim com um estrondo, mas não virei para olhar. Eu pouco me importava com o que ela pensava ou com o que tinha a dizer. Entrei no elevador e desci para o térreo.

 Eles já estavam lá me esperando. Respirei fundo e coloquei um sorriso falso no rosto. Jeremy me ajudou a colocar a mala no porta-malas – ele reclamou sobre como estava pesada, mas não lhe dei ouvidos – e nós entramos no carro. Eu sentei no banco de trás. Jazzy e Jaxon estavam ambos em suas cadeirinhas e sorriram pra mim. Erin estava sentada no banco do passageiro e estendeu a mão para trás para me cumprimentar. Apertei-a e sorri, soltando a mão dela logo em seguida.

 - Está pronta, Liv? – perguntou Jeremy, depois de entrar no carro e enquanto colocava o cinto de segurança.

 - Mais do que pronta, Jeremy – respondi, colocando o cinto também.

 Ele soltou uma risada e pôs o carro em movimento. Não pude evitar e dei uma última olhada para trás. Procurei a janela do meu apartamento, mas não vi ninguém. Meus olhos arderam e eu tive que engolir as lágrimas novamente. Garotas grandes não choravam. E eu já era bem crescidinha.

 Sorri para o caminho à nossa frente e para um merecido recomeço da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo é meio triste, me dá tanta dó )): Enfim, pessoal, agora só vou postar no dia 1 (isso se eu não viajar, ok?) então, Feliz Ano Novo pra vocês, minhas lindas *-* Obrigada por terem acompanhado HaS nesses últimos meses. Eu fico muito feliz que vocês gostem da história e eu amo muito vocês, ok? ♥