Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 45
A VOLTA DO CAMPEÃO


Notas iniciais do capítulo

Estamos chegando perto do fim. Tão perto que falta apenas mais um capítulo.



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Harry olhou à volta. Não estavam em Azkaban. O garoto reconheceu o chão da sala do professor Dumbledore dentro do Expresso de Hogwarts. Sentiu que as mãos do diretor imediatamente foram parar em cima dos seus ombros.

— HARRY! HARRY! Você está bem? — Dumbledore parecia beirar o desespero. Harry concordou com a cabeça. — Tem certeza de que está bem?

— Sim, senhor. Obrigado.

Harry se sentou e olhou para Dumbledore. Ele havia virado para Rony e Hermione para ter certeza de que os dois estavam bem. Virou-se então para Sirius e sua voz não poderia ser de mais plena surpresa.

— Sirius — disse Dumbledore num sussurro. — Mas como será possível?

Dumbledore não aguardou uma resposta, mas correu imediatamente para o seu armário. Tirou dele a sua Penseira e a depositou sobre a mesa.

— Harry, sei que você já entrou aqui inúmeras vezes, mas você sabe como depositar uma memória nela?

— Acho que não, senhor. Desculpe — Harry respondeu enquanto conjurava um fino cálice de prata e o enchia de água para tirar o gosto do vômito. Já havia limpado o chão. Dumbledore se virou para ele.

— Levante e venha até aqui — Harry obedeceu imediatamente. O garoto olhou pela janela e viu que já era de manhã. O sol forte iluminava os jardins e arredores. — Encoste a sua varinha à têmpora. Lembre-se de tudo o que aconteceu desde que agarrou o pomo de ouro há sete horas e meia e puxe a varinha devagar.

Harry juntou cada segundo deste tempo, sem deixar escapar um só detalhe e puxou a varinha. Viu a imensa lembrança deixar a sua testa, embora não a tivesse esquecido, e cair dentro da bacia.

Dumbledore tocou a Penseira com a varinha e a imagem de Harry montado à sua vassoura, agarrando o pomo de ouro surgiu na sala. Cada um deles se sentou e começaram a assistir, como a um filme muito esperado.

Mais sete horas e meia se passaram até que chegassem ao ponto em que Hermione o agarrara pelo pulso. Harry se surpreendeu mais ainda pela sua coragem quando se viu falando com Voldemort.

Quando terminou, a memória voltou à Penseira e Dumbledore a encostou com a varinha e a levou para dentro de uma garrafa e a guardou no armário. Harry olhou para o relógio de Rony, incrivelmente ele marcava três horas da tarde. E o sol do lado de fora confirmava isso. Há muito ele ouviu pessoas levantando para tomar café e posteriormente irem almoçar.

— Harry — começou Dumbledore —, antes de qualquer coisa, peço desculpas. Confiei numa pessoa que provou não ser digna de confiança, mas ela já está morta, embora isso não seja o suficiente para consertar o que fiz.

“Srta. Granger, por favor, avise ao professor Snape sobre os informantes. Diga a ele que temos provas o bastante e peça para que ele chame o Ministério da Magia da Bulgária. Peça a Severo que avise ao ministro que me encontrarei com ele daqui a três horas. Sugiro para a senhorita um bom banho e várias horas de sono.

Sirius, como Harry já lhe disse, você é um homem livre e tem todo o direito de viver aonde quiser. Se Harry quiser ir com você, que seja após o aniversário dele. Até lá ele vai ficar na Rua dos Alfeneiros, serão vinte e nove dias. Sem discussão, por favor, Harry.

Voldemort já está munido da informação que precisava e durante as suas férias, você será munido do que precisa Harry.

Sirius, seu corpo ficou guardado por um ano. Sugiro que você procure madame Pomfrey. Ela vai lhe indicar um banho de ervas, sais e pedras ótimo. Sr. Weasley, sinto realmente pelo o que ouviu do seu irmão, mas devo assumir que já tinha quase plena certeza. Sugiro ao senhor o mesmo que sugeri à Srta. Granger. Podem ir”.

Um a um os três saíram, deixando Dumbledore sozinho com Harry. Quando Rony fechou a porta, Dumbledore se virou para Harry.

— Harry, agradeço mais uma vez a sua lealdade a mim. Não é a primeira vez e posso lhe assegurar que cada vez que isto acontece fico surpreso e emocionado como se fosse pela primeira.

Harry concordou com a cabeça. Sentia que estava corando. Dumbledore continuou:

— E imagino o que você irá dizer quando eu disser que você matou um homem devido à sua capacidade de amar.

— Não entendi, senhor.

— Então pense um pouco, Harry. O seu amor pelo o que chega mais próximo de uma família para você despertou um instinto protetor que só quem ama consegue ter. Aquele Comensal era uma ameaça à sua família. Você fez simples-mente o que era de se esperar. Mas que essa parte não vá muito longe, já que como diretor de Hogwarts e Ministro da Magia, a minha correta atitude seria expulsar você, partir e destruir totalmente a sua varinha e mandá-lo para uma prisão segura, uma vez que você torturou um homem para a morte.

“Voldemort apresentou uma atitude memorável ao ouvir a profecia. E devo dizer que a sua frieza foi crucial para que você escapasse.

Eu gostaria de dizer uma coisa: como um homem, não como o bruxo que todos reconhecem, mas como um ser humano, eu tiro o meu chapéu para você, Harry. Nenhum homem que tivesse passado a metade do que você passou poderia conseguir passar pelo Corredor da Alma. Você é prova viva do que digo desde que virei um professor e deparei com os casos mais estranhos e inacreditáveis de maldade, crueldade e insanidade. Você é capaz de amar e com isso provou que o amor pode vencer até as barreiras da morte.”

Harry sentiu que corava ainda mais.

— Você passou por uma incrível provação, Harry. Embora nunca tivesse temido o nome de Voldemort, você sempre o viu como um alvo impossível de ser alcançado e essa visão tão errônea mudou hoje. Você passou a ver Voldemort como um adversário à sua altura. Você passou a encarar Voldemort, Harry, como um homem o faria.

“Durante este ano, Voldemort se deu conta de que eu estava de olho na sua mete constantemente. Foi esta a maior razão de termos voltado com as aulas de Oclumência. Eu tinha uma certeza quase plena de que ele iria levá-lo para um lugar onde o meu acompanhamento falhasse. E foi exatamente o que ele fez. Mais uma vez ele se mostrou uma pessoa extremamente previsível, como você vai ter a chance de constatar. O que o torna um alvo muito mais fácil do que se ele fosse capaz de nos surpreender a qualquer instante.

Você viu, Harry, um lado de Voldemort que o óbvio nos faz pensar que não existe. Ele, acima de qualquer coisa, honra a sua palavra. Isso prova a raiva dele quando o Sr. Weasley e a Srta. Granger foram atirados para além do véu. Outra prova foi a mão postiça que ele deu a Pedro Pettigrew. Voldemort provou que não se interessa muito mais em matar qualquer pessoa. Desde que você nasceu, você se tornou uma obsessão para ele. Agora que ele já sabe da profecia, essa perseguição vai ficar ainda maior, uma vez que ele percebeu que ele é o único que poderá colocar um fim em você. E eu duvido muito, Harry, que ele realmente considere um efeito contrário. A idéia de forjar uma múltipla Maldição do Desacordado foi realmente muito incomum, mas deu certo.

Mas, apesar de tudo, você tem um grande motivo para ficar verdadeiramente feliz, Harry. Você tem o seu padrinho mais uma vez ao seu lado, e, como eu já disse, você poderá morar com ele. O que me chama mais ainda a atenção para a sua capacidade de amar.

Eu espero que um dia você perceba o dom que tem, Harry. Mas saiba que você já sabe muito bem como usá-lo.

Quanto aos corredores e a Sala de Execução C, lhe dou os parabéns pela perfeita habilidade no Almenídeo. Alguma pergunta?”

— Sim, senhor. Como eu cheguei aqui?

— Aparatação Acompanhada. Como você já deve ter percebido, Marie Claire Lapaix ordenou que esta proteção contra Aparatar e Desaparatar fosse removida. Já desconfiava, mas agora tenho certeza de que eram ordens de Voldemort. A srta. Granger o trouxe até aqui e o senhor Weasley o seu padrinho.

— Rony e Hermione sabem aparatar? — Perguntou Harry incrédulo. — E eles nunca me falaram nada?

— Bom, eu já os ouvi dizendo que gostariam de guardar a surpresa para as férias, mas acho que eles foram forçados a antecipar isso. Por favor, Harry, eles fizeram isso na melhor das intenções.

— Mas, senhor. Quando o professor Flitwick foi assassinado, o senhor nos disse que não era possível Aparatar em Azkaban, então como Rony e Hermione foram levados para lá e depois me trouxeram de volta?

— Harry, sempre foi possível Aparatar e Desaparatar nos terrenos de Azkaban. Não no prédio, mas sim nos terrenos. A proteção foi criada por Lord Voldemort e temporariamente retirada por ele. O erro foi que ele retirou a proteção para todo o lugar. Eu deveria ter tentado, Harry, mas receei que pudesse me partir na tentativa.

Harry concordou com a cabeça. Sentiu uma coceira no peito e meteu a mão no pomo de ouro destruído. O garoto o entregou a Dumbledore.

— Esta bola salvou a minha vida. Se o senhor quiser, compro outra para a próxima Copa imediatamente.

— Não precisa, Harry, mas obrigado. Mais alguma pergunta?

— Não, senhor.

— Então recomendo a você o mesmo que recomendei aos outros. Tome um banho bem relaxante e aproveite várias horas de sono. O almoço já acabou faz tempo e ainda deve demorar um pouco para o jantar. Mas não se preocupe com isso. Quanto aos seus exames, os Simulados Oficiais de N.I.E.M.s são de extrema importância e eu não poderei cancelar. Eles começam em uma semana a contar de hoje.

Harry concordou com a cabeça e levantou-se para ir embora. Quando Dumbledore o chamou.

— Ah, Harry. A propósito, tome — Dumbledore empurrou uma sacola de seda roxa com os brasões das três escolas e da Copa Escolar de Quadribol. Ela era muito pesada e fazia o barulho de moedas. — Têm três mil e cem galeões aí. Esteja pronto, com traje à rigor, no sábado à noite para entregar os prêmios aos seus jogadores. Parabéns, capitão. E, por favor, diga à srta. Granger que o episódio dela ainda não foi esquecido pelos outros alunos.

Harry viu que Dumbledore sorria, mas o garoto não entendeu nada. O garoto segurou a sacola do prêmio com mais força e se dirigiu para a porta. Foi direto para o seu quarto. Não encontrou ninguém no caminho. Rony e Hermione já haviam adormecido. Sirius não estava ali.

Harry guardou o prêmio da Copa dentro do seu armário e foi para o banheiro. Perdeu a conta de quanto tempo ficou dentro da banheira, mas o céu já estava pigmentado de azul escuro quando ele saiu com os óculos na mão e vestindo pijamas.

Ele deitou na cama e colocou os óculos sobre o criado-mudo. Com um sorriso adormeceu instantaneamente.

*        *        *

O café da manhã já estava na metade quando Harry se levantou no dia seguinte. O garoto foi aplaudido com força quando entrou no Salão. Ele foi até à mesa da Grifinória e se sentou entre Rony e Hermione.

— Como está se sentindo? — perguntou Hermione.

— Bem, e vocês?

— Mais feliz é impossível — respondeu Rony rindo —, estou vivo, cara.

Os três riram. Mas Hermione disse algo que não agradou muito.

— Eu fiz novas tabelas de estudo. Vamos começar hoje e o único dia de folga vai ser a viagem de volta para Hogwarts.

— E quando vai ser isso? — Harry se apressou em perguntar.

— Depois de amanhã. Sairemos daqui às dez da manhã — respondeu Hermione. Harry se sentiu muito mais leve. Eles finalmente voltariam para Hogwarts. Finalmente voltariam para casa.

*        *        *

Harry não fez outra coisa a não ser estudar na sexta e na maior parte do sábado. Hermione se mostrou relutante em parar para a entrega dos prêmios, mas Harry nem a deu ouvidos.

Harry almoçava com Rony, Hermione e Sirius todos os dias. Sirius evitava o contato com alunos o máximo que podia, mas não faltou à entrega dos prêmios.

A cerimônia foi nos jardins, na presença das três escolas. Madame Maxime esperou todos se sentarem nos longos bancos dispostos para que todos pudessem ter uma ótima visibilidade. Quando todos já haviam sentado, ela disse.

— Mais uma edição da Copa Escolar de Quadribol se encerra. Neste ano passamos por experiências únicas e inesquecíveis. E, mais uma vez, a campeã foi a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Chamo aqui, com os aplausos de todos, o diretor Alvo Dumbledore e o capitão titular, senhor Harry Potter.

Harry corou. Ouviu os aplausos das três escolas e se sentiu o homem mais leve do mundo. Ele andou até o palanque em que a gigante diretora estava. Ela primeiro cumprimentou Dumbledore e depois avançou para Harry, dando-lhe os parabéns.
Harry se viu olhando a cada um e a todos os jogadores. Nunca esteve tão satisfeito com um time de Quadribol antes.

— Foram meses — disse Harry, percebendo que sua voz fora magicamente ampliada — de treinos duros nos quais o nosso único objetivo foi alcançado hoje. Àqueles que participaram disso comigo, eu só tenho uma palavra a dizer: Obrigado. Àqueles que não estiveram conosco durante estes treinos, também agradeço pelo incrível apoio dispensado ao time de Hogwarts.

Todos se levantaram para aplaudir. Harry olhou para Dumbledore, o diretor estava em pé ao seu lado, entregando-lhe com um outro “parabéns” a Taça da Copa.

Harry levantou a taça o mais alto que pôde e mais uma vez foi aplaudido. Ele continuou a falar:

— Agora eu chamo aqui aqueles que tornaram esse sonho possível. O Time de Quadribol da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts!

Sob o som de mais aplausos o time se levantou das cadeiras e se encaminhou para Harry, parando um do lado do outro em fila. O garoto segurou a sacola com o prêmio da Copa e a colocou sobre a bancada que ele usava para falar. Abrindo a sacola ele viu vários outros sacos menores, cada um com uma medalha presa ao laço. Cada medalha continha o nome de um jogador.

— Owen Cauldwell — Harry chamou e Owen se dirigiu imediatamente para Harry. O garoto lhe entregou o prêmio e pôs a medalha em seu pescoço. — Parabéns. Fred Weasley.

Um a um os jogadores foram se encaminhando para Harry para receberem os seus prêmios. A pior parte foi sem dúvida quando ele chamou Cho. A garota foi com a cara mais repugnante o possível e quase arrancou seu prêmio da mão de Harry.

Por último, Harry viu a sua própria medalha, mas achou que seria pretensão demais colocá-la no pescoço. Viu que Dumbledore tomou um passo à frente e colocou as mãos na sacola, tirando o prêmio de Harry e colocando a medalha, que era consideravelmente maior do que as outras, no pescoço de Harry. O time foi mais uma vez aplaudido de pé e então se retirou.

— Ronil Weesly — todos olharam para trás. Era Vítor Krum. — Tome. Você ganhou — e ele empurrou uma bolsinha com moedas para Rony. Então Harry se lembrou da aposta. — Harry, parabéns. Você foi incrível. Gostei muito da jogada do pêndulo. Hermioni, posso ter uma palavrinha com você? — Hermione saiu e foi com Krum. Harry virou para Rony.

— Toma. Você ganhou a aposta. — Harry entregou a Rony a sacola com o prêmio.

— Harry, aqui tem mais de dez galeões.

— Eu sei disso. Mas pode ficar. Mas já vou dizendo, não espere nenhum presente por um ano… ou dois. E não tente me devolver, você sabe do que eu sou capaz.

Rony ficou sem palavras e guardou a bolsa com o dinheiro dentro das vestes. E se virou para Hermione.

— Ora, vamos. As pessoas já pararam de olhar.

— De olhar o que? — perguntou Harry.

— De olhar para mim achando que eu sou maluca, Harry.

— Não entendi.

— Antes da partida começar, lembra dos Esquedians? Então, eles têm como um dos efeitos, o poder de aumentar muito mais o sentimento das pessoas em relação aos seus namorados, etc. O problema é que… — Hermione hesitou bastante antes de continuar — digamos que eu avancei no Rony e… e agi pior do que vocês dois juntos quando estão na presença de veela.

Harry riu. Então se lembrou do que disse o professor Dumbledore quando eles voltaram de Azkaban. Só pode ter sido isso. Mas outro entendimento tomou conta de Harry como uma flecha envenenada certeira no meio do peito do garoto. Foi exatamente por isso que Harry sentira aquele aperto em relação à Emily antes de começar o jogo.

Os três estavam voltando para o dormitório para terminar de arrumar as malas. Eles sairiam cedo e não queriam passar pela comum correria antes da partida. Harry já havia empacotado o último livro quando ouviu batidas à porta.

— Harry! O que está fazendo aí? — Jorge Weasley perguntou pelo outro lado da porta, sem esperar que Harry a abrisse. — Você é o capitão. Tem que estar presente na festa.

— Outra? — Harry perguntou antes mesmo de perceber o que estava fazendo. O garoto abriu a porta para encontrar Jorge com os três primeiros botões das suas vestes de seda de esfinge (extremamente difícil de ser retirada, por isso é tão absurdamente cara) abertos e uma marca vermelha no pescoço. Harry olhou para o garoto e respondeu.

— Ah, acho que desta vez, não, Jorge. Obrigado de qualquer forma, mas nós temos que fazer nossas malas. Mal começamos. Desculpe. Amanhã nos vemos — e Harry fechou a porta quando viu Jorge sacudir os ombros e dar as costas a ele, abraçando o irmão gêmeo e indo, de braços abertos, ao encontro de Angelina e uma outra garota do sétimo ano.

*        *        *

Eles acordaram bem cedo na tão esperada manhã de Domingo. A primeira coisa que fizeram foi deixar os malões juntos dentro do quarto, conforme foram mandados pela professora Minerva.

O café foi bastante apressado e um terceiranista quase ganhou uma detenção por não estar ainda com as malas prontas às dez horas. Mas felizmente, vinte minutos antes da partida, todos se encontraram nos jardins. Era o momento de se despedir.

A única pessoa com quem Harry falou alguma coisa foi Vítor Krum. Afinal, eles moravam bem perto um do outro. Mas logo Harry já havia voltado para o trem e estava no Saguão Central, onde a taça da Copa havia sido colocada pelos jogadores durante a festa que Harry não quis participar. Estava cansado e pela primeira vez na vida ansioso pelo seu aniversário. Não via a hora de voltar para Hogwarts. Ainda ficaria no castelo por mais duas exatas semanas.

Logo o Expresso de Hogwarts começou a se mover com a mesma velocidade que o fizera quando eles vieram para Beauxbatons. As imagens difusas deixavam tonto qualquer um que as olhasse por muito tempo.

A professora McGonagall passou entregando os horários dos exames meia hora depois da partida. A de Harry lia:

Exames da Sexta Série

Curso de Formação de Aurores

01/07 — Quinta-Feira

09h: Defesa Contra as Artes das Trevas

13h: História da Magia

02/07 — Sexta-Feira

09h: Poções

13h: Herbologia

05/07 — Segunda-Feira

09h: Transfigurações

13h: Trato das Criaturas Mágicas

06/07 — Terça-Feira

0h: Astronomia

09h: Feitiços

07/07 — Quarta-Feira

09h: Curso de Formação de Aurores

Os Resultados Serão Entregues Pelos Diretores Das Casas no Domingo, 11/07.

Harry não comentou nada. Só achou um pouco em cima da hora para entregar o calendário, mas o guardou no bolso das vestes mesmo assim. Hermione começou a falar que agora que tinham o horário tinham que se reestruturar completamente.

*        *        *

O almoço foi servido no horário normal no Salão de Jantar. A única diferença foi realmente a ausência de Dementadores na fronteira do país.

Algumas horas depois, o trem começou a reduzir a sua velocidade. E uma hora antes do jantar eles pararam na Estação de Hogsmeade, onde as carruagens levadas pelos Testrálios já os aguardava.

Harry notou algumas diferenças nos jardins de Hogwarts enquanto estava dentro de uma carruagem com Rony, Hermione e Gina. O castelo ainda conservava sinais de ter sido cenário de um duelo de titãs, por mais que tenha passado seis meses da invasão de Voldemort. Mas mesmo assim Harry nunca se sentiu tão feliz só em ver as inúmeras torres e torrinhas do castelo.

Foi com muito gosto que eles entraram no Grande Salão para jantar e olharam para o teto encantado que mostrava uma maravilhosa noite de verão. As várias velas suspensas no ar iluminando o Salão e, bem na frente deles, a mesa dos professores, com o professor Dumbledore sentado ao meio dela.

Era verdade que a mesa dos professores não tinha a mesma aparência de quando eles foram para Beauxbatons. Os lugares dos professores Flitwick e Donlon estavam desocupados. O professor Wigliestoff se sentara do outro lado da mesa, perto da professora Sinistra. Não havia um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Dumbledore não disse nada durante o jantar. E assim que ele terminou, Harry, Rony e Hermione foram correndo para a Torre da Grifinória, querendo mais do que tudo sentar nas confortáveis poltronas perto da lareira. Encontraram a Mulher Gorda num humor muito bom, embora estivesse agora num quadro de uma grande torre, apenas com um divã vermelho e mogno.

— Senha? — Perguntou ela ainda deitada.

— Divã de luxo — respondeu Hermione num tom de quem finalmente havia entendido o porquê daquela senha. A Mulher Gorda girou o quadro para frente para permitir os garotos. Felizmente, a Torre da Grifinória parecia inalterada.

— São oito e meia — disse Hermione enquanto Harry e Rony se jogavam em dois sofás, mas ela permaneceu em pé. — Estou muito cansada e amanhã teremos muita coisa para estudar. Eu vou dormir — e com um largo bocejo deu boa noite aos meninos.

*        *        *

Nos três dias que seguiram, Harry, Rony e Hermione quase não saíam da biblioteca. As únicas três horas de estudo que não eram na biblioteca eram na Sala Precisa, com oponentes fortes para travar um duelo com eles para os exames de Defesa Contra as Artes das Trevas e, no caso de Harry e Rony, no exame de Aurores.

Eles tiveram a boa idéia de também usar a Sala Precisa para estudarem para os exames de Poções, que, conforme havia dito o professor Snape na última aula deles, todas as poções ensinadas durante o ano seriam sorteadas entre os alunos e cada um teria que fazer uma. Sem saber qual poção eles teriam que preparar, os garotos se viram obrigados a saber todas elas.

Na quarta-feira eles foram dormir já beirando a exaustão. Eram sete e meia e Harry já estava na cama. Foram dias em que eles só estudavam e estudavam. Rony já era com frequência visto descabelado. O verão de julho já os castigava. Desta vez eles quase não teriam férias, era o que Rony mais reclamava.

Na quinta-feira, às nove horas, eles já estavam na porta da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, imaginando, acima de qualquer coisa quem aplicaria o exame, uma vez que Harry havia matado o professor Donlon.

A porta se abriu para revelar ninguém menos do que o professor Snape. Harry ouviu Simas resmungar um “repeti” atrás dele.

Snape não disse nada, apenas fechou a porta e ficou do lado de fora.

— Ana Abbot. Agora. Os outros. Esperem.

Ana entrou na sala e os outros se sentaram à porta. Dez minutos depois, ela saiu chamando Susana Bones e não disse nem mais uma palavra.

Simas Finnigam saiu com uma cara pior do que antes. Chamou Antônio Goldstein e foi embora.

— Goldstein… — disse Harry para os outros dois. Mas só Rony lhe deu atenção. Depois de Antônio, entraria Goyle e depois seria Hermione. A garota já estava de pé e andando para todo o lado. — Não era o nome daquele guarda em que o Sirius lançou a Maldição Cruciatus?

Rony pensou por um minuto e respondeu: — Era sim Harry. Poxa, ele não deve estar nada bem.

— Será que ele sabia que o pai trabalhava para Voldemort?

— O pai dele nunca trabalhou para Voldemort — interveio Neville, que estava sentado ao lado deles e não pôde evitar ouvir o que eles falaram —, o tio sim. Deu no Profeta há não sei quanto tempo. Os irmãos Goldstein, um dos casos mais difíceis para o Ministério, até hoje ninguém sabe de verdade se foi a Maldição Imperius ou vontade própria ou Poção Polissuco. O que importa é que Fernando Goldstein matou o irmão Evandro com a maldição Avada Kedavra quando os dois estavam viajando em Londres. Foi na frente do Ministério e Fernando fugiu sem deixar o menor rastro, o que foi estranho, já que eles se hospedaram com registros, embora uns vinte bruxos houvessem testemunhado o que viram. Dizem que virou Comensal da Morte. Mas o mais estranho é que ano retrasado conseguiram provar a inocência de Fernando, embora pelo o que a minha avó me contou, a mulher e os filhos de Evandro (assim como Antônio, é claro) ainda não acreditam nele.

— Neville — disse Harry —, eu vi Goldstein como um Guarda de Azkaban. Tudo bem que ele estava do lado de Voldemort e deve ser realmente culpado, mas conseguiu realmente enganar o Ministério, senão nunca conseguiria o emprego.

— Pode ser — respondeu o garoto voltando para o seu livro. Rony e Harry se entreolharam, mas não disseram nada.

Hermione foi fazer o seu exame logo depois e não demorou nada a terminar. Foi a primeira pessoa a sair de lá confiante, embora as duas únicas palavras que disse foi chamar Amelie Greengrass.

Assim que Parvati Patil saiu, Harry entrou. O professor Snape estava de pé do lado de fora de um cercado. O professor entregou a ele três folhas de papel: uma azul clara, a outra verde e outra cor-de-rosa. Então disse:

— Potter, escolha dois feitiços de cada folha e os use dentro do cercado da maneira que achar que lhe convém. Não use outros feitiços e pelo menos um de cada folha tem que ser realizado sem dizer uma única palavra. Pode ter certeza de que eu saberei qual foi o feitiço usado. E se você ousar contar para alguém, pode dar adeus ao sonho de ser Auror.

Harry olhou as folhas e viu que uma continha feitiços, outra azarações e a rosa, maldições. Escolheu dois de cada conforme o professor ordenara e entrou no cercado.

O chão começou a tremer e logo seis criaturas que pareciam humanos surgiram da terra. Estavam vivas, embora não parecesse. Uma delas avançou para Harry com uma lâmina e Harry executou a azaração do corpo preso. Uma outra queria agarrá-lo por trás e o garoto correu para executar um feitiço de nó.

O garoto se surpreendeu da maneira que enfrentou as criaturas, uma mais estranha do que a outra. Cinco minutos depois ele terminou.

— Nada surpreendente, o que é muito ruim para um Auror, Potter. Saia e chame o próximo.

Harry não ligou a mínima para as palavras de Snape, saiu da sala e chamou Dino Thomas. Virou para o lado sem nem olhar para Rony e foi para o Salão Principal para almoçar.

O exame de História da Magia foi tão ruim quanto todo o curso de Harry, mas ele não se importava com isso. Saiu o mais rápido que pôde e foi para a sala onde ele tinha os encontros com a AD, que acabaram (na esperança de Harry, definitivamente) duas semanas antes da final de Quadribol. Lá ele tinha marcado com Sirius, ainda não tivera a oportunidade de conversar com o padrinho. Ao ouvir isso, Rony hesitou em perguntar se poderia ir também, mas com um olhar fuzilante de Hermione, desistiu.

Sirius já esperava por Harry e eles ficaram sentados num dos tantos pufes que os garotos usavam, com várias jarras de suco de abóbora muito gelado e alguns biscoitinhos de avelã com passas feitos por Dobby.

Os dois ficaram por horas conversando por horas. Nem o suco e os biscoitos terminavam. Harry ouviu detalhes dos dois anos que Sirius esteve foragido antes de ir para a casa dos seus pais, ouviu Sirius dizer que iria comprar uma casa em Chepstow assim que eles fossem embora. E, Harry, embora um pouco relutante, contou a Sirius como foram os encontros com Voldemort quando o impediu de roubar a Pedra Filosofal e com Tom Riddle dentro da Câmara Secreta.

Eles ouviram batidas na porta. Harry foi ver quem era e se deparou com o professor Dumbledore.

— Harry, você deveria estar na cama há quinze minutos. Vá logo para a sua torre e tente evitar o Sr. Filch. Sirius, se você puder vir ao meu escritório.

Sirius se levantou e Harry saiu. Logo estava na cama, pensando na tarde que tivera. Mais uma vez não tardou a adormecer.

O humor do professor Snape não estava nada melhor na manhã seguinte quando eles foram prestar exames de poções. Harry teve que preparar a Poção para Engordar e, ao final de três horas, já havia feito tudo o que poderia no primeiro dia de preparo. Colocou um pouco num frasco, colocou seu nome no frasco e o entregou ao professor Snape junto com o resto da classe.

Harry teve Herbologia depois e viu Lisa Turpin da Corvinal perder cinco pontos por perguntar onde estava a união que eles tanto haviam pedido durante o ano. O garoto teve que reenvasar uma Mimbulus Mimbletonia. “Até que não foi tão difícil” pensou o garoto quando saiu de lá uma hora depois de iniciar o exame.

Os garotos tiveram aquele fim de dia e todo o fim de semana para se preparar para o exame de Transfigurações na segunda de manhã. Talvez fosse por isso que a professora McGonagall tivesse sido tão rigorosa durante o exame. Eles tinham que conjurar uma pena, transformá-la numa cadeira, a cadeira num cão, o cão num homem, o homem numa águia, a águia num par de sapatos e o par de sapatos numa formiga. Foi bem difícil, mas Harry, Rony e Hermione foram bem sucedidos. A formiga de Neville, porém, tinha um bico e estava de saltos.

Trato das Criaturas Mágicas não foi difícil, mas extremamente perigoso. Eles tiveram que alimentar um Dragão Meteoro Chinês que estava deixando a fase de filhote e cuspia fogo numa distância de sete metros.
Cheio de sono, Harry se encontrava na torre de Astronomia à meia-noite. Harry teria ido realmente bem se não fosse o fato de ter dormido sobre o telescópio e seus dois braços estarem enfaixados com um creme roxo berrante muito fedorento que Madame Pomfrey aplicara para curar as queimaduras feitas pelo dragão.

O exame de feitiços foi um pouco complicado. Eles tiveram apenas que proteger um cão com o feitiço Fidelius.

Durante o almoço, Harry e Rony ficaram se perguntando quais as loucuras que Moody lhes pediria no dia seguinte.

Para a sorte deles, Moody estava fora numa missão para a Ordem e quem aplicou os exames foi o professor Lupin. Mesmo assim eles se perguntaram se poderia ter sido pior.

Foi parecido com o treinamento em que Rony falhara. Era um labirinto muito maior do que antes e agora eles tinham que lutar não só contra armaduras, mas contra pessoas e criaturas e saber se camuflar com facilidade.

— ACABOU! — gritou Rony quando os dois saíram as sala para irem almoçar. Harry se sentia faminto, mas comeu rápido. Marcara com Sirius nos jardins. Dumbledore havia retirado a proibição durante aquele período em que ainda ficariam em Hogwarts. Desta vez, Harry convidou Rony e Hermione para irem com ele.

E assim foi até a noite de sábado. Quando os garotos foram para o dormitório arrumar as malas mais uma vez para, finalmente, poder ir embora.

No sábado à noite foi o banquete de encerramento do ano letivo. Antes do jantar, Dumbledore se levantou para dizer algumas palavras:

— Tivemos um ano estranho e inesquecível. Tivemos uma diversão muito incomum em meio a um ano tão turbulento, onde Lord Voldemort abalou a estrutura de tantas famílias. Peço desculpas pelo enorme atraso no nosso programa e me desculpo também por obrigá-los a estar aqui em pleno verão. Espero que vocês tenham realmente aproveitado o nosso ano e espero que voltem com as mentes frescas em setembro para mais um ano de estudo.

Dumbledore foi fortemente aplaudido e se sentou. Logo as comidas apareceram e os alunos, ainda com as mentes cheias por causa dos exames, puderam relaxar e aproveitar o jantar.


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