Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 42
A PRISÃO DE AZKABAN


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se!



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A vassoura de Harry voava cada vez mais para o norte. Por terras que o garoto não conhecia. Cada vez mais rápido. O pomo de ouro ainda estava preso em suas mãos. O garoto o guardou num bolso.

O ar frio machucava. O garoto começava a sentir fome. Não sabia por quanto tempo estava voando. Lembrou-se de como era voar em Testrálios e viu que isso era bem pior. O campo e a cidade se intercalavam em borrões quilômetros abaixo. Harry não conseguia ver nada a não ser uma águia grande, toda branca a não ser pela parte próxima ao bico, que era preta.

Esta águia seguia Harry por todo o caminho. Incansavelmente durante todas as horas que o garoto estava voando.

Ao longe o céu ia ganhando um forte tom de escuro. Harry sentia cada vez mais fome. Seu rosto já estava insensível ao frio, tal forte ele era. A águia ainda estava seguindo Harry.

Harry sabia que isso tudo só poderia ser por culpa de uma única pessoa e não ficou nada feliz em chegar a essa conclusão. Só imaginou se Voldemort não podia esperar até que eles voltassem para Hogwarts.

Harry tentou ver se conseguia fazer com que Dumbledore visse o que ele pensava e se o diretor respondia alguma coisa. Mas nada ouvia.

Sabia que fora Umbridge que fizera isso. Mas realmente não lembrava de tê-la visto no camarote.

“Mas se não foi ela que roubou a minha vassoura, quem foi?”

A águia continuava a seguir Harry.

O rumo ao norte só foi alterado quando eles chegaram ao mar. Eles passaram a ir levemente para o oeste, mas não muito.

Harry se sentia ao ponto de desmaiar. Sentia-se fraco, cansado. Estava nessa interminável viagem há mais de cinco horas. Sentia que podia desmaiar a qualquer instante.

Harry nem conseguiu reparar no céu azul veludo e bastante estrelado acima dele. Tudo o que ele conseguiu ver, após muito tempo, foi uma torre sobre um rochedo. Apenas uma torre. Sem castelo, sem nada. A única janela ficava no ponto mais alto, ao meio. Estava aberta. Harry percebeu que voava em direção a ela.

O medo e a apreensão foram tomando cada vez mais espaço. Quando ele estava a trezentos metros dessa janela, a águia voou ainda mais rápido em direção a ela e depois que entrou, sumiu de vista.

Harry reparou na torre com mais atenção.

As paredes feitas de tijolo puro estavam quase totalmente cobertas pelo limo. A água minava por entre cada um desses tijolos. A janela era na verdade um pouco menor do que uma porta.

A Firebolt de Harry avançou pela entrada e diminuiu a velocidade. O garoto voava na mesma velocidade que andava, mas ainda não conseguia descer.

O garoto foi descendo vários andares e viu que todos eles eram ocupados por celas vazias, com as grades abertas. Dentro de cada cela coberta pelo limo, havia um banco de pedra e duas algemas presas às paredes. Harry se sentia mal por estar ali. Harry viu que no fim de cada andar — salvo o que possuía a janela, que só continha aquele escritório — estava gravado um número e uma letra à parede. Harry olhou para frente e viu um.

A – 7

Harry reparou que estava descendo desde o A–10.

O lugar era dividido per seções de A a F. e cada seção possuía dez andares.

Harry percebeu então que ele só poderia estar em um lugar. Sabia que já havia sido tomado por Voldemort. Ele estava em Azkaban.

Harry sabia que a horrível sensação de todos os que ali já haviam sido presos era por culpa dos Dementadores, por isso nada sentia. As criaturas não estavam ali.

A cada andar que passava, Harry ouvia passos. Eram passos de um homem e isso era a única coisa que o garoto podia ter certeza.

Harry viu que a cada seção as celas ficavam piores. Quando chegou ao F–1, as celas não mais possuíam os bancos de pedra, mas somente as algemas.

Estas últimas eram como celas de isolamento. Harry pensou que deveriam ser para os presos que foram condenados a alguma penalidade extra.

Harry desceu mais um andar depois do F – 1 e viu duas salas. Uma aberta e a outra fechada. Sua Firebolt entrou na aberta, Harry ouvindo mais uma vez os passos da pessoa que andava à sua frente. Tinha certeza plena também de que era o bruxo que se transformava em águia e que o seguira desde o campo de Beauxbatons.

Na porta de pedras negras que estava aberta estava escrito numa letra num tom claro de cinza:

Sala de Execução

B

Harry viu que a sala estava cheia. Vários homens encapuzados, quase cem, estavam ali. Outras duas pessoas estavam com as mesmas vestes, mas sem capuz. Mesmo com essas roupas era impossível não reconhecer aqueles cabelos castanhos e cheios e aquele rosto ruivo cheio de sardas. Rony e Hermione estavam desacordados em cima de um andor cada. E o andor estava sobre um véu negro e grande. Um véu idêntico ao que tirara a vida de Sirius. Harry entrou em pânico, mas ainda não conseguia descer da vassoura.

O homem que acompanhara Harry há tantas horas se virou e abaixou o capuz de Comensal e Harry pôde ver o rosto jovem, mas não mais amigável do professor Davi Donlon.

— Muito bem, Donlon — disse a voz do seu mestre. Voldemort estava de pé no meio de todos. — Era quem faltava. Potter! Quanta honra. Sinto não ter lhe trazido aqui mais rápido, junto com os seus amigos, mas Dumbledore não podia suspeitar de Davi.

“Agora aos negócios. É óbvio que se eu soubesse o que iria acontecer, eu não mataria Tiago e Lílian. Você não tem a mínima educação! Ficar bisbilhotando a vida dos outros é muito feio, sabia? Até a uma cerimônia de boas vindas de alguns Comensais você conseguiu assistir. O que é que há? Onde está o respeito aqui?”

— Se você achar, use — disse Harry.

— Potter, você é realmente cheio de si.

— É?

— É. Muitos Comensais já me falaram isso. Mas eu me sinto honrado de fazer um pouco de papel de pai. Crucio!

Mas Harry já esperava por isso. Sem dizer uma palavra, bloqueou o feitiço.

— Hum, vejo que você aprendeu a fazer feitiços não verbais. Parabéns!

— Foi o seu amiguinho quem me ensinou. Agradeça isso a ele também.

— Davi? — Perguntou Voldemort. — Eu sei. Sei de cada passo que ele deu desde o dia do seu aniversário. Que festinha patética, hein? Dezesseis anos na cara e festinha de Quadribol? O que a falta dos pais não faz com um homem.

— Não… ouse… falar… assim… dos… meus… pais.

— Ah, é? Vai fazer o que? Eu os matei. Esqueceu? Falo deles da forma que quero. Não só deles, mas como de qualquer um que matei.

Mas Harry fez. Bloqueando ao máximo a sua mente e sem dizer o encantamento, Harry lançou a maldição da morte em Voldemort. Mas este levantou a mão e o feitiço desaparecera no meio do caminho.

— Sabe Potter. Lançar a maldição da morte não é tão simples assim. Você precisa de muito sangue frio. Ou o seu sangue tem que estar quente o bastante. Irônico, não? Mas eu tenho certeza de que você me entende. Você é esperto. Mas é muito inocente. Sabe como é. Quando eu tinha a sua idade era bem menos inocente.

— E você virou um bosta. Sabe como é. Quero ter um futuro diferente do seu.

— E você vai ter Potter. Você vai morrer. Eu não.

— Isso depende de mim. Afinal, se você quer tanto me matar, cuidado. O feitiço pode virar contra o feiticeiro. Mesmo assim, não quero viver para sempre. Ver todos os que amo ir e me ver ficar. É loucura. Ah, desculpe, esqueci. Você não ama.

— Amor, amor, AMOR! O que é que tem de bom nisso? Nada!

— Ah, muito, Voldemort. Ou devo te chamar de Tom? Desculpe de novo, você também não amava o seu pai. Mas quem ama não mata e vive a vida com muito mais praticidade.

— E morre de tédio depois disso.

— Claro que não. A vida pode ser bem emocionante sem matar todo o mundo.

— Tá, tá. Blá blá blá não me leva a nada. Mas você já sabe: eu admiro muito a coragem. Tanto que se você provar que tem o bastante, eu deixo os seus amigos irem embora.

— Como?

— É prático. Qualquer ato corajoso.

Harry olhou para Voldemort. Sabia que o bruxo falava a verdade. Simplesmente sabia. Por mais estranho que fosse. Mas não conseguia pensar em nenhum ato de coragem sem pensar que poderia virar um ato de idiotice.

O garoto olhou à sua volta. Voldemort no meio de uns cem Comensais. Cinquenta de cada lado. Harry pensou, puxou a varinha, bloqueou a mente com toda a sua força e ainda arrumou um pouco mais para pensar no encanamento. O garoto fez um risco horizontal com a varinha e dela saiu uma forte luz roxa.

— Potter. Não estamos numa festa com um bobo da corte para ficar fazendo luz. Isso foi há mais de mil anos.

— Eu não fiz luz.

— Não? — Voldemort se divertia levemente. — O que era aquilo que eu vi? Uma lâmpada?

— Não. Era um feitiço. Olha.

Harry apontou a varinha para o chão. Um enorme rio de sangue corria em direção ao véu e atrás dele caía.

Um por um os Comensais que estavam de um dos lados de Voldemort começaram a cair no chão. O seu mestre chutou a cabeça do mais próximo. Pensou que estava morto.

— EU FALEI CORAGEM! NÃO BURRICE!

Harry tentou manter a calma. Surpreendeu-se por ainda não estar gritando também.

— Nenhum burro que cruzou o seu caminho conseguiu acabar com metade dos seus Comensais da Morte. Eu sim.

— E você espera que eu faça o quê agora?

— Ensine aos que sobraram a estar sempre alerta para qualquer coisa. Não a ficar olhando para o seu mestre igual a um bando de babacas. É isso o que Dumbledore faz com a Ordem da Fênix.

Harry sabia que havia tocado num ponto fraco. Voldemort receia a menção do nome de Dumbledore talvez da mesma forma que tantos bruxos pelo país receiam o seu nome.

— Tudo bem, tudo bem. Deixemos isso para depois — disse Voldemort apontando a varinha para os corpos dos cinquenta Comensais e os fazendo desaparecer. Harry riu-se de leve, sem demonstrar nem um pouco. — Quero te contar algumas coisas. Primeiro sobre a atuação do nosso Davi aqui. Olha, você fez o nosso amigo matar o seu melhor amigo. Andrei Denman. Os dois eram inseparáveis. Que nem você e esses seus amigos, Weasley e Granger. É engraçado como algumas pessoas são dependentes das outras. São fracas.

— Você está enganado. Redondamente.

— Enganado, Potter? Como?

— Ter amigos não é sinal de fraqueza, mas de força. Acima de qualquer coisa, eles é que vão apontar seus mais graves erros e te dar a chance de consertar tudo. É por isso que você é fraco. Você é sozinho. Meu pai te enfrentou até a morte e escapou três vezes porque era forte. Eu escapei quatro porque também sou forte. Eu e meu pai tínhamos amigos.

Voldemort parou. Não dizia uma palavra, não mexia um músculo. Harry sabia que a melhor coisa a fazer era também ficar parado. Então, o bruxo finalmente disse alguma coisa.

— Tudo certo. A segunda coisa que eu quero te contar é sobre este véu. Você sabia que ele é mais velho do que Hogwarts? Este. Não o do Ministério da Magia. O deles foi feito há uns seiscentos anos ou mais, numa época em que os presos às vezes fugiam dos que então eram guardas. Esta sala de execução ficou quase inutilizada, uma vez que de uns tempos para cá se deu muita preferência ao beijo do Dementador e a entrada para a Câmara da Morte acabou sendo transferida para o Departamento de Mistérios.

“Mas os dois têm uma conexão. E muito importante. Os que ali caíram ou foram atirados ‘se encontram no mesmo mundo’ como alguns bruxos mais conservadores costumam dizer. E há algo interessante. Se você se reencontrar, você pode voltar. Mas isso é tudo o que eu vou dizer sobre o véu. Você não precisa saber mais”.

— Tudo isso pra quê? — Perguntou Harry mais irritado do que curioso. Tudo o que ele queria era pegar Rony e Hermione e ir embora dali. Esperava do seu mais profundo eu não ter que encarar o final contra Voldemort agora. Para isso, o garoto não pretendia entrar no assunto da profecia. Se Voldemort falasse algo, e o garoto tinha certeza que ia, Harry não iria falar nada.

— Terceiro — continuou Voldemort como se não tivesse escutado. — Sobre a atuação de uma outra pessoa. Dolores Umbridge. É fácil como alguns se corrompem tanto quando se oferece poder a eles. Por mais que não se pretenda dar nenhum. Infelizmente eu perdi o cargo de Ministro, mas tinha um espião em Hogwarts, outro em Beauxbatons, que era Marie Claire Lapaix e um idiota que serviu de espião só por obedecer às ordens de Umbridge. Um tal de Percy Weasley.

Esta foi a parte que mais chocou Harry. Sem saber o que Rony iria pensar, o garoto olhou para o alto. Rony e Hermione estavam acordando. Mas pareciam estar longe de perceberem onde estavam e o perigo que corriam. Voldemort voltou a falar.

— Eu dei uma condição e você a cumpriu. Agora eu cumpro a minha palavra. Desçam os dois!

Quatro Comensais altos e corpulentos se encaminharam para próximo ao véu. Eles ergueram a varinha e Rony e Hermione foram levitando dali. Lentamente eles chegaram ao chão. Mas não tinham força ainda apara ficar de pé. Harry apontou a própria varinha para os dois e dentro da sua mente correu o feitiço Enervate e imediatamente os dois estavam atentos novamente.

— Harry! O que você está fazendo aqui? — Hermione fora correndo para cima dele e o abraçara. Depois soltara um braço e agarrou Rony.

— Depois eu explico — respondeu Harry. — Vamos embora daqui.

Os três já estavam se virando para a porta quando a voz de Voldemort o alcançou.

— Potter…

Mas Harry não ouviu o resto da frase. Nem Voldemort terminou a frase.

Dois jatos fortes de luz cruzaram o ar e acertaram cada um Rony e Hermione no meio do peito. Pelo efeito, Harry reconheceu ser o feitiço Everti Stati, os dois cruzaram a sala de execução e caíram. Atrás do véu. Ainda vivos, mas não mais agora. Da mesma forma que Sirius. Harry ficou olhando. Parado. Não conseguia acreditar. Demorou até que pudesse dizer alguma coisa.

— NÃÃÃO! O QUÊ VOCÊ FEZ? RESPONDE O QUÊ VOCÊ FEZ! VOCÊ PROMETEU QUE OS DOIS PODERIAM IR EMBORA, NÃO FOI? NÃO FOI? E OS DOIS ESTÃO… ESTÃO…

Harry reuniu toda a fúria que conseguia sentir e mais alguma. Pensou nos seus pais, em Sirius e agora em Rony e Hermione. Todos mortos. Sem volta. Harry nem precisou pensar nem pronunciar o feitiço para que um forte jato de luz verde saísse da ponta da varinha de Harry e fosse direto em direção a Voldemort.

Mas a maldição da Morte não o atingiu. Davi se jogou na frente e já estava morto antes de cair no chão.

Voldemort não estava dando atenção a Harry. Virara para um Comensal e estava gritando quase quanto Harry.

— McKUEN! O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ? EU NÃO DISSE QUE ELES PODIAM IR EMBORA? EU NÃO FALEI? VOCÊ VAI TER O MESMO CASTIGO McKUEN! AGORA.

— Milorde, por favor. Não — a voz de McKuen tremia. Voldemort estava inabalável a McKuen embora (de uma forma que Harry nunca imaginaria) estivesse muito abalado em relação ao que o seu Comensal acabara de fazer.

McKuen andou em direção ao véu e parou. Voldemort ergueu a varinha — que parecia quase pegar fogo — e um forte vento começou a ser produzido. Harry foi derrubado no chão, mas nada mais importava. O garoto nem reparou que McKuen perdera o equilíbrio também e caíra. Além do véu.

— Traga-os de volta!

— Não dá — respondeu Voldemort. Se Harry não soubesse que Voldemort desconhecia o arrependimento, ele poderia jurar que era com esse tom que ele falava.

— TRAGA-OS DE VOLTA!

— Só há um modo.

— QUAL? DIZ QUAL!

— Você ir atrás deles — respondeu Voldemort parecendo um velho cansado. — Se você os encontrar e se cada um se reencontrar, podem voltar.

Tudo o que Harry já escutou passou na sua mente no minuto que se seguiu. Sabia que se jogar dali seria encerrar tudo e aceitar uma derrota. Ele morreria. O único com o poder de derrotar Voldemort morreria. Mas Harry tinha certeza de uma coisa: sem Rony e Hermione ao seu lado, ele não tinha a mínima chance.

Mas ainda havia como trazer os dois de volta. Era muito arriscado. Uma chance em um milhão. Ou menos ainda. Mas ele não iria desistir sem tentar. Isso nunca. De alguma forma inexplicável, sabia que se Voldemort os visse voltar, não iria tentar atacá-los. Não hoje à noite.

Então ele simplesmente sabia o que fazer. Andou em direção ao véu. Parou no limite. Não viu nada além. Apenas breu. Olhou ao redor. Pensou em Rony e Hermione e se soltou.


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