Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 41
A GRANDE FINAL


Notas iniciais do capítulo

E aqui acaba a Copa Escolar de Quadribol. Daqui pra frente eu apenas ansiava por poder escever cada palavra e detalhe que eu já sabia do fim deste livro. Estamos na reta final. Este é o início do fim. Obrigado a todos que acompanham desde o início. Foi um enorme prazer compartilhar os melhores dois anos da minha adolescência.



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Um por um os alunos foram chegando e se sentando. Harry ficou bastante feliz em ver que nenhum deles parecia muito chateado por ele não ter jogado a partida, ao contrário, vários jogadores perguntavam como o garoto estava ou acenavam positivamente de seus lugares.

Antes que Harry pudesse dizer alguma coisa, Owen Cauldwell se levantou e começou a falar:

— Em nome de todos os jogadores eu quero expressar o mais fundo desejo de condolência do nosso capitão e deixar expresso que de forma alguma nos sentimos indispostos em relação a ele pela sua ausência. Em outras palavras, recupere-se logo que está tudo bem. Só quero aproveitar a oportunidade e perguntar se não deveríamos estar lá fora treinando para a final que é daqui a vinte e três dias ao invés de ficarmos aqui dentro.

Harry não sabia o que dizer. Só conseguiu falar quatro palavras:

— Tudo bem. Vamos lá.

*        *        *

O time estava ótimo. A única pessoa que parecia não ter aceitado as palavras de Owen era Cho Chang. Harry sentiu que precisava de um olho extra. Tinha de ficar de olho no time, no pomo e agora em Cho, que fazia enormes tentativas de deixar Harry desacordado mais uma vez.
A cada hora que passava, Cho ficava cada vez mais frustrada. Harry pegou o pomo cinco… dez… quinze vezes.

*        *        *

Desta vez Harry preferiu não opinar sobre as chances de Hogwarts. Não acreditava em destino e em nada daquelas idiotices da professora Trelawney, mas sempre que sonhava com uma vitória sobre Krum, ela não acontecia. Agora ele tentaria ao máximo não pensar no jogo.

*        *        *

Isso, obviamente, se tornou impossível ao longo da semana seguinte. Os treinos diários estavam deixando Harry surpreso com o seu modo de ser capitão. A sexta-feira assistiu a um treino de mais de seis horas. E o que mais deixava Harry impressionado era que, desta vez, ninguém estava reclamando.

Mas as surpresas não estavam vindo somente no Quadribol. Além de se tornar quase um mestre no Almenídeo, o garoto estava, como nunca, dominando as suas aulas de Oclumência. Harry já chegou a um ponto em que nem mais se cansava ao tentar impedir o professor Dumbledore de olhar as suas memórias.

As aulas eram um capítulo a parte. O último mês se provou pior e mais pesado do que todo o ano desde setembro. O professor Snape estava ainda com mais raiva de Harry desde que o garoto milagrosamente conseguiu um Excepcional nos N.I.E.M.s de maio e passou a ensinar poções quase impossíveis, alegando que “se o Potter consegue um Excepcional, qualquer um consegue ser um mestre de poções”. Esse comentário também custou a Simas Finnigam detenções semanais até o fim do período, pois o garoto disse que Snape então poderia se aposentar que ele tomaria o lugar do professor.

O professor Davi estava ficando irritante. Aparentava ultimamente ser mais medroso do que o professor Quirrel, só faltava ele começar a gaguejar.

Dumbledore contratara um homem alto, forte de pele negra e cabelos encaracolados, Sammy Wigliestoff, para ficar no lugar do professor Flitwick. Este foi enterrado em Londres dois dias após ter sido assassinado. O enterro era para ser discreto, embora Rita Skeeter conseguiu descobrir o dia e a hora e quase fez uma edição especial do Profeta para cobrir o enterro e opinar a todo instante sobre o péssimo trato que Dumbledore dispensava a seus professores. Para piorar ela resolveu relatar tudo o que acontecera com os últimos professores de Defesa Contra as Artes das Trevas que Hogwarts tivera.

As aulas do professor Wigliestoff não eram nem melhores nem piores do que as do professor Flitwick. A única diferença era que Wigliestoff tinha uma audição que beirava a perfeição e era quase impossível para os alunos poder conversar durante as práticas.

Mesmo que a conversa passasse desapercebida, Harry, Rony e Hermione não tinham muito tempo para conversar. Agora que o curso de N.I.E.M.s já alcançou a metade, só faltando a sétima série, não era mais hora para empurrar as aulas com a barriga.

Embora com o humor muito incomum, o professor Davi começou a ensinar os seus alunos a não mais pronunciar o nome dos feitiços que produziam. Dessa forma, a outra pessoa não teria muitas chances de bloquear o feitiço. “A não ser que usasse da Legilimência, mas isso não é assunto para vocês agora. Talvez na metade da próxima série” disse o professor Davi. Harry, Rony e Hermione foram obrigados a rir de leve.

Nada, porém, poderia ser comparado às aulas da professora Minerva. Ela queria que os alunos conjurassem uma pedra de vinte e sete metros cúbicos feita de puro mármore, a transformassem em gesso e dessa nova pedra, fizessem três pessoas: um homem uma mulher e uma criança. Tudo isso sem pronunciar um único feitiço.

Obviamente a que conseguira chegar mais longe fora Hermione, embora sua pedra de gesso ainda apresentasse vários blocos de mármore no seu interior.

— Exercícios assim são uma perfeita preparação para o exame de N.I.E.M.s, que se realizará daqui a um ano — disse a professora ao terminar da aula de sexta-feira. — É isso o que lhes será pedido, entre várias outras coisas, no exame de Transfigurações. Sem contar que é uma ótima revisão da nossa matéria, tendo em vista os exames desse ano, que vão se realizar em Hogwarts. Já que depois do diretor ter tentado marcar as provas aqui, depois em Hogwarts, mais uma vez aqui e assim por diante, ficou finalmente definido que, três dias após a partida final da Copa Escolar de Quadribol nós retornaremos e vocês terão mais quatro dias de descanso, então farão os exames em uma semana. No domingo após o término dos exames serão entregues os resultados para que todos possam retornar às suas casas para as férias de verão.

Hermione se estremeceu no lugar. Sabia que ela começaria a estudar a cada segundo que tivesse. Faltava ainda quase três semanas para a partida final da Copa, mas Harry tinha certeza que Hermione iria insistir, e com razão, que Harry conciliasse — dando mais atenção ao estudo — as revisões com o Quadribol, o Almenídeo e a Oclumência.

*        *        *

Na segunda-feira, Owen perguntou a Harry como funcionava o sistema de pontos para a final. Harry pensou um pouco e então se lembrou do que leu no regulamento e respondeu:

— Os pontos anteriores são desconsiderados, só serviram para determinar quem iria jogar a final. Quem ganhar este jogo, leva a taça. Espero apanhar o pomo o quanto antes, mas quero que vocês façam o máximo de gols que conseguirem e que você, Owen, defenda o máximo que puder. Fred e Jorge, em cima do Krum, mantenham-no o mais ocupado que conseguirem. Mais do que nunca e mais do que tudo eu confio em vocês. Ficamos com o maior somatório, embora sejam apenas dez pontos de diferença. Podemos ganhar. De quatro jogos, ganhamos três.

*        *        *

Foi só na sexta-feira que Harry conseguiu concluir o dever da professora McGonagall. Não importava a etapa em que eles parassem na última aula, eles tinham que recomeçar na próxima.

Quando todos haviam terminado a tarefa, a professora pediu o inverso, conjurar um homem, uma mulher e uma criança, transformá-los em uma pedra de gesso de vinte e sete metros cúbicos e então transformar o gesso em mármore.

*        *        *

O Almenídeo não mais era tão interessante. O professor Dumbledore agora estava pedindo a Harry encantamentos que o garoto sempre julgara praticamente impossível de realizar. Na aula de terça-feira o garoto precisou de Rony e Hermione para fazer um único feitiço, uma vez que Dumbledore disse que o resultado esperado nunca seria atingido por um único bruxo.

Sempre depois de uma hora de Almenídeo, vinha uma hora de Oclumência. E Harry sabia que embora ele estivesse cada vez melhor, não adiantava: não havia nada no mundo que fizesse Harry se sentir disposto à Oclumência. E o garoto estava grato, como sempre, daquela hora ter acabado.

*        *        *

Harry estava surpreso. Nem nas outras partidas o time voava tão bem quanto agora. O garoto tinha plena convicção de que eles realmente poderiam ganhar a taça. Era incrivelmente mais do que uma certeza. O garoto às vezes quase parava e ficava admirando o time com orgulho.

O treino de quarta-feira, no entanto, não foi tão bom assim. Faltava exata uma semana para o jogo e a ansiedade estava tomando conta do time como um vírus.

Harry havia cancelado o treino de sexta-feira para que o time pudesse dar um descanso. Ao saírem do estádio na quinta à noite todos estavam programando uma festa no Salão de Jantar.

E assim foi. O Salão de Jantar estava lotado. Todos os alunos e professores reunidos como se fosse o banquete de abertura do ano letivo. Certa hora, Dumbledore se levantou e pediu silêncio.

— Antes de qualquer coisa, boa sorte! — O estrondo foi tamanho que as janelas do trem tremeram. Dumbledore limpou a garganta e todos voltaram a se silenciar. — E para que todos os jogadores possam treinar com mais força, os organizadores de torcida tenham muito mais tempo para preparar a nossa apresentação, e os outros tenham muito mais tempo para ficar sem fazer nada e descansar para dar a Hogwarts todo o apoio que ela precisa, as aulas estão canceladas até o nosso retorno à Hogwarts.

Ninguém poderia prever uma notícia dessas e a comemoração foi incrível. O barulho era tanto que a última pessoa que eles queriam ver apareceu para saber o que estava acontecendo.

— Minha cara Dolores — disse Dumbledore sorrindo largamente, deixando Umbridge ainda mais furiosa. — Não se espante. Meus alunos só estão comemorando a forma que eu dirijo a escola. Pode voltar aos seus aposentos. Esta é uma reunião exclusiva ao pessoal de Hogwarts.

Umbridge deu meia volta e saiu do Salão de Jantar ainda mais furiosa.

O último aluno saiu do Salão já nas primeiras horas do sábado. Harry conseguiu adormecer somente quando o céu estava quase laranja. Era mais de uma hora da tarde quando o garoto acordou e foi almoçar.

No Salão de Jantar, todos os jogadores estavam com as suas vassouras. Harry perguntou para que aquilo e descobriu que o time resolveu treinar durante todo o dia. Harry não se demorou a pegar sua vassoura e a almoçar e logo eles já estavam no campo oficial treinando.

*        *        *

A segunda-feira chegou rápido e Harry acordou para encontrar uma Hermione de péssimo humor.

— O que foi Mione? — perguntou o garoto à mesa do café. — Não temos nem mais aulas e você está nesse péssimo humor?

— Exatamente! Não temos aulas — respondeu a garota bastante irritada. — Isso abalou absurdamente a estrutura das minhas revisões. Como é que eu vou tirar dúvidas sobre feitiços não-verbais com o professor Davi agora?

— Mione — disse Rony. — É só ir ao escritório dele. Tudo bem que o cara tá meio lunático ultimamente, mas ele não vai reclamar se você bater à porta da sala dele.

Hermione bufou alto e respondeu tentando parecer calma, mas a única coisa que passou foi deboche:

— É, Rony? Você já tentou ir lá falar com ele. Se não, vai lá. Vai lá e descubra que ele não está aqui. Nem ele, nem a professora McGonagall, professora Vector, Sprout, professor Wigliestoff e nem o professor Snape. Nenhum deles.

— E onde eles estão? — perguntou Rony curioso.

— HOGWARTS! Eles voltaram parta Hogwarts! No sábado de manhã. Para prepararem as provas finais. Por isso Dumbledore cancelou as aulas. Falando em Dumbledore, ele pediu para te entregar isso, Harry.

Hermione entregou a Harry um rolo pequeno de pergaminho preso com um feitiço anti-intrusos. Com um aceno de varinha, Harry desfez o feitiço e leu. Era um bilhete curto e direto. E Harry não gostou nem um pouco de ler.

Harry,
Espero sinceramente que você não tenha esquecido das lições de Almenídeo e Oclumência. Espero também que lembre o que disse sobre a importância dessas aulas e creio que você não vai deixá-las de lado por algo tão fútil quanto um jogo de Quadribol.

Aguardo você, o senhor Weasley e a senhorita Granger no meu escritório às dezessete horas hoje para uma hora e meia de Almenídeo e outra hora e meia de Oclumência tendo em vista que os professores que ensinavam Oclumência aos seus amigos estão em Hogwarts tratando de assuntos escolares. Avise a seus amigos que as lições de Oclumência não serão juntas e que devem sempre seguir a ordem: Potter, Weasley e Granger.

Boa sorte na final.

Dumbledore

— Achei que quando ele cancelou as aulas, cancelou isso também — disse o garoto um pouco triste passando o pergaminho a Rony e Hermione.

*        *        *

Ter meia hora a mais de Almenídeo e meia hora a mais de Oclumência após um dia inteiro montado numa vassoura, não era fácil. Pelo menos, às oito da noite, o time voltava a treinar. Já era quase uma hora da manhã de terça quando todos voltaram ao chão e Harry disse ao time:

— Amanhã não teremos o treino noturno. Terminaremos às quatro horas. Quero que todos tenham um jantar reforçado e durmam cedo. Nada de festas. Quero que obedeçam à risca o toque de recolher. Ninguém acordado depois das onze. Obrigado. Boa noite. Até amanhã.

Passando pelo corredor, Harry encontrou Hermione.

— O que você está fazendo aqui a esta hora?

— O quê? — respondeu Hermione. — Voltando da Oclumência, é claro.

— Agora?

— E o quê você esperava? Você sai às oito e o Rony entra, para sair às nove e meia, aí eu entro, e saio às onze. Mas sabe-se Deus por que o Rony me fez o favor de ficar duas horas além, agora eu só saí à uma da manhã. Tô morrendo de sono.

*        *        *

O dia vinte e três de junho, tão aguardado por todos, finalmente chegou. Um dia bastante quente, sem nuvens. Embora o chão estivesse bem duro, o sol forte poderia prejudicar a visibilidade.

Então do nada o tempo fechou e começou a chover. E Hermione misteriosamente fingia ter esquecido de todos os seus feitiços.

— Mione, não adianta fingir. Só me conta aonde você aprendeu a mexer com o tempo.

— Achei que tinha aprendido. Harry desculpe, só queria algumas nuvens para tampar o sol, não essa tempestade.

— É só reverter o feitiço.

— Não consigo. Já tentei de tudo e nada funciona. Vocês terão que jogar na chuva. Desculpe-me.

— Tudo bem. De qualquer forma, obrigado.

Hermione abriu um leve sorriso.

O início do jogo estava marcado para as cinco e meia. Às cinco o time de Hogwarts já estava no vestuário.

— É agora — disse Harry quando todos já haviam trocado de roupa. Faltavam três minutos para o início do jogo. — Há muitas coisas que eu poderia dizer. Ordens, dicas, mas eu confio em vocês. Tudo isso se resume em pouco: “boa sorte”.

Harry e o time foram andando pelo corredor e o garoto percebeu que milagrosamente a chuva parara. Era como se não pudesse chover no campo de Quadribol.

Quando eles estavam alcançando a entrada, uma quintanista da Corvinal chamou Harry.

— Vocês não entram agora. Tem a apresentação da torcida.

— Ah.

— Espere ali do lado. Para não atrapalhar a entrada das mascotes.

— Mascotes?

Mas a garota não respondeu. Já havia ido embora.

— O que foi? — perguntou Fred Weasley que já estava, assim como a maior parte do time, montando na vassoura.

— Desçam — respondeu Harry. — Temos que esperar a apresentação das mascotes. Acho que Durmstrang começa. Estão com menos pontos — dizendo isso Harry se sentiu o homem mais confiante que existia no mundo.

Harry podia ouvir a voz de Pierre Martin ecoando pelo estádio. Olhou para o alto e viu o placar reluzindo o placar:

Hogwarts: 0

X

Durmstrang: 0

— BEM VINDOS À FINAL DA DUCENTÉSIMA QUADRAGÉSIMA PRIMEI-RA EDIÇÃO DA COPA ESCOLAR DE QUADRIBOL! APÓS SEIS INCRÍVEIS JOGOS, HOGWARTS E DURMSTRANG HOJE SE ENCONTRAM PARA DECIDIR QUEM LEVA A TAÇA!

E no lugar do placar, apareceu a imagem de uma taça de prata, com o símbolo das três escolas em ouro sob o símbolo da Copa, feito das mais variadas pedras preciosas. Martin voltara a falar.

— E AGORA É A HORA DAS MASCOTES DO INSTITUTO DURMSTRANG. E LÁ VÊM OS LEPRECHAUNS!

Pela entrada de Durmstrang entraram os mesmos seres que Harry vira na Copa Mundial de Quadribol, há quase três anos.

Os Leprechauns sobrevoaram o campo, jogando as suas famosas moedas que desapareciam após um tempo. E, aos poucos, eles foram se acomodando atrás dos aros de Durmstrang.

— E AGORA HOGWARTS APRESENTA SUA MASCOTE. ATENÇÃO QUE LÁ VÊM OS ESQUEDIANS!

Esquedians eram seres de trinta centímetros, com o corpo quase igual ao dos humanos, com pequenas diferenças:

Eram seres alados. Quatro asas azuis com um risco central vermelho e a borda das asas cor de laranja. Seus corpos eram num forte tom de amarelo com riscos cor-de-rosa ao longo.

Eles não tinham pés, quando seus corpos alcançavam a altura do calcanhar, a pele se alongava, formando um tipo de saia que tinha o seu interior de cor roxa. Roxo também era a cor dos seus cabelos.

Harry se perguntou o que eles faziam, já que eles haviam tomado conta do estádio e ficaram parados. Então, como uma resposta aos seus pensamentos, os Esquedians começaram a girar. Cada vez mais rápido.

E Harry então sentiu um cheiro muito agradável. Rosas, jasmins, lavanda, baunilha, margaridas entre outras infinitas flores.

Os aromas foram tomando conta do estádio quando as próprias flores saíam de dentro do corpo dos Esquedians. Logo o ouro de Leprechaun, que havia tomado conta do chão do estádio estava todo coberto pelas flores dos Esquedians.

De repente Harry sentiu um enorme aperto no peito, uma imensa e inabalável saudade de Emily. Seu peito doía ao ponto do garoto não mais aguentar. Então, da maneira que começara, o aperto fora embora. Embora também fora o cheiro das flores, embora as suas donas permanecessem sobre o ouro de Leprechaun.

— E ATENÇÃO PARA O TIME DO INSTITUTO DURMSTRANG QUE ESTÁ VINDO!

— Montem as vassouras! — gritou Harry para o time. Não precisou falar mais nada. Quase no mesmo instante todos estavam prontos para voar.

— E AÍ VEM O TIME DA ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS!

Todo o time levantou vôo. Harry se sentia livre. Como nunca estivera. Harry voou em direção ao capitão de Durmstrang e eles apertaram as mãos. Harry desejou boa sorte a Krum.

Fran Rolston já estava no campo e apitou o início da partida. Harry se surpreendeu com o próprio time. Todos voavam como um time de Quadribol profissional. Não demorou muito e Hogwarts já havia marcado três vezes.
A final da Copa assistia a um dos seus melhores jogos, mas também a um dos mais violentos. Agressões que iam muito além das cotoveladas e chutes.

O batedor de Durmstrang quase quebrou o nariz de Owen e a escola foi penalizada por isso. Grão Pritchard cobrou o pênalti e o placar foi elevado para cinquenta a favor de Hogwarts. A diferença continuava nos trinta pontos.

Hogwarts também não estava muito quieta. Fred Weasley acertou um Balaço no pulso de Krum. Mas a penalidade não alterou o placar.

Harry estava quase surdo aos comentários de Pierre Martin, embora as pessoas na arquibancada estivessem superando o volume. Como consequência, o comentarista berrava cada vez mais.

Quase três horas depois do início da partida Hogwarts liderava por cento e oitenta contra cento e sessenta. Harry não tinha o menor sinal do pomo. A luz dourada que servia de esconderijo para a pequena bola havia sido apagada por ordens de Rolston, depois de Krum e Harry reclamarem infinitas vezes sobre a impossibilidade de se enxergar.

O apito de Rolston havia alcançado os ouvidos de Harry, mas a partida ainda estava em andamento. Apenas excedera o novo tempo limite de permanência dos jogadores em campo.

O placar permanecia inalterado. Harry desceu olhando para ele. Rolston esperava pelos dois capitães.

— O time reserva entra inteiro agora. Eles vão jogar por mais três horas e então vocês entram novamente. A não ser, é claro, que o pomo seja apanhado antes.

Com o olhar mais ressentido o possível, Harry olhou Cho Chang montar a sua vassoura e levantar vôo. Gina ocupava o cargo de capitão.

Harry não conseguia fazer nada. Queria continuar assistindo ao jogo. Mas a visibilidade dali era quase horrível. Harry ouviu a voz de Fred.

— Ei, Harry, toma.

Harry sentiu umas gotas de água o atingir e olhou para o lado. Só não tomara um susto maior porque isto já acontecera.

Harry estava olhando para si mesmo. Olhou para Fred e viu que ele segurava uma garrafa cheia do Duplicador Multifuncional F.J. Weasley.

— Pra quê isso? — perguntou o garoto enquanto Fred desfazia a sua cópia.

— Pra te ajudar a agarrar o pomo. Sabe como é… quatro mãos trabalham muito melhor do que duas.

— Eu diria que cem por cento — respondeu o garoto rindo, vendo sua cópia sumir. — Mas não podemos usar isso.

— Você é quem sabe — respondeu Fred colocando a garrafa dentro do bolso de Harry. — Escuta: o time todo tá indo para o camarote.

— Boa idéia — respondeu Harry quase se apressando em ir para o camarote também. — Não consigo ver nada daqui.

— Harry! — Hermione o chamou animada. Seu rosto estava todo marcado pelas unhas. — Venha ver. Ainda estamos ganhando.

Harry andou até o limite do camarote. Estava de frente para o placar. Nada havia mudado. Harry se sentiu um pouco aliviado.

Mas o alívio deixou logo o garoto. Ele andava para todo o canto do camarote. Quase derrubou o professor Davi no chão (foi quando ele deu pela presença de todos os professores que, obviamente, vieram ver o jogo) e quase mandou o professor Snape para um lugar muito sujo quando ele soltou uma piadinha maldosa sobre o time. Foi Hermione quem o controlou.

Tudo isso se devia ao fato de Durmstrang ter virado o jogo. Uma hora depois da entrada dos reservas Hogwarts perdia por trezentos e noventa contra quatrocentos e vinte e mesmo assim não havia nenhum sinal do pomo.

— Ainda bem que o apanhador deles é um bosta. AINDA BEM!

Cho não fazia o mínimo progresso. Harry não sabia o que estava acontecendo com ela. Ela sempre fora uma ótima apanhadora.

Cho havia deslocado o pulso esquerdo e quase fora derrubada da vassoura.

O time não era tão ruim assim. Mas infelizmente Durmstrang era muito melhor. Ao fim da segunda hora, eles perdiam por sessenta pontos de diferença. Mais nervoso que Harry estava Owen.

Durmstrang marcou novamente, elevando o placar para setecentos e cinquenta contra seiscentos e oitenta.

Quando faltavam cinco minutos para o time titular voltar ao campo, Harry disse a todos para descerem. Até que percebeu que sua vassoura havia sumido.

— Cadê minha vassoura? — Perguntou Harry fazendo todos pararem.

— Não sei — respondeu Fred. — Você estava com ela quando subiu comigo.

— Eu sei que estava. E a coloquei naquele canto e ela simplesmente desapareceu.

A atividade dentro do camarote de Hogwarts era maior do que a no campo, embora Durmstrang tivesse chegado aos novecentos e quarenta pontos e Hogwarts aos oitocentos e trinta.

Três minutos. Nenhum sinal da vassoura de Harry. Sua velha Firebolt estava dentro do armário de Rony, não havia como pegá-la. Até que Rony voltou de um dos banheiros com a Firebolt Segunda Geração de Harry, gritando que a achara.

Harry correu o mais que pôde junto com o time e o último jogador colocou os pés no campo assim que soou o alarme de Rolston.

— Owen, Frank, Grão e Ziffley. Temos que virar esse jogo. Antes de qualquer coisa, temos que virar esse jogo.

O time deu um grito e Rolston apitou o recomeço da partida.

Os três artilheiros faziam jogadas incríveis e duas vezes Harry impediu por pouco Krum de apanhar o pomo e Krum o impedira várias de agarrar a pequena bola que finalmente estava começando a dar as caras.

Demorou mais de uma hora para que tudo se acertasse. Mas Hogwarts finalmente recuperou a liderança. Estava com mil e dez pontos contra mil de Durmstrang.

Então mais uma vez Harry avistou o pomo de ouro e colocou todo o seu peso sobre sua vassoura. Ele estava próximo da bola, mas o batedor de Durmstrang veio voando em sua direção e o garoto fora obrigado a desviar para cima.

Nesse meio tempo, um artilheiro adversário marcou, empatando o jogo.

Harry se afastou bastante da bola e Krum se aproximava cada vez mais. Ele tentava descer, mas sempre havia um jogador de Durmstrang impedindo. Então Harry teve uma idéia e resolveu arriscar:

Prendeu com toda a sua força a mão e o pé direito à vassoura e soltou o resto do corpo. Ouviu vários gritos de preocupação. Eram de perfurar o tímpano. Harry tentou dar impulso à vassoura e ela foi ainda mais rápido para frente.

Um artilheiro de Durmstrang que estava impedindo Harry de descer com a vassoura tomou um enorme susto ao ver Harry pendurado daquela forma.

Pôde-se ouvir que cada escola havia marcado mais uma vez.

Harry tomou um impulso ainda maior para frente, esticando cada pedaço que podia para chegar mais perto do pomo.

A bola estava cada vez mais próxima… mais… mais… mais… mais um pouco… centímetros… Harry se esticava, mas não adiantava… Krum estava cada vez mais perto… ele ia apanhar a bola primeiro… Harry tomou um último impulso e… PEGOU! Sentiu seus dedos prenderem com toda a força possível a pequena bola. Voltou à posição normal. Sentia que todo o seu sangue havia ido para a cabeça. Ele olhou o placar.

Hogwarts: 1170

X

Durmstrang: 1020

Harry se sentia enorme. Conseguira. Deu a volta para comemorar com o time, mas não conseguiu. Sua vassoura não respondia aos seus comandos.
Ele tentou mais uma vez, mas era inútil. Nada adiantava. Quando Fred e Jorge Weasley tentaram tira-lo da vassoura, não conseguiram. Esta passou a voar cada vez mais rápido.

Para fora do campo, além do trem de Hogwarts, pelos campos da escola, pelos portões, para fora de Beauxbatons, sempre em direção ao norte. Sempre.


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