Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 39
A CERIMÔNIA




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Hagrid estava comandando as aulas de Trato das Criaturas Mágicas da pior maneira possível nas duas semanas que antecederam o casamento. Ele estava absurdamente ansioso e extremamente distraído com a aula.

Quem não sabia sobre o casamento julgava que a pura incompetência de Hagrid estava pior do que nunca. Mas quem sabia (quase todos os alunos, menos o pessoal da Sonserina), nem ligava, sorria para Hagrid como um sinal de aprovação.

Mas foi realmente difícil sorrir quando o dragão Verde Galês que Hagrid levara cuspiu fogo em todos. Vários feitiços de congelar chamas e remendos em uniforme foram necessários. Até Harry estava concordando com o pessoal que achava que Hagrid deveria prestar mais atenção ao que estava fazendo.

Os resultados dos exames simulados estavam chegando e a preparação para os exames finais ficava cada vez maior. Hermione já havia preparado tabelas de horários que ocupavam cada segundo livre de Harry e duas noites de treino. Quando reclamou com Hermione sobre duas noites de treino perdidas a cada semana ele foi obrigado a ouvir a garota perguntando o que era mais importante: a Copa de Quadribol ou passar da sexta série. Harry ficou sem palavras, sabia a importância para o ego que teria ganhar a Taça, mas se fosse obrigado a escolher, não conseguiria ver seus amigos se formando e ele fazendo a sexta série novamente.

Harry se surpreendeu com seu resultado em Defesa Contra as Artes das Travas. Tirou um Aceitável, quando esperava um Deplorável. Teve que ouvir uns quinze minutos de conselhos de Davi querendo saber o que havia acontecido, mas sabia que o professor não sabia do sonho que tivera.

A maior surpresa de Harry veio quando o Prof. Snape entregou os resultados: Harry tirou um Excede Expectativas e ficou bastante satisfeito de ver a cara de profundo nojo e descrença de Snape quando ele disse a nota de Harry e a feição de incredibilidade óbvia de Draco Malfoy.

As notas de Transfigurações também foram excelentes. Tanto Harry como Hermione tiraram Excepcional e ouviram longos elogios e dicas de como ser ainda melhor da Professora McGonagall.

Rony por outro lado ficou bastante mal humorado ao receber seu Aceitável. E foi obrigado a ouvir um longo sermão de que Aurores tem que ser muito bons em Transfigurações.

Infelizmente os exames de feitiços foram cancelados. O professor Flitwick recebeu uma caixa bonita, roxa com detalhes brancos que continha um Feitiço Confundus dentro e ele não conseguiu mais avaliar nem um critério das avaliações.

A professora Sprout havia preparado uma surpresa para todos: um “exame de recapitulação” ou era assim que ela o chamava. O que importava eram as trinta questões teóricas sobre assuntos desde a primeira série e práticas que iam desde o replantamento de Mandrágoras sem instruções até a preparação da mistura de ferrão de Krispas com escrofulária de Mimbulus Mimbletonia que ainda deveria ser retirada.

Dois dias depois Neville saiu da Ala Hospitalar (esqueceu os abafadores e desmaiou ao ouvir o grito de uma Mandrágora bebê) e todos foram receber os seus resultados: o exame prático de Neville o salvara e ele conseguiu um Aceitável. Harry conseguiu um Excede Expectativas e a mistura de Rony ficou tão perfeita que a professora lhe deu um Excepcional. O garoto comentou com Harry quando recebeu o resultado:

— Quando a gente passa a precisar, aprende a fazer.

Harry se lembrou do dia que Rony foi atacado por um Krispas.

Hermione fora buscar o seu resultado e ficou um bom tempo conversando com a professora Sprout, embora ninguém conseguisse ouvir o que elas diziam. Voltou quase chorando. Ficou num péssimo humor o dia inteiro e respondia às tentativas de Harry e Rony de saber o que acontecera com um estúpido “O que é?”.

No jantar, Hermione ainda estava da mesma forma, se não estivesse pior. Harry tentou mais uma vez.

— Alguém uma vez disse que amigos confiam uns nos outros. Será que você pode nos dizer o que aconteceu?

Hermione nada respondeu e Harry desistiu. Quando eles entraram no dormitório, Hermione desatou a chorar:

— EU TIREI UM PASSÁVEL! Não sei o que me aconteceu, mas eu comecei a trocar tudo! Tentei espremer uma semente de fogo para tirar o pus de Bubotúberas e queimei a mão. Replantei a Mimbulus Mimbletonia e fiz curativos de Salgueiro Lutador numa Mandrágora!

Harry não sabia o que dizer. Como Hermione conseguira um Passável? Todas aquelas tabelas e revisões. Não importava se a prova era surpresa ou não. Então Hermione disse:

— Não é nada de mais. Para ser sincera eu fui atingida por um feitiço. Bom, eu achei que fosse. Eu não sei. Senti apenas um vento e um arrepio, mas foi estranho. Eu estava num corredor sem janelas perto da biblioteca de Beauxbatons.

Um pensamento horrível ocorreu a Harry. Será que Hermione fora atingida pela Maldição Imperius? O garoto comentou isso e Rony disse:

— Não adianta perguntar, se estiver, vai dizer que não. Só tem uma solução — Rony puxou a varinha das vestes, apontou para Hermione e gritou:

— FINITE INCANTATEM!

Hermione ficou normal. Nenhuma alteração. Ela se levantou em foi em direção à sua cama.

— Não, não foi a Imperius, mas me deixe ver — ela pegou um livro muito velho em francês e começou a folhá-lo.

— Aqui está — disse ela — se quiser conferir a quais feitiços a pessoa foi submetida, utilize o feitiço Priori Incantatem. Então quem vai tentar?

Rony fez a tentativa. Ergueu a varinha e enunciou o encantamento. Algumas nuvens de fumaça azul saíram do pescoço dela e formaram as palavras do feitiço de Rony.

Finite Incantatem

As letras grossas ficaram no ar por um minuto ou dois e então sumiram.

Após isso, outras nuvens de fumaça saíram dela, mas não eram mais azuis. Eram um tipo estranho de roxo, um pouco puxado para o vermelho, mas com o azul presente. E formaram a palavra:

Confundus

Harry se sentiu um pouco aliviado e um pouco nervoso. Felizmente Hermione não fora submetida a nenhuma Maldição Imperdoável, mas mesmo assim havia alguém enfeitiçando os alunos. Harry pensou em Umbridge e a raiva por ela aumentou. Mas também pensou que poderia ser alguém de brincadeira.

— Hermione, eu acho que você deveria avisar alguém. Dumbledore, talvez com a Legilimência ele consiga ver quem foi.

— Não, está tudo certo — respondeu Hermione, abanando a fumaça, mas Rony não abaixara a varinha em tempo o suficiente de impedir que outras nuvens de fumaça saíssem, desta vez realmente vermelhas e escrevessem:

Crucio

Harry gelou e ficou olhando para o nome do feitiço. Hermione ficou extremamente desconcertada.

— Hermione — Harry finalmente conseguira dizer alguma coisa. — Você precisa procurar o Dumbledore. Ele tem que saber disso e descobrir quem foi.

— Ele já sabe — respondeu a garota. — Eu fiquei horas antes do exame de Herbologia na sala dele. Saí no corredor à procura de Dobby, queria um copo de leite. E então senti um feitiço me atingir, foi uma sensação até engraçada, tentei gritar por alguém e descobri que não conseguia emitir nenhum som. Tinha sido atingida pelo feitiço Silencio. Então eu comecei a sentir… foi horrível. Cada pedaço de mim sentia uma dor alucinante. Tive vontade de morrer. Seria muito melhor do que aquilo… Então tudo parou e desmaiei. Acordei uma hora depois no escritório do Dumbledore e contei a ele tudo o que aconteceu. Ele tentou descobrir quem foi, mas não teve sucesso. Tentou a Legilimência e a Penseira, mas nada deu resultado. Ele convocou todos os elfos, mas nenhum deles havia visto alguém.

“Ele perguntou se eu queria ficar aquele dia no meu quarto, mas eu disse que não. Então a professora Sprout chegou com aquele teste e eu me dei mal. Hoje quando ela entregou as notas e me perguntou o que tinha acontecido, eu inventei a história do Confundus e o lancei em mim mesma.”

Harry estava em choque e Rony de queixo caído. Não havia nada que eles pudessem fazer. Harry se sentiu impotente.

— Não há nada a fazer Harry — disse Hermione. — O Dumbledore me falou para contar a história do Confundus pra você, para que não saísse por aí procurando um culpado. Mas quando a fumaça vermelha começou a sair eu percebi que não havia mais como fugir. Vamos simplesmente esquecer isso. Se o Dumbledore conseguir encontrar quem foi, ótimo. Se não, pena.

Harry não concordou com Hermione. Queria de qualquer forma descobrir quem fizera aquilo. Mas descobriu que não haveria chances.

— Bom — disse Rony coçando a cabeça. — Das duas uma: ou Lapaix vai ter um troço quando souber disso ou ela mandou fazer isso.

— Outra: Umbridge fez isso e não tem o mais remoto plano de contar para Lapaix — disse Harry.

— Boa.

*        *        *

O tempo passava bastante rápido e Hagrid conduzia suas aulas de um jeito cada vez pior. Chegou a levar galos mortos e dizer que deviam ser alimentados com filhotes de dragão. Por sorte não matou o filhote de uma espécie em teste para oferecer aos galos.

Finalmente era chegada a hora. O sábado amanheceu com bastante sol e com bastante vento. Era um dia lindo. Harry se levantou e logo estava no banho depois de tomar café. Saiu do quarto usando suas vestes a rigor faltando quinze minutos para as onze. Harry via vários alunos da Lufa-Lufa e da Corvinal transitando pelo corredor com vestes a rigor vestidas pela metade, pelo avesso. Completamente normal. Às dez para as onze, todos os alunos estavam indo em direção ao casamento e se divertindo ao ver as caras do pessoal da Sonserina.

— Uma pergunta — disse Hermione para Rony e Hermione conforme eles se encaminhavam para a saída do trem. — Aonde será a cerimônia?

Harry parou. Hagrid não dissera isso. O garoto se lembrava muito bem de que não havia nada escrito no convite. Resolveu sair e procurar alguém. Então achou uma resposta.

Exatamente na porta do trem uma trilha havia sido formada por margaridas que levavam para além do Palace Beauxbatons. O único desvio da trilha era o pedaço que levava ao navio de Durmstrang.

— Acho que foi por isso que Hagrid não disse aonde seria — comentou Hermione rindo. — Até com isso quis fazer surpresa.

A trilha levava para bastante além do palácio. Além até do Campo de Quadribol da escola. Harry gemeu ao ver que a trilha (cada vez com mais pessoas seguindo até o seu fim) começava a subir os montes.

Foram no mínimo dez minutos subindo os montes até ao que parecia a parte mais alta. Finalmente chegaram a uma parte plana em que o sol estava ainda mais forte e o vento também.

Vários bancos estavam postos sobre o local e um altar de madeira ficava na frente. A decoração era simples, mas incrivelmente bonita. Arcos cobertos de margaridas cercavam o altar e um maior do que os outros estava na entrada.

Hagrid estava usando um terno todo preto e sua nova aparência estava um pouco melhor. Era visível que ele tremia.

Nos cinco minutos que seguiram, Harry percebeu que o lugar foi ficando cada vez mais cheio. Pegou um lugar bem à frente com Rony, Hermione, Gina, Fred e Jorge. Ele sorria bastante.

Estavam ali todos os alunos de Beauxbatons, toda a delegação de Durmstrang e todos (tirando, é claro, os alunos da Sonserina) de Hogwarts.

Era a primeira vez que Harry ia a um casamento bruxo e tudo era uma grande novidade para ele. A pessoa que iria fazer a celebração usava um sobretudo preto fechado com uma tira branca que ia do ombro esquerdo até o pé direito. Quando ele se pôs atrás da mesa que estava sobre o altar, todos os presentes se levantaram e Hagrid fez uma reverência que seu nariz quase tocou o chão — no caso de Hagrid isso queria dizer alguma coisa. Quando ele se levantou, todos os outros convidados se sentaram. Imediatamente chegou Madame Maxime. Num vestido totalmente branco da mais pura seda e um enfeite bonito e azul na cabeça.

Quando ela se postou de pé no tapete de entrada, todos os convidados se levantaram de novo. Harry viu à sua volta que todos faziam uma reverência, que Hagrid permaneceu de pé e que o celebrante se sentou. Harry achou estranho. O mais estranho era que não havia espaço para ele fazer a reverência. Ele então viu que o banco em que ele estava sentado desaparecera e todos os outros iam sumindo à medida que todos os ocupantes se levantavam.

Conforme Madame Maxime andava, a fileira que ela passava ia se sentando até que ela chegou ao altar.

Do seu bolso interno, Hagrid tirou uma varinha (Harry se imaginou de quem seria) e conjurou um tapete vermelho que foi até os pés da sua noiva.

Madame Maxime andava pelo tapete e cada pedaço deste se transformava numa borboleta após ela ter pisado. Até que ela alcançou o lugar ao lado de Hagrid.

O celebrante começou a falar numa voz rouca um idioma que Harry desconhecia. Mas a um exame mais atento, percebeu que os bruxos mais velhos se comoviam profundamente com o que ele dizia. Então Harry ouviu Hermione sussurrando:

— É Almenídeo . A língua antiga dos bruxos. Na época da caça aos bruxos o Almenídeo quase foi extinto por questões de segurança, mas até hoje os feitiços mais complexos e as cerimônias de casamento são em Almenídeo. Hogwarts ensinou este idioma desde que foi fundada, mas parou há setenta anos por falta de professores. É extremamente deseducado usar um feitiço tradutor nas cerimônias.

Poderia até parecer engraçado. Conforme a cerimônia avançava (dez, vinte, quarenta minutos), os alunos entravam num sono profundo enquanto aqueles que sabiam falar o Almenídeo ficavam cada vez mais tocados com a palavra do celebrante.

Uma hora ou um pouco mais após o começo da cerimônia, Harry (que era um dos poucos que permaneceu acordado) viu que Hagrid levantara o braço, apanhou um punhal bonito com o cabo branco mármore detalhado com ouro. Harry cutucou Hermione e Rony e os dois passaram a prestar atenção. Hermione disse:

— Esta é a única parte que sempre é dita numa cerimônia. Ele diz “Selo com o meu sangue a nossa união eterna” — enquanto Hermione dizia isto, Hagrid falou alguma coisa em Almenídeo e cortou a parte superior da sua mão esquerda. Entregou a faca a Madame Maxime e ela começou a falar também. — Agora ela diz “Afirmo com o meu sangue os votos matrimoniais de amor, respeito e dedicação”.

Madame Maxime se cortou no mesmo lugar que Hagrid. Os dois cruzaram os braços e colaram os seus cortes. O que aconteceu depois nem Harry nem ninguém que ainda não tivesse assistido a uma cerimônia daquelas poderia prever o que aconteceu.

Círculos de luz dourada e branca emanaram das duas mãos unidas e envolveram por completo os dois. Eles foram erguidos no ar dois, três, quatro metros e os raios de luz foram se tornando cada vez maiores e deixando o local cada vez mais claro, por mais que o sol estivesse bastante forte.

As luzes foram enfraquecendo e os dois voltando ao chão. Quando eles estavam da forma inicial, Hermione continuou a falar:

— Agora o celebrante diz “Com a união selada e os votos afirmados, o casal é declarado casado perante qualquer afim da bruxaria”.

Os convidados mais velhos se levantaram e começaram a aplaudir. Assim fizeram também os mais novos aproveitando a deixa.

Nuvens se formaram e envolveram Hagrid e Madame Maxime e quando Harry foi olhar, os dois haviam desaparecido. Hermione disse:

— Agora vamos para o local da recepção. Os noivos lá estarão para que nós possamos felicitar-los.

— Eles aparataram? — Perguntou Rony incrédulo.

— Não — respondeu Hermione. — Sim. Mais ou menos. Não chega a ser Aparatação propriamente dita. Foi o final da cerimônia. Isso faz parte de tudo. Eles não aparataram por conta própria, foi a nuvem do matrimônio que o fez. Agora é melhor irmos, quero pegar uma boa mesa.

— Hermione — disse Harry descendo os montes. Era incrível como agora eles iam rápido. — Você sabe bastante sobre cerimônias.

— Ah, no ano passado estava na biblioteca e vi um livro fascinante, chamado “Cerimônias e Rituais Mágicos em Detalhes” e quando a Madame Pince se recusou renová-lo pela décima quarta vez, eu resolvi comprar.

— Mas Hagrid disse que Dumbledore seria o padrinho. Mas ele não saiu do seu lugar.

— Numa cerimônia dessas, Harry — disse Hermione. — O papel principal do padrinho é fornecer o punhal que é usado para unir o sangue do casal. Ao fornecer o punhal a pessoa assume parte da responsabilidade em manter a união o mais harmoniosa o possível. É óbvio que nada acontece com ele se o casal se separar.

*        *        *

Eles chegaram rápido ao Salão de Festas do Palace de Beauxbatons e este já estava consideravelmente cheio. Harry olhou ao redor e viu como estava a decoração.

O gelo habitual havia desaparecido. Toda a decoração, desde as flores, às mesas e aos detalhes, estava branca.

No alto do teto, duas gigantes alianças de ouro se entrelaçavam e a um exame mais atento, as mesas também tinham o formato de duas alianças entrelaçadas.

No fundo do salão, Hagrid e Madame Maxime estavam de pé recebendo cumprimentos. Harry viu que a fila era considerável e decidiu deixar passar um tempo.

— Vamos nos sentar — disse ele para Rony e Hermione.

— Mas não vamos…?

— Depois. Agora está muito cheio.

Um pouco relutantes, Rony e Hermione o acompanharam até a mesa onde Gina, Fred e Jorge já estavam sentados.

— Já falaram com o Hagrid? — Perguntou Harry.

— Nah, tá muito cheio — respondeu Fred se servindo de um cálice de vinho que estava numa bandeja carregada por um elfo doméstico. Hermione estava com um ar bastante impaciente.

— Você não vai começar agora, vai? — Perguntou Rony passando um braço pelo obro da garota. — Não faça isso com Hagrid. Não hoje.

Hermione bufou.

Já havia passado quase uma hora e Fred começou a demonstrar sinais de quem exagerou um pouco no vinho. Estava achando tudo engraçado.

— Fred, olha aqui — disse Jorge. Ele puxou a varinha, a tocou na cabeça do irmão e murmurou umas palavras. Fred quase caiu na mesa.

— Daqui a alguns minutos passa — disse Jorge tranquilizando Harry e guardando a varinha.

Era verdade. Menos de cinco minutos depois, Fred levantou a cabeça, completamente sóbrio.

— Achei que era amigo de vocês.

Todos levaram um susto. A voz rouca de Hagrid os alcançou e o gigante estava atrás deles.

— Eu é que não sabia que você tinha tantos amigos — disse Harry tentando esconder o riso. — Você viu o tamanho da fila?

Hagrid pareceu engolir a raiva e abriu um largo sorriso.

— Hagrid! Senta aí, amigão. Bebe um pouco com a gente — disse Fred puxando a varinha e conjurando uma enorme cadeira para Hagrid.

— Não sei se devo — disse Hagrid obviamente resistindo ao máximo à tentação. — Olímpia está me esperando.

— Está nada — disse Fred. — Ela está com as amigas dela também.

Era verdade. Madame Maxime estava sentada com uma grande roda de mulheres e não parecia nem um pouco estar procurando por Hagrid.

— Tudo bem então — disse Hagrid finalmente concordando e se sentando. — Mas só um pouco.

— Hagrid — começou Jorge quando o gigante se sentou. — Devo dizer que nunca vi uma cerimônia tão, tão…

— Estava realmente lindo, Hagrid — completou Hermione.

— Vocês acharam? De verdade?

— É claro — disse Harry. — Eu nunca vi uma cerimônia desse tipo, mas posso ter certeza que a sua foi uma das melhores.

Isso não deixava de ser verdade. Várias pessoas mais velhas, que com certeza já assistiram a várias cerimônias de casamento antes diziam ao sair que aquela fora uma das mais comoventes que já viram.

*        *        *

Duas horas depois Harry não se sentia bem. Mas como podia não se sentir bem? Ele estava ótimo! Tudo estava bem para ele. Fred estava cada vez mais engraçado e Rony já estava totalmente vermelho. Ele e Hagrid faziam um perfeito dueto. Hermione e Gina sumiram há mais de uma hora e Rony disse que o banheiro estava com fila. Rony nunca fora melhor piadista. Harry não podia esquecer que o conhaque nunca fora tão gostoso.

Harry, Rony e Jorge resolveram fazer um concurso de piadas. Rony começou com uma muita suja e, na opinião de Harry, muito engraçada sobre um duende, um diabrete e um trasgo, mas foi cortado por Hagrid que disse já conhecer aquela e resolveu contar uma história sobre um gnomo, uma fada mordente e um velho chamado Obokum.

Meia hora depois todos ainda estavam contando piadas, Harry achou que seria realmente difícil escolher um campeão. Cada um se superava e superava os outros a cada piada que passava. Hagrid, porém mandou parar tudo e começou a cantar novamente. Desta vez sozinho.

E o velho anão se casoooooooooou

E foi com o gigaaaaaaaaante

E a Mandrágora que os casoooooooooou

Hagrid caiu no sono naquele instante. A mesa quase caiu no chão. Jorge começou a rir e completou o verso:

Gritou e desmaioooooooooou

Harry viu que Jorge cantava muito baixo, resolveu continuar cantando, mas num tom mais elevado para que todos à mesa pudessem claramente ouvi-lo:

E o duende apareceeeeeeeeeeeeu

E disse não

— Não o quê? — perguntou Fred rindo. Rony respondeu.

“Não vou…”

— Agora chega.

Era Hermione. Finalmente ela retornara. Jorge disse:

— Mion! Finalmente. Senta aí e bebe com a gente. Olha, aquele elfo perneta tem um vinho ótimo!

— Elfo perneta! Ha! — Rony começou a rir de Jorge. Harry reconheceu que aquilo realmente foi engraçado e começou a rir também.

Harry olhou para Hermione e viu que ela não ria. Como podia? Ela estava na frente das pessoas mais engraçadas que Harry já vira.

— E aí, Mione, ficou trancada no banheiro? — Perguntou Harry.

— TRANCADA NO BANHEIRO! ESSA É BOA! MUITO BOA MESMO!

— Gostou? Mesmo? Eu também achei hilário — disse Mione irritada, mas ninguém reparou nisso e todos à mesa começaram a rir de novo.

— Eu tenho outra — disse Rony se esticando na cadeira e pedindo a atenção de todos.

Hermione bufou e se virou para Rony.

— Rony! Olha aqui.

Ela estava com a varinha em punho e a acenou em cima da cabeça dele e ele caiu que nem Fred mais cedo. Ela fez o mesmo com Fred, Jorge e Hagrid. Mas como ele já estava dormindo, ninguém o viu cair. Hermione apontou a varinha para Harry e ele esticou a mão e disse:

— Você não vai fazer esse troço comigo não. Eu tô muito bem assim.

Hermione bufou novamente e agitou a varinha em direção a Harry.

Uma luz azul o atingiu assim como a todos os outros. E a próxima coisa que Harry sentiu foi um sono muito forte.

*        *        *

Enquanto os três saíam do Palace de Beauxbatons menos de dez minutos depois e iam para o dormitório, Harry e Rony podiam ouvir Hermione resmungando infinitas coisas para si. Todas elas, porém, continham as palavras “vergonha” e “bêbados”.

Infelizmente esses resmungos foram aumentando o volume e quando eles alcançaram as portas do trem (as margaridas estavam pisoteadas e várias foram arrancadas), Hermione já estava quase gritando com eles.

— Uma vergonha. Os cinco bêbados no casamento de Hagrid.

— Vergonha foi o que você fez Hermione. Apressou-nos tanto para virmos embora que nem tivemos tempo de falar com Madame Maxime. Além do que, se você não reparou, o Hagrid estava muito mais bêbado do que a gente — disse Harry parando. Rony também parou. Várias pessoas que não estavam prestando a menor atenção aos três colidiram atrás do garoto.

— E do jeito que você está gritando vão pensar que quem bebeu foi você — Rony completou sorrindo. Infelizmente, Hermione não pareceu considerar isso uma piada e estava longe de retribuir o sorriso. Harry tinha certeza que ela pareceu considerar esse comentário como a última gota e finalmente explodiu.

— Tudo bem então. Boa noite.

Hermione andou o pedaço do corredor até o quarto sozinha, deixando Rony e Harry sozinhos aonde eles pararam. Os garotos trocaram olhares apreensivos.

— Amanhã ela vai estar bem melhor — disse Rony. Embora tentasse mantê-lo, o sorriso do garoto havia desaparecido.

— Assim espero. Ela não está nada feliz com a gente. Vamos dormir — disse Harry depois de já ter sido empurrado por quase dez pessoas.

— É. Vamos.

Quando eles entraram no quarto, Hermione estava deitada e não se mexia. Disfarçava muito mal que dormia, pois todos os dias, desde que eles chegaram a Beauxbatons, Hermione não conseguia ficar parada na cama por mais de três minutos.

Harry desejou boa noite para Rony e para Hermione num volume consideravelmente elevado. E no mesmo tom (o que fez Harry se esforçar para esconder o sorriso), eles a ouviram resmungar.


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