Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 38
A VERGONHA DA CASA


Notas iniciais do capítulo

Assumo que aqui eu já estava cansando de escrever. Sabia muito bem aonde estava indo com o livro, mas começava a ficar com pressa.



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Fim de mês significa N.I.E.M.s simulados. E também significa que mais uma partida da Copa Escolar de Quadribol se aproxima. Na sexta-feira antes da partida, Harry estava sentado à porta da sala de Transfigurações, lendo alguns feitiços de última hora que pudessem ajudá-los.

O exame correu bem. Harry conseguiu com um pouco de sucesso transformar um pedregulho num cocker spaniel. Mas apesar das longas orelhas, se você tentasse chutá-lo, machucaria seriamente o pé.

O exame de feitiços foi bem mais difícil. Depois de ter conseguido ensinar o Feitiço da Troca Humana, Harry teve que ficar se trocando de lugar com canetas, mesas, cadeiras e, ao final do exame, teve que trocar de lugar com o próprio Prof. Flitwick.

Para sua felicidade, Harry foi informado que tirara nota máxima no exame.

Mas Harry nunca teria boas lembranças do exame de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Tivera um pesadelo horrível na noite anterior e não conseguia pensar em mais nada.

No seu pesadelo, Harry estava pendurado por uma corda, como pronto para ser enforcado, mas percebeu haver alguém ao lado. Era Neville Longbottom com uma feição de misticismo absurdo. Havia mais alguém. Daquela voz Harry conseguia identificar o dono instantaneamente: era Voldemort.

— Sabe, Potter — Voldemort riu friamente. — Agora eu tenho uma escolha. Posso matar você… ou o Longbottom. Afinal, os pais dele já me atrapalharam demais. Mas é engraçado, me atrapalharam da mesma maneira que os seus. Mas você não tem como saber, não é? Afinal, eles morreram — Voldemort dizia isso como se fosse uma coisa óbvia e ele estivesse abismado de Harry não saber. — Eu matei. Às vezes devo assumir que me arrependo. Ter matado a sua mãe só me causou problemas.

“Mas o destino é bom comigo. Reforçou-me. Devolveu-me um corpo e agora me dá a escolha de qual dois matar.

Eu poderia tentar os dois, não seria algo ruim. Mas algo me diz que só posso um. Então vamos à escolha.

Potter, o que você acha que vai acontecer se eu matar o Longbottom? Não precisa responder, eu mesmo digo: seria apenas menos um no mundo e você, bancando o herói de novo, tentaria me atacar.

Mas matando você, muita coisa se resolve. Ninguém mais a me atrapalhar e o Longbottom nem que queira vai conseguir vingar a sua morte. Vê como você SÓ ME TRAZ BENEFÍCIOS   ESTANDO MORTO?”

Voldemort se levantara e a varinha em sua mão soltava fortes faíscas vermelhas.

— Tudo bem, eu me acalmei. Mas acho bom você começar a se preocupar. Você vai morrer — Voldemort assumiu novamente o tom de deboche que carregava. — Eu vou te enforcar, mas se você não quebrar o pescoço, eu serei obrigado a aumentar a sua dor — seu tom agora não era de deboche, mas de pura determinação.

Com um aceno de varinha, Voldemort rompeu a corda de Harry. Antes de quase sentir a dor do enforcamento, Harry conseguiu ouvir um grito de fúria de Neville e um de triunfo de Voldemort.

No segundo seguinte, Harry acordou suado, apalpando seu pescoço. Perdeu um pouco de tempo para conseguir aceitar que aquilo era apenas um sonho e não uma terrível visão de Legilimência. Afinal Harry ainda estava vivo. Mas Harry ficou o resto da noite imaginado, revirando-se na cama, sem conseguir parar de pensar que poderia ter sido Neville a estar com os pais mortos, não ele. Não ele.

*        *        *

— Atenção! Todos os jogadores no Saguão Central em três minutos!

Faltavam vinte minutos para a partida contra Beauxbatons. Harry passava pela porta de cada quarto de jogador chamando da mesma forma.

— Treinamos arduamente para esta partida. Temos um novo goleiro titular, depois que Emily foi forçada a nos deixar por problemas pessoais — dizer isso estraçalhava o coração de Harry. — Nosso goleiro reserva passa a ser Olívio Wood.

Aplausos seguiram as palavras de Harry. Com certeza dando boas-vindas aos novos goleiros.

— Owen teve brilhante atuação na última partida. Merece o cargo que conquistou.

“Pelo que me consta, Owen perdeu o cargo de capitão do time reserva ao ser promovido titular, de acordo com o regulamento da Copa. Então, no treino de amanhã, Madame Hooch e o professor Dumbledore vão escolher o novo capitão reserva. Alguém tem algo a dizer? Não? ÓTIMO! VAMOS LOGO!”

Todos gritaram concordando com Harry. Altamente excitados se levantaram e se encaminharam para a porta principal. Faltavam quinze minutos para a partida.

Cruzaram com o time de Beauxbatons a caminho do estádio. Madame Maxime calorosamente desejou boa sorte ao time de Hogwarts. Todos retribuíram.

No vestiário, já com o uniforme de Quadribol e com sua vassoura na mão, Harry trocou uma última palavra com o time.

— Acho que não há nada a dizer — riu nervoso. — Boa sorte e nós conversamos depois do jogo.

Harry se sentia nervoso. Treinara o máximo que lhe fora permitido. Mas ainda sentia uma dívida para com o time. Não esquecera a derrota para Durmstrang. Precisava ganhar esta partida. Respirou fundo e montou sua vassoura. Ouviu Pierre Martin anunciando seu nome. Respirou fundo mais uma vez, deu impulso na vassoura e entrou no estádio, sentindo toda a emoção de mais uma partida de Quadribol. Sentia o vento nos seus cabelos que o ensurdecia. Subiu o máximo que pôde. Chegou a não conseguiu ver nem mais os camarotes de honra, que eram o ponto mais alto do estádio.

Mergulhou com toda a força possível. Seus olhos ardiam como nunca. Seu coração congelara. Toda a adrenalina esvaziava sua mente. Toda a tensão da partida acabara. Beauxbatons não parecia mais aquele time horrível. Parecia algo simples. Fácil de ser derrotado.

Vlant Dymtrow apitou o início da partida e logo Hogwarts estava de posse da bola. Mas por culpa de um balaço mandado de onde ninguém viu fez Grão perder a bola e Beauxbatons adquirir posse dela.

Mas Fred Weasley não ficou muito feliz com o golpe dado e quis descontar. Rebateu um Balaço que quebrou a proteção do pulso do pulso do artilheiro que roubou a Goles. Frank agarrou a bola novamente e marcou dez a zero para Hogwarts.

— Grande jogada do artilheiro de Hogwarts! — Gritou Pierre Martin enlouquecido. — Mas parece que a escola de Madame Maxime não deixou barato! Carraba dribla todos os artilheiros, FURA O GOL E EMPATA!

Harry podia apostar que Owen nem viu de onde veio aquele gol. Mas todos conseguiram ver que o jogo ficara um pouco mais ofensivo.

Beauxbatons parecia querer ganhar aquela partida como se lutasse pela própria vida. Harry não entendia o motivo. Mas logo Hogwarts tratou de aumentar o placar.

Harry ouviu o apito de Dymtrow indicando falta. Pierre anunciava o acontecido.

Pelo visto, o batedor de Beauxbatons atingiu Fred Weasley com o bastão e Jorge, para se vingar, quebrou o nariz do batedor. Ambas as escolas acertaram as cobranças, o que elevou o placar para trinta a vinte.

O coração de Harry de repente parara. Ele vira o pomo. Estava quase com suas mãos na pequena bola de ouro quando um Balaço acertou seu pulso e ele quase caiu da vassoura.

Sua dor era dilacerante, mas ele teve força suficiente para pedir tempo e descer sem ser tirado da partida.

Logo que o garoto alcançou o chão, um curandeiro de plantão chegou nele com a varinha na mão, murmurou um feitiço e Harry deixou de sentir dor no mesmo instante.

— Harry! Tem certeza de que pode voltar? — Perguntou Owen. Houve murmúrios de preocupação por parte do time recomendando que Harry deixasse de jogar. Dizendo que o melhor a fazer era parar por ali.

— Não — respondeu Harry um pouco nervoso. A perspectiva de abandonar a partida o aterrorizava. — Estou ótimo. Não sinto mais nada.

Aceitando a palavra de Harry, o time remontou as vassouras e voltou ao jogo. Mas Harry notou algo estranho: ninguém parecia acreditar que ele havia melhorado. Parecia que o time estava disposto a ficar bem a frente de Beauxbatons para que, quando o apanhador adversário apanhasse o pomo, eles continuassem ganhando.

Mas por maior que fosse a vontade de provar que o resto do time estava errado e que ele ainda era capaz de pegar o pomo, não havia como. A bola se perdera e Harry não a encontrava de maneira alguma.

Nos quinze minutos seguintes, Hogwarts conseguira aumentar seu placar e marcar seu décimo sexto gol na partida enquanto Beauxbatons ainda estava com oitenta pontos.

Várias foram as tentativas em vão de Hogwarts de marcar mais alguns pontos, pois Beauxbatons lutava bravamente e eles realmente tinham um ótimo goleiro. Mas nada que impedisse Hogwarts de dar um banho na sua adversária.

Chegou então a hora dos artilheiros de Beauxbatons mostrarem que tinham algum valor. Marcaram vinte pontos sem deixar Hogwarts nem se aproximar dos aros.

— Vocês sabem o que fazer! — Disse Harry passando pelo meio dos três artilheiros de Hogwarts.

Deve-se assumir que o jogo ficou parecido com uma partida de tênis dos trouxas: para cada gol de Hogwarts, Beauxbatons marcava. As pessoas assistindo acompanhavam com o olhar os times indo e voltando constantemente.

Quando o jogo estava com duzentos pontos para Hogwarts (que ainda mantinha a diferença de sessenta pontos), Harry pensou ter visto o pomo, só que seus olhos caíram no apanhador de Beauxbatons, que estava tão perto do pomo que nem sua Firebolt Segunda Geração era capaz de alcançá-lo. Mas houve algo que pôde: um Balaço lançado por Jorge Weasley. Harry teve que assumir que se sentiria eternamente grato a Jorge.

Ao marcar cento e sessenta pontos (e continuar perdendo pela mesma diferença), Beauxbatons cometeu uma falta feia, que Harry perdeu, mas que permitiu que Hogwarts elevasse seu placar para duzentos e trinta pontos.

Então Harry viu novamente o pomo. Estava quase entrando no camarote vazio de Beauxbatons. Estava a uns dois quilômetros de distância do apanhador adversário. Para a surpresa de Harry (mais para espanto do que surpresa afinal), o apito de Vlant Dymtrow tocou, mas não indicava o final da partida — afinal Harry não tirava os olhos do pomo —, indicava falta. Fred Weasley atirou um Balaço num artilheiro de Beauxbatons, este conseguiu escapar, mas, infelizmente, a bola acertara com toda força o goleiro num momento em que a pequena área estava vazia. Mas Harry não se importava com isso. Ele apenas ouviu o apito do juiz que indicava que Beauxbatons restabelecera a diferença de sessenta pontos (o apito também indicava que a partida voltara ao normal, é óbvio).

E pegou! Sentia muito bem a gelada bola que insistia em sair voando e o apito de Dymtrow, agora sim indicando o fim da partida.

Harry estava radiante, mas se surpreendeu ao ver que tanto o time quanto a torcida de Beauxbatons estavam aos prantos. Então o garoto começou a dar atenção aos gritos de Pierre Martin e começou a entender.

De acordo com o somatório dos pontos e uma vez que Beauxbatons não teria mais jogos, a escola já estava desclassificada da Copa. A final seria disputada entre Durmstrang e Hogwarts. Se Harry já se sentia feliz, não podia nem se comparar a agora. Iria jogar a final. Beauxbatons fora desclassificada, não Hogwarts. Harry não podia fazer feio agora. Sentia que cada segundo livre deveria ser ocupado com treinos.

Harry sentiu um solavanco no pescoço. Era um abraço de Owen. O garoto viu que todo o time estava a sua volta para um enorme abraço.

O time forçou Harry a dar uma volta pelo campo, parando dentro do camarote de Hogwarts. Harry encontrou uma Hermione com o rosto arranhado que gritava loucamente e um Rony sem voz. Gina Weasley e seus irmãos gêmeos faziam um tipo de dança (a qual Harry já estava ficando acostumado) e cantavam: “Estamos na Final! Estamos na final!”. Então algo aconteceu que chamou a atenção de Harry, Rony e Hermione: Fred e Jorge desaparataram.

— No natal… — Harry começou. Hermione continuou.

— Nos disseram que o único modo de sair daqui…

— AI!

O grito viera de Rony. Aparentemente quebrara o braço. Harry e Hermione o seguraram rápido e o colocaram na vassoura de Harry. Hermione pegara a vassoura de Fred e os três foram atrás de Madame Pomfrey. Quando já haviam saído do campo, Rony se jogou em cima de Harry, o obrigando a descer. Hermione seguira os dois.

— O que foi? — perguntou Hermione preocupada. — O que aconteceu?

— Nada — respondeu Rony indiferente. — Só que vocês já deveriam ter aprendido que a Umbridge está sempre tentando escutar o que nós falamos.

Hermione franziu as sobrancelhas. Ela estava claramente dividida entre dar parabéns a Rony e realmente quebrar o braço dele. O garoto deve ter percebido, pois cruzou as mãos atrás das costas muito rápido.

— Mas isto não vem ao caso… — disse Rony. — O que interessa é que eu estava usando as Orelhas Extensíveis no outro dia para tentar espionar a Umbridge…

— E ela não viu? — perguntou Hermione com o queixo caído.

— Andei trabalhando nelas — respondeu Rony num tom que beirava o orgulho. — São invisíveis e imperceptíveis ao toque. Nem que ela quisesse as descobriria. Só eu sei o feitiço que as torna visíveis novamente.

— Que seja — cortou Harry rispidamente. — Você conseguiu ouvir alguma coisa?

— Ah, sim — respondeu Rony um pouco desapontado, achando que o quer que contasse não era tão importante quanto as suas realizações. — Ela estava… agora está vindo para cá. Vamos embora.

Os três seguiram para dentro do trem e só voltaram a falar quando estavam dentro do quarto, muito bem protegido por um feitiço anti-pertubatório de Harry.

— Continuando — disse Rony. — Umbridge estava conversando com Lapaix por Pó de Flu. Dizia que precisava se locomover mais rápido por aqui e, por isso, a proteção contra Aparatação precisava ser desfeita.

— E Lapaix atendeu ao pedido — concluiu Harry. — Deixando Beauxbatons de portas abertas para Voldemort.

— Tudo bem. A proteção contra Aparatarão não existe mais. Certo — disse Hermione bastante pensativa, começando a caminhar de um lado para o outro dentro do dormitório. — Mas Dumbledore ainda tem centenas de proteções no Harry. Proteções que posso afirmar que Umbridge desconhece, não posso?

— Pode — respondeu Harry. — De certa forma. Afinal as proteções de Dumbledore não impediram Voldemort de entrar na minha mente e me deixar parecido com o professor Quirrel.

Harry e Rony riram de leve. A expressão de Hermione indicava que ela não achava a menor graça. Parando para pensar, Harry se surpreendeu de conseguir rir ao se lembrar de tudo o que acontecera naquela noite.

Como um solavanco, as lembranças da morte de Sirius tomaram conta da mente de Harry e o garoto se afogou num mar de mágoas.

— Harry…

— Sabe — continuou o garoto. — Talvez eu nem sentisse muito a morte dele se o Voldemort estivesse escolhido o Neville.

Rony e Hermione não precisavam perguntar sobre o que Harry estava falando.

— Tem um modo — disse Harry, seus pensamentos vagavam levemente.

— De quê? — perguntou Hermione ansiosa.
— De consertar tudo, sabe. Talvez eu consiga os meus pais de volta.

— Harry, o Dumbledore não disse que nenhum feitiço tem o poder de reviver os mortos?

— Disse, mas eu não vou usar um feitiço.

— Vai usar o quê então?

— A Sala do Tempo.

— No Departamento de Mistérios?

— Podemos usá-la — respondeu Harry esperançoso à pergunta de Rony. — Se eu voltar naquele dia das Bruxas, talvez consiga impedir o Voldemort.

— É, faz sentido — disse Hermione se sentando na cama. — Você então encontraria o Voldemort antes dele ir atrás dos seus pais e tentaria duelar com ele. Ele ainda não teria a proteção de sua mãe, o que seria uma grande vantagem para você. Então você o impediria de matar os seus pais. Se eles ficarem vivos, sua mãe não terá morrido pra te salvar, o que é óbvio, então você perde a proteção. Vai parecer a história da Cinderela, se você não matar o Voldemort até a meia-noite… Adeus. Mas mesmo assim, ainda tem um empecilho. Você não pode Aparatar. Dumbledore vigia a Rede do Flu e não existem Testrálios em Beauxbatons. O Nôitibus não vai nos levar. Creio que o espaço aéreo daqui ainda esteja trancado, o que descarta as vassouras. Desculpe se eu quebrei as suas expectativas, mas…

— Não, tudo bem — Harry respondeu. Por um momento sentiu raiva de Hermione, mas percebeu que a amiga tinha razão. Ele não teria tempo para matar Voldemort, acabaria morrendo. Era melhor desistir.

— Harry. Desculpe. Mas nós tínhamos de pensar com os pés no chão.

Os três ouviram um barulho: havia alguém à porta. Mas não eram batidas.

Harry foi correndo tirar o feitiço anti-pertubatório e abrir a porta. Encontrou Fred Weasley jogado no chão, desmaiado.

— Enervate! — Fred foi se levantando aos poucos. Ainda estava um pouco tonto.

— Uau, Harry! Nem mamãe, com toda a vontade dela de nos manter longe das reuniões, consegue um feitiço anti-pertubatório tão bom assim.

— Estávamos tentando conversar sobre a sapa velha. Não poderia arriscar que ela ouvisse.

— Então vocês também perceberam que ela também tirou a proteção contra Aparatação? O Dumbledore está uma fera. Foi imediatamente para o gabinete da Lapaix. Embora eu não ache que ele vá conseguir alguma coisa. Umbridge é a queridinha da Lapaix.

— O Rony já sabia — disse Harry. — Ouviu com as orelhas.

— Ah, o Roniquinho tá aprendendo a ser Auror. Mas isso não vem ao caso. Harry, vim convidar você para a festa lá em cima. É o capitão. Não pode faltar.

Harry se sentiu obrigado a ir à festa e concordou com a cabeça. Fred sorriu.

— Afinal nós tivemos muito trabalho para ir até Londres buscar as coisas para a festa.

— Londres? — Hermione estava extremamente curiosa. — E a loja na Avenida da Magia?

— Vai muito bem, obrigado. Mas nós tínhamos um assunto a resolver em Londres. Coisas da Ordem.

Fred levou Harry, Rony e Hermione até o Salão de Jantar. Harry ainda não se sentia muito bem. Quando viu Neville o aplaudindo (assim como todo o resto dos alunos), seu aperto aumentou. “Podia ter sido ele”, pensou o garoto. “Seus pais estão no hospital e Neville raramente os vê. Não faria muita diferença”.

Harry sabia que estava sendo egoísta e insensível e tentou engolir tudo isso junto com um pedaço de torta de chocolate ácido (muito gostosa apesar do nome) da Dedosdemel. Mas não conseguira. Para tentar disfarçar, Harry olhou para a torta e perguntou:

— Até onde vocês foram? Londres, Hogsmeade?

— E só. Sabemos Aparatar. Não viajar no tempo.

O comentário de Fred não animou muito. O garoto se despediu dos três e começou a andar no meio do Salão sem mesas.

— Não desceu legal essa, hein? — disse Rony.

— Nem desceu — respondeu Harry um pouco magoado. Fred, embora, não sabia de nada e não poderia ser culpado. — Vamos andar um pouco.

Prestando atenção à decoração, Harry viu várias réplicas da Taça de Quadribol. Sentia a cada passo que dava, a cada tapinha nas costas que recebia e a cada “Parabéns, Harry” que ouvia, o peso da responsabilidade de ganhar o jogo que viria em junho.

*        *        *

— Bom dia — disse Harry para todo o Time de Quadribol que estava sentado, muito sonolento no Saguão Central. Harry se sentiu radiante, mesmo vendo bocejos constantes e várias massagens em estômagos que roncavam de fome antes do café da manhã. — Não preciso dizer o quanto estou feliz pelo desempenho de vocês no jogo. Hoje tem treino e vamos, como já disse, escolher o novo capitão reserva. Mas espero que isto não demore muito. Temos muito o que treinar.

“Perdemos para Durmstrang”, Harry ainda se sentia mal ao dizer isso. “Mas não vamos perder desta vez. Vamos treinar como nunca. Estamos a apenas dois passos da Taça, não quero ter de recuar agora. Espero realmente que vocês estejam me entendendo. Ótimo. Bom apetite e boas aulas a todos. Podem ir tomar café.

Todos saíram animados com Harry e com o café e ligeiramente desapontados de ter uma semana inteira de aulas pela frente.

*        *        *

Naquela noite, todo o time estava com as vestes de Quadribol no campo. Notava-se nos reservas alta ansiedade. O cargo de capitão estava vago novamente.

Dumbledore e Madame Hooch entraram no estádio e o diretor disse:

— Muito bem. Podem começar o jogo.

Catorze vassouras voaram muito rápido no ar. Harry estava tentando ser imparcial e tratar o time reserva como o time de Durmstrang: eles precisavam ser derrotados.

Foi um jogo realmente difícil. Cho Chang quase apanhou o pomo umas três vezes, mas Harry conseguiu impedi-la facilmente. Embora o garoto por um pouco não foi derrubado quando a garota deu-lhe um forte soco no rosto quando Harry chegou perto do pomo.

Uns dez minutos mais tarde Cho achava que estava no caminho certo: a uns trezentos metros do pomo. Harry estava muito mais perto e logo fechou as mãos na pequena bola fria de ouro.
Madame Hooch soou o seu apito e Dumbledore anunciou:

— O novo capitão do time reserva é a batedora Regina Weasley.

Todo o time voou em cima de Gina. Fred e Jorge foram os primeiros a abraçar a garota. Ela chorava fortemente. Harry se sentia orgulhoso de Gina. Dumbledore chegou perto dela com a faixa de Capitão Reserva e a colocou bem firme no braço da garota.

Dumbledore se despediu de todos e saiu do campo. Todos voltaram a treinar e ficaram lá por mais extensivas quatro horas.

*        *        *

Depois de seis dias recheados com aulas exaustivas e infinitos treinos (os horários de treinos de Beauxbatons foram divididos entre Hogwarts e Durmstrang). No dia primeiro de manhã, Edwiges apareceu carregando um envelope branco e grande, bastante bonito, com letras escritas em ouro, endereçada a Harry, Rony e Hermione. Quando Harry o abriu descobriu se tratar de um convite.

Hermione o apanhara para ler e quase desmaiou. Rony correu para pegá-lo e teve a mesma reação, mas conseguiu se conter. Aparentemente estava à beira de um ataque de risos. Harry, muito revoltado por ter o convite arrancado de suas mãos, o apanhou de Rony e começou a ler. O garoto caiu na cama. Seu queixo caiu no chão.

O convite era de semelhança incrível ao mármore, embora fosse de papel. Letras finas em ouro, muito bonitas por sinal, convidavam os garotos para a cerimônia de matrimônio de Olímpia Maxime com Rúbeo Hagrid, a se realizar no próximo dia dezesseis às onze horas no Palace de Beauxbatons.

Harry não sabia o que fazer. Não sabia se ria ou se corria até Hagrid para lhe dar os parabéns. Preferiu a segunda opção. Saiu quase correndo pelo corredor do trem com Rony e Hermione no seu encalço.

Chegaram quase imediatamente à sala de Hagrid e Harry quase derrubou a porta tal forte eram suas batidas. Do fundo da sala, ouviram a voz do gigante.

— Já vai! Já vai! Sai Canino, sai!

Hagrid abriu a porta. Mas se não fosse pelo seu tamanho e pela sua voz, Harry poderia jurar que aquele não era Hagrid.

O grande emaranhado de cabelos e barba simplesmente havia desaparecido. Seu cabelo, um pouco curto, estava literalmente escorrido para trás. Pela primeira vez na vida Harry conseguia ver a boca de Hagrid. Mas seus olhinhos de besouro e o sorriso nervoso que pedia aprovação não deixou Harry com dúvidas e o garoto abriu um enorme sorriso.

— Nem consigo acreditar. Eu… me casando. Meu pai estaria muito orgulhoso. Vocês não fazem idéia de como Olímpia é uma pessoa maravilhosa.

— Imaginamos — Harry respondeu rindo. Hagrid é uma grande prova de que as aparências enganam.

— Sentem, sentem. Tomem um chá comigo. Precisamos comemorar.

Harry, Rony e Hermione entraram na sala de Hagrid e viram uma caneca de tamanho normal e duas outras do tamanho de baldes. Percebendo o olhar dos três, Hagrid disse:

— Eu, Olímpia e Dumbledore estivemos conversando sobre o casamento. Ele será meu padrinho. É o mínimo que eu podia fazer para agradecer, sabe. Depois de tudo o que ele fez por mim.

Harry estava um pouco distraído imaginando como seria o casamento. Quem quer que fosse realizar a cerimônia, teria de subir numa cadeira. Harry riu imaginando o pequeno Prof. Flitwick. O coitado teria que subir numa escada para olhar os dois. Então Harry voltou a sua atenção a um fato.

— Hagrid, a cerimônia não está muito em cima? É daqui a quinze dias.

— Foi a única coisa que atrasou no nosso planejamento — respondeu Hagrid sorrindo. — A produção dos convites. Estamos com a data marcada desde o natal.

O queixo de Harry caiu.

— Desculpe — continuou Hagrid. — Mas eu queria fazer surpresa. Foi realmente difícil de esconder, mas eu consegui. Espere e veja.

Os quatro ficaram a tarde inteira conversando sobre o casamento. Harry, Rony e Hermione voltaram para o dormitório só após o jantar.


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