Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 34
UM DIA DE VALOR


Notas iniciais do capítulo

Desde que comecei a por esta fanfic no ar eu estou esperando chegar este capítulo. Me fez lembrar muito a época de escrita, quando também ansiava por chegar a esta parte, pois sabia muito bem o que aconteceria e como. Precisava fazer tudo com muita cautela.



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Foi de maneira desagradável que passou o resto da semana. A ansiedade de Harry era enorme e a concentração minúscula. Ele só pensava nos treinos. E em Emily. E os professores não gostavam disso. Madame Pomfrey remendou um corte que quase arrancara o braço esquerdo de Harry tal era sua profundidade. Ele estava na aula de poções e errou o cérebro de aranha, acertando o braço com uma faca extremamente afiada. Mas, depois de remendar o corte, a enfermeira deu a Harry uma Poção para Acalmar. Perguntou a Harry o que acontecia e quando descobriu, falou que não era para menos. Aquela já era a sétima visita à enfermaria por algum acidente em dois dias.

Mas, felizmente (se é que se pode dizer assim), logo era Sexta à noite e Harry, Rony e Hermione jogavam uma partida de Snap Explosivo à uma mesa no Saguão Central.

Já era muito além de uma hora da manhã quando Harry se entregou ao sono. Tinha tempo, a partida iria começar às cinco da tarde.

Na hora do café, Harry não conseguia manter as pernas paradas. Sentia-se prestes a explodir. Não entendia, não era o primeiro jogo, nem a final. Mas tinha certeza de que não esqueceria esse jogo.

Harry fez muita força para engolir o almoço. Quando se lembrava de mastigar, se esquecia de engolir. Ou vice-versa. O que foi muito ruim, pois ele engoliu um pedaço considerável de carne sem uma única mordida.

Rony e Hermione se esforçavam em animá-lo.

— Vamos, Harry — disse Hermione quando eles estavam indo para o dormitório. — Você já derrotou, e muito bem, Beauxbatons. Durmstrang não pode ser mais difícil.

— Eles têm Krum — disse Harry se afundando na cama. — Não vou conseguir.

— Eles têm Krum, é verdade — disse Rony. — Mas nós temos você, que já provou ser um ótimo jogador e capitão.

Harry riu em agradecimento. Sabia que aquilo era só para animá-lo. Já até ouvira murmúrios de preocupação dos dois sobre a partida contra Krum. Mas mesmo assim estava grato aos dois por todo esse apoio.

E então, muito mais cedo do que Harry esperava, a voz de Dumbledore ecoava pelo trem:

— Atenção todos os alunos. Dirijam-se agora para a entrada principal do trem. Jogadores à frente.

Então essa era a hora. Não havia mais para onde correr (nunca houve, pensou Harry ainda mais nervoso, num momento, que na opinião de Harry, era de digno de absoluto desespero).

Com o estômago revirando e sem mais tempo para nada, Harry, que ainda usava as vestes da escola, apanhou as de Quadribol no armário e as jogou sobre o ombro. Trocaria de roupa dentro do vestiário.

Dumbledore o esperava com um sorriso animador no rosto. Harry não o vira mexer a boca, mas ouviu claramente o diretor dizendo:

— Boa sorte. Você vai se sair bem.

Harry sabia que ele era o único que escutaria aquilo, nem Rony nem Hermione, que também tinham as mentes vigiadas pelo velho diretor poderiam escutar. Harry apreciou aquele momento. Viu, mais uma vez no seu diretor, aquela pessoa que sempre o fizera se sentir calmo e perceber que para tudo haveria uma saída. Harry retribuiu o sorriso. Foi mais aberto do que ele esperava.

— Deve estar nervoso — Harry ouviu Rony sussurrando para Hermione atrás de Harry.

Dumbledore os guiou para o Campo Oficial. Nada que Harry não conhecesse. Mas este lugar não mais parecia tão convidativo.

Dumbledore apontou, como da última vez, a entrada para os jogadores. E levou os outros alunos para a arquibancada e para o camarote de honra.

Assim como fizeram na primeira partida, várias pessoas passaram para desejar a Harry boa sorte. Uma criatura toda encolhida e completamente receosa, pois sabia que o que fazia era errado, uma vez que não tinha permissão para isso, apareceu.

— Pode parar de ter medo, Dobby — disse Harry se divertindo um pouco com o elfo. Este desdobrou as orelhas e se esticou.

— O pobre Dobby só se imaginava se poderia vir desejar a Harry Potter boa sorte no jogo. Dobby viu Harry Potter só pensar nesse jogo e decidiu vir dar boa sorte a Harry Potter, meu senhor.

— Obrigado, Dobby. Realmente obrigado — disse Harry verdadeiramente grato. — Ah, Dobby! Está proibido de se castigar por ter saído do trem.

— Harry Potter é muito bom para Dobby, meu senhor — Harry viu que uma grossa lágrima escorria do olho esquerdo do elfo. — Harry Potter sempre foi muito bom para Dobby — continuou ele agarrando o chapéu que usava, que Harry reconheceu por ser um daqueles que Hermione fizera na quinta série e enxugando os olhos. O elfo estava agora, à beira de um ataque de choro. — Dobby deve voltar. Harry Potter vai estar cansado quando sair do jogo. Dobby vai preparar alguma coisa para Harry Potter, meu senhor. Com licença — Dobby disse estas duas palavras fazendo uma grande reverência. E foi embora.

Harry estava agora absorto na lembrança da partida anterior. De como Emily o tratara tão bem. Hoje, ela passara por ele para entrar no vestiário sem nem ao menos olhar para o garoto. Harry não aguentava mais aquilo. Estava decidido. Depois da partida, conversaria com Emily. Ou ela o perdoava e voltava a ser a mesma de sempre, ou ele estaria disponível para qualquer uma (menos, é claro, para Cho Chang) a partir daquele exato instante.

— Harry! Vamos! — Era Fred Weasley. Ele estava usando as vestes de Quadribol e estava à entrada dos jogadores. Harry era o único que sobrara. O garoto se apressou e logo estava no vestuário. As vestes certas vestidas. Ansioso como todos os outros.

— Vocês sabem muito bem o que fazer — disse Harry ao time. Desta vez, pelo menos, ele conseguia falar. — Estamos preparados. Vamos lá!

Pierre Martin já chamara o time de Durmstrang e agora chamava o de Hogwarts. Harry voou até o seu lugar e Krum, que estava a uns quatro metros de distância em frente ao garoto, se aproximou, estendendo a mão.

— Amigos depois daqui.

Harry entendeu perfeitamente o que Krum disse. Não precisava ser um gênio para isso. Mas não deixaria Krum dar a impressão de que ganharia. Harry esticou a mão e apertou a de Krum, repetindo:

— Amigos depois daqui.

Krum concordou com a cabeça e voltou ao seu lugar.

Como já estava acostumado a isso, Harry olhou, um pouco relutante, para o placar.

Hogwarts: 0

X

Durmstrang: 0

Harry ainda estava nervoso. Mas muito menos do que estava quando ainda não decolara.

Fran Rolston, a juíza de Beauxbatons, que iria apitar aquela partida, aparecera da entrada da escola de onde pertencia. Pierre a anunciava. Rolston disse que queria um jogo limpo e libertou as bolas.

Então começara. Durmstrang parecia estar se saindo muito melhor do que Hogwarts. Com cinco minutos de jogo, uma jogada incrível dos três artilheiros de Durmstrang, onde o primeiro fez menção de atirar a Goles para o aro, mas não, atirara para o seu companheiro que estava logo atrás de Emily, mais ou menos um metro acima. Emily se virou para ele, que jogou para o terceiro artilheiro, onde a bola fez um triângulo em sua trajetória. A idéia funcionara. Emily achou que o jogador acima dela iria jogar a bola para o primeiro artilheiro e se virou para ele, protegendo o aro central e o da esquerda. E foi pelo da direita, de onde o terceiro jogador estava de frente, que saiu o primeiro gol da tarde. Nem Emily vira de onde saíra este gol. Mas Harry fingiu não ver. Não gritaria com Emily novamente.

O jogo continuou bem. Por uns doze minutos (tempo demais num jogo de Quadribol, achava Harry), ninguém marcara. O placar estancara em dez a zero para Durmstrang. Harry decidiu pedir tempo.

— Não estou entendo o jogo deles. Nada acontece há doze minutos — disse ele para todos. — Mas mesmo assim, vamos atacar um pouco mais. Fred e Jorge, mais atenção, Frank quase teve o pescoço quebrado por um Balaço há alguns minutos. Vamos lá!

Harry realmente foi escutado. Ninguém entendia o que estava acontecendo com Durmstrang (mas, eles foram assim na partida anterior, pensou Harry, talvez só sejam ruins).

Mas o que importava era que em mais uns vinte minutos, Hogwarts estava ganhando de trinta a dez. E eles pareciam jogar como Harry nem nos treinos vira. Os artilheiros eram imbatíveis, tanto pelo goleiro quanto pelos batedores adversários.

Conforme o jogo avançava, Hogwarts mostrava ter um time mais do que excepcional. Harry ainda tinha plena certeza de que o pomo não estava em lugar algum a ser visto. Mais uma vez ele procurou nas luzes douradas da base do campo, mas ele também não estava lá.

Hogwarts atacava como ninguém. Talvez essa impressão toda fosse por culpa de Durmstrang, uma vez que passados quarenta minutos de jogo, Hogwarts estava ganhando de sessenta a trinta. Mas isso não impedia Harry de se sentir cada vez mais feliz. Ele realmente estava se preocupando à toa. Este pensamento não parava de lhe ocorrer. Mas mesmo assim ele ainda tinha uma ponta de preocupação (que ficava cada vez menor) pela diferença de pontos. Ainda de apenas trinta.

Harry voava cada vez mais rápido. Sempre que passava perto demais de Pierre Martin, que irradiava a partida, cada vez mais extasiado, ouvia elogios quanto ao seu vôo.

Mas a felicidade e a procura incansável pelo pomo eram tão grandes que não deixavam muito espaço para os comentários de Pierre quando ele se afastava. Ouvia quando estava perto somente por não haver opções. Mas mesmo assim gostava muito do que ouvia.

O jogo já durava uma hora e meia e não havia aluno de Hogwarts que ainda estivesse com a garganta em bom estado de tanta vibração com o jogo.

Hogwarts continuava a liderar por trinta pontos, mas agora o placar estava cem a setenta.

As manobras do time de Hogwarts eram ótimas. E também muito bem ensaiadas, depois de tantos treinos.

Frank, Ziffley e Grão faziam um trabalho de dar inveja. O décimo gol do jogo fora devido a um lance verdadeiramente complicado em que Grão largara a Goles e com a parte de trás da vassoura a mandou pelos ares. Ziffley a agarrou e fez um lance parecido com a manchete do vôlei. Harry se perguntou se Ziffley era trouxa de nascença. Frank agarrou a Goles a uns dez metros acima do goleiro e com um soco dado com a lateral da mão a atirou direto nas mãos de Grão, que furou a Goles.

— VOCÊS SÃO INSUPERÁVEIS! — Gritou Harry para os três quando eles voavam velozes cortando o campo. Harry viu que os três usavam modelos Nimbus 2002. O garoto ainda não havia visto este modelo. Gravou rapidamente na mente a necessidade de comprar a sétima edição do Qual Vassoura?, que o mostraria esta vassoura.

Raramente Frank, Ziffley e Grão perdiam o controle da Goles, mas isso às vezes acontecia.

Os três agora (ultrapassando as duas horas de jogo) estavam passando a bola um para o outro por todo o campo. Os batedores de Durmstrang, Drelichraz e Braustein, tentavam inúmeras vezes derrubá-los, mas Fred e Jorge Weasley mantinham os três no ar (os batedores adversários não se preocupavam nem com Harry, que poderia agarrar o pomo, que, a propósito, ainda nem dera sinal de existência) e possibilitavam as realizações de manobras inventadas até na própria hora.

Então, antes que alguém pudesse esperar, Ziffley fingiu que mandaria a Goles para Grão e furou o aro central de Durmstrang, levando o placar para duzentos contra cento e quarenta.

Era um verdadeiro show o que estava acontecendo no campo. Ziffley, Frank e Grão deixavam Kaeding, Echeverria e Weiss (os artilheiros de Durmstrang) completamente sem ação. Não que isso quisesse dizer alguma coisa. Harry tinha certeza que a única coisa que afastava Krum de ser capitão do time era o fato dele não mais ser aluno, já que os alunos de Durmstrang não sabiam se controlavam a vassoura para continuar no ar ou controlavam a direção para que iam.

Parecia que aquilo não estava acontecendo. Os artilheiros de Hogwarts se revelavam de forma impressionante. Ninguém nunca vira uma harmonia tão grande entre os três artilheiros. Mas infelizmente esta parceria no ar estaria desfeita em junho. Ziffley é da Lufa-Lufa, Grão da Sonserina e Frank da Corvinal. Mas isso não era o que interessava agora. Eles fizeram Durmstrang comer pó quando marcaram duzentos e cinquenta para eles contra os ainda empacados cento e quarenta de Durmstrang. Agora era uma diferença de cento e dez pontos.

Mas parecia que esta apresentação espetacular dos artilheiros iria durar um bom tempo. Harry ainda nem tivera sinal do pomo. Tampouco tivera Krum, Harry tinha certeza disso. Além de perseguir a minúscula bola de ouro, o garoto fazia questão de marcar cada movimento do apanhador adversário.

Às três horas e vinte minutos de jogo, com todos os alunos de Hogwarts muito além da rouquidão, Frank, Ziffley e Grão marcavam o vigésimo nono gol da escola. O placar estava duzentos e noventa para Hogwarts e cento e cinquenta para Durmstrang, que finalmente conseguira marcar uma vez mais. Apenas uma vez mais.

Então, a coisa ficou realmente feia. Cansados da derrota, os batedores de Durmstrang rebateram juntos um Balaço em cima de Grão, mas Fred e Jorge Weasley foram bem rápidos e o mandaram pelos ares. Infelizmente os gêmeos haviam se esquecido do outro Balaço, mas os batedores adversários não. Talvez se lembrando do que acontecera na última partida, eles tentaram acertar Emily, mas a garota fora mais rápida desta vez conseguira desviar. Mas isto não impediu que Fred e Jorge ficassem com raiva.

De propósito ou não, o fato era que Fred havia confundido a cabeça de Weiss com um Balaço (até que são parecidos, pensou Harry) e acertou sua cabeça com força.

Fran Rolston também não gostara nada da cena que vira.

— FALTA! FALTA CONTRA DURMSTRANG POR TENTATIVA DE DERRUBAR O GOLEIRO COM A PEQUENA ÁREA VAZIA! FALTA CONTRA O TIME DE HOGWARTS POR ATAQUE VIOLENTO DESNECESSÁ-RIO A UM MEMBRO DO TIME ADVERSÁRIO.

As duas escolas acertaram as cobranças de falta. Hogwarts estava agora com trezentos pontos contra cento e sessenta para Durmstrang.

Frank estava pronto para lançar a Goles para Grão quando algo o impediu.

Era o apito de Rolston indicando que o jogo acabara. Uma onda de pânico e desespero real se apoderou de Harry.

Não. Não era possível. Eles estavam ganhando com uma ótima dianteira. Ele escutava, mas daria tudo para não ouvir o grande UUUUUHHHHH vindo do lado de Hogwarts e os gritos ensurdecedores do lado de Durmstrang.

Ele não acreditava. Ele não aceitava. Ele se recusava a aceitar. É IMPOSSÍVEL! NÃO ACEITO ISSO! NÃO AGORA!

Os pensamentos de Harry gritavam querendo sair de sua boca, mas o seu desespero era tão grande que ele não conseguia criar forças para isso. Ele não conseguia explicar o que sentia. Ele não conseguia entender o que sentia. Mas parecia que estava começando a compreender o que acontecera. Mas não. Agora não. Eles iam ganhar. Frank, Ziffley e Grão estavam fantásticos. Isso não poderia acontecer. Ele tinha alguma esperança, por mais que remota, de que Rolston tivesse se enganado. Pierre Martin gritava. Mas Harry, que estava a pouco mais de dois metros de distância dele não conseguia ouvir nada. Harry não conseguia falar nada. Não conseguia nada. Como um último recurso, para se certificar que estava certo e todo o resto enganado, Harry arriscou olhar para o placar.

Hogwarts: 300

X

Durmstrang: 310

Harry não aceitava aquilo. O placar tinha que estar errado. Algo tinha que estar errado. Não era possível. Como acontecera?

E então, o entendimento que Harry queria tanto impedir que chegasse aos seus pensamentos venceu todas as barreiras e o garoto entendera. A única coisa que acontecera fora que Krum pegara o pomo. Ele perdera. Ele. Não Hogwarts. O resto do time estava indo muito bem, mas ele perdeu o pomo. Era por culpa dele que todo o espetáculo dos três artilheiros foi jogado no lixo.

Harry sentiu que as lágrimas também o venciam.

Ele não sabia o que fazer. Não tinha coragem de falar com ninguém agora. Nem com Rony e Hermione. Ele não tinha coragem nem de falar com ele mesmo. Era um fracasso. Por culpa dele o time fracassou. Por culpa dele. De mais ninguém.

Harry ouviu que uma voz lhe falava dentro de sua cabeça. Mandava que ele tivesse calma. Ficasse tranquilo e fosse tomar um banho. Mas de uma coisa tinha certeza, não era a famosa voz que sempre lhe falava. Era uma voz mais grave e séria. Sentiu-se tão fracassado que nem sua voz queria falar com ele.

Harry não quis saber de quem era essa voz, mas resolveu (por mais difícil que fosse) tentar obedecer. Não desceu imediatamente da vassoura. Estava com demasiada vergonha do seu fracasso para falar com o resto do time.

Voou até a porta do trem. A frente das vestes quase encharcadas por um choro silencioso, mas que continuava. Não teve coragem para descer da vassoura até que chegasse à porta do quarto. Quando entrou, concentrou toda a força que havia perdido num feitiço para trancar a porta que nem um bruxo seria capaz de abrir.

Harry viu sobre a sua mesa de cabeceira todas as guloseimas que ele gostava, especialmente preparadas por Dobby. Foi então que a sua dor ficou pior. Deixara de ser silenciosa. Sua mente era atormentada com o barulho que ele fazia ao chorar.

Ele entrou no banheiro, tirou as vestes de Quadribol. Encheu a banheira de água e mergulhou nela. Esperava se afogar. Estava quase conseguindo. Seus pulmões já estavam em protesto. Não respirava há uns quatro minutos.

Sentiu então uma mão que o puxava pelo ombro e o forçou a sair da posição que estava. Ele então olhou para quem fizera aquele absurdo de salvá-lo, já esperando ser Dobby, quando tomou uma enorme surpresa.

Era Emily.

Ela estava absolutamente linda. Usava um hobbie de seda fina preta com bordados na gola, nas mangas e nos pés. Harry nunca vira Emily assim. Percebeu, pela fina seda, que ela nada usava por baixo.

— Se quiser começar a gritar comigo, pode começar — disse Harry afundando na banheira, mas só até a altura do pescoço. — Fiz um escândalo, fiz você passar vergonha na frente de todos por míseros quarenta pontos. Nós perdemos hoje por minha culpa. Não vou reclamar de nada que você diga. Eu mereço.

— Não.

— Não o quê?

— Não vou fazer que nem você. Eu sei que o que você fez no jogo contra Beauxbatons foi muito errado, mas não vou cometer esse erro. Vi a sua expressão quando Rolston apitou o fim do jogo. Vi que você não acreditava naquilo. Vi que você não aceitava aquilo. Estou aqui para te animar, colocar um pouco para cima. Não para fazer você se sentir ainda mais culpado. E pode parar de chorar. Você não está agindo como o Harry Potter que eu conheci e me apaixonei.

“Você está se esquecendo de ser o meu anãozinho favorito. Está ficando obcecado. Não pensa mais nas aulas. Não pensa mais nos amigos. Só pensa nesta Copa estúpida. Ele não vai te levar a lugar algum, Harry. Você tem que relaxar um pouco mais. Eu também quero ganhar esta taça, mas você está exagerando. Está perdendo o controle sobre você. E isso só vai te destruir. Essa Copa acaba em junho, não a sua vida.”

— Você não sabe de nada.

— Não sei de quê? De que uma profecia foi feita antes de você nascer e que ela diz que ou você mata o Voldemort ou ele mata você?

— Quem te contou?

— Minha mãe.

— Sua mãe?

— É. Minha mãe. Ela estava no Cabeça de Javali naquela noite, tinha perdido temporariamente a Licença para Aparatar e estava esperando o meu pai. Resolveu tomar uma cerveja amanteigada e escutou a professora Trelawney. Eu sabia disso há mais tempo que você.

“Mas não vim aqui para isso. É um assunto que eu sei que não te agrada. E antes que você me pergunte como eu entrei aqui, a Hermione conseguiu quebrar o feitiço que você lançou na porta para mim. Pode deixar que nenhum dos dois vai aparecer aqui. — Emily fez ma pequena pausa. Respirou fundo e continuou: — Eu preciso te dizer uma coisa.

— O quê?

— Você fica lindo molhado. Sei disso desde o Torneio Tribruxo.

Harry aproximou o rosto do de Emily e fez um elogio ao pé de sua orelha que a fez dizer:

— Sabia que você ia gostar. Só não sabia que tanto.

Harry conseguia ver cada curva do corpo de Emily (que era muito lindo na verdade) através daquele roupão.

— Percebi que o meu rosto não é tão interessante assim.

Harry não mais conseguia encarar Emily nos olhos. Não conseguia, por mais que tentasse olhar para acima do pescoço dela.

Ele ficava cada vez mais nervoso.

— Estou tendo problemas — disse ela com as mãos do lado do corpo oposto a Harry.

— Com o quê? — Harry conseguiu reunir forças suficientes para dizer.

— Com isso aqui. Quer me dar ma mãozinha?

Harry passou uma mão pela barriga (inexistente) de Emily e a outra pelas suas costas. Aquele roupão era extremamente macio. As duas mãos de Harry se encontraram sobre um laço que o prendia na altura da cintura. Harry o desfez e colocou rapidamente as mãos dentro da água.

Emily retirou o roupão e Harry pôde vê-la. Cada centímetro. Ele segurou cada perna com uma mão para que elas não voassem em Emily. A garota ficou em pé e entrou na banheira.

*        *        *

Emily foi embora umas quatro horas depois. Harry estava deitado na sua cama. Seus pensamentos nas nuvens. Tinha Emily novamente ao seu lado. Tinha agora ainda mais do que antes.

Seus pensamentos foram trazidos de volta com três batidas à porta uma hora da manhã.

— Quem é?— Perguntou o garoto. A voz de Hermione respondeu “Somos nós” e Harry disse que eles podiam entrar. Rony entrou atrás de Hermione e disse, torcendo o nariz:

— Vejo que acabou o seu vidro de perfume. Vejo não, sinto mesmo.

Harry chegou a rir do que Rony disse.

Não importava o que ninguém dissesse. Por um bom tempo, nada poderia tirar o bom humor e o sorriso do rosto do rosto do garoto.

Mas Harry começou a se sentir confuso. Queria contar a Rony e Hermione o que acontecera. Tinha nos dois melhores amigos, dois confidentes para qualquer coisa. Mas, por outro lado, queria guardar essa felicidade só para ele. E para Emily também.

— Não precisa dizer o que aconteceu. Já sabemos — disse Hermione rindo. Harry se sentiu bem nervoso. Não achava que Emily poderia contar. Mas, se ela não contou, quem foi?

Isso começou a preocupar Harry. Será que alguém viu ou ouviu algo?

— Ninguém nos contou — Hermione se apressou em completar ao ver a cara de Harry. — Mas o roupão que eu vi que a Emily usava por debaixo do sobretudo da escola foi bastante revelador.


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