Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 24
A AVENIDA DA MAGIA


Notas iniciais do capítulo

Esse foi um dos capítulos que eu escrevi com mais cautela. Sempre vi a Avenida da Magia com muita clareza na minha mente e precisava deixar o espaço praparado para o que ainda aconteria ali.



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Harry, Rony, Hermione e Emily come-çaram a andar pela rua e passaram logo da área de alimentação, ninguém sentia fome. Na área de vestuário, onde todas as lojas eram num tom morto de roxo, devido ao desgaste, Harry entrou na Madame Windy: Roupas para Bruxos Finos, onde ele viu um sobretudo de veludo verde escuro que realmente lhe caía muitíssimo bem. Rony estava à vitrine de uma loja de roupas esportivas olhando cobiçoso para o uniforme do Chudley Cannons.

— Tira ele de lá — cochichou Harry no ouvido de Hermione e em menos de um minuto, ela levou Rony para olhar uma loja de luvas um pouco mais distante. Harry aproveitou, entrou na loja e comprou o uniforme.

— Presente, por favor — disse Harry para uma bruxa alta e de longos cabelos de escova muito despenteados. Ele se lembrou de Hermione na primeira série.

— É claro — disse a bruxa. — Tudo é pra presente.

Harry achou aquilo uma arrogância sem tamanho e preferiu acreditar que o problema era com ela. Quando o garoto saiu da loja, lembrou que ainda não havia comprado nem o presente de Emily nem o de Hermione.

Hermione e Rony saíram da Luvas Para Todas As Ocasiões com uma sacola com aproximadamente dez pares.

— A Hermione comprou praticamente a loja toda — disse Rony num tom de desaprovação. Mas Harry o ouviu resmungar que se tivesse dinheiro também levaria algumas.

— Onde está a Emily? — Perguntou Harry colocando a bolsa do uniforme de Rony dentro da bolsa do seu sobretudo quando o olhar do amigo atingiu o símbolo da Vestimentas de Quadribol pela terceira vez.

— Não sei — respondeu Hermione.

— Aqui — respondeu a voz de Emily. Harry olhou para trás e a viu com uma grande sacola de papel preto. Ele resolveu não perguntar o que era.

Andando pela área de brinquedos, onde o chão e as paredes eram num tom de azul com o mesmo desgaste que a área de vestuário, e onde vários alunos de Beauxbatons da primeira série se divertiam, eles chegaram a uma parte em que Hermione os obrigara a parar.

As paredes das longas lojas e o chão eram verdes. Hermione não sabia em qual loja entrar primeiro. Eles estavam na Seção de Livros.

— Já vi que isso vai demorar — disse Harry para Emily e a garota riu.

A maior loja era, sem dúvida, uma filial da Floreios e Borrões. A longa fachada verde, com várias vitrines sem nenhum grão de poeira e com vários livros na estante, esta loja parecia muito melhor do que a que existia no Beco Diagonal.

Prestando mais atenção à placa com o nome da loja, Harry leu Livraria — Café e resolveu entrar. Esperaria por Hermione sentado. Emily foi com Harry e Rony foi atrás de Hermione numa loja especializada em dicionários.

Entrando na loja, Harry deixou seu queixo despencar. Definitivamente a loja do Beco Diagonal parecia um verdadeiro buraco se comparada à esta filial. Até Harry, que não gostava de livros tanto quanto Hermione ficou tentado em passear pelos incontáveis corredores da loja.

Mais à direita Harry viu uma escada com um corrimão que pairava no ar à altura da cintura e com degraus de madeira corrida, com uma placa ao lado, onde várias estrelas passavam levemente por cima dos dizeres. Harry, pela primeira vez, conseguira escutar a música baixa que tocava. Ele não conhecia a melodia.

Floreios & Borrões

Segundo Andar:

Bar-Restaurante

Sala de Leitura

Terceiro Andar:

Souvenirs

Gerência

— Legal — disse Emily. — Podemos esperar por eles lá.

— É — concordou Harry. E dando a mão a Emily, os dois subiram as escadas logo depois que um grupo de uns cinco bruxos gordos desceu conversando em alemão.

Chegando ao segundo andar, Harry se viu num corredor, mas ao invés de paredes, duas longas lâminas de vidro, cada uma com uma porta em cada extremidade. Próximo a ele, estava escrito: Sala de Leitura. Dentro, viam-se vários bruxos com suas compras de natal e lendo, alguns em grupo em longas mesas, outros sozinhos, em mesas individuais. E Harry vira um bruxo sozinho, com mais nove lugares a volta dele, todos preenchidos com sacolas.

Chegando ao fim do corredor, perto da escada (onde outra placa, igual a do andar abaixo, informava o que continha no primeiro e terceiro andar), Harry viu outra porta de vidro, onde estava escrito Bar-Restaurante. Quando ele foi meter a mão na maçaneta para abrir a porta, esta estalou e se abriu.

— Depois de você — disse Harry para Emily.

Eles se viram dentro de uma grande sala, onde mesas para duas, quatro e seis pessoas estavam espalhadas à direita. Do outro lado, estava um longo balcão. No fim, um grande bar.

— Dois cafés com creme — disse Harry se sentando a uma mesa de seis lugares para um duende que se vestia muito mal. Um chapéu pontudo, com saídas para as orelhas. Uma camisa fina e uma calça e sapatos pontudos. Por cima da camisa e da calça, um avental com o mesmo símbolo da Floreios e Borrões que Harry vira na porta da loja. Todas as peças eram brancas. O duende não estava de muito bom humor, mas anotou o pedido de Harry e foi embora.

— Agora é só esperar por eles. Isso vai demorar — disse Emily.

— Já está quase na hora no almoço — disse Harry olhando para o seu relógio. Eram onze e meia.

Demorou mais ou menos uma hora até que Hermione e Rony entraram no restaurante. Hermione carregava, no mínimo, vinte bolsas. Rony carregava uma só, mas parecia que ele usava toda a força que tinha.

— Só visitamos quatro lojas. Ainda nem olhei esta — disse Hermione se sentando ao lado de Emily, em frente a Rony e depositando todas as bolsas nas cadeiras que ficaram vazias.

— A Hermione cismou em comprar este dicionário — disse Rony bufando e colocando a bolsa sobre a mesa.

— Temos um livro de idiomas antigos — disse Harry quando ele olhou o dicionário.

— Que não traz uma tradução sequer — completou Hermione em tom conclusivo.

— Vamos almoçar aqui ou na área de alimentação?

 Perguntou Rony. Emily respondeu:

— Gostei daqui. A comida parece boa.

— Então ficamos aqui — disse Hermione. — Alguém sabe se podemos fazer magia aqui?

— A resposta está entrando ali — disse Emily apontando para a porta.

Harry se virou e viu os professores Flitwick, McGonagall e Snape entrando pela porta.

— Eu vou lá — disse Harry.

— Com licença — disse ele para os três. — Professora, será que nós podemos fazer magia aqui?

— Sim, Sr. Potter. Os alunos da Delegação de Hogwarts têm plena autorização de efetuar magia em qualquer lugar mágico, desde que estejam junto da delegação.

— Obrigado, professora.

— Podemos — disse ele para Emily, Rony e Hermione.

— Ótimo — disse Rony. — Eu não vou mais carregar isso.

— Vamos comer? — Perguntou Harry. — Eu vou chamar um garçom.

— Vai lá — disse Rony com cansaço na voz.
Antes que Harry pudesse pensar em levantar o braço, outro duende apareceu.

— Hã, vocês vão querer o quê? — perguntou Harry para os três.

— Pudim de carne com arroz à grega — respondeu Emily olhando o cardápio.

— Bouillabaisse — respondeu Hermione.

— Eu te acompanho nessa Bouillabaisse aí — disse Rony.

— Se é pra acompanhar — disse Harry —, pudim de carne com arroz à grega, por favor.

— Não precisa comer a mesma coisa, Harry — disse Emily.

— Eu quero comer, mesmo.

Harry viu que Emily sorria.

Em algum tempo, Harry, Emily, Rony e Hermione estavam se divertindo bastante com uma conversa sobre como deveria ser a Copa Escolar de Quadribol.

— Eu acho Beauxbatons fraca — disse Emily.

— Só por que não existem jogadores famosos em Beauxbatons? — Perguntou Hermione.

— Qual é Mione — disse Rony. — Nós temos o Harry e Durmstrang tem o Krum. Eu nem sei quem é o apanhador de Beauxbatons.

— Mas pode ser um bom jogador — disse Harry.

— Você tá querendo aparecer, Harry — disse Rony. — Vocês nunca ouviram falar que os franceses são péssimos em Quadribol?

— Mas eu não sou tão bom — disse Harry. — Só quem sai na vantagem é Durmstrang.

— É bom, sim senhor — disse Emily.

— Você é suspeita — disse Harry.

— Não é — disse Hermione — Pelo o que eu bem me lembro, Ludo Bagman mandou o Krum ver você voando.

— Eu lembro — disse Rony. — Ele disse: “Nossa, como ele sabe voar! O senhor está assistindo a isso, Sr. Krum?”

— É verdade — disse Emily.

— Eu aposto dez Galeões que o Harry ganha essa copa. — disse Rony batendo na mesa.

— Somos todos de Hogwarts — disse Emily. — Todos queremos ganhar.

— É, mas você quer ganhar a copa pelas suas defesas. — disse Rony — Eu tô dizendo que nós vamos ganhar porque o Harry vai apanhar o pomo.

— Mas o pomo é mais importante — disse Hermione.

— Mentira — disse Harry. — Krum pegou o pomo na Copa Mundial de Quadribol e perdeu a taça.E foi só por dez pontos.

— Então eu aposto — disse Emily.

— Mesmo querendo que o Harry ganhe — disse Hermione —, eu vou apostar no Krum. Só pra poder valer a aposta.

Rony amarrou a cara, mas logo desamarrou e disse:

— Tudo bom. Falta saber em quem o Harry aposta.

— Se é pra valer a aposta, em aposto em Beauxbatons.

— Pode crer. Eu estou surpreso com você. — disse Rony.

Harry riu.

— Eu vou anotar. Eu vou ganhar essa aposta — disse Rony. — Quando é a final?

— Vinte e três de junho — respondeu Harry.

— E se quiser, eu aposto mais cinco Galeões que Beauxbatons não vai jogar a final — disse Rony batendo na mesa.

— Você tá parecendo o Ludo Bagman. Mas eu aposto — disse Harry.— Eu só quero saber como você vai pagar isso.

— Eu não vou perder — disse Rony. — E é bom você voar direito. Como vão os treinos?

— Péssimos — respondeu Harry. — Sempre falta alguém e eu preciso dos dois times. O Dumbledore mexeu no time quando ele mandou o Malfoy embora. Frank Bruffer e Ziffley Broomble viraram titulares, o Guto passou a reserva e uma tal de Rosa Zeller também. Mas essa Rosa nunca aparece nos treinos. Eu vou falar com o Owen, o capitão reserva, e ver se ele dá um jeito.

— Quem ganha essa aposta, sou eu, então — disse Hermione. — Se vocês não treinam, como vão ganhar?

— Vocês dão um jeito — disse Rony. — E mesmo assim, se eu perder, você me empresta o dinheiro e até o fim da vida eu te pago.

— Ah! — Exclamou Harry. — então, se nós dois perdermos, eu vou ter que pagar duas vezes?

— É! — Exclamou Rony sorrindo.

— Que horas são? — Perguntou Hermione.

— Duas e meia — respondeu Harry.

— Vamos embora! —Disse Hermione apressada — Só temos três horas.

— Você disse bem — disse Rony. — Temos três horas.

— Mas ainda tenho oito livrarias a visitar.

— Só temos três horas — disse Harry rápido e num tom conclusivo. — Eu vou pedir a conta.

Em cinco minutos eles estavam indo embora.

— Temos que carregar isso — disse Emily.

Locomotor Sacolas! — Harry disse apontando para as compras, que começaram a levitar.

*        *        *

Hermione ia de livraria em livraria, passando bastante tempo em cada uma delas. Rony, Harry e Emily já estavam ficando muito cansados.

— No próximo sábado — disse Harry para Rony e Emily —, nós não vamos entrar em livraria nenhuma. Ainda temos a rua inteira para ver.

— Você tem razão — disse Rony quando eles saíram da quinta livraria. Eles lá ficaram por mais de quarenta minutos.

*        *        *

— Atenção todos os alunos de Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang. Favor dirigirem-se à entrada da Avenida da Magia.

Eram cinco e quinze da tarde e a voz da professora McGonagall ecoava por toda a rua e por todas as lojas. Harry, Emily, Rony e Hermione estavam na fila do caixa da última livraria.

— Vamos embora, Mione — disse Rony. — Temos que ir.

— Calma, Rony — Hermione parecia impaciente, mas não mais que os outros três. — Ainda temos quinze minutos.

Era verdade que Hermione já havia passado dos limites irritando Harry, Emily e Rony naquele dia, mas também era verdade que algumas livrarias eram bastante interessantes.

Ao entrar na Livraria Esportiva – Esportes Para Bruxos e Trouxas, Harry comprou para si um livro intitulado Manobras de Quadribol — Um Guia Para o Apanhador Ousado e Rony comprara um exemplar de segunda mão do livro Defendendo A Sua Vida: Como Defender Os Três Aros de Uma Só Vez, embora Harry achasse que aquilo era um tanto difícil. Isto para não dizer impossível.

— Pronto. Podemos ir — disse Hermione pagando doze Galeões, treze Sicles e vinte e cinco Nuques ao caixa e colocando uns sete livros junto aos outros. Ela já havia comprado tantos livros que o feitiço de Harry de longe não mais era suficiente. Rony, Hermione e Emily também tiveram que apontar suas varinhas para os tantos livros de Hermione e dizer Locomotor Compras para poderem ir embora.

Todos os professores já estavam à espera deles à placa que ficava na entrada da Avenida da Magia. Harry viu que Dumbledore deixara o queixo cair ao ver as compras de Hermione.

— Receio — disse Dumbledore com um certo tom conclusivo, mas com divertimento na voz —, que vocês terão de carregar isso na mão.

Dumbledore conjurou quatro grandes mochilas com um leve aceno de varinha. Harry, Emily, Rony e Hermione apontaram as varinhas para o chão e desceram as compras.

Arrumar Mochilas! — disse Harry apontando a própria varinha para tudo o que estava no chão. As mochilas se abriram e os tantos livros de Hermione e as compras de Harry, Rony e Emily começaram a entrar nelas. Em dois minutos, as mochilas se fecharam e permaneceram no chão.

— Prontos? — perguntou Dumbledore com uma lata de biscoitos velha na mão.

Os quatro concordaram e tocaram a lata.

— Um, dois, três.

Harry se sentiu como num desenho animado. A força da chave de portal o puxava para cima, para voltar ao Expresso de Hogwarts, a mochila que ele segurava pelas alças era demasiado pesada para sair imediatamente do chão. Era como se a mochila, ao mesmo tempo em que a chave de portal puxava Harry pra cima, puxasse o garoto pra baixo.

Então, finalmente, a mochila se levantou. Olhando para os lados, Harry viu nas expressões de Emily, Rony e Hermione que eles também enfrentavam o mesmo problema. Dumbledore fazia certa força, pois com quatros pesos os mantendo ali, era difícil ele prosseguir com a chave de portal.

Logo eles tocaram o chão do pátio do Palace Beauxbatons. O peso das mochilas os fez cair.

— Ai — Rony gemia — LocomotorCompras!

 Rony não tinha forças para levitar aquilo. Quando apontou a própria varinha para uma das mochilas, Harry duvidou se também teria força para fazer qualquer coisa mais.

— Cadê o Dobby? — Perguntou Harry quando eles entraram no quarto. A primeira coisa que eles fizeram foi largar tudo no chão.

— Pra quê? — Perguntou Hermione.

— Pra ele me trazer o jantar — respondeu Harry. — Eu não vou aguentar ir ao refeitório.

Harry se deitou na cama e observou Hermione retirar o malão dela de dentro do armário, apontar a varinha para ele e dizer:

Coparto!

O malão se estremeceu e se esticou para a esquerda. Logo, outro malão igual ao primeiro apareceu ao lado do original.

— Pra que isso? — Perguntou Harry intrigado.

— E você acha que eu tenho espaço para colocar roupas, livros escolares e tudo o que eu comprei hoje num malão só? — Respondeu Hermione com ar de quem não acredita que lhe estavam perguntando aquilo.

Harry, embora cansado, acordou cedo no domingo. Olhando pela janela, ele viu que os primeiros raios brancos de luz da manhã estavam tentando vencer o azul escuro da noite. Isso sem contar com a neve que caía cada vez mais forte e grossa. À janela, estavam uns dez centímetros de neve. Ele apanhou o Manobras de Quadribol — Um Guia Para O Apanhador Ousado que ele comprara na tarde anterior e o levou para fora do quarto. Fechando a porta e olhando para dentro do quarto, ele viu Rony, que dormia com a boca aberta e roncava alto. Hermione estava quieta, porém sua cabeça estava sob o travesseiro. Harry imaginou quanto barulho Rony deveria ter feito para que Hermione dormisse assim.

Ele chegou ao Saguão Central e se sentou numa poltrona verde, grande e fofa. A lareira estava apagada. Isto o fez pegar a varinha, apontar para ela e dizer:

Incêndio!

Imediatamente a lareira começou a pegar fogo, como se já o estivesse fazendo há várias horas.

Harry estava olhando o sumário (quarenta e oito capítulos), quando perdeu a vontade de ler.

Ele não queria fazer absolutamente nada. Queria ficar ali, sentado, confortável. Ele nem estava dando atenção a Hagrid, que estava atrás dele, junto com Fawkes, a fênix de Dumbledore. Sem querer dar muita atenção ao fato de que Hagrid falava com a voz de Lord Voldemort, sem querer dar muita atenção ao fato de que Hagrid estava machucando Fawkes.

Foi quando Fawkes fez um ruído alto, um ruído de muita dor, que Harry olhou para trás e pensou que Dumbledore não iria querer ver o seu pássaro sendo machucado.

— Hagrid, pára com isso! — Disse Harry — Esta é a fênix do Prof. Dumbledore.

— Não, Potter — Hagrid disse, ainda coma voz de Lord Voldemort — Esta não é a fênix de Dumbledore. Esta é a sua esperança. A sua vida. Veja o que eu faço com a sua vida, Harry Potter.

Hagrid tirou uma agulha do bolso. Uma longa e brilhante agulha.

— Hagrid! Não!

— Não? Eu diria outra coisa: sim!

Harry fechou os olhos antes que Hagrid fizesse com Fawkes o que Harry pensava que o gigante ia fazer. Como uma confirmação, o grito de Fawkes ficava cada vez mais alto, deixando Harry cada vez mais agoniado. Ele queria fazer alguma coisa, ele precisava fazer alguma coisa, mas não conseguia se mexer. Foi quando a voz de um homem alcançou os ouvidos de Harry, a voz de um homem que ele não via há mais de cinco meses. Harry arriscou abrir os olhos e, para sua grande felicidade, viu Sirius, que chegava por trás de Hagrid e gritava:

— Eu falei pra soltar ele! Crucio!

Sirius atingira Hagrid na altura peito e Hagrid caiu no chão. Ele berrava, mas Sirius já havia levantado a varinha. O efeito da Maldição Cruciatus já havia acabado, mas ele continuava a berrar. Olhando para Hagrid, ele viu que Fawkes furava os seus olhos com suas garras, assim como fizera com o basilisco de Salazar Slytherin há três anos e meio.

Harry queria tirar Fawkes de cima de Hagrid. Ele era seu amigo. Mas não conseguia. Sentia prazer em ver Fawkes destruindo a face de Hagrid. Harry sentia prazer em ver Fawkes tirando a vida de Hagrid. Aquilo era bom. Ele queria ver Hagrid sofrer até morrer. Aquilo era bom. Ele não conseguia explicar, Harry nunca deixaria ninguém morrer assim. Mas aquilo era muito bom. Ele não podia sair dali. Ele não queria sair dali. Aquilo era bom.

Então ele começou a sentir como se estivesse levando tapas no rosto.

— Harry Potter deve acordar, senhor. Estão todos olhando para Harry Potter.

Harry abriu os olhos, Dobby o acordava. Harry se sentiu furioso. Quem deixou Dobby acordá-lo? Ele queria ver Hagrid morrer. Olhando para frente, ele viu umas trinta pessoas que o olhavam. Alguns preocupados, outros com medo. Outros com ar de que se perguntavam o que aquele idiota estava fazendo.

— Não era pra ter me acordado. Nunca mais faça isso. Ouviu? NUNCA! — Harry se levantou, ignorando as pessoas que o olhavam e jogando Dobby no chão. Ele foi para o quarto. E lá ficou trancado por horas.

Três ou quatro vezes o seu estômago roncou de fome, mas ele não se levantou. Estava sentado na cama. Pensando.

O que aquele sonho significava? Ele não conseguia entender. Mas havia uma coisa que ele precisava ter certeza.

Com a mesma velocidade que entrara no quarto, Harry saiu e foi quase correndo em direção ao Saguão Central.

Ignorando várias pessoas que chamavam o seu nome, Harry quase arrombou a porta do corredor de salas de aula número dois e logo viu o que procurava.

Harry abriu a porta em que estava escrito “Trato das Criaturas Mágicas — Rúbeo Hagrid”, entrou, colocou um feitiço abafador na porta e foi correndo em direção a outra porta, no fim da sala.

Bum, bum, bum.

— Hagrid! Eu preciso falar com você! Hagrid! Será que você pode me atender?

Passou um minuto e nada.

Bum, bum, bum.

— Hagrid! Eu não tenho o tempo todo! será que dá pra abrir a porta?

Harry esperou mais um pouco, mas não houve resposta.

Bum, bum, bum.

— Hagrid! Eu preciso falar com você! Anda logo, por favor.

— Já tava demorando muito! Ah. Desculpe. Desculpe senhor.

Finalmente a porta se abriu. E assim como acontecera quando Hermione batia à porta da cabana de Hagrid quando Rita Skeeter escreveu mentiras sobre o gigante, não fora Hagrid quem abriu a porta, mas sim, Alvo Dumbledore.

— Lamento desapontá-lo, Sr. Potter. Mas Hagrid não está. Mas — disse ele quando Harry fez menção de se virar para ir embora —, quero falar com você.

— Professor? Como o senhor sabe que eu queria falar com Hagrid?

— Ah, Harry. Depois do sonho que você teve, eu já deveria ter imaginado. Mas, é incrível como pensamos tão pouco exatamente quando achamos que pensamos em tudo. Você pode ter abafado o som da porta. Mas se esqueceu das janelas — Dumbledore apontou para o lado, onde duas grandes janelas estavam abertas. Harry se sentiu idiota. Se tivesse esquecido de que Dumbledore ainda vigiava a sua mente, ele perguntaria como Dumbledore sabia do seu sonho.

— Primeiro — continuou o diretor —, quero dizer que Hagrid nada tem a ver com a vontade de Voldemort em matar você, Harry.

“Segundo, quero que você esqueça esse sonho. Não para sempre. Não. Mas por enquanto. Só enquanto é desnecessário pensar nele. Por mais que seja necessário entendê-lo. Creio que o resto do Time de Hogwarts o espera no campo de Beauxbatons para que vocês possam treinar. Eu conversei com Madame Maxime e com Henry Plakrroff e eles deixaram você treinar hoje. Mesmo sendo um domingo. Pode ir.”

Harry saiu da sala de Hagrid atônito. Ele queria descansar. Pensar. Mas a única coisa que conseguiu pensar é que o melhor remédio para uma mente cheia de problemas é um grande e pesado treino de Quadribol.

Harry foi até o seu quarto e apanhou sua Firebolt Segunda Geração. Quando chegou à porta do trem, encontrou Hermione. A princípio, Harry achou que a amiga ia falar sobre o que acontecera de manhã, mas se enganou.

— Vamos. Mudaram o estádio de Beauxbatons de lugar por culpa da neve.

Era verdade que isso seria, em breve, necessário.

Atrás do Palace Beauxbatons havia três montanhas (Conforme dissera Hermione “As Montanhas da Bruxaria, de acordo com Um Estudo dos Lugares Mágicos Onde Se Pode Viver Escondido) e atrás dessas montanhas, com as portas viradas para a base, ficava o Estádio de Quadribol Olive Plamondon.

Hermione o conduzira por dentro do Palace Beauxbatons. Virando à esquerda na escada para o Salão de Jantar e por um longo corredor iluminado por luz natural.

— Hermione — disse Harry. — Este é o caminho para o estádio.

— Já chegamos? — Perguntou Hermione com alto tom de ironia na voz.

Hermione levou Harry para As Montanhas da Bruxaria, onde, no alto, estava localizado o estádio de Beauxbatons.

— Não cai neve ali — disse Hermione quando eles alcançaram a base da montanha virada para Beauxbatons.

Quando Harry entrou no estádio, todo o time de Hogwarts já o esperava.

— Muito bem — disse Harry para todos —, vamos começar.

*        *        *

— Ai. Eu não aguento mais.

— É mesmo, Harry. Minhas pernas já estão bambas.

— Vamos parar. Por hoje.

Já estava escurecendo. Eles já haviam treinado por quatro horas.

— Harry — disse Gina. — Eu já não aguento mais. Eu não tenho força mais nem para segurara o bastão.

— Harry. Chega — disse Emily pousando na parte de areia do campo, que ficava sob os aros. — Eu não aguento mais. A Gina está certa. Não temos mais condições de ficarmos no ar.

— É? — disse Harry, irritado. — E o que vai acontecer se nós ficarmos horas jogando contra Durmstrang? Eu não quero perder pro Krum, e acho que ele também não quer perder para mim. E se ficarmos dias jogando? Vamos desistir? Só por que estamos cansados? Eu não vou desistir. Vamos treinar por mais uma hora!

Harry ouviu vários gritos de revolta e rejeição. Mas ele não se importava. Então ele viu que três jogadores reservas estavam saindo do campo.

— Ei! Estão indo aonde? — Perguntou Harry berrando.

— Embora — respondeu um dos jogadores.

— Ah é? Embora? Então podem voltar para hogwarts. Já que essa copa não significa nada para vocês. Eu quero ganhar. E não me venha dizer que é só um jogo, Emily! E se você não quiser ganhar, pode voltar para hogwarts. Tenho certeza que dumbledore não vai negar. Mas quem quiser ganhar, fica. Treinamos por mais uma hora!

Harry olhou para o time. Mais esperançoso do que com raiva. E se sentiu muito aliviado quando viu que Emily fechara a boca e que os três jogadores reservas colocaram as vassouras sobre os ombros e voltaram para junto dele.

— Muito bem — disse Harry. — Mais uma hora de treino.

*        *        *

— Isto está uma delícia.

— Eu tenho que concordar com você.

— Um dos melhores pudins de carne que eu já comi.

— Eu acho que eu vou querer mais.

— Eu também.

— Ei, Harry! Eu soube que a Gina está se disfarçando de aluna da Beauxbatons para assistir o treino deles.

— O quê?

— Exatamente, Rony. Temos é que agradecer.

— Agradecer, Emily? Temos é que tomar cuidado. Podemos ter algum aluno de outra escola assistindo ao nosso treino.

— Isso não será necessário, Harry.

— O que te garante, Hermione?

— O que me garante, Rony, é que Dumbledore pensou nisso e ninguém que não seja um verdadeiro aluno de Hogwarts consegue acessar qualquer informação nossa. Eu o ouvi dizendo isso ao Hagrid na hora do chá das cinco, quando eles riam imaginando quem Gina estaria usando para se disfarçar.

— Como?

— Ai, Harry. Você é realmente devagar. É óbvio que a Gina está usando “Poção Polissuco” para se infiltrar em Beauxbatons. E aposto que ela está fazendo a mesma coisa com Durmstrang.

— Bom, tudo bem então, Emily. Eu vou dormir. Estou um caco. Boa noite para vocês.

— Boa noite, Harry.

Harry foi se deitar. Estava com sono e estava cansado. Mas se deitou e não conseguiu dormir. Ele ainda pensava no sonho que tivera naquela manhã.

— Isso é besteira, querido — disse a voz dentro da cabeça de Harry que ele conhecia muito bem.

— Mas o Dumbledore disse que era necessário entender esse sonho.

— Sim — disse a voz. — Mas não agora. Agora você tem que dormir.

— Você tem razão.

E, em menos de dez minutos, Harry adormeceu.


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