HINATA

Ouço alguém bater na porta, esta na hora de me levantar e me arrumar. Hoje é o primeiro dia da escola esse ano, e como todos os outros vão ser infelizes, cheios de garotas zombando da minha cara, dos meus olhos, de mim. É sempre assim. Meu nome é Hinata Hyuuga, tenho olhos perolados e os cabelos negros azulados, e sou uma nerd excluída da escola.

Ouço uma segunda batida na porta, esta na hora de deixar de lado meus devaneios e ir me aprontar de uma vez. Quem sempre bate na minha porta me acordando? Deve ser qualquer empregada daqui, morro em uma mansão no bairro Hyuuga, nós não somos uma família somos um clã. E meu pai é o mais poderoso desse clã, o problema dele é que eu sou sua herdeira, de acordo com as nossas leis, e eu sou fraca demais pra isso.

Tímida demais para qualquer coisa, principalmente falar em publico ou com alguém, sempre disseram por minhas costas que tinha medo de tudo, até de minha sombra. Batem pela terceira vez na minha e eu me levanto devagar, o sol ainda nem deu sinal, mas como sempre eles me acordam cedo para que eu possa tomar café com meu pai e minha irma, e ver os olhos deles sempre me analisando e me deixando pior. Vou tomar banho e me arrumo como sempre, tenho meus cabelos curtos, e sempre os deixo solto, a única coisa que em mim é solta, o meu cabelo e minha roupas, largas, para que ninguém tenha a mínima noção de como é meu corpo. Isso não é preocupação de pai, não, é que eu tenho muita vergonha de mim mesma.

Como um dia escutei meu pai dizer a meu tio, “ela é a vergonha dos Hyuuga, deveria mandá-la para um convento, assim passaria o poder para Hanabi, ela parece-me bem mais forte que a irma.” Minha irma oito anos mais nova que eu sempre foi considerada a relíquia dos Hyuugas, ela e meu primo Neji. Eu não me importo, desde que me deixassem em paz, todos eles e seus olhares de pena. Desço para tomar o café, que como sempre esta pontualmente na mesa, meu pai na cabeceira lê um jornal, e minha irma come seu mingau, e igualmente a todos os dias o silencio reina. Sento a mesa e forço alguma comida, há anos não tenho prazer em comer, o faço por obrigação. Termino meu café e me levanto. Pego minha mochila que esta perto da porta, e entro no carro. Ko me leva na escola, ele é o único que conversa comigo, e o único que nunca me olhou com pena, ele sempre me brinda com um sorriso quando chego, e sempre me deseja boas aulas, um bom dia, coisas que ninguém no meu clã faz por mim.

Chego à escola, e Ko para o carro, estacionado na frente do portão de entrada, ele desce e abre a porta pra mim, eu desço do carro e olho como sempre pra imponente entrada da escola, e isso me da um arrepio, outro ano...

–Tenha um bom dia Hinata-sama - Ko me deseja com um sorriso no rosto que eu sei que é sincero.

–obrigado Ko, e que tenha você também um ótimo dia. – respondo com um sorriso embora o meu seja triste, eu sei que não terei um bom dia. Pego minha mochila entro, as pessoas não notam minha presença, dou graças à Kami por isso, não quero que ninguém mais se decepcione com minha incompetência. Vou para trás do colégio, aonde há um pequeno jardim, tomo muito cuidado pra não esbarrar em ninguém, não tenho amigas que me esperem, ou que eu possa esperá-las, então sempre que chego do colégio vou para lá assim consigo ficar quase sozinha, pois o lugar é quase isolado, as únicas pessoas que vão lá sou eu e mais quatro meninas, mas nenhuma delas chegou a falar comigo e eu também não puxei assunto com elas, sempre vamos la para ficar sozinhas e assim ficamos. Embora eu sempre quisesse puxar assunto com alguma delas, só para ter o gosto do que é ter alguém que lhe escute, às vezes o silencio me incomoda mesmo eu já estando acostumada com ele. Sou uma Hyuuga e os Hyuugas são silenciosos. Sento no sol, tentando me esquentar um pouco para tirar esses pensamentos frios que sempre rondam a minha cabeça. Recrimino-me por eles, mas isso é tão inútil como fazer uma vaca voar.

Ta isso não são pensamentos de uma Hyuuga. Mas sou a ovelha negra da família mesmo, não vai fazer diferença nenhuma eu ficar pensando coisas desconexas e impossíveis. O sinal bate me tirando de devaneios inúteis, me levanto e arrumo minha roupa, vou para o pátio e me escondo na sombra de uma arvore qualquer enquanto a diretora começa seu discurso, falando da importância da escola, e de nosso estudo, dou um suspiro e continuo ouvindo atenta, enquanto alguns conversam, queria eu ter amigas para poder conversar, dou outro suspiro, sonhar não me adianta de nada. A diretora termina de falar e começa a dividir as turmas eu acabo ficando na 1º B, me dirijo à sala com calma, chego e não tem ninguém, me sento na frente ao lado da janela, como todos os anos, tenho um pequeno problema na visão, então sempre tive de sentar na frente. Os outros começam a chegar, sempre me ignorando, e eu fico brincando com meus dedos esperando “ele”.

Que logo aponta na porta, o loiro de olhos azuis por quem sou apaixonada á algum tempo. Desde o ano passado pra ser mais exata. Ele é o único que não me ignora, mas eu simplesmente não consigo conversar com ele direito, já que começo a gaguejar sem parar. E ele não tem muita paciência. Quem me dera não ser tão tímida. Ele me olha e sorri, e depois vai para trás, para junto de seus amigos, ele é o capitão do time de futebol, mas quando o assunto é estudo é um completo lento. Para não dizer como o professor um completo idiota. Para mim ele é apenas lento.

E falando do dito cujo, o professor entra na sala, como sempre com cara de poucos amigos. Olha para mim como sempre, o desprezo e admiração misturados. É sempre assim desde a quinta serie, quando eu fiz uma conta de faculdade em um minuto com a cabeça, e sem anotar nada. Ele me desprezava por eu ser tão calada e por ter conseguido ganhar dele, e a admiração era pelo mesmo motivo, vai saber o que se passa na cabeça desse maluco.

“Hyuuga Hinata mais respeito, ele é seu professor”

– Sejam bem vindos alunos, muitos daqui merecem estar aqui - Ele olha pra mim. –E já outros nem sei como conseguem ser tão caras de pau e sortudos- Ele olha para o Naruto. – E como sempre vamos arrumar a sala de um jeito que de pra dar aula, pra começar, Uzumaki Naruto venha para frente sentar ao lado da Hyuuga, quem sabe assim você não se contagia com um pouco de inteligência? Só pra variar. – Enquanto ele falava meu coração foi a mil, e pode ter certeza que eu estou mais vermelha que um pimentão. Ou um tomate, ou qualquer coisa bem vermelha mesmo, meu rosto estão tão quente que poderia fritar um ovo.

“Hinata se controle, se controle.”

Ele pega suas coisas senta na carteira ao meu lado, da um daqueles sorrisos magníficos, e senta olhando para trás novamente. O professor o pega pela camisa e o faz se virar.

–Eu estou aqui na frente Naruto, e não lá trás. Você só vai aprender se prestar atenção em mim, e não nas bobagens que seus amigos falam. E não vá pensando que vai passar de raspão esse ano novamente, pois eu faço questão de lhe dar um empurrãozinho pra que você fique comigo mais um tempinho. – Ele disse com um sorriso que fez todos engolirem em seco.

– Bom, vamos terminar de arrumar a sala. – Ele falou como se o momento anterior não tivesse existido, e assim foi mudando os alunos de lugares, enquanto o Naruto olhava para o quadro com um bico contrariado, e eu tentava me acalmar olhando para fora. Talvez esse ano não fosse tão monótono assim.