Prólogo.

O doutor Peter Wentz andava com as mãos no bolso rumo a um dos laboratórios de maior prestígio de Chicago comandado por um grande pesquisador chamado Spencer Smith. Estava temendo a razão das dores fortes de cabeça, porém não queria deixar de ter esperanças. Não poderia deixar de ser assim, porque a esperança sempre morreria por último em seu coraçãozinho.

Assentou-se em uma das cadeiras desconfortáveis após ajeitar o casaco de cor escura que tinha posto. Peter também ajeitou os óculos de armação retangular nos olhos e sorriu para atendente. Para distrair-se o moreno folheou uma revista vagarosamente tentando se interessar por uma matéria, totalmente em vão. Os ponteiros do relógio pareciam não querer andar, para desespero do pequeno garoto. E o pior, a dor estava lá, mas essa não era tão impossível assim. Ele ao menos se locomovia.

Após uma não tão longa espera, porém não menos angustiante, o Doutor Smith o recebeu. Peter olhava o consultório de cor clara e calmante com atenção, embora não ligasse muito pra aquilo. Sentou-se na cadeira e olhou dentro dos olhos azuis do doutor que tinha um sorriso profissional nos lábios. Um sorriso que, na verdade, ele não queria ter. Eram amigos fora dali, mas naquele local deviam prezar pelos bons médicos que eram. Peter como psicólogo e Spencer como neurologista.

“Peter,” disse Spencer, não querendo ter que dar aquela notícia ao menor que lhe olhava com os olhos medrosos como a de um menino que acabara de ser repreendido pelo pai. “não sei como te dar essa notícia, não queria que fosse eu que tivesse que te dizer, entende?” Spencer engoliu em seco e segurou a mão do mais velho.

“Sem rodeios, Spencer.” Queria logo acabar com essa tortura de uma vez por todas. O de olhos amendoados e expressivos sentia as lágrimas querendo inundar seus olhos, deixando a situação mais difícil para o médico amigo do garoto. “Diga logo o que eu tenho e quando eu vou morrer”.

“As notícias que eu tenho para você não são nada boas.” O mais novo começou e o mais velho sentiu que o coração fosse parar. Viu o seu chão sair de debaixo dos seus pés e a visão turvou-se mais com as lágrimas que agora desciam livremente por seus olhos os fazendo adquirir um tom vermelho. Smith continuava a segurar as mãos do menor e a acariciava como um amigo que era. “Existe um câncer, Peter, no seu cérebro que está te consumindo pouco a pouco e... Eu ainda não conheço uma cura para isso.” Spencer terminou de dizer, apertando a mão do outro para passar-lhe segurança e demonstrar amizade. “Sinto muito, Pete, mas tenho que te dar um ano de vida”.

“Está tudo bem”, Tentou mentir, mas o choro que caía dos olhos dele não podia negar. Não estava tudo bem.

Pouco tempo depois e mais calmo, Peter foi para sua casa. Sequer quis ir ao consultório trabalhar. Entrou em seu carro e foi para casa. Não ia contar ao marido sobre o tumor que o tiraria de seus braços. Ao chegar em casa, aproveitou que Ryan estava fora de casa e chorou tudo o que quis. Só podia esperar que o tempo passar e a sua morte chegar. Infelizmente era só isso que podia e iria acontecer.