O Outro Weasley E A Outra Potter escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 2
Estranhos conhecidos




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Capítulo 2 – Estranhos conhecidos

         A garota corria desesperadamente. Os cabelos negros esvoaçando. A chuva e o sapato xadrez que usava não facilitavam sua corrida, muito escorregadio. E seus machucados também não.

         Alguém a puxou pela mão quando passou pelo beco escuro, e já ia gritar e morder a pessoa, mas uma voz, que a fez suspirar aliviada, disse:

- Shhh! Desde que voltou assim ficou mais medrosa – e mesmo nessa situação, ele brincava.

         Ela também não pode deixar de sorrir, mas parou ao ouvir o som metálico de alguém batendo numa lata de lixo.

- Estão por aqui – disse uma voz fria. Era um Comensal da Morte.

         Passos na água. A chuva começou a se intensificar.

         O garoto e a garota respiravam pesadamente. A água já caía torrencialmente em suas cabeças e estavam cansados e fracos. A menina deu um grito alto quando um braço a segurou próximo a outro corpo. Maior e mais forte.

- Te achei – a voz era cheia de malicia e crueldade.

         Tampou a boca dela, enquanto o garoto virava-se e berrava: - Solta ela, vagabundo!

         Mas o Comensal só riu, enquanto outros dois Comensais chegavam pelas costas do garoto e apontavam as varinhas na nuca dele, deixando-o imobilizado.

- Nosso mestre está atrás de vocês dois pirralhos há muito tempo para deixarmos vocês escaparem agora – o Comensal que prendiam a menina disse, e riu cinicamente, enquanto os outros dois o acompanhavam.

- Como se três cobrinhas idiotas como vocês fossem nos derrotar – quase berrou a garota, se debatendo fortemente nos braços do homem de manto preto.

         Mas eles só riram: o que crianças poderiam fazer com eles?

         A garota mordeu o braço do homem até sentir o gosto do sangue, doeram seus dentes. Enquanto o Comensal a largava rapidamente, ela cuspia o pouco sangue e tentava tirar o nojento gosto da língua. O sangue vermelho fez uma poça d’água mudar a coloração.

- AGORA! – gritou ela.

         O garoto virou-se e deu um chute nas “partes” do Comensal que o prendia com a varinha na nuca.

         A menina virou-se e, num golpe incrível, deu um chute no rosto do outro Comensal da Morte, desacordando-o como o outro.

         Só sobrara um, e este lançou um “Estupefaça!”, mas o garoto desviou o feitiço com um simples aceno de mão, e deu um soco na cara do homem, quebrando sua máscara de caveira.

         E, o que viera a seguir, ninguém esperava. Uma quarta voz fria gritou:

- Confringo!

         O Comensal aparatou, na hora em que o feixe de luz negra explodia na frente da garota.

         Ela gritou com a explosão de chamas em sua pele, e desmaiou em dor. O garoto, um pouco arranhado e machucado, se aproximou. Nervoso e respirando irregularmente, pegou a garota facilmente nos braços.

         E aparatou, para logo depois cair em um jardim, fraco.

                                              

ooOoo

         A Sra. Weasley colocava a louça para lavar magicamente, escutando a conversa dos seus amigos e familiares.

         Hermione já tinha chegado n’A Toca para passar as férias de verão e esperar o sétimo ano de Hogwarts.  Sirius, Remo e Tonks estavam na mesa juntamente com Fred e Jorge que saiam da loja para almoçar e jantar, ás vezes.

         Gui e Fleur, que já tinham se casado, ouviam rindo as histórias contava sobre os tempos dele e Tiago em Hogwarts. O Sr. Weasley também ria, animado.

         Todos pareciam imensamente felizes, apesar das imagens de três meses atrás ainda estarem frescas em suas cabeças. Não foi fácil para ninguém superar a perda de Harry e Gina, não completamente.

         O primeiro mês parecia não ter fim. Rony se trancara no quarto e só saíra quando Mione chegou dias depois, mas esta chorava horrores tal como Ron, que nem se importava de chorar pela morte do melhor amigo.

         Sirius parecia ter acabado de sair de Azkaban, como quando fugiu, mas, pelo menos, agora, estava livre. Depois de uma longa conversa com o ministro, Rufos Scrimgeour, e um julgamento tendo Amélia Bones como juíza.

         Remo também ficara cansado, velho e triste. Era o filho de seus falecidos melhores amigos, era quase como se fosse sua culpa. Tonks ficara com os cabelos brancos e caídos durante muito tempo.

         Dumbledore também estava mais velho do que nunca visto. Minerva McGonagall e Hagrid também ficaram bem abalados.

- Então, quando ele não estava olhando, jogamos um pó na poção dele... – mais risos - e o cabelo ficou rosa e a pele amarela florescente! – finalizou Sirius as gargalhadas, como o resto da mesa. O sorriso não chegava aos olhos.

         Fred caíra da cadeira de tanto rir. Até Molly não pode deixar de sorrir das bobeiras de Sirius. Parecia que ele e os gêmeos tinham um dom para alegrar mesmo em tempos de guerra.

         Mas, todos pararam, de repente, ao ouvir o inconfundível som de aparatação no jardim.

         Todos puxaram as varinhas, até Rony e Hermione, que mesmo indo para a escola para o último ano, já eram maiores de idade.

         Caminharam hesitantes, em direção a porta da frente, mas, quando chegaram lá, só avistaram duas pessoas caídas no jardim.

         Um garoto e uma garota, e esta parecia inconsciente.

         O garoto era ruivo numa cor flamejante, tinha os olhos numa cor de mel profundo, e poucas sardas no rosto. Tinha uma aparência forte, mas não passava de um adolescente. As jeans azuis e a blusa preta um pouco rasgadas, o que fez Molly dar um bufo e murmurar algo parecido com um “que desleixo!”.

         A garota tinha cabelos negros encaracolados e uma franjinha cobria sua testa. Os olhos estavam fechados. A pele era num tom pálido, mas devia ser por causa dos machucados. Ela usava uma roupa que seria bonita, se não fossem os grandes rasgos. A blusa verde tinha uma das mangas rasgadas e a bainha parecia ter sido arrancada, mostrando a, ferida, barriga da menina. Ela só tinha um dos pés do sapato xadrez e sua calça jeans também tinha enormes rasgos nos joelhos.

         Os dois tinham os cabelos e o corpo encharcados, apesar de fazer um lindo dia ali fora. O garoto ruivo tinha leves arranhões nos rostos e nos braços, e um grande corte no tornozelo.

         Mas a menina era a mais machucada ali.

         As mãos pareciam queimadas. Do ombro que tinha a manga da camisa rasgada, tinha um enorme corte de onde o sangue escorria. A barriga tinha uma queimadura, porém menos do que nas mãos. E na bochecha direita tinha um corte fino, como se tivessem passado uma faca ali.

         Molly foi a primeira a reagir quando o ruivo falou:

- Por favor, nos ajudem... – a voz não passava de um sussurro, mas no silêncio era ouvido claramente.

         A matriarca Weasley correu até eles, nem se importando se era um truque de Comensais ou não, eram crianças. Conjurou uma maca e, com ajuda do garoto, deitou a menina ali.

- Obrigado, obrigado – murmurava o garoto sem parar. Ele parecia perturbado.

- Tudo bem, querido – respondeu gentilmente, enquanto levava a menina flutuando para a Toca.

         Ninguém ousou fazer uma pergunta quando Molly levou os dois adolescentes para dentro da casa, desafiar Molly Weasley quando ela curava alguém não era bom.

         Entrementes a seguiram. Meio hesitantes e meio preocupados.

         Chegando em absoluto silêncio na sala, viram a Sra. Weasley deitando delicadamente o corpo da menina, enquanto o garoto atirava-se ao chão, ao lado da mesma. Por mais machucado que estivesse, parecia ignorar isso, e olhava visivelmente preocupado para a garota.

         Ficaram de pé, próximos ao sofá. Talvez pudessem ajudar em alguma coisa.

- O que a machucou? – perguntou Molly – Se eu souber será mais fácil curá-la.

         O garoto precisou de um tempo para responder, e tinha muita dor na voz sussurrante:

- Eu não sei exatamente. Por um momento nos separamos, estávamos fugindo de três Comensais da Morte – ele agora parecia raivoso – e no outro corríamos por direções diferentes. A vila em que estávamos não era muito grande, mas o suficiente para nos escondermos. Não sei o que fez esses cortes no ombro e na bochecha.

         Ele respirou fundo antes de continuar:

- Vi-a correndo pela rua, e a puxei de volta para o beco que eu estava escondido. Mas ouvimos um Comensal falando e outro apareceu e a agarrou por trás, e os outros dois também apareceram e apontaram para mim. Em um momento, Malí mordeu o braço do Comensal que a segurava, e ele a soltou. Chutei o outro, e ela chutou o outro na cara, eu soquei o último e todos estavam desacordados – agora a voz tinha um ódio mortal, era quase venenosa e cortava furiosamente o silêncio pesado que tinha ali – Não esperávamos pelo quarto Comensal, e ele lançou uma Maldição da Explosão diretamente nela. Pegou um pouco em mim, mas nada demais. Quem recebeu realmente foi Malí.

         Todos estavam no maior silêncio ouvindo a historio do garoto ruivo, e não sabiam o que dizer quando este terminara.

         Mas, Molly começou a conversar com o garoto enquanto executava feitiços de cura na garota morena.

- Quais são seus nomes?

- Sou Nicholas Jimmy. Essa é minha namorada, Mary Lílian – por uns instantes, ninguém disse nada.

         Já tinham conhecido um Harry Tiago, e vinha do nome do pai Tiago Potter. E a mãe, Lílian. Mas... Não, não. Seria impossível.

- Pode me chamar de Nick – ele agora parecia menos preocupado ao ver as queimaduras e os cortes sumindo de sua namorada Mary – O nome que minha mãe me deu, Nicholas Jimmy.

         E revirou os olhos.

- Para Mary tanto faz como a chamam, mas decidi chamá-la de Malí. Sabe Mary-lian – e deu de ombros, antes de suspirar aliviado.     

         Nicholas tirou uma mecha preta do rosto de Mary, enquanto a mesma tremeluzia as pálpebras, ameaçando acordar.

         O fato seguinte espantou a todos.

         A garota abriu os olhos, e eles eram espantosamente verdes. Eram num verde esmeralda, num verde-vivo, num verde Maldição da Morte, enfim, era idêntica a cor de Harry e Lílian Potter, ambos falecidos, é claro.

         Mas acharam impossível. Sirius balançava a cabeça enquanto murmurava “qualquer um pode ter a cor desses olhos, qualquer um”, aparentemente, a morte do afilhado o afetara mais do que deixava transparecer.

- Nick – murmurou uma doce voz, era quase melodiosa. De Mary.

- Oi, anjo? – perguntou ele, risonho.

- Gostei do soco – e sorriu.

         Nick riu, mas os outros estavam chocados demais.

         A garota, de fato, parecia recuperar o humor bem rapidamente.

- Gostei do chute na cara deles, anjo – devolveu o ruivo, sorrindo também.

- Ah, se é para chutar cobrinhas, chuto logo direito, não?

         Molly, que ouvia calmamente a conversa dos dois, indagou:

- Você se sente bem, querida? Não precisa de nada?

         A garota virou seus olhos verdes para a mulher ruiva que a perguntava. Por um momento, seus olhos brilharam em reconhecimento e felicidade, mas ninguém reparou realmente.

- Nada, obrigada Sra...

- Weasley. Mas me chame de Molly, por favor – respondeu ela.

- Nada então, Molly. Obrigada realmente por cuidar de mim – e a garota sentou-se.

         Agora que não tinha uma queimadura grande na barriga e machucados no corpo, notava-se que ela era magra e nem tão pálida quanto antes.

- Por que tinham Comensais da Morte atrás de vocês? Vocês são bruxos? – conseguiu indagar Gui, que até agora não se manifestara.

- Sim, somo bruxos, só não fomos para nenhuma escola de magia – quem respondeu essa pergunta foi Nick.

- Na realidade, só perseguem Nick por ele ser meu namorado. Querem a mim, para ser sincera – falou, corando, a morena.

- Você? Por quê? – perguntou Hermione franzindo a testa.

- É. Uma coisa de meus pais com Voldemort. Meus pais escaparam dele algumas vezes e isso não o deixou contente. Mas o Lord Titica os matou depois, quando eu ainda era bebê. Mas não chegou a me matar, obviamente. E desde que retornou vem tentando terminar o serviço – e por mais que falasse da morte, era natural sua voz.

- Pois é.

- E seus pais, Nick? – perguntou Rony, coçando a nuca. Esses dois eram estranhos, afinal.

- Bom... – ele parecia desconfortável em falar nisso, e se moveu inquietamente no sofá, ao lado de Mary Lílian – eles sumiram faz muito, muito tempo. Quase sempre fui eu e Malí.

         Quem perguntou algo dessa vez foi Remo: - Quantos anos vocês tem para conseguirem derrotar Comensais da Morte?

- Olha a idade é relativa. Você não precisa ser adulto para derrotar um Comensal. Se você souber usar mágica ou chutar e socar, mesmo criança, já pode ganhar deles – respondeu pensativamente, Nick, um dedo no queixo.

- Apesar de ele estar certo – revirou, dramaticamente, os olhos, Mary – esqueçam o Nick disse. Mas ele tem dezesseis anos e eu tenho quatorze. Bom, sou meio baixa para ter quatorze, mas tudo bem.

         E sorriu.

- Quais Comensais estavam atrás de vocês? – perguntou Arthur. – Talvez o Ministério possa localizá-los.

- Duvido muito, um deles é um “protegido” do Tio Voldy – e abafou uma risadinha, Mary.

- Um deles era Lulucy Malfeito – respondeu Nick – o outro era Thompson, outro era o... Como é mesmo o nome, anjo?

- Não lembro direito... Ah é! Owen Forline. Eram dois iniciantes e um idiota, fiquei surpresa deles terem nos pego por uns instantes. Mas não lembro o nome do que me lançou a Maldição.

- Seja quem for, irei pegá-lo e rasgá-lo em pedacinhos até não conseguir andar e implorar pela morte. Aí, vou mandá-lo ao inferno e ainda dizer “Quando chegar lá avisa pro diabo que fui eu que te mandei” – terminou Nick, rindo das caras que Remo e Hermione faziam, mas tinha uma nota de convicção em sua voz.

         Mary soprou um beijo para o namorado, sorrindo.

- Bom, realmente agradeço por cuidarem de Malí, não sou útil com feitiços de cura.

- Sabe fazer magia, sem varinha? – perguntou um impressionado Sirius.

         Mary e Nick coraram, mas ele respondeu:

- Não, eu tenho uma – e tirou uma do bolso, o que ninguém viu é que ele conjurara um graveto, bem parecido com uma varinha mesmo, agora – Só não é confirmada no Ministério, então não podem nos localizar.

- Por isso não puderam mandar uma carta de uma escola de magia para nos convidar. Como convidariam alguém que não existe? Porque, mesmo sendo trouxa nascido bruxo, eles tem os dados lá – respondeu Mary, num tom de aula.

         Os que não sabiam disso ergueram as sobrancelhas, surpresos.

- Agradeço novamente – e Nick colocou um braço na cintura de Mary Lílian e já iam saindo.

- Aonde pensam que vão? – perguntou Molly severa.

- Temos de ir embora, não queremos incomodar e nem que Comensais comecem a procurar pela gente – disse Mary, corando fraquinho, mas parecia bastante na sua bochecha branca.

- Incomodar? – exasperou Molly – Vocês vão ficar aqui.

         Soava como uma ordem, então Arthur se apressou a dizer:

- Se quiser, podemos falar com Alvo Dumbledore, diretor de Hogwarts. Ele pode lhes dar vagas lá, ficarão seguros e sem Comensais os perseguindo.

         O ruivo e a morena se entreolharam.

“Acha que devemos? É uma chance única.” Perguntou o garoto na mente de Mary.

“Devemos sim. E também não quero perder a oportunidade de ficar com eles” respondeu a garota mentalmente.

- Iremos, se o diretor deixar-nos entrar na escola. Porque, bom, não estudamos em nenhuma – falou Nick.

 - Tenho certeza absoluta que Alvo não discordará. Ele sempre protege bem os alunos e aceita qualquer um.

- Se aceita os Sonserinos, é claro que aceita qualquer um – falou Jorge Weasley.

         Hermione e a Sra. Weasley fecharam a cara para ele, mas os outros riam gostosamente.

         O clima ruim sumira. Mas uma coisa ainda permanecia na cabeça de todos ali:

Aqueles dois eram estranhamente parecidos.

         E mais estranho ainda: eram parecidos com Harry e Gina, na aparência, no nome, até mesmo, um pouco no jeito.


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