O Outro Weasley E A Outra Potter escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 11
G, R, S, H




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/169766/chapter/11

Capítulo 11 – G, R, S, H.

         A sala era escura. No canto, havia uma lareira com fogo crepitando monotonamente. Não iluminava muito, enfim. Havia uma pequena escadaria que levava a um trono.

         Trono?, perguntou-se Malí, levemente incrédula.

         O trono, enfim, era um tanto quanto esquisito. Seus apoios de braços pareciam ossos fêmures, grandes e grossos. O encosto e o assento eram pretos, porém pareciam extremamente confortáveis. No entanto, o que assustou Malí de verdade, foram os pés da cadeira.

         Eram rostos distorcidos, braços sem corpo, estendidos. Trouxas. Trouxas gritavam por ajuda e a morena quase podia imaginar os gritos de socorro.

         Sua atenção foi distraída por um homem abrindo a porta dupla tempestuosamente.

- Inútil, Lúcio, é isso que você é!

         Lord Voldemort adentrou no que parecia sua câmara particular. Seus olhos de cobras eram duas fendas profundas, rubras. Sua pele pareciam escamas e sua varinha era perigosamente em sua mão. Ao seu lado, sua fiel cobra, Nagini, rastejava com seus dois metros e meio de tamanho

         Lúcio vinha atrás, ajoelhado, humilhando-se totalmente.

- Como tem a audácia de vir até mim após fracassar no ataque a Westshire?

         Voldemort é tããão idiota, a menina cantarolou mentalmente.

- M-milorde, e-eu não entendo o-o que aconteceu! Por favor! – Lúcio falou, antes de ajoelhar quando Voldemort lhe apontou a varinha. O loiro começou a se contorcer, soltando gritos de dor.

         Malí estava ficando cada vez mais desconfortável em assistir isso. Lúcio não era seu amigo – sem duvida, não -, mas, ainda assim, aquele sentado no trono (os rostos trouxas pareciam ainda mais apavorados) era Lord Voldemort.

         Ele não é o melhor bruxo do século, admito, mas não é idiota, a menina teve que pensar consigo mesma.

- Já se lembrou do motivo pelo qual é fraco, Malfoy?

- Duas... Duas c-crianças...

- Duas crianças? – quem ouvisse quase poderia pensar que Voldemort estava sendo indiferente, ou até educadamente curioso, mas a verdade é que seus olhos vermelhos demonstravam o contrário.

- Estávamos atacando o povoado, tudo saía perfeitamente bem... Quando duas crianças de olhos demoníacos apareceram... E...

- E você foi humilhado por duas crianças sangue-ruim! Estúpido, honre seu sangue!

         Lúcio parecia a ponto de chorar, tamanha humilhação. Malí até melhorou seu humor um pouquinho.

- Mas, m-milorde, essas crianças de olhos estranhos, possuíam mágica!

         Pela primeira vez naquele sonho, Voldemort pareceu ficar interessado: - Conte-me, então, como eram os olhos dessas crianças.

- Prateados como a lua cheia... E suas pupilas... M-milorde, dentro de suas íris prateadas, havia pupilas douradas. Eram douradas como dois holofotes naquela escuridão toda – a imagem de Malfoy apavorado fez Malí rir.

         E ele acha que isso soa demoníaco?, a morena não se conformou que o loiro Comensal fosse tão ridículo.

- Não me importam os olhos, Malfoy, fracassar por culpa te crianças é a coisa mais inútil que você poderia fazer! – Lord Voldemort não dava a mínima e sua voz fria parecia fazer eco.

- M-milorde...

- CRUCIO!

- Outro Weasley – Outra Potter-

Malí acordou na manhã seguinte com leves dores no corpo. Precisou de alguns segundos para se orientar, lembrando do dia anterior. Clube de duelos, sua mente resmungou. Um clarão e uma dor enorme ao tombar no chão.

         Claro. O duelo com Nick.

- Valeu à pena, de qualquer forma – ela murmurou para si mesma.

         Bocejou preguiçosamente e por alguns instantes imaginou o resto do ano. Se somente no segundo dia já estava na Ala Hospitalar, a previsão não era muito animadora.

         No entanto, animou-se completamente ao ouvir vozes na porta da enfermaria, discutindo com Madame Pomfrey.

- Oh, por favor, Poppy! – a morena implorou. As vozes do outro lado da porta fizeram coro.

- Não, não. Você precisa repousar se quiser retornar as aulas ainda de manhã – a careta de desagrado mostrava que deixá-la sair era exatamente o contrário do que Poppy queria, então, levou-lhe a imaginar se Dumbledore tinha feito isso.

         Protestos foram ouvidos do outro lado da porta até, subitamente, pararem.

- No entanto, creio eu, Poppy, que não poderia retornar em outro momento.

         Era a voz de Dumbledore.

         Isso fez Malí tremer em sua cama. Ela tinha a impressão que sabia o porquê do diretor estar ali.

         Madame Pomfrey abriu a porta e, a contragosto, deixou o professor Dumbledore e – felizmente – Nick entrarem.

- Cinco minutos, Alvo, a menina Potter precisa descansar! – ela saiu exasperada para sua salinha ao lado da Ala Hospitalar.

         Um sorriso gigantesco brotou no sorriso de Malí ao ver os dois caminhando em sua direção.

         O diretor, como sempre, estava sorrindo calmamente. Seus olhos azuis faiscavam atrás dos oclinhos meia-lua. A barba branca, tão comprida que poderia ser amarrada no cinto. E sua roupa era púrpura, as vestes arrastando-se até o chão.

         Nick lhe lançava um sorriso absolutamente lindo. Os cabelos ruivos fogo estavam completamente bagunçados e um pouco molhados – o que a fez supor que ele havia acabado de sair do banho. Seus olhos mel tinham certa cumplicidade. Mesmo o uniforme e as vestes de Hogwarts não disfarçavam seu tórax e braços bem definidos pelo treino e pela luta com Comensais.

- Tio Dumby, Nicky! – a menina quase gritou em felicidade.

         O diretor riu e silenciosamente sentou-se nos pés da cama. Nick, por outro lado, bem à vontade, sentou-se ao seu lado na cama, segurando sua mão.

- Espero que esteja bem, Srta. Potter.

- Ah, com certeza, Dumby – o diretor não pareceu se incomodar nem um pouco com o apelido, somente ergueu as sobrancelhas -, aquilo não foi nada!

- Levando em conta que quando paramos, por acidente, na casa dos Weasley, tínhamos acabado de lutar com Comensais... – Nick disse quietamente, porém com um sorriso maroto.

         "Por acidente?" a morena mentalmente riu.

         "Bom. Acidentalmente eu pensei n'A Toca antes de aparatar..." o menino deu um tom de voz/pensamento vago em sua resposta.

  - Sim, fico feliz em ouvir isso. Mas, creio que quando o Sr. Weasley apareceu em minha sala não foi somente para ver se uma de minhas alunas estava melhor, ou era? – Dumbledore sorriu gentilmente.

- Hm. Não, na verdade não – o ruivo acenou positiva, porém nervosamente – Chamamos o senhor aqui para contar algo que mais ninguém sabe sobre nós.

         Malí pigarreou brevemente: - Ninguém, exceto Aluado, Tonks e Sirius, é claro.

- É claro – Nick concordou, perguntando-se como pôde esquecer.

         Dumbledore fez uma expressão educadamente curiosa: - Posso entender, então, que me contaram quem vocês são de verdade?

- Mas... Como você pode saber?

- Nick... É o tio Dumby, nada vindo dele me surpreende, não agora...

         O velho diretor sorriu.

         Foram necessários alguns minutos para contar ao diretor sua história – sobre como morreram e ressuscitaram trocados. Não entraram em detalhes, algumas partes eles próprios não entenderam. Todavia, foram breves. Ainda tinham aulas para enfrentar.

- Compreendo – foi a única coisa que Dumbledore disse ao fim de suas explicações. Ele permaneceu alguns minutos silencioso, girando os polegares, as mãos unidas.

         "Acha que ele nos expulsará?" perguntou Malí temerosa.

         "E depois você diz que eu é não conheço Dumbledore" Nick riu divertido em sua mente. Ela amarrou a cara.

- Ah – Dumbledore disse de repente, olhando em seu relógio de pulso estranho ("Como se olha as horas naquilo?" "Shhh!") – acredito que ambos tenham aulas, não é mesmo? Talvez seja melhor eu deixar vocês irem, enquanto divago.

- M-mas... E agora? – Malí gaguejou.

- Vocês continuaram aqui, até eu pensar em algo – foi a única fala do diretor.

         A sineta tocou no corredor. Nick levantou-se – hesitou, antes de dar somente um beijo na testa de Malí, já que o diretor se encontrava ali – e saiu desembestado para sua aula de Herbologia.

         Malí, por outro lado, caminhou em direção ao banheiro, onde trocaria de roupa. Mas, antes, virou-se para Dumbledore, que lhe sorria distraído.

- Hm... Tio Dumby?

- Sim, Mary? – engraçado como ele já era seu amigo. Assim como quando era Harry, o diretor o chamava pelo primeiro nome. Ela passara de senhorita Potter para Mary, rapidinho.

- Eu quero, e acho que Nick também gostaria, de entrar para a Ordem da Fênix.

         Silêncio.

- Certamente. Eu não poderia imaginar outra coisa de você, Malí – o diretor sorriu divertido, seus olhos azuis brilharam mais que o normal.

- Mande-me um aviso de quando é a próxima reunião, então. Ah. E obrigada – falou, finalmente entrando no banheiro.

         Quando saiu, já devidamente uniformizada, Dumbledore não estava mais na Ala Hospitalar.

         Deu de ombros e sorriu, antes de fechar o rosto numa careta – a cicatriz dera uma comichada. Ignorando, caminhou em direção à sala de Transfiguração, pronta para enfrentar dois tempos com Minerva.

         O resto da semana transcorreu rapidamente. Após sair da estufa quatro, onde tivera Herbologia, sentou-se ao lado de Hermione no almoço, que lhe falou estar muito contente que estivesse bem. Laura entrou fazendo um escândalo no Salão, assim que viu Malí sentada na mesa da Grifinória.

- ADOENTADA! – foi o que ela alegremente gritou, gerando alguns risos.

         Ema e Natália foram mais discretas, mas igualmente felizes. Ron e Nev chegaram bocejando longamente, resmungando algo sobre terem um intervalo antes do almoço. Luna veio da mesa da Corvinal e cumprimentou Malí, aérea – o que fez Nick sorrir intensamente, lembrando-se da velha amiga.

         Colin tinha se sentado com Dennis, um pouco distante, pois conversava com os amigos do irmão e os seus próprios, mas acenou com seu típico sorriso alegre.

         No fim, ela foi para aula de Runas.

         O resto da semana, afinal, foi muito bom. Aula, almoço, aula, tarefas, Nick. Não era uma rotina ruim.

         Na aula de Transfiguração, todos finalmente tinham conseguido transformar objetos em jogos de chá – ou, pelo menos, numa xícara e um bule. Malí ficou sorridente ao transformar uma agulha num jogo de chá completíssimo – até mesmo o chá de camomila estava presente. Minerva lhe concedeu dois pontos. Então, simplesmente avançaram para o próximo assunto: o básico do que era animagia. Isso ela tinha certeza que iria bem.

         Em Poções, Snape ensinava a poção Cura dos Anjos, que poderia curar qualquer corte profundo com um gole e um superficial com uma gota – era como levar pontos, só que em bebida, Nati concluiu ao fim da aula (ela tinha um pai nascido-trouxa).

         Na aula de Herbologia, por outro lado, Malí novamente teve que tirar o pus de bobúteras – Bob teve de ir para a enfermaria após o pus entrar em contato com seu pulso descoberto. E, de acordo com a professora Sprout, ficariam nesse assunto por mais um tempo, pois as bobúteras estavam em época de reprodução, o que gerava muito mais pus (para a felicidade de todos).

         Runas Antigas era surpreendentemente divertido e logo Malí se viu traduzindo algumas frases da parte de trás de seu livro – como essa era a única matéria que não tinha feito no quarto ano, era a única que realmente aprendia algo.

         Em Feitiços, Malí ficou, definitivamente, muito contente em já ter passado pelo quarto ano e ter aprendido todas essas coisas, porque estavam aprendendo o Feitiço Convocatório, ou seja, o Accio. Toda turma parecia estar tendo dificuldades, exceto ela que, sob olhares incrédulos, conseguiu na primeira tentativa. No fim daquela classe, um Corvinal – que era a casa com qual tinha a aula – muito ciumento, xingara-a de nerd Potter, o que lhe rendeu uma azaração que lhe fez ficar piscando como luzes de natal o dia todo (Madame Pomfrey não conseguiu reverter o feitiço até que o efeito passasse, naturalmente). O Corvinal não voltou a perturbá-la, e toda turma ainda tentava convocar algo.

         Astronomia era um completo tédio, quarta à noite. Ela – e suas amigas concordavam plenamente – ainda não entendia por que, diabos, tinham de observar os astros. Quando entrara na turma de N.I.E.M.s, em sua vida passara, nunca mais usara isso. Como se saber que Saturno alinhado com a Terra trazia má sorte fosse algo útil...

         Tiveram Duelos mais uma vez na sexta-feira, porém Dumbledore achou que tinha tanto agito todas as casas juntas, que decretou novas turmas. Sonserina e Grifinória, Corvinal e Lufa-Lufa – o que fez muita gente ficar "contente". Nick sorriu largamente nessa hora e quando Rony perguntou por estava tão feliz, ele respondeu que poderia azarar Malfoy. O que fez o ruivo rir, mas Mione fechar a cara.

         Defesa Contra as Artes das Trevas novamente se tornou a matéria favorita da maioria – afinal, nos últimos dois anos, com Snape e Umbrigde, ninguém teve muito que gostar. Perguntara ao Remo, no final de uma aula, quando aprenderiam sobre dementadores, mas ele somente lhe disse que era matéria do quinto ano, a Sapa é que não dera. No momento, aprendiam sobre maldições (Malí conhecia tantas maldições, nessa vida, que nem mesmo considerava as que viam na aula, negras, exatamente).

         História da Magia, assim como Astronomia, era uma perda de tempo. Mas, pelo menos, era um tempo a mais – duas vezes por semana – para dormir, ainda mais que a aula era sempre os primeiros horários.  

         Malí, assim como Nick, estava muito feliz em não encontrar Trewlaney – na verdade, nem a vira esse ano, o que era, de fato, um progresso. Para ir até uma sala de aula ouvir sobre sua morte, era mais fácil ela simplesmente pegar edições antigas do Profeta Diário que contassem a morte de Harry Potter.

         Aliás, a questão dela ser uma Potter era uma grande dúvida. Quinta de manhã, ela e seus amigos se surpreenderam ao   ver a matéria da página dois: "Mary Potter, parente ou inimiga?" . Isso a aborreceu, mas Nick, como sempre, fez seu humor melhorar significativamente, de noite, sozinhos.

         Ela via que os alunos e os professores a observavam, tentando descobrir algo sobre ela e sua família, já que Malí nunca falava nada sobre o assunto. Bom, não era exatamente chegar e dizer "Oi, meus pais são James e Lílian, e eu sou, na verdade, Harry Potter, ressuscitada!", então, deixara quieto. Os únicos que sabiam, de fato, sobre sua identidade, eram Nick, obviamente, Dumbledore, Sirius, Remo e Tonks, que parecia contente por estar sendo incluída nas conversas do grupo.

         Depois de uma exaustiva semana, Malí se encontrou contente ao se jogar no sofá, no Salão Comunal, depois de uma – e a última do dia – cansativa aula de Poções. Este, o Salão, se encontrava vazio, o que mostrava que os alunos ainda tinham uma aula – o que era certo, pois ainda tinham um horário, só que este era livre.

- Como o Snape é chato – Laura resmungou ao seu lado – já estava com câimbras nos braços de tanto mexer a varinha para mexer a poção, quando aquele lá me mandou parar, dizendo que estava errado!

- Estávamos lá, não precisa repassar os detalhes da tortura – Nati murmurou, estirada em uma poltrona.

         Ema fora a única que ficara sentada corretamente. Laura e Malí estavam de costas uma para a outra, quase morrendo sentadas.

- Hm. O Morcegão Seboso é mesmo um saco – falou, de olhos fechados.

         Diante do silêncio, abriu os olhos e viu suas amigas olhando-a com curiosidade: - Que foi? Tem algo na minha cara?

- Não. É que só agora percebemos uma coisa – Ema disse e as outras duas concordaram – não sabíamos que você era tão...

- Bagunceira?

- Não, não. Não sabíamos que você era tão...

         Malí sorriu maliciosamente: - Marota? – sugeriu alegre.

         Laura acenou positivamente: - Isso! Marota... Mim gostar.

- Mim não gostar quando tu falar como retardada – Nat implicou, recebendo uma almofadada da outra.

- Morcegão Seboso, tia Minnie, tio Dumby, Filézinho Flitwick... – Ema foi interrompida por Mary.

- Ah, admitam, esse foi genial, quero dizer! Filius, Filézinho... Sabe a altura e tal... – a morena explodiu em gargalhadas.

         Conversaram durante mais alguns meninos, sendo que um apressado Dennis passara correndo pelo quadro da Mulher Gorda e fora até o dormitório – de onde não tinha voltado, ainda.

- Hm, meninas... – Malí hesitou. E o seu tom inseguro fez as meninas olharem para ela com extrema curiosidade – Eu tenho algo para mostrar a vocês...

 - O que, o quê? – Lay e Nati se amontoaram, fazendo um corinho ansioso.

- Eu não sabia se vocês iam aceitar, e eu sei que só somos amigas há uma semana... – a morena foi novamente interrompida, mas dessa vez por Ema.

- Nós sentimos como se fosse mais, e falo por todas nós – as meninas sorriram, concordando com Em.

         Malí sorriu para elas, antes de prosseguir: - Assim como também não sabia se vocês eram do tipo "quietinhas" ou "super-ativas-ligadas-na-tomada-quero-aprontar-todas".

- Segunda opção! – Laura falou sorridente.

- Percebi – Malí riu alegremente – então, acho que posso mostrar para vocês um dos meus maiores segredos.

- Uhhhh – as três fizeram juntas, se aproximando mais de Malí para ver o pergaminho que ela tirava do bolso.

         Natália olhou aquilo melhor e, confusíssima, indagou: - Um pergaminho velho? O que, Merlin, gostaríamos de fazer com um pergaminho velho?

          No entanto, para a surpresa das garotas, Malí riu – riu porque se lembrou de si mesma, no terceiro ano, fazendo essa pergunta para Fred e Jorge.

         Ao invés de responder, a morena simplesmente disse, enquanto batia uma vez, suavemente, com a varinha no pergaminho: - Juro solenemente não fazer nada de bom.

         Linhas começaram a se formar sob os olhares impressionados das meninas. Uma caligrafia elegante apareceu, formando logo as palavras:

Os Srs. Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas

têm a honra de apresentar

O MAPA DO MAROTO

         Malí abriu o Mapa. Linhas mágicas começaram a se formar, tantas e tão rápido que era difícil acompanhar com os olhos todas elas. Logo elas viram algumas formando salas e corredores, como um grande retângulo escrito Salão Principal, ou Sala de Feitiços.

- Fantástico! – Nati exclamou quando Hogwarts inteira estava formada.

Passos surgiram pelos corredores, as salas de aulas tinham tantos nomes juntos que se sobrepunham um aos outros, sendo quase impossível de se ler. Argo Filch e Madame Nor-r-r-a caminhavam pelo terceiro andar.

- Este é mesmo Dumbledore? – Laura apontou excitadamente para o pontinho de Alvo Dumbledore, que andava parecendo impaciente – se é que pontinhos podem parecer impacientes – em seu escritório.

- Sim. Andando em seu escritório, agora mesmo. Ele faz muito isso – Malí sorriu. O diretor, de fato, fazia muito isso. Ainda mais agora, com a guerra para lotar a mente de todos.

- Maneiro! Imagine como poderemos implicar com os Sonserinos?

- Sinistro! E com Filch?

- Incrível! Simplesmente... Incrível!

         Laura continuou olhando o pontinho que indicava o diretor, até ele, misteriosamente, desaparecer.

- Ué! Sumiu! – e começou a bater com a varinha no mapa – Tem certeza que isso não tá com defeito, Malí?

- O Mapa nunca erra – a morena respondeu seriamente e depois deu um sorrisinho – o tio Dumby provavelmente aparatou.

- Não dá para aparatar em Hogwarts – Ema respondeu prontamente, parecendo uma "Hermione-mirim".

         Ãh, ãh, é aí que você se engana, mas o que disse foi: - Ele é o direba, o todo-poderoso-tio-Dumby, pode fazer tudo.

         Todas explodiram em risadas. Repentinamente, estavam num clima mais leve, descontraído. Confiança – essa palavra era tão engraçada. Malí só tinha se sentido assim com Mione e Ron, mas, de repente, sentia-se assim com muitas pessoas. Isso era um bom sinal.

- Hm. Mas, então, quem são os tais senhores... – Natália começou e leu no pergaminho, já fechado, mas não apagado – Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas.

         Malí hesitou. Falar isso exigia muitas coisas. Bom, não exatamente impinge que eu fale que era Harry Potter, pensou. Mas envolvia muitas outras coisas, com certeza.

- Aluado é o professor Lupin e Almofadinhas é o professor Black – Malí disse lentamente e viu os olhos das amigas se arregalarem – Rabicho e Pontas eram seus amigos.

         Não precisava falar que Rabicho era Pedro Pettigrew e Pontas, Tiago Potter. Nem que Tiago Potter era seu pai. Ou Sirius seu padrinho, assim como Remo.

         Não precisava.

         Mas por que ela sentia tanta vontade de dizer?

- Sério? – Ema disse chocada e subitamente ergueu as sobrancelhas – Ah, por isso você parece conhecer os dois tão bem!

- Pareço? – Malí perguntou confusa. Tinha demonstrado tanto assim que era amiga dos dois professores?

- Sim – a loira respondeu e, vendo a cara de preocupação da amiga, completou – não que você tenha dado muita bandeira, mas sou observadora.

- Observadora? Essa menina tem os olhos de águia! – Laura e Natália afirmaram prontamente. A primeira cutucou a bochecha da amiga, que riu, e Natália arregalou os olhos, como se indicasse seu argumento.

         Águia? Malí sorriu. Por que ultimamente tantas palavras pareciam estalar em sua cabeça, como se faltasse algo? Mas, parecia... Águia, olhos de águia... Ema era muito inteligente...

         Sentou-se direito no sofá, passara tanto tempo sentada errada que as costas lhe doíam. As suas amigas continuaram a examinar, curiosíssimas, o Mapa do Maroto. "Olha, o Seboso Snape!", gritou Laura. "Até você?", indagou Nati.

         Inteligência, olhos de águia... Ema ficaria perfeita como Corvinal. No entanto, por que ainda lhe parecia completamente errado que Ema estivesse na casa da Corvinal? Ela ficaria perfeita... Mas não como Corvinal, e, sim... Urgh! Seu cérebro deu um nó.

         "Quem são os tais senhores Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas?"

         "...têm a honra de apresentar... O MAPA DO MAROTO"

         "Não sabíamos que você era tão... Marota?"

         "Essa menina tem olhos de águia!"

         Essas palavras rodaram em sua cabeça, repetindo-se durante alguns instantes. Foi despertada pelo chamado de Laura, que estalava os dedos em frente ao seu rosto.

- Grifinória para Malí, responda Malí... Grifinória para Malí! – berrou em seu ouvido.

- É isso! – Malí gritou, correndo para os dormitórios.

         As outras três se entreolharam. Nati suspirou: - Eu sabia que um dia ela piraria.

- Você é tão dramática, Nati – Ema riu.

- Ei, tente dizer isso cinco vezes, rápido. Dramática Nati, dramática Nati, dramática Nati, dramática Nati, dragmatica... Ah, droga! – Laura frustrou-se.

         Nesse meio tempo, Malí voltara com um pergaminho em mãos.

- Entãããão, qual a piração do dia, Malí? – Nati perguntou com alegria.

         A morena revirou os olhos, ignorando o comentário e dizendo: - Vocês gostaram dos Marotos, não é?

- Sim – responderam em uníssono, perguntando-se onde isso iria terminar.

- E gostariam se eu dissesse que eles eram os maiores encrenqueiros da escola, pregando peças, enlouquecendo professores?

- Sim.

- Então, bem-vindas – Malí acenou a varinha e as palavras escritas por ela acenderam no pergaminho.

         As três se amontoaram para ver.

         Damas de Hogwarts brilhava em letras coloridas.

         E, pela cara das meninas, elas não tinham entendido pacas daquilo. Malí suspirou impacientemente: - Marotos... Damas de Hogwarts... Aprontar? – ela sugeriu.

         O olhar das garotas se iluminou.

- Você está sugerindo o que eu penso que estou? – Laura começou.

- Eu acho que ela está sugerindo o que pensei – Natália prosseguiu.

- Você não está sugerindo que sejamos as novas encrenqueiras, chamadas de... – Ema foi interrompida, pois todas completaram juntas: - Damas de Hogwarts!

         Malí acenou positivamente.

- Cara, isso é tão maneiro! – Laura exclamou, entretanto, parou por um instante – Por que de Hogwarts, e não de Grifinória?

- Ahm, bem. Como falei, analisei vocês essa semana. Se não fossem bagunceiras, mostrar o Mapa do Maroto não faria sentido. Mas, não descobri que vocês são outras coisas além de bagunceiras.

- Ah! – Ema exclamou, entendendo o porquê de Damas de Hogwarts, e, não, de Grifinória – Inteligência, perspicácia, gentileza.

         Malí concordou rapidamente: - Bravura, nobreza, ousadia, sangue-frio.

         Natália olhou para as duas amigas, bem confusa, mas ainda assim...

 - Justiça, paciência, lealdade, sinceridade.

         Laura apertou os lábios.

- Astúcia, ambição, desrespeito às regras, união.

         Ficaram em um silêncio solene por alguns segundos, até que Laura não agüentou mais: - Mas, não pode ser, quero dizer, eu representar a casa dos malvados?

         Mary balançou a cabeça desaprovadoramente.

- Não a casa dos malvados. A Casa Sonserina.

- Não melhorou muito, sabia? – Laura fez um bico inconformado.

- Malí quer dizer – Ema rolou os olhos para a amiga – que só porque a Sonserina teve Você-Sabe-Quem e têm muitos...

- Muitos!

-... muitos seguidores das Trevas, não quer dizer que não tenha seu valor e sua honra. Todas as casas de Hogwarts são importantes e somente uma não poderia constituir o castelo. Por isso eram quatro fundadores e, não somente, um.

- Ema – disse uma impressionada Natália -, você representa mesmo a Corvinal. Ema Dobs, representante de Rowena Ravenclaw. Soa importante, né?

- Rawvyn – Malí disse, de repente.

         Todas lhe olharam.

- Como assim "Rawvyn"? – Lay estranhou.

- Bem... Os Marotos tinham um apelido não é? Digo, o apelido de Sirius Black é Almofadinhas e o de Remo Lupin, Aluado. Então, por que não teríamos um também?

- Justo – concordou Ema – mas por que Rawvyn?

- Ora, vocês não têm criatividade! – Malí infantilmente cruzou os braços e fez um biquinho – Rowena Ravenclaw não lhes diz nada? N-a-d-i-n-h-a?

- Um pouquinho, se você pensar bem – Nati concordou, depois de pensar um pouco – vejam. Ro-we-na Ra-ven-claw. R-a-w-v-y-n.

- Uh, uh, e o meu, e o meu apelido? – Laura ergueu a mão ansiosa. Parecendo aceitar bem, mesmo alegremente, o fato de que representava a Sonserina.

- Hmmmm. Que tal... Slynn? – Ema sugeriu.

- E o que, Merlin, isso tem haver? – Nati se confundiu, recebendo um olhar feio da loira.

- Não, faz sentido. Sa-la-zar Sly-the-rin. S-l-y-n-n – Malí aprovou sorridente, assim como Laura, que quase gritara "Esqueçam o Laura, ou o recém-adquirido, Lay! Agora eu sou... SLYNN!". Felizmente, não havia nenhum aluno no Salão Comunal.

- Ah, já até sei o da Nati! – uma animada Lau, quer dizer, Slynn, exclamou – Hufflyn!

- Mas Helga Hufflepuff nem mesmo tem esse "yn", de onde surgiu, afinal? – Ema perguntou com o cenho franzido.

- Ah, não chateia! É só para combinar com Rawvyn e Slynn, afinal – Laura mostrou a língua.

- Além do que, eu gosto. Obrigada, Slynn – Nati agradeceu.

- De nada, Nat... Quer dizer – Laura se corrigiu – de nada, Hufflyn.

- E, finalmente o meu – Malí ergueu as sobrancelhas sugestivamente.

- Gryffin – as outras três meninas disseram juntas.

         Malí arregalou os olhos, impressionada: - Combinaram mentalmente, ou algo do tipo?

- Não. É que você é uma Grifinória nas veias, Gryffin – Ema frisou o apelido – e não tem nada mais óbvio.

- Go-dric Gry-ffin-dor. G-r-y-f-f-i-n – Nati e Laura soletraram alegremente.

- Merlin, parem de soletrar os nomes! – Ema gritou.

         Mas, no fundo, todas estavam contentes. Hogwarts inteira era que não ficaria contente, afinal... As Damas de Hogwarts estavam aí – Gryffin, Rawvyn, Slynn e Hufflyn.

         Malí estava absurdamente feliz que, apesar de todos os problemas, aulas, lutas e profecia, ela tivesse amigos tão bons.

         E amigas marotas, pois a vida ficava mais docinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estou viajando demais na maionese, afinal?
Bom, é UMA das minhas fanfics favoritas, das que escrevo, claro.
Beijos, Emm =D