Trocando O Ponto De Vista escrita por KingMichukiin


Capítulo 1
Acordar Errado.




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-Ah, ontem foi um dia cansativo...

Izaya se levantou, sonolento. Foi em direção de o banheiro lavar a rosto. Sentia suas roupas mais largas, a falta de certo ‘amiguinho’ e um peso a mais no busto.

Sentia-se incrivelmente mais leve.

-Tenho que levar alguns trabalhos para... A... Na... Mi... E... –San... NAMIE-SAN!

-Oh cale a boca Izaya.

Quando Izaya terminou de enxugar o rosto e se olhou no espelho, viu a surpresa. Seus cabelos estavam compridos, seu cílios maiores e seu rosto mais feminino. Não que já não fora antes, mas agora ele tinha dois companheiros na frente e a falta do seu amiguinho lá de baixo fazia todo sentido.

Saiu correndo até chegar à sala do apartamento e dar de cara com Namie.

-NAMIE-SAN, OLHE O QUE ACONTECEU!

-Oh, essa é uma nova técnica para enganar o Shizuo? Acho que funcionaria bem.

-NÃO! Eu acordei desse jeito! Namie-san, o que você fez?

-Nada. Deve ser coisa do Shinra. Ele não adora usar as pessoas como cobaia sem que elas saibam?

-Ah mas eu mato aquele médico maldito... –Deu uma risada nervosa, ele agora teria que ser chamado de ela- Sem contar, não tenho roupas para usar nessa minha nova forma, sabe.

-Não se preocupe Izaya-kun, eu tenho. –Sorriu maliciosamente.

-Namie-san?-Riu- Que cara é essa? Ei, espera... NAMIE-SAN!

Depois de mais ou menos trinta minutos, Namie havia acabado. Ela deixou Izaya uma perfeita menina. Pegou umas roupas dela, que até pareciam com a de Izaya. Era uma saia preta de prensa, uma camisa larga, meias até o joelho, botas que iam até um pouco abaixo da meia e um casaco com pelos no capuz, assim como o casaco que Izaya sempre usara na sua outra ‘forma’.

-Pronto, resolvido.

-Você é ridícula. Eu preferia minhas roupas.

-Ficariam muito grandes nesse seu corpinho agora. Você mesmo sabe como é isso, não sabe?

-Você tem sorte de eu amar os humanos, Namie-san. –Izaya sorriu ironicamente e saiu do prédio acenando, a única coisa que o identificara era os dois anéis que usara nos dedos indicadores.

Izaya saia pensando se realmente havia acontecido algo estranho. E então suspirou. Lembrou que foi na casa de Shinra antes de ir brincar com o ‘Shizu-chan’. E lá cometeu um grande descuido, bebeu um café que Shinra lhe ofereceu.

Ah como queria matar Shinra nesse momento, por culpa dele criou seios e perdeu seu parceiro, sem contar que se descobrissem que era ele, seria caçoado o resto da vida.

Não iria irritar Shizuo hoje, já que o louro reconheceria Izaya muito bem independente de como ele estivesse atualmente, e isso não era mentira.

Mas como Izaya era uma pessoa muito sortuda, ele viu logo à frente o louro andando com um poste em mãos, com Tom ao seu lado. Sempre vigiando tudo com seus olhos escuros.

-Como eu sou sortudo...

Izaya se virou e começou a andar para o lado aposto, mas um instintivo o fez desviar para o lado esquerdo.

Onde ele estava, caiu o poste que Shizuo segurava. Izaya então revirou os olhos, só o que faltava o louro já ter reconhecido o moreno, tão de longe e tão fácil – Mesmo usando botas e saia, e tendo seios.

-IZAYA-KUN! –Gritou Shizuo, se aproximando em passos largos e pesados, já arrancando outro poste de aviso no caminho.

“E se eu fingir que não sou o Izaya, hm... Eu tenho duas irmãs... Custa dizer mais uma?” –Pensou Izaya, colocando as mãos nos bolsos e olhando para Shizuo com desinteresse.

Shizuo estranhou a reação do moreno. E então quando chegou perto, junto com Tom, levou um susto que até saltou para trás.

-Izaya-kun, é você mesmo?-Se aproximou então para ver melhor.

-Izaya? –Disse Izaya com uma voz feminina, que Shizuo caiu direitinho- Hm, creio que não existem muitos Izaya por Ikebukuro, então você deve conhecer meu irmão.

-Irmão? Você? Izaya-kun? Como? –Shizuo repetiu tudo rápido, e ruborizou ao notar quão perto estava da ‘garota’.

Izaya revirou os olhos, fazendo cena para parecer que não era ele e sim outra pessoa, claro. Afastou-se dois passos e se virou, como se estivesse começando a ir embora.

-Meu nome é Orihara Izaka. Não Izaya. Sou a irmã mais velha dele.

-... Sério? Izaya nunca me falou disso, hm. Nem Kururi ou Mairu me contaram... Estranho, bastante estranho.

-Bom, se não tem nada comigo, até.

E retirou uma das mãos do bolso para acenar de costas. Shizuo focou-se na mão e viu o anel.

“Não é possível...” - Pensou Shizuo.

Segurou ‘a garota’ pelo capuz e a puxou.

-Ei. Se você não é o Izaya, por que tem o mesmo anel que ele?

Irritado, Izaya retirou o canivete do bolso e apontou para Shizuo. Para a sorte dele, pegou um canivete diferente hoje, e não o que sempre usara contra Shizuo.

-Solte-me, eu não sou querida igual meu irmão, sua mão vem junto com meu capuz.

Shizuo a soltou, colocou ambas as mãos no bolso, soltando o poste. Olhou para Tom, que revirou os olhos e saiu andando.

-Venha comigo. –Disse Shizuo, começando a andar.

Izaya não entendeu, guardou o canivete e apenas obedeceu.

-O que quer?

-Conversar. Isso é impossível agora? Kururi e Mairu não falam nada direito para mim. –Suspirou- E Izaya... Bom, apenas nos matamos de vez em quando, já que eu o odeio.

Izaya riu.

-Hm. Ele o odeia também?

-Não sei. Izaya é uma pessoa que eu não consigo ler, nem um pouco. –Suspirou- Eu leio todos os outros. O impressionante é que eu também não consigo ler você. –Olhou-a de canto.

-Ler as pessoas?

-Sim. O Tom eu consigo lê-lo direitinho. Não gosta quando eu fico violento, mas mesmo assim, ele quer me ajudar. Eu admiro bastante ele. Aquela Anri também consigo ler, ela se isola, mas quer muito gostar dos outros, mas não pode. Mas o Izaya... Não sei o que ele pensa.

Izaya riu. Shizuo era assim na realidade? Bom, nunca conversaram. A única vez que conversaram foi no colegial, e logo depois saíram se matando. Desde lá eles se matam assim, todo dia. Não conversam nada além de “Shizu-chan, seu idiota! ~” e “IZAYA-KUN, HOJE EU IREI TE MATAR”. Ter uma conversa assim parecia bom, de vez em quando. O problema maior é caso seu amiguinho voltasse do nada, aí sim ele morreria.

-Oh, entendo então. Não consigo ler o Izaya também. –Suspirou, e não era mentira, Izaya sempre se perdeu nos próprios sentimentos e pensamentos, no final chegando a nada. Por isso ele simplesmente amava os humanos, não conseguia pensar em outra coisa.

-Isso não me pareceu muito sincero.

-Mas é a pura verdade! –Disse emburrado, e então lembrou que quase o chamou de ‘Shizu-chan’. Até agora, a ‘Izaka’ não havia sabido do nome de Shizuo, seria então melhor perguntar – Ei, loirinho. Você não me disse seu nome.

-Ah, foi mal. É Heiwajima Shizuo.

-Posso te chamar de Shizu-chan?

Shizuo pareceu ruborizar, mas Izaya achou melhor ignorar esse pensamento.

-Pode. –Sorriu de canto, como aquele modo ameaçador que sempre fazia quando ia ‘matar’ Izaya.

-Ótimo. –Izaya realmente achava ótimo, assim não precisaria se segurar em chama-lo de Shizu-chan- Mas afinal, por que você e o Izaya se matam tanto?

-Ah, ele fez alguma coisa que no final eu fui preso. Faz tanto tempo que não lembro, de fato. Mas brigamos desde o colegial, por algum motivo, quando eu vi o Izaya simplesmente me veio à cabeça... Ah nada, esqueça.

-Conte-me, conte-me. Está interessante.

-Você vem muito por aqui?

-Não mesmo.

-Fala muito com seu irmão?

-Só falei quando éramos crianças.

-Não contará para ele, contará?

-Não. Agora me conte logo Shizu-chan!

-Ok, ok... Bom, eu na realidade sempre gostei do Izaya. –Deu de ombros, mal podia contar aquilo para Tom- Quando vi ele pela primeira vez, pensei: “Como ele é uma pessoa perfeita”. O conheci e vi que ele era meio cínico, mas muito divertido. Mas não sei, eu sentia inveja de Shinra e Kadota que viviam ao lado dele, e então me estressava. Geralmente saia descontando no primeiro que via pela frente, e então o Izaya começou a falar comigo, me cutucar, praticamente me irritar. Isso não ajudou muito.

-... Oh.

Izaya não tinha o que falar. Ele sempre achou que Shizuo o odiara, mas esse era o real sentimento dele. Izaya sempre gostou de Shizuo, brincar de se matar com ele era um ótimo passatempo, mas não o fazia por odiar Shizuo.

-E por que não fala para ele? –Perguntou por fim, olhando para frente.

-Porque duvido que ele sinta o mesmo, estamos bem assim. –Deu de ombros.

Izaya riu novamente.

-Bom, eu acho que é melhor você falar antes que algo aconteça, não é mesmo?

-Huh? O único que pode matar o Izaya-kun sou eu.

-Heh. ~ Então que assim seja né. Bom, eu vou voltar logo. –Olhou no relógio do celular- Tenho pouco tempo para pegar o ônibus de viagem. Bye-bye, Shizu-chan. ~

Shizuo se virou um pouco surpreso com o sorriso da garota, que ele achou super ‘moe’.

-Izaya... ?

-Izaka, Izaka! –Ela reclamou emburrada e logo saiu correndo.

Quando já não estava mais a vista de Shizuo, voltou para o prédio. Trocou de roupa e cortou o cabelo, ele não iria ficar parecendo uma mulher mesmo se estivesse daquele jeito agora.

Jogou-se na cama e tentou dormir lembrando-se do que Shizuo lhe disse, mas graças a sua inquietação, demorou muito para conseguir.

Teve sonhos com Shizuo se declarando, ele saindo correndo e chorando por algum motivo, mas no fundo feliz. E então um acidente...

Izaya acordou assustado.

Sentia um mau pressentimento, e tentando ignorar esse maldito sonho, se levantou e foi tomar um banho.

Felizmente notou que já havia virado homem novamente, e então se lembrou do que aconteceu. Ruborizou.

Suspirou e terminou seu banho, colocando suas roupas casuais e saindo do prédio.

Ele não queria ver Shizuo hoje.

Como iria encara-lo depois do que ouviu? Foi uma declaração. Indireta, mas foi. Shizuo não sabia quem era Izaka na verdade, por isso era como se ele não tivesse se declarado.

Mas então seu sonho...

Deu um tapa na própria testa e voltou a andar, reconhecendo um grito já rotineiro vindo logo atrás dele.

-IZAYA-KUN!

Forçou aquele seu sorriso irônico, e colocou ambas as mãos no bolso.

-Já, Shizu-chan?

-Ahm... Bom, não vim te matar hoje... Na realidade... Conheci sua irmã Izaka ontem... Por que não me contou que tinha uma irmã mais velha? Eu a confundi com você!

-Céus Shizu-chan... Ela dificilmente vem aqui e já estava indo embora, não achei necessário.

Shizuo sentia como se não conhecesse Izaya o suficiente ainda, sendo que ele já sabia um monte sobre o rapaz – uma vez que se matam há tantos anos.

-... Bom, que seja, Izaya-kun! –Shizuo fez aquela cara cínica de que ia matar alguém e Izaya recuou, pegando o canivete.

-Huhu, a diversão começou.

Izaya riu e começou a correr fugindo do louro que já havia pegado algum poste ou máquina de bebida pelo caminho.

Porém, não era um dos dias mais felizes de ambos.

Shizuo viu que Izaya corria em alta velocidade e logo atravessara uma rua, porém, um caminhão descontrolado vinha em sua direção em velocidade máxima. O moreno apenas olhou para o veículo e se assustou, ficando parado no mesmo lugar, não conseguia se mover. Suas pernas tremiam e ele simplesmente não conseguia respirar de nervoso.

O louro ficou surpreso e tratou de continuar correndo, até puxar o menor pelo capuz e o abraçar.

O caminhão parou após bater em um muro de um suposto terreno baldio.

Os dois que se odiavam ficaram parados ali. O moreno assustado e tremendo, o louro preocupado e o abraçando.

-Shizu-chan...

-Sabe Izaya. –Interrompeu- Izaka me falou ontem que eu devia contar uma coisa a você antes que fosse tarde demais. E agora eu entendi o que ela quis dizer.

-Shizu-chan?

-Sabe... Eu amo você. Posso correr atrás de você, jogar postes, máquinas de bebidas e comidas, pessoas e quase te matar... Porém... Eu amo você, e só queria que você soubesse antes que um de nós morresse. Se você fosse atingido por aquele caminhão... Eu... Não saberia o que fazer... Você é um dos únicos motivos de eu continuar vivo aqui, por isso eu te persigo tanto.

-Shizu-chan... –Izaya não conseguia dizer mais nada, mas finalmente retribuiu o abraço- Louco, insano, idiota... Mas eu te amo também.

-Então agora escolha...

“Os humanos ou eu?”


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