Ele observava o líquido rubro escorrendo lentamente pelo carpete da sala principal da casa de praia. Seu coração batendo fortemente contra o peito quando repentinamente notou a origem do problema. Caídos de bruços, numa poça de sangue, estavam os corpos torcidos de duas pessoas. Aproximando-se lentamente, com a luz impiedosa da lua iluminando a sala. Ele percebeu mais uma coisa, uma coisa que o encheu de terror. Finalmente reconhecia as pessoas mortas no chão.

Eram seus pais.

O menino loiro deixou escapar um grito cheio de angústia que ressoou por toda a casa e imediatamente gritos e batidas foram ouvidos no outro lado da porta.

Naruto acordou sobressaltado do pesadelo. Respirando pesadamente, ele passou a mão sobre o rosto encharcado de suor enquanto tentava acalmar o coração. Apertou os olhos para o relógio digital em cima do criado-mudo. Eram um pouco mais das 3h da madrugada.

Ele respirou fundo e se deitou novamente. Mas a sonolência começou a desaparecer quando as nítidas imagens do sonho imediatamente entraram em sua mente.

Quem seria capaz de adormecer após pesadelos intermináveis?

O loiro um pouco relutante se levantou e descalço perambulou por sua casa deserta e negrume. Ele sentia-se cansado – profundamente cansado – e exausto, como se tivesse acabado de correr uma maratona. Os músculos do corpo doíam.

Há quantos dias passava as noites em claros, sem qualquer descanso?

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Naruto, sentando na cadeira da cozinha e segurando na mão o velho remédio contra a insônia: uma grande tigela de ramen, ligou a TV e começou a passar os vários canais de filmes para os de telejornal; todos mostravam a mesma notícia.

Havia uma foto de um homem alto e pálido com um sorriso arrogante no rosto, embaixo, na legenda, escrito: Hyuuga Neji assassinado.

Ele fitou outra vez o relógio que marcava 3h49 e um sorriso sem qualquer vestígio de humor desenhou-se em seu rosto. Eles são rápidos, pensou, com os músculos agora tensos pela emoção. Não davam três horas desde que ele atirara no Hyuuga, e a noticia de sua morte já estava nas manchetes de todos os jornais.

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Por volta das noves horas, o dia estava claro e quente. O sol filtrava-se pela grande janela da sala quando Naruto terminara de guardar suas munições e as diferentes armas que estavam jogados pelo chão. Ele olhou para o revólver que estava em suas mãos: uma Beretta 92FS, o mesmo modelo de arma que fora usado para tirar a vida de seus pais e a mesma arma que ele iria matar quem os assassinou.

Seus pensamentos foram interrompidos por fortes batidas na porta. Ele franziu o sobrolho pela interrupção. Naruto automaticamente prendeu o revólver em sua calça, embaixo da camisa e se levantou para ver quem era.

Ele chegou à porta. Olhou pelo olho mágico e colocou um sorriso no rosto, um sorriso tão sincero como falso.

– Temari, a cada dia que passa você fica ainda mais bela. – Naruto cantarolou sorrindo, ao abrir a porta para a mulher loira. – Como está o bebê?

Temari corou um tom de rosa lindamente pelo elogio e o seu semblante, que antes estava um pouco tenso, relaxou ao ver o seu amável vizinho loiro.

– O mesmo vale para você, Naruto – ambos compartilharam um sorriso e ela encostou uma mão em sua barriga. – O bebê está chutando como nunca.

– Comprovando novamente que ele não puxou o preguiçoso do pai – ele riu e o rosto da Temari se fechou em preocupação. – Aconteceu alguma coisa?

– Será... será que nós podemos entrar?

Naruto franziu o cenho ligeiramente e fingiu preocupação.

– Nós? – Foi quando ele notou uma mulher extremamente familiar aparecer diante da porta. O rosto delicado da jovem lentamente se virou e seguiu a sua voz. Naruto que sempre se orgulhara de seu magnífico autocontrole sentiu o coração bater forte. Não pode ser...

– Sim – disse suavemente. – Minha amiga Hinata e eu.

O loiro não respondeu, seus olhos quase translúcidos estavam fixos nos olhos perolados. Os belos olhos de Hyuuga Hinata.