"Confio em você"

Ela entrou, fechando a porta atrás de si. Eu odiava aquela sala, onde nossas reuniões eram feitas. Ouvi seus passos lentos e cautelosos em minha direção.

Continuei de costas, olhando para o fogo verde que crepitava na lareira. Ela parou logo à minha frente.

- Salazar, - disse com a vós mais doce que podia. – pode... Vir comigo?

Eu apenas a encarei, perplexo. O que Rowena queria comigo?

Caminhávamos lentamente sob a luz fraca da lua minguante pelo jardim do castelo. Paramos em frente ao lago de águas prateadas, que fora chamado de Lago de Prata.

A noite estava bela, quase perfeita, o céu limpo evidenciava a luz do luar e o canto das cigarras e o cheiro das damas-da-noite enchiam o ar, criando um ambiente agradável.

- Salazar, - repetiu ela melodiosamente, eu nunca me cansaria de ouvir meu nome ser pronunciado por aquela voz doce.

Especialmente naquela noite, Rowena Ravenclaw estava incrivelmente bela. Seu rosto estava livre de acessórios e maquiagens, revelando seus lindos olhos azuis-mar. Os cabelos negros estavam presos em um coque apertado e escondidos pelo capuz do casaco azul-marinho.

- O que está acontecendo?

Senti seu hálito fresco bater suavemente contra meu rosto, fazendo que uma boa sensação percorresse meu corpo.

- Rowena... – suspirei. Seu olhar se desviou para o belo lago.

Ela caminhou até a metade da ponte de madeira que o cortava. Eu a segui e peguei sua mão, encarando firmemente seus olhos. Ela os desviou novamente para a água de prata. Abaixei-me, pegando uma das flores que flutuavam e a prendi em seus cabelos negros.

- É complicado. – completei minha própria fala.

Vi certo brilho tomar conta de seus olhos e jurei que eram as lágrimas que ela lutava para segurar.

- Então me explique! – implorou. – Sempre fomos tão amigos. Fazíamos tudo juntos, eu sabia seus segredos e você os meus... Pode contar.

Suspirei mais uma vez, era tudo o que eu tinha a fazer. Como eu queria poder contar a ela!

- Rowena, não posso! Eu... Já confiei isso a alguém e me decepcionei, então...

- Mas...

- Olhe, minha amiga, eu sinto, mas não posso. Gostaria que acreditasse em mim, que confiasse em mim, sem que eu precisasse contar-lhe...

Ela se aproximou, ficando a poucos centímetros de meu corpo. Nossas respirações se misturaram. Pude sentir seu calor e seu perfume de jasmins invadia minha mente. Esperei que ele viesse. O beijo.

- EU acredito em você. – concluiu. – Confio em você. É você quem não confia em mim.

Com isso ela se afastou.

E eu fiquei.