"Aquilo fora para mim um soco. Ele era meu amigo, sabia minhas razões. Por que estava fazendo aquilo comigo?"

Em dois rápidos dias, Anastácia Slytherin retirou-se de Hogwarts para voltar para o feudo de Norfolk. Eu sentia sua falta e sentia a falta de seus sábios conselhos.

Curiosamente, após suas calmas palavras, meus delírios, acessos de loucura e pedidos de suicídio cessaram.

A vida naquela escola voltou a ser a mesma coisa monótona e chata de sempre. E, ainda mais curiosamente, Godric parecia estar se fechando para mim, e eu estranhava, apesar de me manter quieto. Até aquela reunião.

Tínhamos problemas nesses dias quanto à seleção dos alunos para as casas, que até então era feita por nós mesmos. E precisávamos da solução, apesar de eu já obtê-la. Godric Gryffindor se levantou.

- Bem, caros amigos, – começou cordialmente se dirigindo a todos nós. – há algum tempo venho pensando em nosso problema, e há alguns dias penso ter encontrado nossa solução. – ele se abaixou e pegou um chapéu negro imundo que eu tanto conhecia. – Após algumas experiências em meus aposentos, obtive este valioso objeto. Fora um chapéu comum, mas agora... Bem, eu depositei nele um bocado de minha mente e um outro tanto de minha personalidade e, bem... Agora ele me conhece tão bem quanto eu mesmo!

- Mas é brilhante! – disse Rowena com um pulo. – Bem, por que não fazemos o mesmo? Assim, ele poderia escolher os alunos em nosso lugar!

- É essa a ideia. – concordou Godric.

E Helga pensou o mesmo. E assim foi feito. Apesar de aquela ter sido a minha ideia e de Godric a estar roubando, além de eu já ter feito isto anos antes, eu apenas fingi que era algo novo para mim, seguindo as garotas para fazer do chapéu um instrumento para a escola das casas dos alunos.

Os outros três já se retiravam da sala quando decidi continuar a buscar cumprir meu objetivo.

- Deveríamos manter apenas os alunos de puro sangue. – murmurei casualmente.

Rowena suspirou com um ar de quem já se cansara daquilo.

- Salazar, este assunto já está acabado. – concluiu ela, calmamente.

- Não. – respondi. – Olhem, vocês... Ouçam-me, por...

- NÃO! – gritou Godric, fazendo com que Helga estremecesse e desse as mãos para Rowena. – OUÇA VOCÊ, SALAZAR! NÃO DEIXAREMOS QUE SEU PRECONCEITO RIDÍCULO PREJUDIQUE NUNHUM ALUNO!

Aquilo fora para mim um soco. Ele era meu amigo, sabia minhas razões. Por que estava fazendo aquilo comigo?

- Godric, - murmurei com o máximo de cautela que me era possível num momento de tensão como aquele. – você... Eu já lhe expliquei que...

- SAI DAQUI, SLYTHERIN! – cortou. – E NÃO VOLTE A TOCAR NESTE ASSUNTO!

Calma, Godric. – disse Rowena, pegando seu ombro e levando-o pela porta. Vamos embora.

Ele bufou e a seguiu pela escada circular abaixo, saindo pela escada circular. Helga me lançou um olhar compreensivo, aproximando-se.

- Tem algo a mais, não é? – perguntou e eu assenti.

- Tem sim, infelizmente.

Foi nesse dia que me dei conta da minha ingenuidade.