Um problema chamado Robin escrita por Yuushirou


Capítulo 2
Laço rompido


Notas iniciais do capítulo

Weee, um ano depois, aí está!

Culpem a faculdade e a minha dificuldade em me decidir se continuaria ou não.



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Meia noite. Aokiji ainda não dormira, assim como seus colegas Almirantes, Akainu e Kizaru. Os três haviam resolvido jogar – ideia de Akainu – antes de irem para seus respectivos aposentos. Jogo escolhido: Risk. Regras do jogo: o mapa contido no tabuleiro estava dividido em oito partes, cada uma correspondente a um Mar (East Blue, West Blue, North Blue, South Blue, Grand Line, dois Calm Belt’s e New World); cada jogador recebe uma carta com um objetivo a ser cumprido, e aquele que o completar primeiro é o vencedor; o jogo é disputado em rodadas, nas quais os participantes colocam exércitos (pequenos discos disponíveis em seis cores: amarelos, azuis, brancos, pretos, vermelhos e verdes) e atacam seus oponentes; e todos os objetivos consistem em conquistar determinada região do mapa. Começaram a jogar tarde, ou seja, não iriam dormir cedo naquela noite. Risk normalmente dura muitas horas até que alguém vença. Aokiji não entendeu bem o que Akainu pretendia sugerindo que jogassem, mas também não perguntaria. Melhor que ficasse calado. Estava tão inquieto nas últimas horas que acreditava ser arriscado demais abrir a boca e encarar o Cão Vermelho da Marinha. Sim, o Faisão estava nervoso. Temia que os outros Almirantes pudessem perceber isso, então tratou de tentar se distrair jogando Risk. Olhava Kizaru de relance só para confirmar que o Macaco Amarelo da Marinha estava tão entretido quanto o Cão. Pequenas gotas de suor escorriam de sua fronte enquanto tentava conter seus pensamentos. Passava a mão para enxuga-las, da maneira mais discreta que conseguisse.

— Algo errado, Aokiji? – a voz gutural de Akainu quebrou o silêncio de concentração.

— Não é nada – fez a voz mais calma do mundo.

— Está suando muito, colega. Está doente? – indagou Kizaru com o habitual jeito lento de se expressar.

— Acho que sim. Talvez.

— De repente está com febre – disse o Almirante do Magma antes de voltar a focar em sua estratégia de ataque no jogo.

— É... – Aokiji engoliu seco.

— Sugiro que depois procure a ala hospitalar do Quartel, Aokiji – sugeriu o Almirante da Luz, esperando sua vez de jogar os dados.

Ninguém podia desconfiar do motivo de sua ânsia, pensava o Faisão Azul da Marinha. Fizera algo muito errado. E assim que seus colegas pararam de incomodá-lo, sua mente voltou para a cena do crime: estava em Water Seven à procura de Nico Robin. Ele sabia que não deveria se dar ao luxo de ser pego indo se encontrar com a pirata sem que fosse para prendê-la ou mata-la, mas arriscou mesmo assim. Sentia necessidade de ir vê-la após todo o ocorrido em Enies Lobby. Ele mesmo foi à Ilha da Justiça para ver com seus próprios olhos todo o estrago causado pela tripulação dos Chapéus de Palha, e quase não acreditou. Recebeu uma ligação em seu Den Den Mushi de comunicação de um dos marinheiros. O homem estava extasiado e falava roucamente:

— Se continuarmos, talvez consigamos pegá-los! Não podemos deixar que as coisas terminem assim! Isso envolve o prestígio da Marinha, não, de todo o Governo Mundial! Precisamos deter os piratas do Chapéu de Palha, bem como a criminosa, Nico Robin. Se possível, eu gostaria da sua permissão para continuar, senhor.

Aokiji fechou os olhos, farto de tantas palavras de desespero em prol da imagem da Marinha.

— Já chega.

— Mas...!

— Mesmo com toda essa frota, sem falar no Buster Call, vocês não conseguiram detê-los. – disse calmamente. – E a julgar pela condição de Enies Lobby, está claro que sofremos uma derrota completa.

E o marinheiro desistiu de argumentar contra ou de insistir em ir atrás dos Chapéus de Palha. O portador da Hie Hie no Mi desligou o Den Den Mushi e respirou fundo. Realmente não queria arriscar a vida de seus subordinados enviando-os atrás de Luffy e seus companheiros. Até porque, mesmo feridos ou cansados, aqueles piratas tinham o dom de surpreender seus inimigos. Por outro lado, sabia que eles deveriam estar sem grandes condições de revidar a uma pesada perseguição da Marinha. Não queria que Robin corresse perigo novamente, não depois de tudo o que ela passou, desde Water Seven até Enies Lobby. Em resumo: para poupar a ambos os lados, não autorizou as frotas marítimas a irem atrás do navio de Luffy. Dirigiu-se à cidade-Veneza. Mais tarde recebeu uma nova ligação, desta vez de Garp, avisando que iria à Water Seven visitar o neto, e resolveu se encontrar com o Vice-Almirante, para irem juntos. O encontro ocorreu sem complicações. Monkey o recebeu com um sorriso largo, característico de sua pessoa.

— Kuzan! – exclamou de seu navio, abrindo os braços – Vamos, suba! Vamos a Water Seven juntos!

Foi uma viagem tranquila e de poucas palavras trocadas entre os dois grandes marinheiros. Dividiram um vinho, mesmo sabendo que era proibido durante as viagens de missões, enquanto olhavam o mar à sua frente. Ninguém precisava saber, certo?

— Garp-san...

— Sim?

— O que pretende indo a Water Seven?

— Quero ver o meu neto e espanca-lo um pouco antes de nos separarmos novamente! – ele soltou aquela sua tradicional gargalhada histérica.

— Típico de você – comentou o Faisão servindo-se de mais um gole de vinho.

— Mas e você? Não me diga que voltou atrás e resolveu ir prender aquela mulher...!

— Não, Garp-san. Eu estou indo em paz – sua expressão tornou-se pensativa enquanto encarava o líquido roxo em seu próprio copo.

— E o que vai fazer então? Conversar com os Chapéus de Palha? – àquela altura a expressão de Garp rapidamente começava a mudar para uma mais séria.

— Eu quero vê-la, Garp-san – a voz de Aokiji saiu sussurrada.

Não podia arriscar que mais alguém no navio escutasse a declaração, afinal. O Herói arregalou os olhos, mas continuava sorrindo. Sabia... Aokiji tinha algo com aquela mulher.

— Você sabe que, se Sengoku souber que está indo "ver" Nico Robin, vai te dizer umas boas!

— Ele sabe que gosto de fazer as coisas do meu jeito.

— Mas não sabe que você tem uma queda por ela...

Aokiji corou.

— Não tenho nenhuma "queda".

— Tem sim.

— Por que insiste? – virou-se para Garp.

— Eu já estive apaixonado um dia. Sei reconhecer quando um homem está encantado por alguma mulher.

— Não estou "encantado" – respondeu.

Garp conseguia constrange-lo, mesmo nas mínimas coisas.

— Kuzan.

O Almirante virou-se para o Herói, hora de ouvir.

— Você sabe das consequências de estar indo se encontrar com ela, não sabe? – agora o velho homem estava sério.

— Vai reportar a Sengoku-san?

— Não. Eu também cometi meus “pecados”, não vou te queimar. Mas entenda que qualquer outro marinheiro que o vir com ela dará com a língua nos dentes, provavelmente com razão, e eu não poderei te proteger se isso acontecer. Fingirei desde sempre que nada soube.

— Obrigado, Garp-san.

Horas mais tarde Aokiji estava em Water Seven. Desceu do navio de Garp sem avisar para onde ia. Podia sentir o sorriso enorme do avô de Luffy em suas costas, mas sequer virou-se para dizer “Até logo” ou “Te vejo mais tarde”. Partiu em sua bicicleta rumo ao outro lado da cidade, para despistar quem quer que tenha se atrevido a segui-lo. Após confirmar que ninguém o havia seguido, foi à procura de Robin. Ainda tinha as palavras de Garp em sua mente, mas não iria deixar se acovardar. Observando os movimentos da cidade e as conversas paralelas, soube de quando Garp e toda sua frota haviam se encontrado com os Chapéus de Palha. Soube também que uma festa seria dada em comemoração à volta de Nico Robin à tripulação do Monkey-neto. Decidiu que seria aquela a sua oportunidade de vê-la. Já era tarde, e breve iria anoitecer. Espionou a festa toda por trás do paredão que cercava os piratas em festa, e sentiu seu coração bater mais forte ao ver Robin se aproximar dele. Obviamente, ela não sabia inicialmente que ele estava ali. Assim que a mulher recostou-se à grossa parede que circundava o piscinão de Water Seven, Aokiji utilizou o poder de sua Akuma no Mi e sussurrou para ela, por trás da parede:

— Fique onde está e escute, Nico Robin – disse em seu tom mais neutro.

O suspiro dela de surpresa foi evidente.

— Aokiji? – a voz de Robin era hesitante. A mulher sentiu-se acuada enquanto observava seu suco congelar instantaneamente, certamente obra da Hie Hie no Mi.

— Por que você não escapou como antes? Se você estiver sozinha, é capaz de escapar até mesmo da CP9 – ele tentava parecer o mais indiferente possível, e esperava estar tendo sucesso.

— Eu já disse que agora é diferente de antes, não disse? – ela respondeu – Eu não iria suportar vê-los morrendo.

— Há vinte anos atrás, o gigante que lutou por Ohara, Jaguar D. Saul, era um grande amigo meu. Naquele dia, eu respeitei o desejo dele e deixei você escapar da ilha. Assim, assumi a responsabilidade de ficar de olho em você. Mas, mesmo depois de vinte anos, não vi melhora alguma. Cheguei à conclusão de que eu não posso deixar você andar por aí livremente. Mas, acima de tudo, eu senti que você queria morrer. E pensei que, dessa vez, o último sobrevivente de Ohara iria morrer. Claro que eu não imaginava que a CP9 iria ser derrotada daquela maneira... Então, finalmente encontrou o lugar a que pertence?

— Sim – foi a única palavra que ela conseguiu dizer. Estava nervosa com a presença do Almirante.

— Sendo certa ou errada, a decisão de Saul em te deixar viva... Daqui para frente, você pode me mostrar a resposta? – ele suspirou.

— É o que pretendo.

— Nico Robin.

— Sim?

— Me encontre aqui, neste mesmo lugar, hoje mais tarde, quando todos estiverem dormindo – foram as últimas palavras do homem-gelo, antes de ele se afastar e escapar das vistas.

— Aokiji! – Robin ainda correu na tentativa de vê-lo pessoalmente, mas assim que chegou ao outro lado do paredão, ele já havia desaparecido. Ficou com aquele convite fixo em seus pensamentos. O que ele queria?

Deveria aceitar o convite e ir vê-lo? Talvez não custasse nada. Ela tinha certeza de que ele não estava ali para mata-la ou prendê-la, caso contrário já o teria feito. Sentia que ele estava ali em paz, que só queria conversar. Resolveu depositar sua confiança nele e comparecer. Robin esperou que todos os outros Chapéus de Palha dormissem, e saiu de mansinho do hotel onde estavam “escondidos” (não deviam mais se considerar escondidos, na verdade, pois o avô de Luffy os havia encontrado). Trocou suas veste de noite improvisadas pela mesma roupa que estava usando antes: camisa rosa e calça azul, acompanhados de um par de sapatos de salto baixo. Apressou-se até chegar novamente no piscinão de Water Seven. Usou uma das saídas do coliseu aquático e contornou todo o local a fim de encontrar o Almirante. E Aokiji estava lá, exatamente no mesmo local onde antes os dois haviam se falado as escondidas. Estava de pé, recostado à parede, os braços cruzados, mas pela primeira vez não estava com sua máscara de dormir abaixada, o que significava que ele realmente ficou de tocaia enquanto a esperava.

— Estou aqui, Aokiji – anunciou sem elevar a voz.

E ele se virou para ela, a expressão incompreensível.

— O que quer de mim?

Viu aquele homem estupidamente alto se desfazer da pose defensiva e se dirigir até ela. Ele não parecia estar com más intenções, mas ainda assim ela sentia medo, principalmente porque sabia que estava diante da da arma mais poderosa da Marinha.

— Gostaria de me despedir de você – ele disse com a voz calma.

— Despedir? Mas por... – Robin engoliu sua pergunta ao sentir as mãos grandes do Almirante repousarem sobre seus ombros, ligeiramente pesadas – Por que alguém como você viria se despedir de mim?

— Há um "laço" entre nós, e eu não gostaria de desfazê-lo de qualquer jeito – disse o portador da Hie Hie no Mi observando a expressão confusa no rosto dela.

A Chapéu de Palha de repente se sentiu trêmula com as palavras dele. “Laço” entre eles. E Aokiji iria “desfazê-lo”? Sua reação imediata seria de perguntar a que tipo de laço aquele homem se referia, apesar de a resposta lhe parecer óbvia, mas preferiu perguntar outra coisa.

— Por que vai desfazê-lo, Aokiji? O que há de tão errado em mim para você preferir se afastar a se aproximar, ou mesmo me matar ou me prender com suas próprias mãos?

E ele mais uma vez a surpreendeu, desta vez com um abraço. Robin foi tomada pelo sentimento de medo e urgência, e começou a tentar se desvencilhar dos braços grandes e fortes. Lembrava-se que da última vez que ele a abraçou foi para congelá-la.

— Não...! Por favor, de novo não!

— Eu não vou congelá-la, Nico Robin – foram as únicas palavras necessárias para acalmá-la – E não há nada de errado com você. Como disse, estou aqui para me despedir de você. De agora diante, seremos inimigos de verdade. Não mais nos veremos como velhos conhecidos, e muito menos como amigos. Sabe nossa história, aquela em que eu apareço como o responsável por você estar livre e viva nos dias atuais? Esqueça-a. Finjamos que isto nunca aconteceu; que você escapou de mim por você mesma. Marinheiros não devem ajudar piratas, e isso é tudo.

As afirmações do Almirante pareciam carregadas de dor, talvez mágoa, rancor, ou quem sabe arrependimento. A arqueóloga se sentiu triste. Ergueu os braços e envolveu o corpo de Aokiji com eles, retribuindo o abraço.

— Você se arrependeu de ter me deixado ir? – perguntou sentindo uma enorme vontade de chorar; odiava despedidas.

— Eu nunca me arrependi de nada do que fiz por você até hoje – foi a resposta dele, mais sincera impossível.

Robin, que estava com o rosto praticamente enterrado na roupa sobre o peito dele, afastou-se um pouco para encará-lo nos olhos. O único gesto necessário para deixar o Almirante sentimentalmente vulnerável. Aqueles olhos celestes o fizeram prender a respiração por alguns instantes. De repente perdeu o foco da conversa. Esqueceu-se do que havia ido fazer ali. Tudo ficou em branco.

— Me dói saber que nunca poderemos andar lado a lado, como companheiros – as palavras dela foram delicadamente sinceras, como ela própria desejava que soassem.

E Aokiji não conseguiu ordenar palavras adequadas para respondê-la. Queria dizer o mesmo, mas estava mudo. Era mesmo lamentável que eles não pudessem ser amigos devido à vida que cada um escolheu para si.

E foi naquele momento que ele cometeu mais um de seus crimes como marinheiro: pegou-a pelo rosto, com as duas mãos para puxar, e a beijou. A reação dela foi suspirar e agarrar seus pulsos, como que tentando alertá-lo o quão perigoso era fazer aquilo, uma vez que podiam ser flagrados a qualquer momento. Robin não estava reprovando o beijo. Era que o local onde estavam não era apropriadamente escondido. Quando desistiu, rapidamente, de fazê-lo parar em prol da segurança de ambos, fechou os olhos e se entregou ao gesto.

Não era a primeira vez que era beijada ou abraçada por um homem, mas com certeza era a primeira em que isso não era feito contra a sua vontade. Havia muitos segredos a respeito dos seus doze anos servindo como par do ex-Shichibukai, Crocodile, e um deles era que os dois mantinham uma espécie de romance. A Chapéu de Palha não havia sido aceita no bando de Crocodile devido à sua habilidade de ler escrituras antigas e somente por isso. Ela não tinha apenas esta utilidade. O portador da Suna Suna no Mi viu, também, uma parceira ideal para as noites. Era jovem e muito bonita, por que não unir o útil ao agradável? 

A mulher começava a se mover entre os braços do Almirante, pedindo pelo fim do beijo. Ele imediatamente percebeu a rejeição e a soltou.

— O que foi?

Robin se afastou mais dele e respondeu:

— Só quero que pare com isso, Aokiji.

— Eu teria parado, imediatamente e sem contestar, se você tivesse recusado logo. Mas você aceitou.

Ela sentia que ele queria uma resposta, mas decidiu que era a sua vez de questionar.

— Por que fez isso, Aokiji?

— Não sei.

Aquela pergunta era complexa demais para ele. Pôs as mãos nos bolsos da calça branca e assumiu uma expressão serena.

— Por isso nunca foi capaz de me prender ou me matar?

— Desde antes mesmo de te conhecer sempre fiz tudo do meu jeito. Eu tenho o meu próprio senso de justiça. Não sou nenhum asno em um cabresto. Faço o que considero mais justo.

— E você se sentiu justo no dia em que destruiu a minha ilha?

— As ordens eram claras, mas eu não concordei com a explosão do navio de refugiados. Foi uma atitude tomada sem o meu consentimento ou do Almirante da Frota.

— Ordens superiores valem tanto assim para um marinheiro? – perguntou Robin.

— A Marinha não pode funcionar sem ordens e hierarquia. Se todos fizerem apenas o que bem entendem, jamais funcionaremos como uma grande força a serviço da Lei e da Justiça.

— E pelas ordens você considerou que eu era igualmente perigosa como todos os outros arqueólogos de Ohara, mesmo sendo somente uma criança.

Kuzan não teve uma resposta imediata para aquilo. De repente se sentiu uma pessoa estúpida.

— Acho que posso considerar: que você é frio como o poder que recebeu da Akuma no Mi – acusou-o a pirata.

— Sou frio quando preciso ser. Mas agora não preciso ser frio.

— Seu coração amoleceu?

— Meu coração não está amolecido... – o tom da voz do Almirante soou ligeiramente indignado – Está partido.

Robin congelou.

— Partido? – engoliu seco.

— Sim. Partido porque a criança que um dia escolhi poupar, hoje joga no lixo a oportunidade que lhe foi dada de ser alguém na vida – e ele se aproximou novamente dela – É por isso que estou aqui: para desfazer este laço, que é perigoso também para você, antes que ele nos prejudique mais.

— Aokiji – a Chapéu de Palha começou a falar, mas perdeu as palavras assim que sentiu seu rosto ser novamente envolvido pelas mãos grandes do marinheiro.

Suas mãos foram levadas ao rosto dele, envolvendo-o. Então ele se abaixou para abraçá-la pelas pernas, erguendo-a em seguida em seus braços, de maneira a deixa-la mais ou menos no nível de sua cabeça. Era nítido, para Robin, as grandes diferenças entre Aokiji e Crocodile. Enquanto sua boca era coberta e massageada pelos lábios moderadamente carnudos do Almirante, lembrava-se dos beijos que o ex-Shichibukai costumava dá-la: apressados e geralmente agressivos, bem diferentes do que ela estava a receber agora. Não havia importância em prestar atenção demais nos movimentos dele ao se sentar no chão acomodando-a, de frente para ele, em seu colo.

O portador da Hie Hie no Mi sabia que não deveria se envolver tão profundamente com a “criminosa” que estava procurando há tanto tempo, mas tudo foi acontecendo de maneira tão rápida e natural que parecia ter se esquecido da sua posição como Almirante da Marinha, e da dela como pirata com uma recompensa de 79 milhões de berries. Simplesmente decidiu esquecer, por hora, das suas obrigações. Depois se sentiria culpado por estar traindo a Marinha, mas não havia como não trai-la naquele momento. Estava, como dissera Garp, encantado. E não foi capaz de resistir a seus próprios instintos...

Lembrar do que fez em Water Seven o fazia desejar vê-la mais uma vez. Mas ele sabia que não podia mais continuar a trair a confiança de Sengoku. Jurou lealdade e combate a todo e qualquer pirata quando resolveu se tornar um marinheiro.

Uma hora e meia já havia se passado desde que os três Almirantes começaram a jogar Risk, e Kizaru estava na liderança. O homem-luz, que começou a beber durante a partida, apesar do cheiro forte de álcool, ainda estava lúcido o suficiente para manter-se concentrado em suas estratégias. Contornava as próprias costeletas com os dedos, compulsivamente, enquanto aguardava sua vez, o roupão semiaberto expunha alguns pelos em seu peito pouco exercitado. Ao olhar para Akainu, a mesma expressão dura de sempre ornamentava sua face enquanto movia seus exércitos vermelhos no tabuleiro para enfrentar os de Aokiji. O peitoral musculoso e tatuado estava despido, revelando um homem exigente consigo mesmo em se tratando de boa forma e preparação para lutas; usava calças de tecido leve e estava descalço. Já o homem-gelo, usava apenas uma calça branca igualmente leve como a do homem-magma, e uma camiseta preta justa. Não estava indo tão bem nas estratégias, e estava com a menor pontuação. O cheiro de Nico Robin, o toque suave de sua pele, a voz, tudo ainda estava fresco em sua mente. Ela não era virgem, como havia desconfiado, e aquilo o fez detestar ainda mais o ex-Shichibukai, pirata Crocodile.


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