Charlie escrita por Reet


Capítulo 7
06 - Algemados


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Mais um capítulo meigo da Charlie mini-capeta para vocês (:



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- NÃO MESMO! – Eu gritei, quase desesperada. Andrews e Lucas eram os únicos que debatiam o assunto de trocar de personagem cara-a-cara, porque Gerard e Danny já estavam em cima do sofá novamente com suas caras amedrontadas para mim, bobocas – NÃO VOU DAR MEU BONÉ AZUL PARA ESSE PIOLHENTO E FINGIR SER ESSE TROGLODITA POR UM MÍSERO DIA! Que vá pro inferno, eu não.

- Foi você quem deu a idéia, Charlie – Andrews sorriu cínico.

- É, mini-capeta – Lucas já havia aprendido o apelido e fazia questão de enfiá-lo na minha cara cada segundos – Medo de encarar o desafio?

- Não é medo, idiota, é estupidez mesmo. – Eu me virei, abaixando o boné na cabeça. – E isso também não tem lógica: provar que é homem fingindo ser mulher.

- E o que tem lógica em você, Charlie? – Danny arqueou a sobrancelha e eu senti vontade de acertar seu rosto.

- Andy, Luc – Gerard disse de forma melosa – Deixem a menina em paz, ok? É só esquecer o desafio, não estressa mais a garota!

- Eu aposto vinte dólares! – Luc levantou duas notas de dez.

Danny negou no mesmo segundos.

- Não faria isso se fosse você, eu já estou devendo vinte para ela. – Explicou o imbecil.

No mesmo segundo que Andy colocou mais vinte dólares em cima da mesa de centro, eu sorri de lado, quase aceitando o desafio de ser Danny por um dia. Entrando na onda, Gerard também colocou vinte dólares na mesa.

- Metade para cada um se cumprirem o desafio – Andy disse rapidamente e depois apontou para Danny – e se você provar não ser gay.

- Nessas horas eu prefiro ser gay e admitir do que virar uma garota por um dia – Danny balançou a cabeça em afirmativa -, mesmo uma garota que pareça um garoto.

O que eu posso dizer sobre a última frase de Danny? Bem, ele vai ficar com um olho roxo. Inclinei-me e acertei um soco bem abaixo do seu olho, Danny gritou de dor e raiva em uma mistura que fez todos da sala gargalhar, eu não consegui segurar o riso por muito tempo.

Meia hora depois, eu me encontrava no meu quarto de frente para o espelho ajustando as calças largas de Danny que podiam me fazer tropeçar a qualquer instante. Não só largas porque não cabiam em mim e eu era significativamente menor que ele, mas também porque ele usa calças maiores do que ele, veja bem, eu estava ridícula. Precisei colocar um cinto escondendo-o por baixo da camisa branca em gola V que Gerard me emprestou. Precisava ficar descalço, mas como as calças cobriam meus pés, eu coloquei as sapatilhas douradas por baixo, e adivinha para onde foi meu boné? Para a cabeça do espertalhão sem cérebro do Danny Moritz.

Sinta a contradição que reina entre nós dois.

E para completar, precisei pentear delicadamente meu brilhoso – sabem como eu odeio brilho – cabelo loiro até que ele ficasse direito e arrumadinho como aquele idiota de estilos misturados.

Saí do quarto, senti os meninos segurando o riso e ficando roxos ao mesmo tempo, sentados na sala. Fuzilei os olhos de cada um e bombardeei suas mentes como se eles lessem meus pensamentos. Gerard enfiava cada vez mais comida na sua boca para que não pudesse rir, Andrews e Lucas fingiam que não estavam me vendo.

Joguei-me no sofá e cruzei os braços.

- Não precisam realmente fingir que não estão morrendo de vontade de rir – Eu bufei. – Agora cadê o Moritz vestido de mim?

Nesse momento, o Moritz descia as escadas, com uma careta meio carrancudo. Eu quase enfartei. Usava jeans rasgados e lixados que deixavam o tornozelo aparecendo com aquelas dobras malfeitas; camisa preta de alcinhas grudada no corpo e uma camisa aberta gigante e xadrez que poderia ser um vestido. Além de tênis... Dourados, sim, imitando minhas sapatilhas e o meu boné azul na cabeça.

Eu pude me ver o quão fora de moda eu estava de longe, vendo-o jogar meus defeitos na minha cara. Tossi engasgada. Pior foi a forma que ele começou a caminhar pela sala, balançando os braços e a cabeça, tentando fazer o cabelo castanho debaixo do boné, balançar.

Os meninos ali riram descaradamente e fizeram comentários como “é assim mesmo que ela anda” e também de forma bem irônica “adorei o estilo”. Eu me levantei do sofá, protestante.

- Eu não balanço os braços nem a cabeça assim! – Disse, horrorizada.

- Realmente, o Danny sexy e lindo não anda assim – Danny disse, fazendo uma vozinha esganiçada e muito fina -, mas eu ando, sabe como é, não consigo me controlar quando o vejo.

Mais risadas da parte dos meninos, eu fiquei roxa.

- Controlar-me? Você está ficando maluco, Moritz? – Eu quase gritei.

- Charlie! – Lucas me repreendeu – Você não está imitando o Danny direito...

Eu sorri cinicamente. Se Danny Moritz queria jogar assim, enfiando meus defeitos na minha cara, essa seria uma boa forma de jogar seus defeitos também na cara dele.

Me virei para a cozinha e voltei com uma garrafa de Ice andando como um pingüim da forma mais ridícula que pude. Danny me encarou torto.

- Eu não ando como se tivesse uma perna maior que a outra, Charlie.

- Interpretando o personagem, Charlie. Faça sua parte. – Eu gargalhei.

Balancei a garrafa de Ice com seu nome rotulado na parte da frente, ele franziu os olhos para enxergar melhor e depois arregalou os mesmo, ficando com uma raivinha limitada.

- Acho que eles deveriam pintar o cabelo também – Gerard disse dando de ombros.

- Falando em pintar o cabelo, querido irmão – Eu comecei – Nunca tive coragem de dizer que te acho muito ridículo com esse cabelo vermelho, e minha vontade era te trocar pela Danadita com os narcotraficantes aproveitando que você estava mais burro bêbado do que o normal; mas a Charlie gloriosa me impediu, dizendo que você fazia parte da história dessa casa.

Eu exagerei, eu sei. Mas queria brincar dessa forma e gargalhei quando Gerard olhou feio e triste para Danny, que mexeu a cabeça negativamente de olhos arregalados.

- Certo, certo... – Danny começou, voltando a forçar a voz fina – Nada teria chegado à aquele ponto se eu não tivesse me descontrolado e começado a bater no garoto mais forte da faculdade do Danny achando que eu sou a King Konga e que tenho mais força que todo mundo, podendo assim quebrar pratos e portas de vidro.

Os garotos riram da imitação dele, Danny aproveitou para se jogar no sofá de braços cruzando e piscando irritantemente os olhos como se tivesse um tique.

- Eu pisco os olhos quando estou nervosa – Danny continuou – E se as pessoas zoarem comigo eu vou quebrar a cara delas.

Já estava ficando com raiva. Pulei no sofá no lugar onde Danny estava e caí com os cotovelos em sua barriga, Danny grunhiu e tentou me empurrar.

- Acho que vou me deitar aqui por uns segundinhos e dormir por um século porque eu sou o maior preguiçoso e acordo sem blusa com os cabelinhos no ar. – Eu tentei imitar seu tom de voz e Gerard foi quem riu mais alto.

- Sai de cima de mim Ch... Danny! – Danny me empurrou mais e mais e eu acertei um peteleco na cabeça dele, que estava inclinada ao olhar para mim, deitada em seu colo.

Andrews estalou a boca algumas vezes e gargalhou em seguida, eu parei de implicar para ver o que ele estava falando, bem alto.

- Vocês começaram a se implicar agora, mas já mostraram em quinhentas situações que sabem quase todas as características mais marcantes um do outro – Deu de ombros.

Eu acho que corei, mas Danny realmente ficou rosa nas bochechas clarinhas que ele tinha. Isso me fez rir de nervoso? Ele estava falando a verdade? Eu não sabia das características mais marcantes dele, eu só o observava demais e gravava. Isso era comum, eu podia fazer com qualquer um aqui dessa sala.

- E agora vem aquele silêncio constrangedor em que vocês dois ficam pensando se isso é verdade ou não – Lucas comentou e todos rimos, era verdade, isso sempre acontecia.

Eu dei um pulo do sofá e me sentei ao lado de Andrews com um braço atravessando seu pescoço, ele me olhou sério e todos prestaram atenção.

- Andy, eu... Eu não queria fazer essa brincadeira de fingir ser a Charlie porque na verdade, eu tenho medo de revelar que sempre quis fingir ser uma mulher. – As gargalhadas foram altas pela minha forma tão dramática de interpretar Danny – E que na verdade, eu estou há um bom tempo apaixonado por você.

Por impulso, beijei o rosto de Andrews e me afastei rapidamente enquanto os outros riam e Danny arregalava os olhos, eu limpei minha boca na barra da blusa branca.

A brincadeira não parou por aí, e se eu contasse os pontos diria que o placar estava: Charlie trinta e cinco versus Danny dez.

Balancei a cabeça. Tudo bem, talvez subisse um pouco para: Charlie vinte e oito versus Danny vinte e cinco.

A cada vez que me alfinetava com Danny, ele me alfinetava de volta chegando até a tocar em minhas batatinhas – nesse momento, Andrews, Gerard e Lucas me agarraram rindo para que eu não atacasse o idiota do Moritz que comia minhas batatas.

Sinceramente, eu não conseguia entender o porquê de ele querer implicar de volta. Era mais fácil deixar só eu implicando com o pessoal ou quieta no meu canto... Falar nisso, nem atualizei minhas redes sociais hoje. Devo ter nenhuma atualização no facebook com os quinze amigos que eu tenho lá.

Paramos de irritar por um tempo e ficamos todos na sala vendo séries de televisão na Warner, duas horas de The Big Bang Theory e mais duas de Friends. No intervalo, Gerard ligou pedindo comida mexicana.

- Aqueles nachos com molho de abacate, pimenta e... Isso mesmo, número 13.

Dá para acreditar que Gerard teve a cara de pau de descrever a comida até a atendente acertar o nome e o número da refeição? E enquanto isso, a sala, nós bombardeávamos ele com opções de pedidos, o menino ficou confuso e deu um grito histérico e longo.

- Me desculpe, mas é que tem um monte de pessoas falando ao mesmo tempo, não, tudo bem mesmo, não precisa chamar a polícia para mim! – Gerard falou ao telefone – O que vai querer, Charlie?

- Aquelas batatinhas fritas com o queijo derretido em cima – Eu disse. – Não sei o nome do pedido. – Dei de ombros ao fim.

- Molho quente ou frio?

Eu me perguntei que tipo de pergunta era essa.

- É claro que eu quero quente, não é, seu animal. – Eu revirei os olhos e desconfiei quando os outros meninos seguraram suas risadas olhando para a televisão.

Antes da comida chegar, Lucas deu uma saidinha até sua casa, dizendo que iria pegar alguma coisa que eu nem prestei atenção – nesse momento a Phoebe perguntava ao Rost se ele preferia sexo ou dinossauros. Ele escolheu dinossauros.

Então meia hora depois a comida chegou. Os meninos me mandaram ir atender a porta junto com Danny. Eu peguei do motoboy o refrigerante de dois litros e empurrei Danny com o ombro, que me devolveu o empurrão.

- Ah, Danny – Ele disse se referindo a mim, ainda naquele joguinho de ser o outro por um dia – Você é tão carinhoso.

O motoboy olhou para nós dois com uma cara estranha, ele devia pensar que éramos loucos.

- Digo o mesmo de você, Charlie – Eu respondi – Você é a menina mais doce que eu já conheci.

Nessa hora o motoboy se virou sem receber o dinheiro e jogou as mãos para o alto, dizendo alguma coisa sobre estar cansado de atender loucos na porta, e que iria se demitir.

- Ok, sem comida mexicana até arranjarem um novo motoboy – Danny confirmou ao chegar na mesa de centro com a comida – Esse aqui vai se demitir porque achou que eu e Charlie éramos loucos.

- Melhor dizendo, você e Charlie são loucos – Gerard corrigiu – E não me exclua dessa categoria, todos aqui somos.

Danny separou o lanche de cada um. Me deu um potinho de batatas fritas com queijo derretido por cima e um potinho com molho que cheirava a pimenta. Eu o encarei, desconfiada e ele me olhou com um sorriso zombeteiro no rosto.

Passei o primeiro palitinho de batata no molho vermelho e provei.

- PUTA QUE PARIU, MORITZ DESGRAÇADO, ISSO É PIMENTA! – Gritei para Gerard.

- Claro, Charlie, você pediu “quente”. – Eu lancei um olhar assassino para ele – Maaas, se você quiser trocar comigo, não tem problema! A gente troca, só não fica nervosa.

Trocamos de molho, o molho dele era ketchup e isso me deu raiva por eu ser tão burra, me esquecendo que com as comidas mexicanas as coisas eram assim. O problema todo foi que Danny gargalhava histericamente.

Eu coloquei a mão atrás de seu cabelo castanho e empurrei com força contra a mesa – no local onde se localizava seu potinho com molho de abacate. Seu rosto ficou sujo no mesmo instante e todos riram.

- Aí, mano! – Gerard começou com as piadinhas – Agora nem precisa fazer limpeza de pele mais, já passou o creme de abacate!

- Danny faz limpeza de pele? – Eu perguntei, sem conter o riso quando os três meninos afirmaram.

Danny estava vermelho por trás da máscara de abacate. Explodiu no segundo seguinte.

- CHARLIE! AAAAAARG MALUCA! QUER SABER? BEM FEITO COM A PIMENTA!

- E BEM FEITO COM O MOLHO DE ABACATE, SEU FRANGUINHO! – Eu gritei de volta.

Danny ergueu seu copo de coca-cola e deixou cair gotas em cima da minha cabeça. Nessa hora, nós dois já estávamos levantados e prontos para começar a terceira guerra mundial nos Estados Unidos, dane-se Hitler e seu cadáver, eu iria bombardear aquele sujeito.

- Será que ambos não podem ser amigos e rirem das brincadeiras que aqui acontecem? – Andrews perguntou, bem calmo, olhando através de nós dois como se tivesse alguém ali atrás.

- NÃO! – Respondemos juntos.

- Tudo bem, com isso eles aprendem a conviver juntos.

Clic.

De onde veio esse clic e por que Lucas está atrás de mim e Danny? Olhei para os nossos braços imediatamente, uma algema de metal nos ligava agora pelo meu braço direito e o braço esquerdo dele.

Olhei torto para Lucas com uma cara de interrogação e me segurando para não explodir antes de ter toda uma explicação adorável daquela algema.

- Lucas, por favor, me explique o que é isso, exatamente? – Eu perguntei com a voz calma e trêmula de raiva. Bem contraditória.

- É uma algema, Charlie – Lucas deu de ombros.

- EU SEI DISSO, IMBECÍL! – Danny e eu gritamos em uníssono. Lucas até se assustou.

- Eu uni vocês dois, para ver se resolvem parar de brigar convivendo mais junto do que já estão sob o mesmo teto – Novamente, deu de ombros como se a algema não tivesse importância – Minha mãe é policial, ela tem várias dessas perdidas pela casa.

Eu balancei a cabeça.

- Você não tem amor pela vida, Lucas – Eu afirmei – Cadê a chave?

Eu estendi a mão. Lucas levantou as mãos para o alto.

- Essa é a parte mais interessante, mamãe tem todas as chaves, mas perdeu as algemas.

Era melhor que Danny me acompanhasse a correr pela casa atrás de Lucas antes de espancá-lo e trucidá-lo, se puder também, cremá-lo. Agora me diz, o que eu faço algemada ao Danny?


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Notas finais do capítulo

fshofhoshfos A Charlie não está na sua melhor situação com o Moritz, hmm será que vai rolar coisa?
Mereço reviews?
Beijos pra vocês, té mais.