A Marriage? escrita por Anne Sophie


Capítulo 24
Epílogo.


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOI!
HOHOHO, MERRY CHRISTMAS!



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– E eu não quero ouvir mais nenhuma palavra que saia dessa sua boca imunda. – Encarei-o irada. Ele apenas arqueou as sobrancelhas. – Com sua licença.

Dei as costas a ele, mas sua voz me interrompeu de andar:

– Aonde pensa que vai?

– Para bem longe de você.

Saí andando e alcancei a porta, virando-me apenas para fechá-la dramaticamente. Antes de realizar tal ato pude ver os olhos de Poseidon transbordarem ódio.

Bufei e bati o pé no chão, fazendo pequenas bolhas de ar subirem até o teto do corredor.

Dois meses de casados. Sim, e eu pensando que as nossas brigas iriam diminuir, mas aconteceu justamente o contrário. Era incrível como seu sarcasmo e sua ignorância cresceram em tão pouco tempo.

Saí andando pelo corredor, vez ou outra me desviando de peixes que faziam pequenas reverências a mim. Eu não conseguia me acostumar com aquele local.

Poseidon conseguiu me convencer a morar com ele em seu palácio subaquático. Claro que eu aceitei, quanto menos brigas melhor, mas me acostumar com aquele ambiente escuro, úmido e “aguado” era muito difícil.

Suspirei, as bolhas de ar saindo de minha boca. Com raiva puxei os meus cabelos para baixo, jamais os controlaria debaixo d’água. E eu ainda achava impressionante o fato de conseguir respirar naquele local.

Algo como magia de dupla respiração ou algo do tipo que Poseidon comentou no meu primeiro dia aqui. Não me importava no momento.

Passei pelos diversos corredores de tapetes vermelhos que sempre abriam lugares para enormes portas incrustadas de pérolas e pedras preciosas. Tudo naquele lugar era minimamente calculado para ser perfeito.

Uma daquelas grandes portas estava aberta, dando vista para a sala do trono, onde, no centro, estava localizado o imponente trono de Poseidon, todo dourado e incrustado de pérolas. Ao lado direito um trono um pouco menor e mais delicado estava sendo construído. O meu.

Passei reto, aquilo nunca me interessou, mas Poseidon havia teimado em me dar um como presente. Seria a sua surpresa.

Ainda seguindo o caminho trilhado pelo tapete, cheguei até um dos jardins decorado com belíssimas plantas aquáticas, corais brilhantes e algas. Caminhei até um banquinho e lá me larguei de qualquer jeito. Um tubarão martelo passou ao meu lado e me cumprimentou, mas eu apenas o ignorei.

Poseidon era um otário. Dos piores.

Eu ainda não conseguia acreditar que ele havia brigado comigo apenas por causa de um deus menor que não possui cérebro e me cantou. Não posso fazer nada.

Até parece que eu ia dar ouvidos para aquele ser inescrupuloso e completo machista. Um momento. Acho que eu não sei se estou falando do deus menor ou do meu marido. Ah, tanto faz, os dois são.

Olhei para um chafariz e torci o nariz ao ver a estátua do deus do mar no centro dela. Naquele lugar tudo me lembrava dele.

Levantei em um salto e puxei meus cabelos para baixo. Aquilo já estava me deixando irritada.

Num movimento de mãos eu já estava no centro da movimentada Nova York, as pessoas batendo em mim com suas sacolas e ombros.

Sem nem mesmo saber minha localização eu saí andando. Meus passos agiam de maneira automática e antes que eu pudesse reconhecer o caminho eu estava para na frente do conhecido casarão com grandes janelas, que parecia ter brotado de uma história.

Sorri ao reconhecer o tão querido lugar. Depois que nós casamos, eu e Poseidon viemos várias e várias vezes, só para ficar de papo furado com o nosso querido Maitre Louis.

Sem dúvida, aquele era o meu local favorito em todo mundo.

E lá estava a pessoa perfeita para eu desabafar.

Atravessei as grandes portas de madeira, logo pisando naquele salão de entrada maravilhoso. No final dela estava o meu amigo, vestido com o uniforme que tanto amava.

Louis sorriu e acenou ao me avistar e eu repeti o seu gesto. Caminhei a passos rápidos e esperei um casal ser atendido. Louis saiu para levá-los até a mesa e voltou poucos minutos depois. Ele me encarava com seus olhos azuis curiosos.

– Olha quem está aqui e desacompanhada – ele falou surpreso e eu ri. – Como vai, querida Julie?

Sorri melancólica. Jamais poderia contar a minha verdadeira identidade a ele.

– Eu briguei com Peter – ele abriu a boca em um perfeito círculo. – Na verdade foi o contrário, ele soltou a bomba em mim.

Dei uma risada sem humor e Louis virou para trás, chamando um garoto que veio prontamente. Eles dois conversaram um pouco e o meu amigo tirou o avental preto, dando-o para o rapaz ao lado.

– Essa é uma emergência e por isso decidi tirar minha folga – ele deu uma risada e eu fiz uma cara chocada. – Não fique preocupada, Ju. Eu precisava, mesmo. Estou morrendo de fome!

Ele passou as mãos sobre a barriga inexistente e eu ri abertamente. Louis era a melhor pessoa de todo o mundo.

Ele enlaçou meu braço no seu e juntos adentramos a outra sala, cheia de mesas, cadeiras e pessoas. Ele me guiou até uma mesa próxima a uma das janelas, puxou uma cadeira para eu sentar e logo após eu estar confortável ele sentou a minha frente.

– Pode me contar tudo. Eu sei que vocês brigam muito, mas pela sua cara dessa vez a coisa foi séria – ele fez um sinal para o garçom mais próximo e pediu duas taças do melhor vinho tinto da casa. Eu preferi ficar quieta, não queria brigar com mais ninguém.

– Ele insinuou que eu estava dando trela para um cara que me cantou na rua, Louis – meus olhos começaram a encher d’água. Ele me olhou preocupado e segurou minha mão direita sobre a mesa, afagando-a. – As palavras que ele proliferou foram tão cruéis, eu não consigo acreditar ainda. Eu estou morrendo de raiva.

Bati o punho contra a madeira de mesa e um soluço escapou de minha boca, as lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. Louis me olhou afetado e me estendeu um guardanapo de linho. Agradeci com um sorriso choroso.

– Ele deve ter falado essas coisas de cabeça quente. Você sabe como ele é – ele tomou um gole do vinho e eu assenti, ainda enxugando o meu rosto. – Claro que eu não concordo com o que ele fez, mas espera a sua cabeça e a dele esfriarem.

– Sim.

Ele sorriu reconfortante e em seguida dois pratos com filé de peixe foram postos a nossa frente. Tentei reprimir a careta que fiz ao observar a carne branca. Por que tudo tinha que me levar a ele?

– Não gosta de peixe? – sua voz soou preocupada e eu rapidamente levantei meu olhar até seus olhos azuis.

– Ah, gosto sim, não se preocupe – Soltei um sorriso forçado e ele deu de ombros, voltando a atenção ao prato.

Suspirei fundo e comecei a cutucar a carne com o garfo para peixe. Zeus, por que tão cruel comigo? Reprimi um gemido de frustração quando levei o pedaço à boca.

Comecei a mastigar lentamente, enquanto encarava a taça de vinho como se fosse a coisa mais importante do mundo.

Quando eu ia levar outra garfada um pigarro me interrompeu. Encarei Louis confusa, mas ele olhava para alguém atrás de mim.

Vir-me-ei lentamente e a primeira coisa que eu avistei foi uma camisa de botão quadriculada. Subi meu olhar relutante e eu avistei os olhos verdes que eu queria tanto evitar.

Poseidon sorriu de lado e eu engoli em seco. O que ele estava fazendo ali?

Virei o rosto tão rápido que eu senti uma fisgada no pescoço para encarar Louis que sorria um pouco culpado e depois ele levou um pedaço de peixe até a boca como quem não quer nada.

– Traíra – sussurrei por entre os dentes e ouvi sua risada. Bufei e voltei a fitar Poseidon atrás de mim. – O que você quer?

Se eu liguei para o meu tom ríspido? Não, ele estava merecendo coisa pior, até.

Poseidon deu um sorriso amarelo e tirou o braço de trás das costas, revelando um buquê de lírios.

Se o meu coração falhou só de ver a cena? Não, claro que não, só tive uma pequena parada cardíaca, nada pesado.

– Me desculpe – ele sorriu constrangido e se ajoelhou em minha frente. Arregalei os olhos.

Por que os mortais tinham que ser tão intrometidos? Voltem suas caras para os pratos, andem!

– Levanta já daí – falei num intermédio entre grito e sussurro. Eu sei que isso não existe.

Poseidon me olhou confuso e encarou Louis um pouco desesperado. O nosso querido amigo só deu o trabalho de levantar da mesa e sair andando. Muito obrigada, Louis!

– Atena, por favor – sua voz soou triste. Suspirei fundo olhando para a janela e observando o movimento das pessoas. – Eu te amo.

Reprimi um soluço. Eu também te amo, mas você é muito ciumento!

– Eu sei que minhas atitudes te machucam muito, mas eu juro pelo rio Estige que vou tentar controlar o meu ciúme – Um trovão retumbou e eu encarei seus olhos que estavam avermelhados.

Ele ia chorar?

Soltei uma risadinha embargada pelo choro e ele me encarou sem entender nada. Passei a mão por sua bochecha e ele sorriu com o afago.

– Não chora – falei ainda rindo. – Eu também te amo, mas eu quero que controle os seus gênios.

Ele deu uma risadinha de lado e levantou me puxando para cima. Colou nossos corpos e beijou meu pescoço, me fazendo arrepiar. Ele riu quando viu o efeito que causava em mim.

– Eu te amo muito, nunca, mas nunca me abandone – ele deu um beijo em minha nuca. – E se eu fizer qualquer outra besteira eu te autorizo a me dar um soco na cara.

Ri escandalosamente e o apertei mais contra mim, sentindo seu coração bater acelerado contra a minha cabeça. Aquilo era o meu calmante.

Poseidon ergueu meu rosto e eu encarei seus límpidos olhos verdes. Sorri para ele, que retribuiu o gesto, aproximando os nossos rostos. Fechei os olhos ao sentir o contato dos nossos lábios.

De um selinho o beijo virou algo de cinema. Todo o sentimento que ele possua por mim ele tentava passar pelo beijo e eu tentava retribuir na mesma intensidade. Ele apartou nossos lábios com um selinho.

– Você comeu peixe? – seus olhos arregalados me fizeram rir. – É sério.

Empurrei seu ombro e ele cambaleou um pouco para trás, me puxando por estar com as mãos em minha cintura.

– Cala a boca e me leva pra casa – ele sorriu. Era a primeira vez que eu chamava aquele palácio de lar.

– Como a senhorita quiser – ele deu uma piscadinha marota e eu reprimi o riso. Saímos andando para não dar tanto na cara que não éramos normais e acenamos para Louis, que sorria para nós.

Sussurrei um “obrigada” e ele levantou os polegares num gesto positivo, antes de atender um casal de idosos.

Poseidon me guiou até um beco para assim aparatarmos em nosso quarto, já todo iluminado a luz de velas.

Dei um sorriso de lado antes de atacá-lo com um beijo de surpresa, fazendo-o cambalear para trás e bater as costas contra a parede.

E o resto já se pode imaginar o que aconteceu.


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