Acordei com o sol da manhã em meu rosto. Tinha me esquecido de fechar as cortinas na noite passada. Ainda de olhos fechados eu gemi de frustração e rolei pela cama, esperando me chocar contra o corpo de Poseidon. Estava completamente enganada.

 Abri os olhos surpresa ao sentir o excesso de espaço e inalei o perfume que estava impregnado no travesseiro. Definitivamente era dele. Decidi me levantar, já que o tempo voa. Não tinha nenhum sinal de Poseidon, nenhum. Nem um par de sapatos, nem uma carta explicando sua súbita saída.

 Dei de ombros. Ele não precisava sempre dar satisfação. Só quando eu quisesse, claro. Saí pelo quarto caçando minhas roupas para tomar um merecido banho e quando as achei marchei até o banheiro.

 Depois de meia hora de banho, saí do quarto e fui em direção à sala de jantar, que era onde fazíamos nossas refeições em bando. Só de chegar perto eu já ouvia as vozes altas dos deuses, sempre discutindo.

 Ao chegar lá vi que todos os deuses estavam presentes, menos o meu pai. Quando notaram minha presença o silêncio reinou e vi todos aqueles rostos conhecidos virarem em minha direção. Senti minhas bochechas esquentarem pelo modo que me encaravam. Logo em seguida todos os rostos se voltaram para Poseidon, que fingia estar muito entretido com a omelete em seu prato.

 Fuzilei com os olhos Afrofite e Apolo, que davam risadinhas e bateram as mãos, em um toque ridículo de “amigas para sempre”. Se Apolo não fosse tão pegador eu diria que ele é gay. Suspirei derrotada e segui para o meu lugar, que infelizmente – aposto que foram aqueles babacas, vulgo Apolo e Afrodite – era exatamente do lado de Poseidon.

 O silêncio reinava naquela mesa. O único barulho audível era do celular de Hermes, que recebia mensagens a cada dois segundos. Os deuses prendiam a respiração, esperando qualquer movimentação minha e do deus dos mares ao meu lado.

 - Bom dia. – Falei solene a todos. Muitos soltaram o ar de seus pulmões, claramente desapontados.

 - Bom dia. – A maior parte respondeu. Outros se preocuparam em entupir suas bocas de comida. Não liguei, era sempre assim.

 Com o canto dos olhos vi Apolo sussurrar algo para Afrodite e esta arregalar os olhos como resposta. Ela colocou as mãos na boca e começou a dar pulinhos na cadeira enquanto Apolo ria. Ninguém na mesa havia percebido exceto eu.

 Olhei para Poseidon ao meu lado preocupada, mas ele estava determinado a ignorar a todos durante todo o café-da-manhã. Bufei e dei uma cotovelada em sua costela. Nem deve ter doído, mas era só pra chamar sua atenção. Muitos que observavam a cena riram.

 - Então, Atena, como foi sua noite? – Afrodite perguntou com uma voz cheia de segundas intenções. Ouvi o barulho de talheres sendo largados nos pratos, respirações sendo prendidas, deuses se ajeitando em suas cadeiras e Ártemis quase morrendo engasgada, enquanto Héstia batia em suas costas preocupada.

 - Boa, mas aposto que não foi tão boa quanto a sua. – Dei a minha resposta ácida em tom gélido. Alguns deuses tentaram controlar as risadas, porém outros não. Afrodite ficou de todas as cores possíveis, levantou de sua cadeira e saiu correndo pelo corredor, logo sendo seguida por Ares.

 Eu apenas tomava o meu delicioso suco de laranja, feito pelas ótimas cozinheiras que eram as ninfas. Já falei que elas têm mãos de fada?

 - Não precisava ter sido tão dura com ela, Atena. – Ouvi uma voz grossa do meu lado se pronunciando pela primeira vez.

 - Como não, Poseidon? Viu o tipo de pergunta que ela fez? – Falei o encarando. Não me importava com os deuses nos olhando como se fôssemos uma reality show.

 - E você viu o tipo de resposta que você deu? – Ele falou batendo a xícara no pires, fazendo o líquido se espalhar para fora dele. – Afrodite não reage a suas respostas como eu. Ela é mais sensível do que você pensa.

 O olhei chocada. Era isso mesmo? Ele estava protegendo Afrodite por algo que ela fez e que foi extremamente errado? Agora eu sou a vilã?

 - Ótimo, então vá lá consolar a sua querida Afrodite, porque eu não irei pedir desculpas. – Peguei o guardanapo em meu colo e o joguei em cima da mesa. Levantei-me e saí marchando até o meu quarto, onde fiz questão de fechar a porta com tanta força, mas tanta força que até do primeiro andar do Empire State daria para ouvir o barulho.

 Saí murmurando coisas incompreensíveis pelo quarto, sempre tacando uma coisa ou outra no chão. Os frascos de perfume já tinham quase todos ido embora, o espelho de minha penteadeira estava todo rachado e o meu closet sem porta. Eu estava me controlando para não ir até o banheiro e quebrar tudo que tinha lá, então fui até a minha cama e peguei os travesseiros, socando-os, jogando-os no chão até que rasgassem e fizessem as várias penas de ganso voarem ao meu redor.

 Quando eu parei estava ofegante. As penas voavam ao meu redor e eu respirava de boca aberta, mas eu não estava nem aí. Quem sabe morrer asfixiada não seria melhor? Ah, sim, acabei de me lembrar que sou imortal.

 O único travesseiro que sobrou pra contar história estava em minha mão, pronto pra ser estraçalhado. Mas eu não conseguia. Era o travesseiro que Poseidon usava. Eu estava exausta, então eu apenas peguei o travesseiro e me joguei na cama, fazendo com que milhares de penas voassem de novo.

 Acordei com a sensação de que estava sendo observada. Tentei ignorar, mas o cheiro de perfume caro estava tão forte que me incomodava o meu nariz. Virei-me e encontrei uma Afrodite de olhos vermelhos sentada em minha cama. Eu estava surpresa com sua visita, mas mais surpresa ainda com o fato de estar vestida tão simples: uma blusa branca e uma calça jeans.

 - Afrodite. – Falei com minha voz horrível de quando eu acordo. Ela me direcionou um sorriso triste.

 - Oi. Espero que já esteja calma. – Ela falou olhando ao redor do quarto. – Parece que um furacão passou por aqui.

 Fiz uma careta. Furacão. Poseidon.

 Afrodite soltou uma risada fraca.

 - Me desculpe, você sabe o que eu quis dizer. – Assenti me levantando.

 - O que faz aqui? – Perguntei estalando os meus dedos e vendo tudo que estava quebrado voltar à sua antiga forma. Em segundos meu quarto estava perfeito.

 - Eu vim aqui para conversar. – Ela disse ajeitando um vaso de flores em meu criado-mudo. Transtorno obsessivo compulsivo. – Queria pedir desculpas pelo que falei hoje mais cedo.

  O silêncio tomou conta. De repente eu senti o peso da culpa em meus ombros, como se eu estivesse segurando os céus. Me senti a pior pessoa do mundo. Apesar de tudo, Afrodite estava sempre do meu lado, me apoiando.

 A encarei de boca aberta, sentindo meu rosto formar uma cara de cachorro perdido. Afrodite riu um pouco e abriu os braços e eu corri para um abraço, já implorando por desculpas. Ela só riu e assenti, enquanto passava a mão em minha cabeça.

 - Bom, agora que estamos desculpadas, você precisa conversar com outro alguém... – Antes de ela terminar a frase eu já tinha fechado a cara. – Não faz isso!

 - Eu ainda estou extremamente chateada com ele! – Falei me afastando. – Preciso de um tempo.

 Ela suspirou, mas sorriu. No fundo ela sabia que nós nos acertaríamos.

 - Tudo bem. Bom, tenho uns assuntos importantes para tratar. – Ela ia em direção à porta. – Ah! Lembrei. Ártemis está te chamando na sala de TV.

 Eu a encarei curiosa, mas Afrodite só me direcionou mais um daqueles sorrisos misteriosos.

 Quando entrei naquela sala que mais parecia um cinema me deparei com uma cena totalmente incomum. Ártemis e Apolo sentados juntos, rindo, agindo como dois ótimos amigos. Ou mais que amigos.

 Pigarreei para chamar a atenção dos dois e vi dois rostos mais vermelhos que o meu. Que situação!

 - Atena! – Ártemis se levantou e me abraçou, me deixando surpresa.

 - Pensei que estivesse chateada comigo. – Falei quando nos afastamos. No sofá pude ver Apolo balançar a cabeça negativamente.

 - Estava, e eram por motivos bobos. Entendo que você tem que ser feliz. – E encarou Apolo. Arqueei as sobrancelhas. Tem caroço nesse angu. – Por isso eu, e um pouco da ajuda de Apolo, tenho um presente pra você.

 Fiquei olhando-a me dar às costas e pedir a Apolo para que pegasse uma enorme caixa azul anil que estava atrás do sofá. Ele a entregou com um sorriso e se levantou ficando do meu lado.

 - Espero que goste. – Apolo falou ansioso enquanto Ártemis me entregava o presente.

 Apolo segurou a tampa para que eu pudesse tirar os finos papéis que serviam de embrulho. Quando dei por mim estava encarando o vestido de noiva mais lindo do mundo. O tirei de caixa maravilhada e o ergui na altura dos olhos, para que o pudesse ver todo.

 Era simplesmente maravilhoso. No estilo sereia, ele era um tomara-que-caia que ia todo justo pelo meu corpo e enchia apenas abaixo do joelho. Ele parecia ter brilho próprio, mas não aquele brilho exagerado, era como se recebesse a luz do sol, ou da lua. As pedras faziam um desenho delicado ao longo do vestido, como se quisessem contar uma delicada história.

 - Pelos deuses, é maravilhoso! – Falei com lágrimas nos olhos. Os deuses gêmeos comemoraram.

 - Nós fizemos pensando em você. – Apolo falou. – Na verdade, foi Ártemis quem fez, eu só ajudei com as pedras.

 Fui até o sofá e coloquei a caixa e o vestido delicadamente sobre o mesmo, logo em seguida indo dar um abraço nos dois.

 - Esse foi um dos melhores presentes que já recebi em toda a minha eternidade! – Falei ainda extasiada. – Muito obrigada! Eu amei!

 Quando nos afastamos pude ver o olhar de gratidão que Ártemis direcionava a Apolo. Senti que estava começando a sobrar ali, então tratei de dar uma desculpa falando que ia mostrar o vestido à Afrodite e saí de fininho.

 Fui até o meu quarto e deixei aquela perfeição no melhor canto do meu closet, para que eu pudesse olhá-lo sempre. Depois comecei a vagar pelos corredores que nem um fantasma, procurando a bendita deusa do amor.

 Eu acabei chegando à ala de Zeus, onde ficava o seu escritório. Eu estava crente de que aquele lugar estaria completamente vazio, mas do corredor eu ouvia vozes altas.

 - É um absurdo! Não quero que conte a ela! Nunca! – Uma voz esbravejou como trovões, sem dúvida era o meu pai.

 - É necessário, Zeus. Ela precisa saber o que está acontecendo, ainda mais quando eu estou envolvido! – Ouvi a voz de Poseidon ecoar. Como?

 - Nunca! Ela só saberá depois do casamento. – Zeus berrou e eu ouvi algo bater com força contra a madeira. Eles estavam falando sobre mim.

 Sei que é feio ouvir atrás da porta, mas quando o assunto remete a você já é outra história. Encostei meu ouvido na porta e fiquei em silêncio.

 - Eu concordo com Poseidon, Zeus. – Uma voz fina falou calmamente. Era Afrodite, sem dúvida. – É melhor ela saber agora do que depois.

 - Se ela souber agora tudo estará arruinado! Ela vai saber o que eu fiz! – Zeus exclamava. Ouvi suspiros.

 - Como se ela já não soubesse. – Poseidon declarou. Afrodite praguejou baixinho.

 - COMO É? – Trovões ecoaram lá fora. – Você contou a ela? Você quebrou o juramento!

 - Eu não contei nada! – Poseidon se exaltou. – Parece até que não sabe o porquê de ter dado a ela o cargo de deusa da sabedoria!

 Tudo ficou em silêncio, mas eu ainda ouvia a respiração pesada de Zeus.

 - Eu não quero que você conte. – Zeus declarou. – Te proíbo de contar.

 Comecei a ouvir outra respiração pesada, ficando cada vez mais descontrolada. Ouvi Afrodite Falar algo incompreensível.

 - VOCÊ NÃO VAI ME PROIBIR DE NADA! – Poseidon berrou a plenos pulmões. Sua voz pôde ter sido ouvida desde o Mundo Inferior. – Eu preciso contar a Atena que ela se casa comigo. COMIGO!

 Gelei. Como é que é? Eu via tudo girar, meus pensamentos passavam a milhões de quilômetros por hora em minha cabeça, mas eu ainda consegui mirar minha mão na maçaneta e girá-la, abrindo a porta.

 - Como é que é? – Três rostos assustados viraram em minha direção.

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MUAHAHAHAHAHAHAHA

É assim que eu gosto, muita confusão! Adoro polêmica!

Oi gente!

Eu sei, disse que ia postar pra caramba nas férias, mas no fim tive que resolver uns problemas de saúde que me afastaram um pouquinho daqui, mas eu já estou de volta!

Senti muita falta de escrever T.T

Ah, quem gostou da Atena saber a verdade? Eu adorei! muahahahaha

E quem gostou do "novo" casal lançado hoje? Apolo e Ártemis, hmmmmmmmmmmmm....

SUHAUASHAUSHASUASHAUHUAHSAHSUASHAUSHAUSHASHUASHASHAUHSUAHSHSA

Ah, pros leitores da outras história e que ainda não sabem: eu já terminei Percy Jackson e o Enigma de Afrodite.

Só chorei agora, um mês depois. Eita pessoa pra ficha demorar a cair... --'

Ó, não vou tomar o tempo de vocês, não

Então até o próximo capítulo ou até os reviews!!

Bjundas!!!