Diário De Cris Sulivan escrita por Bri


Capítulo 5
3. Cadê a senhora Isabel?




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AINDA NO DOMINGO , 4 DE JANEIRO DE 2009

A Green Hill é uma construção de tijolos vermelhos e compostos por cinco prédios. Os três primeiros prédios que — ficavam perto do estacionamento amplo — eram os mais importantes, pois é onde ficavam as salas, secretaria, diretoria, grêmio, auditório e a recepção. No meio do terreno ficavam o refeitório e logo após as quadras de esportes — vôlei, basquetes, futebol (aqui não tem rúgbi desde que o filho do presidente quebrou o braço e ameaçou processar a escola)  — e um pouco mais adiante ficava a enorme piscina. No final de tudo ficava os dormitórios femininos ao leste e o masculino ao oeste que eram divididos por uma espécie de muro logo após  que a filha daquela juíza ficou grávida. O resto da propriedade era coberta por grama — que ainda tinha muita neve acumulada do inverno — e com algumas arvores.

— Seja bem vinda de volta senhorita Sulivan.

Eu quase tive um enfarto agora Melane.

Respira e inspira.

Eu estava tão concentrada olhando a escola que não vi aquele  homem se aproximar de mim sorrindo. Precisei de um tempinho para me acalmar.

— Peço desculpa se assustei a senhorita — disse ele olhando para mim de um jeito carinhoso.

Ele estava usando um terno preto com o símbolo da escola — um escudo verde atrás de um grifo dourado. Já estava obvio que ele trabalhava aqui. Eu não me lembrava dele. Não sei por que, mas eu acho que não conhecia aquele homem com os cabelos um pouco grisalhos, óculos quadrados e sorriso gentil.

— Eu sou Cezar, o novo coordenador da escola, pelo menos para você — disse ele ainda sorrindo. Será que ele não cansa?

Era por isso que eu não me lembrava, pois a antiga coordenadora, senhora Berta, era muito velha e ranzinza pelo ao contrário desse que não para de sorrir.

Cezar mandou um carregador levar as minhas malas para o meu quarto enquanto ele me levava ate a secretaria para me explicar umas regrinhas básicas da escola. Andamos pela grama e depois por uma passarela de pedrinhas brancas. Enquanto eu ia para a secretaria pude ver alguns jovens conversando sobre o que fez de animador nas férias e ate umas criancinhas brincando.

Entramos no prédio do meio e pude ver uma fileira de armários de alumínio verdes enfileirada por todo o corredor com plaquinhas enumeradas, igual como  eu me lembrava que era antigamente.

Cezar abriu uma porta e pediu para eu entrar.

Assim que eu entrei na secretaria pude ver uma grande escrivaninha verde com duas mulheres teclando rapidamente em um notebook. A primeira mulher — que eu não me lembrava  na época que eu estava aqui — era muito alta e tinha os seus cabelos cacheados preso em coque. A segunda já era muito familiar da época que eu estudava aqui. Ela tinha traços asiáticos e era muito baixa, mais do que eu pelo menos. O seu nome era Samandra.

O coordenador me levou ate uma porta que era a direita das secretarias e nós entramos em sua sala.

Cezar se sentou em uma grande e confortável cadeira de couro preto — que não gostei Melane, já que eu sou completamente contra a morte de animais para dar conforto e beleza. Ele me mandoueu sentar nas cadeiras a sua frente que a meu ver eram desconfortáveis e duras.

— Já que a senhorita já estudou aqui ainda deve se lembrar de algumas regras — eu confirmei com a cabeça Melane torcendo para ele não me falar as regras, pois ia demorar e eu queria almoçar. — Mas não faz mal nenhum repetir. Primeiramente: é totalmente contra meninas visitar dormitórios masculinos, uso de celulares em sala de aula, a saída da escola em meio de semana, qualquer tipo de aparelho eletrônico fora do horário, faltar aulas, não pode usar roupa comum em horário de aula entre outras. As aulas iniciam às oito da manhã e vão ate às três da tarde com pausa para o almoço ao meio dia.  E a senhorita tem que escolher um esporte e, se quiser uma matéria extracurricular.

  Não prestei atenção em quase nada que ele falou. Eu sei Melane é errado isso o que eu fiz, mas fazer o que? Isso tudo era um monte de baboseira e eu estava ocupada demais olhando para a janela que tinha atrás da cadeira do coordenador. A única coisa que eu escutei foi o finalzinho.

  — Então quer decidir agora? — perguntou ele enquanto se abaixava para pegar alguma coisa.

— O que? — perguntei desorientada.

— O esporte e a matéria extracurricular.

— No esporte eu quero fazer vôlei — disse, Melane entenda eu sou ruim na maioria dos esportes, mas vôlei era o que eu era um pouco melhor e também tinha menos chance de passar vergonha.

— E a matéria extracurricular? Aqui nós temos gastronomia, pintura, teatro e musica. Qual é a que você quer?

— Gastronomia — disse sem hesitar.

Afinal gastronomia era a única aula que eu podia comer e ao mesmo tempo tirar nota boa. E vamos ser sinceras Melane, eu tinha praticamente mão de fadas, tirando quando eu esqueço alguma coisa no fogo e queima, mas enfim.

— Ótima escolha — disse Cezar. Ele me entregou uma pasta verde com o brasão da escola em sua capa e disse: — Aqui nessa pasta a uma copia das regras gerais da escola e recomendo que você leia, têm as chaves do seu quarto, a senha do seu armário, o horário de aulas e um mini-calendário para te ajudar.

— E o meu uniforme? — perguntei com um pouco de remoço.

Quando eu estudava aqui eu tinha que usar aquelas saias ridículas de pregas, que para falar a verdade Melane me deixava com as pernas finas e, alem de tudo, eu odiava saias. Então antes de entrar eu fui muito clara dizendo que queria usar calças e graças ao senhor Deus amado eles disseram que não tinha problema.

— Não se preocupe com isso, o seu uniforme esta em seu quarto muito bem guardado em seu roupeiro — ele se levantou e caminhou  ate a porta — Venha vamos dar uma pequena volta pela escola e mostrar onde a senhorita vai ficar.

Nós andamos pelos os caminhos de pedras que levava a todo o canto menos para narnia Melane ou para o mágico de oz. Eu podia ver vários jovens agora conversando sentados em bancos que tinha espalhados pela a escola e até alguns brincando com bolas de futebol, vôlei ou ate mesmo correndo sem ter motivos.

Varias pessoas olharam para mim e eu sabia muito bem os motivos:

1- Tava olhando para mim porque eu sou nova e é muito difícil ter alunos novos no meio do  ano.

2-     Ou eles tinham visto a espinha enorme que nasceu da minha testa e que eu tentava cobrir com a franja.

Desses dois motivos Melane eu preferia o primeiro, pois a minha espinha estava enorme mesmo.

Continuamos andando eu fingi que não via as pessoas olhando para mim e nem prestava atenção no que Cesar dizia, afinal deveria ser alguma besteira ou como a escola foi fundada.

Coisas chatas.

Finalmente agente passou no refeitório e o meu estomago deu aquele salto de fome. Melane eu precisava de sustância e qualquer bagaço para comer, afinal — olhando no relógio do celular novamente — já eram uma e meia da tarde e, pelo que eu me lembro, os empregados tirem o comer de duas horas da tarde. Qual é? Só porque eu sou magra e esquelética quer dizer que eu não preciso comer? Que preconceito é esse?

Olhei rapidamente para a bandeja e vi tudo o que eu mais gostava de comer. Bife com molho branco, franguinho asado — pelo menos eu espero que seja frango — lingüiça, salsicha com molho, purê de batatas... Resumindo: tudo que eu gostava sem tirar o arroz e a salada.

Olhei para as varias mesas espalhadas naquele enorme refeitório e senti inveja das pessoas que estavam comendo tudo que eu gostava.

EU QUERO COMIDA!

— Cezar, será que eu podia comer agora e deixar o passeio para depois? — perguntei com o meu melhor olhar de cachorro que caiu da mudança.

Vamos Melane, comigo: Diz que si! Diz que sim! Diz que si! Diz que sim!

— Vamos logo ver o seu quarto e depois você almoça — disse ele, mas depois de ver a minha carinha de cachorro disse: — Não se preocupe eu mandei guardarem um almoço para a senhorita comer depois.

Encarando a realidade eu, o coordenador e minha barriga vazia saímos do refeitório e andamos em direção dos dormitórios e como sempre sem escutar nenhuma palavra do que o coordenador disse. No caminho eu pude ver as três e a piscina. Elas estavam uma na extremidade da outra formando um grande quadrado e no meio ficava os vestiários. Eles dizem que o jeito que isso esta arrumado é muito impressionante, mas Melane isso foi só uma desculpa para eles não precisarem de vestiários para cada quadra ou piscina.

Paramos de andar quando a trilha foi dividida em dois lados e no lado direito tinha uma mulher muito jovem nos esperando. Ela tinha o cabelo loiro muito cacheado e parecia realmente muito jovem com o seu corpo esbelto. Ela tinha o molho de chaves presa em sua calça escura.

— Senhorita Sulivan essa é Karina Miller, a governanta do dormitório feminino — disse Cezar apontando para a governanta...

PARA TUDO! Ela é a governanta?

Melane não me julgue por ficar chocada. Poxa ela poderia ser facilmente confundida com uma aluna do terceiro ano. E o que foi que aconteceu com a antiga governanta? Cadê dona Isabel? A Dona Isabel Melane era mexicana e a antiga governanta daqui, eu gostava muito dela, e gostava muito mesmo. Ela era engraçada, extrovertida e sempre que eu ficava doente ela me levava para o seu quarto e ficávamos comendo chocolate e contando historinha de princesa que ela escrevia. Eu adorava a da princesa de gelo.

A vida é tão injusta Melane.

— Seja bem vinda senhorita Sulivan  — disse a tal da Karina Miller sorrindo para mim.

— Obrigada — disse com a educação que mãe se esforçou tanto para me dar.

— Agora eu vou deixar você na mão da senhorita Miller — disse o coordenador antes de se afastar.

— Me acompanhe senhorita Sulivan — disse a senhorita Miller andando em direção ao dormitório feminino

Eu a acompanhei sem acreditar que aquela mulher era a governanta.

O dormitório feminino — igual a todo o colégio — era de tijolos vermelhos com uma grande porá de madeira. Quando entramos pude ver que a decoração tinha mudado um pouco. A sala de estar do dormitório tem vários pilares — que eu acho que são de decoração — e ainda tinha varias poltronas verdes e douradas como eu lembrava e como eu tinha lembrava tinha um enorme e aconchegante lareira que era muito apreciada em tempos fios — que são quase todos os tempos. A única coisa que realmente mudou foi que agora La tinha várias televisões de plasma nas paredes e algumas têm ate vídeo games tem.

Aqui estava melhor do que eu pensava Melane.

Nós subimos as escadas de madeira — que eu esperava que fosse tudo do reflorestamento Melane, pois tudo nessa escola era de madeira — que ficava a direita da sala de estar. Nós subimos, subimos, subimos, subimos e subimos. Quando eu achei que ia morrer  e estava a ponto de pedir a senhorita Miller para dar uma paradinha para o descanso a senhorita Miller parou e apontou para a primeira porta a direita.

— Esse aqui será o seu quarto pelo resto do ano letivo — ela pegou o molho de chaves e abriu a porta. — Espero que goste.


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