Brand New You. escrita por cacabeebs


Capítulo 6
Talas.




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Quando terminei de ler aquele bilhete, minha vontade era de rasgá-lo, em mil, em milhões de pedacinhos. Que ódio! Por que esse garoto tinha de me seguir? Eu não quero-o perto de mim. Cabular a aula com ele foi um erro, imbecil, otário. Mas antes que eu pudesse fazer algo com o papel, Dereck entrou em meu quarto, me fazendo jogar o papel para trás do meu travesseiro e dar-lhe um sorriso descarado, mas Dereck me conhecia demais para saber que estava escondendo algo. Mas Dereck era demais, não se importava se estava escondendo algo, afinal, todos temos segredos, não é mesmo?
- A pipoca já está pronta e o filme só está te esperando. Vamos descer?
- Que honra, o fime está esperando por mim? - Ri e pulei nas costas de Dereck - Vamos cavalinho, me leve até a sala.
- Cavalinho é o seu... Olha, vou ficar quieto que é melhor - Dereck disse me fazendo rir. Deu uns pulinhos, para simular um trote de cavalo e começou a correr comigo pela casa, eu ria, Dereck sabia como me distrair e me fazer bem, ele era simplesmente demais. Continuou correndo até parar de frente a escada, meus braços que estavam envoltos a seu pescoço estavam se soltando, se ele corresse ou pulasse muito eu poderia cair, mas quem disse que ele estava ligando para isso? Desceu a escada correndo, em uma velocidade absurda, me fazendo soltar-me dele e cair no chão, sobre meu braço.
- PORRA DERECK! - berrei me levantando. Imediatamente senti uma forte visgada no meu pulso - Se eu quebrei meu braço, eu te castro!
Dereck me olhou assustado, caminhando até mim receoso, e, com muito cuidado ele segurou meu cotovelo.
- Deixe-me ver se quebrou.
De primeira eu hesitei, do jeito que Dereck era louco, ele conseguiria arrancar meu braço, mas por outro lado, Dereck sempre fora muito cuidadoso, e, sempre que eu me machucava, recorria a ele, pois meus pais sempre estiveram viajando. Era um assunto delicado, por isso Dereck e eu não conversávamos sobre esse assunto. As mãos de meu irmão percorreram meu cotovelo para cima, nenhuma dor. Do cotovelo para baixo seria a mesma coisa, se ele não chegasse perto de meu pulso.
- CARALHO DERECK AÍ DÓI - berrei segurando meu pulso. Dereck riu da situação e aproximou-se de mim.
- Olha, você não quebrou nada, seu pulso só abriu. Vamos na farmácia, lá eles podem fazer uma tala para amenizar a dor. Vem, eu te levo - Dereck pegou seu casaco que estava sobre o sofá, e as chaves de seu carro, que estavam sobre a mesinha de centro. Bom, meu pulso não estava doendo tanto, mas eu poderia me aproveitar da situação, não é? Deus como eu era má.
- MEU PULSO ESTÁ DOENDO MUITO DERECK, EU VOU TE MATAR - berrei ao entrar em seu carro, ele me olhou com pesar e eu engoli as risadas - SE EU TIVER QUE AMPUTAR MEU BRAÇO, EU JURO QUE AMPUTO O QUE TEM NO MEIO DAS PERNAS.
- CALMA ALÍCIA ESTÁ ME ASSUSTANDO. ONDE FICA A PORRA DA FARMÁCIA NESSA DROGA DE CIDADE? - Dereck berrou desesperado, virei meu rosto um pouco para o lado, soltando aos poucos minhas risadas, mas nada audível para Dereck.
Continuei me queixando da falsa dor para Dereck por mais dois minutos, quando ele finalmente achou uma farmácia. Desci do carro, com Dereck logo atrás de mim, mas ele parou logo na entrada, analisando as camisinhas de sabor. Revirei os olhos e entrei, abordando uma das farmacêuticas. Era uma mulher baixa, cabelos amendoados, com um toque avermelhado, seus olhos eram de um chamativo tom de verde.
- Oi, com licença, meu irmão sem querer abriu meu pulso. Será que podem fazer uma tala para amenisar a dor? - dei um sorriso torto, a mulher me olhou com dó.
- Mas é claro, entre naquela sala, é lá que fazemos curativos e talas. - disse ela apontando para uma salinha estreita. A salinha era até que organizada, tinham vários remédios em uma estante, uma mesa com alguns papeis ao centro, e uma pequena maca em outro canto. Sentei-me na mesma e comecei a balançar minhas pernas, enquanto segurava meu pulso. E então, do pequeno banheiro que tinha na sala, sai a última pessoa que eu queria ver, Justin.
Estava todo vestido de branco, desde os pés, até o jaleco que usava. Fiz uma careta e Justin me olhou assustado.
- Ai caramba, você que faz os curativos? - perguntei e Justin assentiu - MAMÃE ME TIRA DAQUI - berrei e Justin tapou minha boca.
- Cala a boca garota, não faz escândalo. O sonho da minha mãe é que eu vire farmacêutico. Você não pode fazer escândalo, se não o chefe dela me demite - disse e tirou sua mão de minha boca - E então, o que aconteceu com o seu pulso?
- Eu abri meu pulso socando um saco de areia com a sua foto - sorri e ele engoliu em seco, me fazendo rir - Meu irmão me derrubou e eu abri o pulso com a queda idiota.
- Entendo, deixe-me fazer o curativo.
Justin foi então a uma estante, tirando dela uma mala branca, com uma cruz vermelha. Abriu-a e tirou dela três pacotes de gase e um esparadrapo, caminhando em seguida em minha direção. O garoto era habilidoso, e em menos de cinco minutos já havia feito meu curativo. Desci da maca e sorri.
- Muito obrigada - beijei-lhe a bochecha e sorri - Quanto é que devo?
- Nada, quero dizer - Justin sorriu e desviou o olhar para os materiais que começara a guardar - Não estará devendo nada, mas só se for a praça central hoje de noite. Todos os adolescentes da cidade vão para lá. Se quiser chamar seu irmão. Aparece lá.
- Pode deixar, vou pensar no seu caso e ah, obrigada pelo curativo - sorri retirando-me da salinha. Cumprimentei novamente a mulher dos olhos verdes e empurrei meu irmão para fora da farmácia, com um sorriso em meus lábios.
- O que aconteceu naquela salinha? Por que está sorrindo tanto? - Dereck perguntou e eu revirei os olhos.
- Já sei o que vamos fazer de noite - sorri travessa.

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