Justin e eu passamos o caminho todo discordando de tudo. Enfim, não havia mudado muita coisa, Justin e eu ainda éramos muito diferentes, mas de uma forma boa, tínhamos maturidade o suficiente para entender os gostos um do outro. Pelo menos, assim espero. Mas uma coisa eu não engolia, ele achava a Beyoncé melhor do que a Christina Aguilera! Tudo bem, Beyoncé é genial, mas a minha Chis é perfeita! Bom, acho que não sou tão madura assim.
Assim que o carro estava totalmente parado, desci, acompanhada de Justin, que se pôs ao meu lado, estendendo a mão, para que eu colocasse a minha sobre a dele, mas cara, não posso negar, sou muito infantil. Bati na mão do garoto e saí correndo por aquela área descampada onde Bieber me levara. Saí correndo desesperada, enquanto gargalhava alto, olhei para trás, e Justin estava alí, em uma distância não muito segura, o que me fez apertar os passos, mas fiquei totalmente estática ao me deparar com uma velha casa de madeira, erguida sobre a grama. Mas bem, não era qualquer casa de madeira, era sua casa de madeira. Era sua casa de madeira com Justin.

Flashback ON

Alícia havia acabado de vestir seu vestidinho florido e novo, seus cabelos estavam caprichosamente arrumados e uma tiara o enfeitava, estava impecável, parecia uma boneca. Era seu aniversário, e de Justin também, os dois eram como unha e carne, eles eram bastante novos, tinham apenas seis anos de idade.
John, o tio de Alícia, prometera um presente aos dois pequenos, um presente para que os dois dividissem, era dos dois. Alícia balançava incansávelmente suas pequenas perninhas sobre a cadeira de balanço, esperando apenas Justin chegar, para que seu tio pudesse mostrar a surpresa a eles dois. E então, depois de longos cinco minutos de espera, um garoto cabeçudinho e loiro aparece, subindo animadamente a escada da casa de John. Estava completamente animado também, e ao ver Alícia, sua animação só aumentou. A garota pulou da cadeira e Justin correu até ela, dando-a um abraço forte.
- Feliz aniversário! - os dois disseram e começaram a rir.
- Ah, aí está o outro aniversariante! - John disse com um sorriso em seu rosto. - Vem, a surpresa de vocês os espera - Alícia e Justin estavam radiantes, andavam lado a lado sorridentes, exasperados pela surpresa. John segurava a mão de Alícia, que segurava a de Justin e então, como uma pequena corrente eles saíram andando até um lugar descampado. E nesse lugar havia uma perfeita casa de madeira, ela não era muito baixa, pois tinha de caber John alí dentro.
- Tio, isso é demais! - Alícia disse e saiu correndo para dentro da casa de madeira, com Justin logo atrás. O sorriso no rosto dos dois eram idênticos, estavam analisando cada parte da casa que acabaram de ter ganho. John estava no lado de fora, sorrindo com a cena.
- Alícia, essa vai ser a nossa fortaleza. Não conte pra ninguém, esse é o nosso segredo!

Flashback OFF

- Alícia, essa vai ser nossa fortaleza. Não conte pra ninguém, esse é o nosso segredo! - Justin repetiu sua mesma fala e pude sentir os pêlos de meu braço eriçarem-se. Virei-me e com uma força que sequer sabia que tinha, soquei Justin no peito.
- SEU IDIOTA, ME LEVA PARA CASA AGORA! - berrei enquanto uma lágrima caía de meus olhos. Justin me olhou surpreso, com a mão esquerda, massageava a área onde havia, seus olhos estavam arregalados, ele com certeza não sabia o motivo do meu ataque de fúria.
- O que aconteceu? - Justin segurou meu braço, mas soltei-me em seguida . Meu rosto estava tomado pelas lágrimas. - Alícia o que aconteceu?
- O QUE ACONTECEU JUSTIN? MEU TIO ESTÁ A BEIRA DA MORTE, ESTAVA TENTANDO ESQUECER ESSA SITUAÇÃO E ME TRÁS ONDE MAIS ME LEMBRA MEU TIO? JUSTIN VOCÊ É UM IDIOTA, UM IMBECIL. NÃO MUDOU NADA, ME LEVA PARA CASA AGORA E NUNCA MAIS ME PROCURE. EU TE ODEIO. - gritei e saí pisando forte no chão, ouvi passos e então senti uma mão me envolver pela cintura, novamente eu me afastei.
- Qual é, não sabia que iria ficar brava! Era uma espécie homenagem ao seu tio. Ele que nos fez ficar mais unidos. Qual é, sabe que não fiz por mal, achei que iria gostar disso, gostar de ver a casinha novamente... - Justin disse cabisbaixo e, por alguns instantes eu senti que estava sendo dura demais.
- Hey, me desculpe. Sou emotiva, essa casinha me lembra meu tio, e ele está doente. Eu o amo demais, preciso ir para casa, deitar e relaxar. Me leve pra casa, por favor - disse com um suspiro, sentindo acalmar-me aos poucos. Justin assentiu e me abraçou, e eu não resisti, retribuí o abraço e deixei que mais algumas lágrimas caíssem, eu tentava barrar, mas elas simplesmente caíam.
- Acalme-se Alícia, tudo vai dar certo, estou com você - Justin beijou minha testa e juntos, voltamos para o carro de Justin.

Eu não disse nada o caminho todo, estava decepcionada comigo mesma. Sentia minha cabeça querer explodir e meus olhos voltarem a lacrimejar. Justin estava sendo um cara legal, eu me enganei ao dizer que ele não havia mudado, sim, ele havia mudado, e muito. Mas com tantos lugares nessa droga de estado ele me leva justamente para lá? Ah Bieber, por que é tão otário?
- Tchau Justin, obrigado por me trazer em casa. - disse ao sair do carro, antes mesmo que Justin pudesse sair também. O garoto abriu a porta de seu carro e me olhou.
- Te vejo ainda hoje? - perguntou, mas nada respondi, entrando em minha casa, batendo a porta com tudo. Larguei minha pequena bolsa no chão e subi as escadas correndo, indo imediatamente para meu quarto. Arreganhei a porta, joguei meu boné no chão e me joguei na cama, abraçando um travesseiro e começando a chorar de novo.
- Família, cheguei - pude escutar Dereck gritar. Fui cessando o choro e arrumando-me na cama. Sequei meu rosto com as costas da mão, mas sabia que meus olhos ainda estavam vermelhos. Cruzei minhas pernas, em perna de índio e fitei a porta, Dereck estaria alí em três... Dois... Um.
- Maninha, o que aconteceu? - Dereck apareceu e entrou no meu quarto, preocupado - Fiquei te procurando na hora da saída e você não apareceu. Onde estava? Por que está chorando? Como veio pra casa?
- Dereck, calma - suspirei - Me desculpe, eu cabulei o último tempo. Um garoto me chamou pra cabular a aula e eu aceitei...
- O QUÊ? PRIMEIRO DIA DE AULA E O PRIMEIRO GAROTO QUE PEDE PRA CABULAR A AULA VOCÊ ACEITA? - Dereck berrou.
- Dereck, cala a boca e me escuta - disse firme e ele me fitou sério. Odiava quando o mandava calar a boca. - O garoto é o Justin, lembra dele? Então, ele e eu saímos da escola e ele disse que tinha uma surpresa para mim, me levou no lugar onde eu mais lembro o Tio John e eu não aguentei e comecei a chorar. Estou com medo de perder o Tio, eu o amo. Sabe que eu o amo. Eu sou muito ligada a ele!
- Hey, acalme-se pequena - Dereck puxou-me, fazendo-me ficar sobre seu colo. Acariciou cuidadosamente meu rosto e me abraçou - O tio John vai ficar bem, nada de mal vai acontecer com ele, você vai ver. E... Enquanto a esse cara, o Justin... Sabe que eu nunca gostei dele não é? Principalmente depois daquela briga que teve com ele. Mamãe, papai, eu e você tivemos até que nos mudarmos. Eu não quero te ver andando com ele. Porque se ele te magoar de novo, vou ter que quebrar todos os ossos desse babaca.
- Olha, agora virou o Senhor Fortão é? - ri saindo de seu colo, deitando-me novamente em minha cama.
- Sou o irmão mais ciumento e mais forte ok? - se gabou - Bom, o que acha de assistirmos um filme?
- Acho uma boa ideia, mas só se fizer pipoca para a gente - fiz uma cara inocente e Dereck bufou.
- Odeio quando faz essa cara, não consigo recusar nada que me pede. Mas eu escolho o filme.
- Tudo bem, qual vai querer? - disse dando um pulo da cama.
- American Pie - sorriu travesso e eu fiz que não com a cabeça - Tudo bem, então... 17 Outra Vez.
- Fechou, agora vai lá fazer nossa pipoca seu bundudo - atirei-lhe uma almofada e ele riu, pondo-se a sair de meu quarto. Ri comigo mesma e fui até uma gaveta, a única gaveta da minha cômoda onde não coloquei nada, mas não era por nenhum motivo especial, era por simples preguiça. E então, a abri, achando alí, uma cartinha que havia ganho quando tinha oito anos.
"Alícia, você é minha melhor amiga, te amo. Justin."