Entrar na torcida foi uma das melhores coisas que podia fazer. Estava alí a apenas um dia, e já fui convidada para três festas, uma na sexta, uma no sábado e outra no domingo. Muitas, quero dizer, a grande maioria, não ia com a minha cara. Apenas duas garotas resolveram falar comigo, as duas se chamavam Hillary e Kate e ao que parecia, eram primas e também odiavam a chefe das líderes de torcida, Amber.
Quando o horário da aula acabou, me despedi, com um beijo na bochecha de Hillary e Kate. Fui para o vestiário, tomei um banho gelado e vesti minhas roupas de antes. Era regra usar a roupa da torcida, mas eu adoro quebrar regras e bem, não iria ficar \"desfilando\" com uma roupa tão curta assim. Meus cabelos pingavam por baixo do boné, eu odiava quando isso acontecia. Saí do vestiário e vi Justin encostado em uma parede, esperando alguma coisa. Dei de ombros e saí, escutando um \"Espera aí\", era Justin. Sorri fraco e me virei para o garoto.
- O que acha de cabular o resto da aula?
- Depende, qual é a próxima aula?
- A próxima e última é de filosofia, e ...
- Filosofia? Adoro filosofia! Sou uma ótima filósofa sabia? - brinquei o interrompendo - Não quero ficar com falta no meu primeiro dia de aula, minha mãe me mata! - cruzei os braços.
- Relaxa, já pensei nisso. Tem um garoto que sempre cobre as minhas faltas, e antes que me interrompa de novo, ele namora e a namorada dele vai cobrir sua falta.
- Se é assim, tudo bem então - ri - Olha, o garoto baleia me levando para o mau caminho.
- Sei que adora - sussurrou em meu ouvido e como reflexo, mordi o lábio inferior e ele pareceu se divertir. Bom, quem sabe eu não possa... Provocá-lo daqui em diante? - Como vamos sair daqui? Quero dizer, sem que ninguém brigue.
Justin deu um soco em seu próprio estômago.
- Argh! Enfermaria, por favor - disse em meio a agonia e dor. Qualquer pessoa normal, acharia aquilo um absurdo, começaria a falar um monte para Justin, ou perguntaria se ele estava bem, mas, como não sou uma pessoa normal, adquiri uma crise de riso.
- Você é muito louco - disse após me recuperar da crise de riso. Apoiei o corpo de Justin em mim, que ainda agoniava lentamente, me fazendo rir levemente. A enfermaria, segundo Justin, ficava no corredor \"B\" do colégio e bem, estávamos no \"C\". Andamos por cerca de dois minutos, até acharmos uma grande porta na cor creme, com a placa \"ENFERMARIA\" escrita em vermelho.
Ao adentramos na sala, uma senhora de meia idade, ruiva e gordinha baixou a revista que lia, e com seus olhos verdes e esbugalhados analisou Justin, preocupada.
- O que aconteceu menino?
- Dor de estômago -Justin disse tentando achar uma desculpa. A senhora suspirou e virou sua atenção para a revista por mais alguns instantes, como se estivesse pensando, Justin aproveitou e se deu mais um soco, agoniando posteriormente. Fiz que não com a cabeça e a senhora levantou-se.
- Vou lhe dar um remédio e você irá para casa. Vai sozinho ou precisa que a garota te acompanhe? - apontou para mim - Como é o seu nome querida?
- Com uma garota como a Alícia, eu sempre melhoro mais rápido - Justin disse descaradamente e a enfermeira deu-lhe um leve tapa no braço, fazendo-o fingir dor. A senhora virou-se para pegar o remédio de Justin e o fitei, percebendo que mexia os lábios, mas nada audível.
\"Quando ela trouxer o remédio a distraia, vou tacar na planta\" era o que aquele babaca estava dizendo. Eu ri, dizendo que não iria ajudá-lo e então ele fez um bico e não consegui ser má com ele por muito mais tempo.
De relance, vi a enfermeira andar rumo a Justin, com um copo com um líquido verde. Fingi que iria vomitar e Justin riu. Entregou-lhe o copo e ele fez uma careta.
- E então Senhora, - a puxei para o lado oposto e, de relance vi Bieber jogando o remédio na planta - quanto tempo demorou para ser enfermeira? Sabe, estive pensando e deve ser muito legal torturar os alunos com remédio.
Antes que a enfermeira pudesse dizer algo, Justin agoniou mais uma vez e eu ri.
- Vá para casa Bieber e deite. Não se esforce!
- Ele não vai se esforçar - garanti e Justin envolveu seu braço sobre minha cintura, como apoio.
Ao saírmos da enfermaria, começamos a gargalhar feitos dois babacas. Eu só era louca, mas sempre fui uma boa aluna, por incrível que pareça, eu gosto de estudar então, essa seria a primeira vez que eu cabulava aula.
Justin tagarelava sobre o \"lugar secreto\" que me levaria, quando esbarramos em Amber, que ao me ver junto a Justin parou de andar e começou a nos fitar.
- Justin, essa escola tem baile de início de ano? - perguntei e Justin assentiu - Então chama ela para o baile - sussurrei em seu ouvido, fazendo a garota semicerrar os olhos.
- Quem? - Justin perguntou confuso. - A Amber? Não!
- Por quê? - perguntei colocando as duas mãos na cintura.
- Ela é um grude - Justin disse rolando os olhos.
- Ela me disse que espera você chamá-la a três anos, o que custa levar a garota? - perguntei sendo guiada por Justin, que cambaleou seu corpo para o corredor ao lado.
- O quê? Todo o baile que tem vamos juntos! - Justin quase berrou e eu ri pelo nariz e dei de ombros.
- Vai com ela de novo ué.
- Quero mudar esse ano. O que acha de ir comigo? - ele deu aquele sorriso perfeito.
- Vou pensar na sua proposta - sorri e Justin guiou-me até uma área descampada, onde era iluminada apenas pelo sol. Centenas de carros estavam alí, todos aparentavam ser muito caros e então Justin parou ao lado de um Camaro vermelho, encostou-se no capô, com um sorriso descarado em seus lábios.
- Gostou do meu poçante? - Justin disse pegando seus óculos escuros, que estavam em seu bolso de trás da calça e os colocando. Ri histéricamente da cena e Justin pareceu se divertir.
- Qual é, nem minha mãe fala \"poçante\".
- Ok então, o que acha de esquecer a besteira que eu falei, entrar no meu carro para eu te mostrar um lugar que eu garanto que vai adorar?
Dei de ombros.
- Pode ser - sorri e Justin abriu a porta do carro para mim. - Babaca - disse a ele, assim que entrou no carro, ele fez uma careta.
- Por que insiste em me xingar? - perguntou ligando o carro.
- Para não perder o costume. Agora dirige o seu poçante - disse rindo, assim que vi o dedo do meio estirado por Justin. Mandei-lhe um beijo e gargalhei, Justin me acompanhou e começou a dirigir para longe da escola. Bem, era a primeira vez que eu cabulava aula e bem, eu estava muito bem acompanhada, e sem nenhum peso na consciência.