Justin me levantou, me abraçou pela cintura e, de fininho saímos, sem que ninguém pudesse perceber. Ele estava calado, respirando fundo e me parecia sério, minhas pernas bambearam um pouco e estávamos bem próximos, eu podia sentir o cheiro do seu perfume me invadir, era uma sensação ótima eu ali, com o meu melhor amigo. Eu adorava essa proximidade toda, era como nos velhos tempos.

Ele foi me guiando para fora da praça, e eu já tinha perdido as esperanças de tentar adivinhar onde ele estaria me levando, afinal, é o Justin, ele é sempre bem sigiloso quando quer fazer surpresas para alguém.

Entramos em uma espécie de livraria antiga e pitoresca, era ajeitadinha e muito bonitinha. Dela exalava um cheiro gostoso de biscoitos de baunilha, estávamos na livraria dos avôs de Justin. O garoto pareceu não se importar de não avisar aos seus avôs, e guiou-me ligeiramente até os fundos do estabelecimento, parando de frente a um tapete beje e felpudo, Justin agachou-se e puxou metade do tapete para longe, revelando um fundo falso, ele sorriu para mim e abriu a “porta”, fazendo um gesto para que eu descesse. Dei de ombros e fiz o que ele pediu, mas não liguei a luz, só desci e fiquei parada, esperando que Justin descesse também. Tudo isso, em silêncio.

- Espera, vou ligar a luz – disse com voz doce, e eu apenas assenti. Quando abri os olhos, meus olhos marejaram e minhas pernas bambearam mais um pouco. Ali era um pequeno quartinho, eu já havia dormido algumas vezes com Justin ali, quando éramos menores, era divertido dormir ali, e agora, havia uma cama de solteiro, uma prateleira branca e nas paredes, fotos minhas com Justin quando pequenos, e fotos minhas no Brasil, na Espanha, e em todos os lugares que já visitei, havia fotos minhas por todo o quarto, e no teto uma faixa com o escrito: “Amizade Eterna”.

- O que...

- Alícia olha – Justin começou, me interrompendo – Lembra do garoto secreto, o Kidrauhl? Estava sempre em todas suas redes sociais com esse nome, e que ás vezes conversava com você? Sou eu, minha pequena Lícia. Eu nunca te esqueci, nem nunca perdi contato contigo. Quando fiz aquilo contigo, que te fez ir embora da Virgínia, eu me senti tão mal por tudo... Eu nunca quis te perder minha pequena. Eu fiz esse perfil, para que falasse comigo, pra que não perdêssemos o contato. Você sempre foi tão importante pra mim meu amor – aproximou-se de mim e fez um carinho em minhas bochechas – Lícia, eu preciso te dizer, eu amo você, entendeu? Eu sou completamente apaixonado por você, desde quando éramos pequenos meu amor e, quando você foi embora, parte de mim foi com você. – suspirou – E agora que finalmente estamos juntos, por favor, seja minha.

Oi? Ar? Terra? Tem alguém aí? Por que está tudo ficando preto? Mamãe!

- Hã... – gaguejei, completamente sem graça e sem reação. – Eu posso te dar a resposta amanhã, no jogo?

- Não Lícia, preciso da resposta agora, por favor, é importante pra mim – aproximou-se mais. Fechei os olhos, já estava completamente envolta por aquilo, por aquele momento. Eu realmente via o Justin mais do que como um amigo, eu realmente já me imaginei com o Justin, mas porque eu simplesmente não consigo dizer: "Sim, eu aceito ser sua".

Ficamos naquela proximidade perigosa e aquele silêncio da minha parte, minhas palavras tinham simplesmente sumido, e eu estava admirada que estava conseguindo respirar! 

Forcei meus olhos fechados e pousei minha mão em seu rosto, fiz-lhe um carinho em sua bochecha e iniciei um beijo calmo. Já que as palavras não saem, atos respondem? Eu estou torcendo que sim. 

Justin elevou suas mãos até minha nuca, aprofundando ainda mais o beijo, posteriormente suas mãos desceram para minha cintura, apertando-a. Ele foi me jogando para trás, até que senti meu corpo bater contra a cama macia do quarto, meus sentidos congelaram e empurrei Justin.

Ambos respirávamos ofegantes e, mesmo com aquele climão, eu tinha a incrível habilidade de inicar uma crise de riso. Justin fitou-me sem entender, e sentou-se ao meu lado, desestindo de tentar me decifrar.

- E então, esse beijo quer dizer que aceita ser minha? - disse com os olhos brilhando.

- Mas é claro, meu Purple Ninja - sorri sincera - Mas vamos com calma garotão - ri e ele assentiu.

- Não vejo a hora de contar pra galera - Justin sorriu animado e me deu mais um beijo demorado. 

- Vai com calma garotão, vai com calma - ri.

- Por quê? - fez um bico.

- Quero fazer uma surpresa pra todo mundo. Você confia em mim, não é meu Kidrauhl?

- Mas é claro. Sempre confiei - sorriu e iniciou mais um beijo, dessa vez mais quente, suas mãos correram até a minha cintura, e deitou-me novamente na cama, suas mãos apertaram meu bumbum me fazendo ofegar. Partiu o beijo, começando a morder levemente meu pescoço, ele sabia o que estava fazendo, sabia como me deixar completamente sem ar. Aquele vadio. 

Mas para o azar dele, eu sabia os pontos fracos dele também. Com muito esforço, consegui ficar sobre ele. Minhas mãos correram até perto da baguia da sua calça, começando uma massagem ali, Justin soltou um ofego e eu ri, elevei minhas mãos até sua nuca, fazendo um carinho ali mesmo. Dei leves chupões em todo seu pescoço, o fazendo reclamar, e me fazer rir. Eu já podia sentir o volume se formar, o que deixavam as coisas ainda mais engraçadas.

- A gente para por aqui - disse me levantando da cama e ajeitando minha camiseta. - Vamos pra casa, já é tarde e amanhã você tem jogo Jus. Eu não quero o meu bebê com sono durante o jogo.

- Você é muito sínica sabia? - disse me fazendo rir. - Mas é uma das coisas que mais amo em você.

[...]

Estava dormindo, quando escutei meu celular apitar em uma nova mensagem. Resmunguei sonolenta e peguei meu celular e em seu visor havia o aviso: Nova Mensagem. Dei de ombros, pensando que era apenas o Justin, querendo me irritar.

Doce iludida.

“Você é a favor do incesto meu amor? Se não, afaste-se do Justin. Namorar com irmão é pecado. Já ouviu falar disso?”

Não pode ser, eu não acredito nisso. Irmão? Não, essa pessoa quer me deixar louca! Não deve ser nada, acalme-se Alícia, acalme-se!

“Tenha bons sonhos Alícia.”

Eu não estava mais agüentando, e então, num ato desesperado, taquei o celular contra a parede, fazendo-o virar dois. Peguei meu travesseiro e meu cobertor, indo até o quarto do meu irmão.

- Dereck, posso dormir hoje com você?