Não demoramos muito a voltar ao treino de líder de torcida, os passos eram fáceis, então consegui pegá-los rapidamente, como estava com o pulso recém-recuperado, resolveram me colocar para ser o topo da pirâmide de garotas. Amber achou um absurdo, mas eu não poderia forçar meu pulso, e ela sabe disso. Terminamos a sequência de passos e Amber nos liberou, eu estava suada, nojenta, precisava de um banho. Despedi-me de todas as garotas e caminhei saltitante, junto de Hillary e Kate, até os garotos, pousei minha mão sobre a cintura de Dereck e beijei seu ombro.
- Lícia, já avisei ao seu irmão que vou te levar no hospital, mas ele quer ir também - Justin pronunciou-se e eu assenti, com um sorriso.
- Justin, eu só vou ter que passar em casa, tomar um banho e vamos ok? Aí pode ficar sei lá, conversando com o Dereck - dei de ombros e ele riu, assentindo posteriormente.
- Vamos comprar nossos vestidos que horas garotas? - Kate perguntou, atravessando completamente o assunto. Demos uma risada leve e James deu-lhe um tapa na cabeça.
- Jay, não bate na Kate - Hillary o advertiu, soltando um leve riso - Vamos assim que a Alícia voltar do hospital, o que acham?
- Pode ser - Kate e eu respondemos em coro, e então um silêncio instaurou-se ali.
- Então, vamos na pracinha hoje né? - Chaz disse quebrando o silêncio incômodo.
- Mas é claro dude, ás seis e quinze.
- Longe da sorveteria que fizemos a guerra - Chris completou a fala de Ryan e demos um leve riso e assentimos.

[...]

Terminei de calçar minhas sapatilhas e apalpei meus cabelos, descendo as escadas rapidamente, eu sei, não era muito elegante para uma garota, descer correndo uma escada de vestido, mas dei de ombros, havia me empolgado no banho e comecei a cantar, perdendo a noção da hora, não duvidaria nada se Justin e Dereck já estivessem me esperando a mais de meia hora. Com um sorriso envergonhado, sentei-me ao lado de Dereck, beijando sua bochecha.
- Me desculpem gatinhos, eu me empolguei no banho - sorri torto. - Demorei quanto tempo?
- Meia hora - Justin disse com um suspiro.
- Me desculpe garoto baleia. Vamos então? - perguntei e todos assentiram, levantamo-nos do sofá em silêncio, Justin iria entrelaçar seu braço em minha cintura, como em um abraço, mas Dereck foi mais rápido, o fazendo bufar e fazendo-me rir.
- Enquanto eu estiver perto não meu caro - Dereck disse debochante de Justin, que bufou novamente, me fazendo rir. Saímos de casa e demos de cara com a Range Rouver preta de Justin, Dereck foi atrás e eu na frente, Justin ajeitou-se e não demorou a ligar o carro, fazendo um sinal para que eu ligasse o rádio.

You know your daddy's home (daddy's home), and it's time to play (so it's time to play)
So you ain't got to give my loving away
So all my ladies say hey hey hey daddy
Hey hey hey daddy
So all my ladies say hey hey hey daddy
Hey hey hey daddy ♪

Comecei a cantarolar e fazer umas dancinhas esquisitas, Dereck escondia seu rosto nas mãos, enquanto Justin ria do meu estado, mas estava mal ligando. Continuei a cantar e a dançar, até que Justin não resistiu e começou a cantar também e, puta que o pariu, que voz era aquela? Parei de cantar na hora e o fitei, mas ainda bem que ele não havia percebido, dei de ombros e voltei a dançar, arrancando mais um "Ai que vergonha da minha irmã" de Dereck.
Justin parou o carro em frente a uma casa bastante grande e bonita, eu a admirei por instantes, "acordando" com o barulho da porta do carro abrindo-se, elevei um pouco meu rosto e vi Justin, estendendo-me a mão, para sair do carro. Imediatamente, um sorriso imergiu dos meus lábios, segurei a mão de Justin e saí do carro, bati a porta com meu próprio quadril e abraçou meus ombros, Dereck o fitou.
- Nos ombros pode - disse e eu me dei um tapa na testa, Justin riu e guiou-nos até sua casa. Abriu a porta e pôs a cabeça para dentro, checando a casa, deu de ombros e pediu para que entrássemos. A casa era bastante grande, e muito bem organizada, um aroma floral invadiu minhas narinas e eu sorri ao escutar passos leves e rápidos. Na batente de uma das portas, uma garotinha de cabelos lisos e no mesmo tom de Justin apareceu, estava levemente ofegante, e com um sorriso leve nos lábios.
- JUSTIN! - Berrou ela, e saiu correndo para abraçar o irmão.
- Jazzy, minha linda! - a pegou no colo e beijou-lhe a bochecha. - Esses são Dereck e Alícia, eles que vão com a gente no hospital, ok?
- Tudo bem - ela sorriu, me fazendo imitá-la. - TCHAU MARIE - berrou a garota, fazendo Justin levar um pequeno susto.
- Jazzy, sua doidinha! - Justin disse completamente fofo. Era uma cena linda, Justin delicado e atencioso com a irmã.
Saímos de sua casa e fomos até seu carro, disse a Dereck que fosse na frente com Justin, e eu iria atrás com Jazzy, Dereck deu de ombros e jogou-se no banco da frente. Justin ligou o carro, e antes de começar a dirigir, virou seu rosto para trás, checando se Jazzy estava com cinto.
- Sua irmã está com cinto Senhor Cuidadoso, agora dirija. Eu sou louca, mas adoro crianças e sei cuidar delas ok?
- Eu não sou criança - Jazzy fitou-me, cruzando os braços.
- Me desculpe, eu sei cuidar de mocinhas Justin!

[...]

A cada segundo, as batidas do meu coração aceleravam-se, meus passos estavam gélidos e constantes, havia peço a Dereck que eu entrasse primeiro e sozinha para ver o Tio John, e como um ótimo irmão, ele entendeu. Parei defronte a porta de número 35 e com um suspiro pesado a abri, as batidas do meu coração aceleraram-se ainda mais ao ver meu tio ali, e acordado, fechei a porta e caminhei até ele, seus cabelos já brancos estavam todos desengrenhados, seus olhos cinzas estavam com sua cor mais opaca, assim como sua pele. Forjei um sorriso.
- Oi Tio - eu sabia que ele não poderia me responder, cada esforço, sua situação se agravava. Fechei meus olhos e suspirei - Eu sinto muito a sua falta, eu chorei esses dias por isso. Sabe o Justin? Lembra, o garotinho que era meu melhor amigo, que fazia aniversário comigo, e você nos fez aquela casinha? Então, ele me levou lá e eu me lembrei do Senhor, eu não aguentei e chorei, eu tinha prometido a mim mesma que seria forte, que não iria chorar, mas... Eu sou ligada demais ao Senhor, e te ver assim, saber que está assim, não me faz bem.
Suspirei e o fitei, em seus olhos eram como ele quisesse transmitir palavras de apoio, como se quisesse me abraçar. E nunca, em toda a minha vida, com um simples olhar, eu me senti confortada e feliz, é por isso que eu o amo, sua ligação comigo é... Forte demais. Meus devaneios foram cortados por um batida na porta, suspirei e dei um beijo em sua testa, seguindo para a porta, a abri e vi Dereck com um sorriso frouxo, ele beijou minha testa e entrou, fiz um sinal que iria sair e ele apenas assentiu.
- Como está? - Justin perguntou e eu só consegui abraçá-lo, com toda força que tinha, eu não iria chorar, eu estava confortada, mas naquele abraço, eu senti meu tio me abraçando, o que não pude fazer ali, Justin pôde me dar. Elevou suas mãos até minha nuca, brincando com fios do meu cabelo, puxei seu corpo para mais perto de mim e afundei meu rosto em seu ombro, dei um suspiro profundo e levantei meu rosto, para que pudesse fitá-lo.
- Eu te prometo, que tudo vai ficar bem. E quando eu prometo, eu cumpro.