Justin e eu terminamos de assistir o filme em completo silêncio. Não era de nossa vontade, mas um clima estranho instaurou-se alí, eu estava completamente constrangida, e acho que Justin também, afinal, melhores amigos não beijam melhores amigos. Após o filme, Justin me levou a um restaurante que era iluminado a luzes de vela, eu engoli em seco ao pisar lá dentro. Meus tímpanos foram invadidos por uma leve melodia que exalava do ambiente, eu estava completamente encantada com tudo aquilo, que se parecia quase surreal. Ao sentarmos na nossa respectiva mesa, todos que estavam no estabelecimento levantaram-se e saíram. Fitei Justin desacreditada, o garoto sorriu e acariciou minhas bochechas.
- O que vão querer? - uma voz grave soou perto de meus ouvidos, sorri ao ver os olhos de Justin pelo reflexo das velas. Ele chamou o garçom e cochichou algo em seu ouvido, para que eu não pudesse escutar, o garçom assentiu e saiu, fitei Justin.
- O que pediu? - sorri e Justin acompanhou-me, mas não me respondeu, apenas sentou-se do meu lado e acariciou novamente minhas bochechas, dando-me um beijo no pescoço posteriormente. Virei meu corpo para ele e lhe dei um beijo na ponta de seu nariz.
- Sabia que eu espero isso desde os meus sete anos? - Justin disse suavemente, enquanto entrelaçava nossas mãos. Eu estava hipnotizada, aquela proximidade estava perigosa demais e por mais que eu tentasse negar a mim mesma, eu ainda me sentia atraída por Gustav, eu não podia fazer isso com nenhum dos dois.
- Olha, espaguete! - disse tentando mudar de assunto. Justin riu um pouco sem graça e ajeitou-se na cadeira, dando a primeira garfada em sua comida. Fechei os olhos e suspirei, suplicando para que Justin não ficasse chateado e nem nada disso.

[...]

Já eram onze da noite quando Justin me deixou na frente de casa. Fitávamos um ao outro, não havia nenhum som vindo de nós, trocávamos apenas olhares. Envolveu minha cintura em um abraço e como reflexo minha boca foi até seu pescoço, beijando-o e dando-lhe leves mordidas. Parei para fitá-lo, e percebi a marca que havia deixado.
- Te deixei uma marca - ri docemente e ele me acompanhou, em uma tentativa falha de ver onde estava. - Aqui olha - coloquei o dedo indicador sobre a marca.
- Ai - fingiu dor e eu ri.
- Eu tenho que ir Justin, nos vemos amanhã? - disse indo para trás.
- Nos vemos amanhã - ele sorriu e eu entrei em casa, com milhares de borboletas insistentes no meu estômago. Andei com um sorriso tolo até a sala, onde pude ver meus pais e Dereck, todos me fitando de braços cruzados.
- Isso são horas de chegar mocinha? - perguntou Dereck, me fazendo rir.
- Boa noite gente, vou subir, estou com sono - ri e fui subindo a escada, ignorando tudo o que me falavam. Deitei em minha cama e fitei a janela, estava distante, completamente distante.
Acordei com um barulho insistente que vinha da minha janela, apalpei meus cabelos e bufei, indo em direção ao barulho. Abri a janela e olhei para baixo, e lá estava Justin, sorrindo que nem um pateta, mas que fez um sorriso pateta imergir em meus lábios. Fiz um sinal para que esperasse e fui me vestir. Estava tão feliz, que coloquei direto minha roupa de líder de torcida, me despedi de todos da casa e caminhei até Justin, que me cumprimentou com um beijo estalado na bochecha.
- Bom dia garoto baleia! - disse animada e ele me fitou bravo.
- Bom dia pirralha.
- Justin, a noite ontem foi perfeita, obrigada - sorri ao sentir sua mão abraçar minha cintura e seus lábios tocarem meu pescoço suavemente.
- Que bom que gostou pequena - disse me colocando para dentro de sua Range Rouver preta. Apenas sorri para ele, mas meu sorriso se desfez quando senti meu celular tremer, em uma nova mensagem. Dando de ombros, a abri.
"Eu não estou brincando com você Alícia, eu sei de coisas que podem destruir sua família toda. Não é apenas uma brincadeira, não é uma brincadeira. Cuidado, bitch."