Atashi No Shota Days escrita por kaori-senpai, VampireWalker


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-nos pela demora, pessoal! Aqui é a Kaori, e nem sei o que dizer sobre a nossa demora. Será que alguém ainda lê isso aqui? Porque no último capítulo ninguém lembrou de deixar sua opinião... Ta, autoras que demoram não tem muita moral pra pedir review, mas dessa vez, fizemos bem grande ^-^''
Boa leitura~



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-Ei Len, eu vou comprar pipoca, aproveitar que está nos trailers. - comentou o mais alto recebendo um aceno positivo em confirmação – Quer alguma coisa?

-Não precisa.

-Tem milk-shake.

-De que?

Kaito riu com a expectativa do loiro ao falar que tem milk-shake, deixando-o emburrado, mas ainda com os olhos brilhando.

-Morango, chocolate, ovomaltine, baunilha, banana... - foi interferido pelo menor.

-Banana!

Conteve o riso antes que apanhasse de Len, saiu da sala e foi em direção ao balcão, pedindo um pacote médio de pipoca, um milk-shake médio para o garotinho e um pequeno ovomaltine para si.

-Er... Senhor? Você aceita uma bandeja para botar seus pedidos?

-Sim, obrigado por dar uma de salva-vidas.

A moça do caixa riu, entregando-o uma bandeja e desejando um bom filme para ele e a namorada. O Shion deixou-se corar, perguntando-se o porquê de acharem que só porque estava comprando dois milk-shakes estaria com a namorada, não queria dizer nada.

Voltou para a sala com vários pensamentos em mente, não deixando de pensar que, mesmo se Len o tivesse acompanhado, ela teria o confundido inocentemente com uma garota - poderia jurar que era a Rin se não reconhecesse a voz do garoto e o jeito de prender o cabelo – até ver ambos corarem e falarem que não são namorados e sim amigos.

-Voltei com seu milk-shake de banana.

Não precisou falar mais nada para sentir a bandeja mais leve, rindo após ouvir os “shiii” reprendedores das outras pessoas e ordens para que ele sentasse, pois era “muito alto”. Resmungou baixo sentando-se logo antes que começassem a jogar coisas em cima dele.

-Da próxima vez, você vai buscar comigo. - sussurrou no ouvido do loiro, que estremeceu com a proximidade do rapaz.

-Tá, tá. Agora cala a boca que eu quero ver o filme.

Len não chegou a ver a cara de contragosto que o azulado fez com a resposta que recebeu do menor, apenas bufou e encarou as cenas do filme que começaram a ser rodadas naquela instante.

O desenrolar do filme era entediante aos olhos do Shion e magnífico aos do Kagamine, ver como um homem conseguiu mudar sua vida em uma cidade francesa – pois teve que dar ênfase nesta parte – era uma coisa que seus pensamentos ainda não tinham atingido.

As cenas passavam de forma totalmente lenta, chegando a ser dramática na visão do azulado até chegar a parte em que Gil – nome do protagonista do filme – tocou-se da realidade que ele estava vivendo e tirou aquele momento para pensar. Nessa parte desviou seus olhos do filme para o loiro e encarando as fileiras da sala de cinema. Sua mente estava em outro planeta, assim diria Kaiko se o visse naquele estado, xingando-o de abestalhado como sempre.

-Len... - chamou o companheiro que mais parecia interessado na cena do filme do que em sua pessoa.

-Shiii, cala a boca Shion.

Um arrepio percorreu a espinha do mais alto, nunca havia sido chamado pelo sobrenome pelo garoto do seu lado. Um sentimento de rejeição começou a dominar-lhe o corpo, será que tudo isso era por um simples chamado? Balançou a cabeça negativamente e pegou o milk shake esquecido, começando a tomar um pouco do conteúdo dentro do copo, acalmando-se aos poucos com o gosto do sorvete batido e dos pedaços de chocolate que lhe invadiam a boca.

Pena que nem tudo que é bom é para sempre.

Após o término do minúsculo namoro entre o conteúdo sugado pela boca do rapaz que era transportado pelo canudo e o azulado, este último se viu perdido com seus pensamentos. Será que um dia ia ser rejeitado pelo loirinho? E se fosse hoje, quando estivesse no final do filme? Será que Kami-sama o perdoaria por rejeitar o belo corpo de suas professoras? Deu um tapa leve em sua cabeça, mandando-a descansar e tentou prestar atenção no filme, tentativa sem sucesso já que sua visão mudava para o garoto ao seu lado, com os olhos fixados nas cenas que eram passadas na telona, sugando devagar um pouco do milk-shake restante.

O tempo chegava até a voar um pouco no seu ver, mas também passava devagar como uma pluma para chegar ao chão, de forma lenta e bela no seu ver.

Quando percebeu, o filme já estava nas últimas cenas, encarou o loiro do seu lado em uma pequena esperança que o mesmo olhasse para si. Aos poucos, Len foi tirando sua atenção da tela e olhou o azulado do seu lado, este já o olhava intensamente para ele.

O rubor recém presente nas bochechas antes pálidas agora rosadas cresciam dedico a intensidade do olhar do mais alto, que estava fixado nos lábios entreabertos do dono dos olhos azuis de estatura baixa. De forma lenta, a distância entre os dois ia encurtando-se. O rosto do Shion estava menos de dez centímetros de distância, os olhos se fixaram um no outro, olhando-se como se pedisse permissão para os futuros atos feitos a partir daquele segundo.

Os lábios dos dois encostaram-se ao momento em que ambos fecharam os olhos, o leve roçar deles já era o suficiente para fazer os dois irem a lua e voltar. A língua do azulado encostava nos lábios do menor, fazendo uma leve pressão como pedisse para abrir um pouco os mesmo para poder infiltrá-la boca dentro.

A dança feita pelas línguas dos dois era harmoniosa e calma, a pressa somente foi feita no meio do beijo, já que ambas queriam conhecer o território inimigo, quando começaram a correr para fora de sua “terra natal” para a área nova, explorando tudo que tinham direito.

A garotinha da cadeira de trás fazia careta e ao mesmo tempo encantava-se com a cena. Os olhinhos lilás brilhavam por ver outro casal que não fosse seus pais se beijando, mas também achava estranho pela moça mais velha não ter peitos que nem sua mãe, imaginou que ela teria sua idade ou os seios ainda não teriam crescido por genética.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

Kaito voltou para casa ainda abalado com o que tinha feito, mas não era o ato em si que o perturbava, era a estranha sensação de querer mais. Sentia que um beijo não era suficiente para conter-se, queria mais do loirinho.Porém não aceitaria isso de forma nenhuma, pois existiam várias garotas lindas que secariam em lágrimas se resolvesse sair apenas com Len, e como era um galã, não permitiria que suas fãs ficassem tristes. Ele apenas precisava de algo para relaxar, e sabia exatamente com quem conseguir. Foi direto para o terceiro quarto da casa, onde a mãe a irmã mais velha dormiam juntas e entrou sem bater.

- Ei! Aprenda a bater na porta, moleque malcriado! – Disse a jovem de cabelos azuis como o do irmão e cortados na mesma altura. Ela era mais baixa, porém tinha seios fartos que lhe geravam dores nas costas.

- Ah, foi mal. – Kaito disse não ligando pra privacidade na mais velha. – Vê só... Eu queria ler umas coisas... Pode me emprestar algum mangá?

- AH! Não acredito! Você ficou envergonhado! Se queria uma coisa pervertida era só pedir!

O azulado ficou vermelho e não disse mais nada, enquanto a irmã já abria seu esconderijo para as suas coleções mais ousadas. Ela dividia o quarto com a mãe, e não queria saber quais seriam as consequencias caso seu tesouro fosse descoberto. Pegou alguns e deu para o irmão adorando ver o constrangimento estampado no rosto dele. O garoto simplesmente agradeceu e foi embora, deixando-a curiosa com o que pretendia com aquilo. Sentiu vontade de ler um pouco também e foi procurar sua obra mais querida, porém ela não estava mais lá. Tinha sumido ou...

- Essa não... – Ela entregou para Kaito. Seu irmão iria ler. Suspirou e voltou para cama, pois já era tarde demais. – Ele tinha que descobrir uma hora mesmo.

Em outro canto da casa, Kaito analisava o material em mãos. Todos tinham a mesma história clichê de sempre, apenas regadas a sexo e estava cansado disso. Passava os mangás apenas olhando o título procurando algo que o interessasse. Quando parou em um: “Boku no Pico”. A menina da capa era bonita e tinha olhos verdes, estranhamente ela o lembrava um pouco Len. Afastou esse pensamento, porque estava fazendo aquilo justamente para esquecer o menino. Então começou a ler.

Estava tudo bem no começo, até chegar à parte em um carro. Um carro muito bonito e espaçoso e... Pico era um garoto? Aquilo era um pênis? Eles... Estavam mesmo fazendo aquilo? O garoto queria e ao mesmo tempo não queria parar de ler, era tão novo e curioso aquele tema, sentia que não poderia perder nada e leu até o último quadrinho. Com os olhos arregalados e completamente suado, mal conseguia acreditar, e para piorar sua confusão, passou o tempo todo com o seu loirinho na cabeça. Aliás, não parava de referi-lo como “seu”, porém, não evitou trocar constantemente Pico e Len. Imaginou se Kagamine Len, nerd assumido e tímido por natureza, gemeria tão descaradamente daquele jeito. Pior: imaginou se ele o faria se fosse consigo.

Nessa altura do campeonato parou de delirar e foi para o futon, tentando dormir o mais rápido possível, o dia tinha que terminar. Tudo que queria no momento era chegar o dia seguinte para ver o menor na escola. Não! Queria ver garotas bonitas! Apenas isso... E assim pegou no sono.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~**~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~**~*~*

Escola. Era a única coisa que Kagamine Len não queria encarar naquela manhã.

- Len, vamos logo! Levanta dessa cama ou nós vamos nos atrasar - falou a loira passando pela a porta do quarto aberta, indo em direção ao banheiro que tinha que dividir com o irmão.

- Rin-chan, doce irmã da minha vida condenada de loirice...

- O que você quer?

- Por favor, vá para a escola e me deixe dormir aqui, em paz, no meu mundo - aproveitou ainda estar coberto para esconder a cara, encolhendo-se no processo. – Não estou muito bem...

- RIN-CHAAN! SEU IRMÃOZINHO ESTÁ COM DEPRESSÃO PÓS-PRIMEIRO BEIJO E PRIMEIRO HOMEM EM SUA VIDA HOMOSSEXUAL, DEIXO-O EM PAZ! - Gritou a mãe dos gêmeos da cozinha. Esta ria junto com o marido ao imaginar a face vermelha do filho e a possível careta que ele faria.

-Ô MÃE!

-TAMBÉM AMO VOCÊ, MEU BEBÊ.

Suspirou baixo, desistindo de arranjar argumentos contra sua mãe, afinal, ela sempre arranjaria um que o deixaria em maus lençóis, por assim dizer.

Despediu-se da irmã, sentindo-a depositar um beijo nos seus cabelos cobertos pelo lençol. Ouviu os passos lentos e receosos da garota até os mesmos sumirem de sua audição.

Esse sim, seria um longo dia...

Como agiria com o azulado no dia seguinte, ainda não sabia, mas tentar evitá-lo já era algo que poderia tentar fazer.

Pena que o destino não pensava o mesmo...

A Kagamine adentrou os portões da escola, sendo assediada pelas amigas depois de despedir-se do pai, quem lhe deu uma carona até o colégio de bom grado. Miku não parava de falar o quanto próximo Kaito estava do irmão gêmeo da melhor amiga, perguntando se ela sabia de algo que Shion gostasse para tentar impressioná-lo. Já Megumi continha-se apenas a risadas das frases rápidas que a garota de maria-chiquinhas soltava e da careta da loira para tentar entendê-las.

Então Riiin-chaaan, Kaito-kun gosta de frutas?

-Eu lá vou saber Miku - revirou os olhos, já estava até de saco cheio das perguntas da azulada.

Agradeceu mentalmente quando o sinal tocou, dando início a correria de alunos para suas respectivas salas. Também agradeceu pela amiga ser de outra turma.

Aula chata. Era o pensamento de Rin ao ver seu professor de matemática entrar na classe, pedindo para todos sentarem e prestar atenção no novo assunto. Observou o resto das pessoas e viu o “novo amigo” do irmão, este parecia ter corrido uma maratona de 400 metros para chegar a escola. Cabelo despenteado, roupa bagunçada, material mal organizado.

-Kagamine-san, motivo de suas risadas, por favor - pediu o professor. Todos encaravam a loirinha como se ela estivesse louca, já que não parava de rir um instante se quer.

Megumi levantou-se do seu lugar, encostando a mão no ombro da amiga que, aos poucos, foi se acalmando para poder contar a piada, apesar de não ter nenhuma. Não era sua culpa se Shion estava terrivelmente engraçado quando chegou.

-Desculpe sensei, mas me lembrei de um episódio de Os Padrinhos Mágicos e não pude deixar de rir - desculpa perfeita, era o que tinha pensado naquele momento.

-Guarde suas risadas para o intervalo - curto e grosso, era sempre assim suas respostas.

O tempo passou-se rápido até demais para o seu gosto, impressionando-a. Quando estava para dormir no tempo de física, a campainha tocou para a felicidade dos quase quarenta alunos na sala, estes saíram correndo de suas cadeiras para fora, causando o famoso trânsito.

Percebeu que Gumi já tinha saído da sala, possivelmente atrás do namorado super idêntico a ela, pelo menos em aparência, já que conhecia o indivíduo desde pequena e tem o prazer de dizer que eles são totalmente diferentes em personalidade.

Olhou ao redor e viu que Kaito estava de cabeça baixa, ela estava apoiada nos braços, chegando a encostar na mesa. Sorriu, aproximou-se do rapaz e bateu palmas no ouvido do rapaz.

-MÃE, EU JURO QUE NÃO FUI EU QUEM DERRUBEI O SEU VASO E SUJOU O TAPETE. - gritou balançando a cabeça para ambos os lados, arrancando uma risada alta da garota – Ah, você...

-Dormindo, Shion-san?

-Não, imagina. Soneca da tarde.

-Estudamos de manhã. Touché.

Novamente a risada da loira foi ouvida pelo azulado, este apenas sorriu sem graça, coçando a cabeça.

-Rin-san, você poderia entregar o celular do seu irmão para ele? - abriu e fechou os olhos em um estalo, procurando desesperadamente o aparelho eletrônico nos bolsos da sua roupa, depois em sua bolsa.

-Hoje não dá, o grupo de desenho vai ter uma aula extra, pois terá um feriado exatamente no dia de nossa aula, então teremos duas aulas seguidas ainda pelo torneio está se aproximando - suspirou ao terminar de contar, ajeitando o laço enquanto falava. – Poderia entregar lá em casa? Acho mais fácil.

-Ãn... Ok.

Sorriu com a afirmação do rapaz, despedindo-se do mesmo nos segundos seguintes. Kaito ainda estava atordoado absorvendo as notícias lentamente que tinha recebido após acordar. Maldito loirinho, tinha justo que faltar naquele dia?

Corredor vazio, nenhuma alma viva passando, o medo apossando da mente da Kagamine. Os machucados nos joelhos já tinham sumido, mas porque eles voltaram a doer? Era possível que agora não conseguiria se ver em um local sozinha? Voltou ao mesmo instante para a sala, ostentando uma expressão medrosa.

-Problemas, Kagamine-san? - Arqueou uma sobrancelha, raramente via a garota com esta face.

-Kaito... Por favor, fica comigo esse lanche? Eu não quero ficar sozinha, não quero.

Ver o desespero de Rin era fácil, esta já agarrava os cabelos, apertando-os fortemente, os olhos quase lagrimando. Era possível ver a emoção predominante só de olhar nos olhos azuis dela.

-Claro - respondeu, sorrindo em seguida.

O intervalo para eles passou rápido para eles, que apenas trocavam uma conversa básica sobre como os tempos de aula estavam chatos naquele dia.

Após campa tocada e o retorno dos alunos, não voltaram-se a falar, como se nada tivesse acontecido naquele tempo.

Os tempos seguintes foram chatos, como sempre. Ninguém prestava atenção no que os professores falavam, afinal, por que física tinha que existir mesmo? E química?

O final da aula foi anunciado, todos levantaram-se e seguiram diante a porta, saindo aos poucos. Shion nem teve tempo de procurar a irmã de Len para perguntar o horário de aparecer na casa deles, era tanta cabeça loira que nem reparou o laço branco no meio de fios dourados atravessando a porta.

Suspirou cansado, iria naquele momento para a casa deles e não se importaria de receber uma pedrada na casa, precisava só dar um celular e fim, trabalho feito.

Kaito estava nervoso com a ideia de ficar sozinho com Len, em um ambiente fechado, então, o plano seria: devolver o celular, perguntar se ele queria alguma coisa e ir embora. Sim, era um bom plano, mesmo ele não tendo pensado em todos os detalhes. Chegou a casa do loirinho por volta das cinco horas, e Rin demoraria cerca de uma hora para chegar. Sem ponderar demais, ele abriu a porta e verificou se tinha alguém.

- Com licença!

Ninguém respondeu. O garotinho provavelmente estaria em seu quarto, sendo assim teria uma cama e um ambiente fechado... Balançou a cabeça. Não poderia imaginar que o fato de ter uma cama mudaria alguma coisa, afinal, o que eles fariam demais com aquilo? Subiu as escadas que levavam ao quarto dele e percebeu uma coisa: a porta de Rin tinha uma placa com seu nome,  a do final do corredor com certeza seria dos pais dos gêmeos, mas... Sobravam duas portas, qual delas seria a de Len? Observou com cuidado e viu que em uma delas, a luz estava acesa, logo presumiu que deveria ser a certa.

Abriu a porta, esquecendo-se de anunciar sua presença e se arrependeu por isso. Aquele não era o quarto de Len, era o banheiro. Mas ele estava lá dentro. Então, quando azulado abriu a porta, deu de cara com um menininho loiro se masturbando.

- AH! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? – Gritou colocando a blusa que usava por cima do membro.

- Desculpa! Eu vim devolver o celular! – Kaito olhou para o lado e pegou o aparelho no bolso, mostrando para o menor.

- E o que você está esperando pra sair daqui?

Shion se assustou com a hostilidade do pequeno, mas entendeu que na situação em que ele estava, tinha todo o direito de ficar irritado. Saiu do banheiro e foi para o único cômodo que restava e sentou na cama de Len, deixando a porta aberta. Quando o outro saiu do banheiro, foi direto para o mesmo recinto do mais velho. Eles ficaram se encarando por alguns segundos, com vergonha de falar depois do que tinha acontecido.

- Desculpe pelo que viu. – Disse o pequeno timidamente.

- Não precisa ficar assim... Não é como se eu nunca tivesse feito isso, sabe?

- Eu sei, mas não deixa de ser vergonhoso... Poderia esquecer?

- Tudo bem. – Disse coçando a cabeça sem corangem de olhar o menino nos olhos. – Foi a primeira vez que eu vi alguém se tocar por trás também... – A última parte deveria ter sido um pensamento, mas por alguma brincadeira do destino ele a proferiu em alto e bom som.

- Cala a boca! Cada um se toca onde quiser!

- Desculpa! Você ta certo!

Mais uma vez eles ficaram em silêncio. Ambos estavam desconfortáveis com aquela situação, principalmente o loirinho, que até então nunca tinha sido flagrado em algo do tipo. Kaito se levantou e coçou a cabeça novamente, arrumando as palavras de um jeito convincente.

- Acho melhor eu ir embora, certo?

- N-não precisa! Aliás, você só veio entregar meu celular?

- Na verdade não. Sua irmã pediu pra eu ver se você estava bem e mandou avisar que chegará tarde por causa do clube. Ei, você não parece doente...

- E-eu estou! Mas melhorei bastante! Ainda sinto um pouco de dor na garganta...

- Sério? – Disse o mais velho em deboche. – Eu nunca imaginei que um nerd iria mentir pra faltar aula.

Len ficou totalmente vermelho, não podia negar que tinha mentido, pois era a mais pura verdade. Outra verdade a qual não queria revelar era que tinha faltado para não ver o azulado e evitar uma situação daquelas. Na noite anterior, ficou tão preocupado em esquecer-se dele, que mal notou a falta de seu celular. Quando percebeu, já era tarde demais e já tinha inventado uma doença para faltar aula. E o mais estranho de tudo, era que eles não estavam tocando no que tinha acontecido, como se o cinema tivesse sido algo completamente normal.

- Todo mundo se cansa da escola às vezes. – Falou tentando parecer calmo. – E não precisa ir embora, vamos conversar na sala?

Kaito sorriu quando ele sugeriu a sala. O quarto era um lugar íntimo demais para eles ficarem, e sentia uma atmosfera diferente quando eles estavam lá. Desceram as escadas e sentaram no sofá enquanto Len lembrava-se mais uma vez da situação em que foi encontrado, ficando vermelho a um ponto que fez o azulado rir.

- Não ria! Nunca mais vou entrar no banheiro sem trancar a porta por sua culpa!

- Então você faz essas coisas sempre? Eu não conhecia esse seu lado! – Riu mais uma vez do menino.

- Ah! Seu idiota! Somos garotos! Isso é normal! – Falou gritando.

- Calma, eu sei! Ei... Por que seus pais estão demorando tanto? Sem querer incomodar! Não quero me meter na sua vida!

- Eu posso responder, minha mãe é estilista e meu pai fotógrafo, eles trabalham juntos. Geralmente eles chegam a essa hora.

- Que legal! Sua mãe deve ser super-famosa, né?

- Bom... Ela tem um bom nome, mas não diria que é famosa. E sua mãe?

- Ela é enfermeira, nada de especial.

- O que? Sua mãe é incrível! Ela salva vidas! – Len parecia realmente encantado pela profissão dela, mas Kaito não via nada de glamoroso nisso, afinal, o salário dela mal pagava as contas.

Nesse momento, os pais do loirinho chegaram, animados como sempre, porém cansados por conta do trabalho. Apesar da relutância de Kaito, eles conseguiram fazer com que o azulado ficasse para jantar. Ele e Len continuaram conversando e pouco tempo depois, a comida já estava posta.

- Itadakimasu! – Falaram em uníssono.

Durante a refeição vários assuntos surgiram, o clima estava descontraído e Kaito pensou que aquilo sim, era uma família de verdade. Mal se lembrava da última vez que todos de sua casa comeram juntos ou tiveram uma conversa daquelas. Porém, tudo isso ficou ameaçado quando Lily tocou em um “tema proibido”.

- Então, Kaito-kun, o que vocês fizeram sozinhos aqui? – Ela dizia com um tom de malícia notável.

- Mãe! Não fizemos nada!

- Exatamente, Lily-san. Só conversamos.

- Ahh... Que coisa! E você sabe por que o Len-chan não queria ir para a escola?

- C-como eu posso saber?

- Querida, acho que isso tem alguma coisa a ver com o cinema.

- NÃO!

Eles falaram juntos, para a desgraça dos dois. Aquela conversa estava ficando perigosa e os pais do loirinho que não eram burros, perceberam algo estranho quando o filho chegou e foi direto para o quarto, sem ao menos dar “boa noite”. Os meninos se encolheram e ficaram igualmente vermelhos, como adolescentes pegos no flagra, o que por um acaso eles eram.

- Interessante... – Falou Leon sorrindo e olhando para a esposa, que soltou uma risada.

Não tiveram tempo para aprofundar o assunto, porque Kagamine Rin chegou e todos ficaram calados, até a mesma perguntar o que estava acontecendo, afinal, não era todo dia que o garoto mais popular do colégio jantava na sua casa.

- Ah filha, agora o Kaito-kun é da família! Vem, se senta aqui pra ver como eles dois ficam lindos juntos! – Disse Lily com uma felicidade anormal.

- Mãe, por favor, o Shion-san deve estar constrangido. Ele não gosta de garotos. – Disse Rin já ficando com vergonha pela sua mãe, mas mesmo assim sentou onde ela pediu.

- Ei! Eu também gosto de garotas! Por que só ele?!

- Porque eu nunca te vi com uma menina, Len. – Então a loirinha riu com gosto e o seu irmão não encontrou argumentos para se defender.

Eles continuaram o jantar, conversando e entrando em temas mais delicados, porém nada mais em relação aos garotos. Terminada a refeição, era hora de se despedir de todos. Kaito sabia que sua mãe não estaria em casa, e que provavelmente sua irmã estaria trancada no quarto, Taito, seu irmão mais novo, chegava tarde todos os dias, logo, não havia ninguém para se preocupar com sua demora a não ser ele mesmo. Era triste deixar aquele ambiente tão feliz e voltar para o cinza que era sua vida, mas simplesmente não podia fugir disso, porque eles eram sua família, e sentia que deveria voltar para eles.

- Lily-san, Leon-san, obrigado pelo jantar. Tenho que ir.

- Volte sempre, Kaito-kun! – Disse o casal em uníssono.

Len acompanhou a visita até o lado de fora, notando que estava muito mais calmo na rua do que dentro de casa. Eles ficaram conversando durante alguns minutos, pois nenhum dos dois queriam se despedir, Kaito tinha ido visitar o loirinho simplesmente porque estava louco de vontade de vê-lo, mas descobriu que era mais que isso. Ele queria beijar Len novamente. Todavia não ia fazer aquilo no meio da rua e eles não se conheciam o suficiente para acontecer um segundo beijo. Tudo deveria ocorrer naturalmente, não queria que fosse igual a todas as garotas que já tinha ficado.

O mais velho balançou a cabeça mentalmente, se condenando por estar pensando no melhor jeito de beijá-lo. Eles eram homens! Meninos não faziam aquelas coisas! Ficou tentado em se abaixar e pelo menos beijar seu rosto, mas sabia que não deveria fazer aquilo. Assim, para evitar arrependimentos se despediu e foi a caminho de sua casa. Era estranho sentir vontade de beijar um garoto, com certeza não era normal, por isso decidiu guardar esse segredo, ao menos por enquanto, até saber o que fazer com o desejo de estar perto do loirinho.


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Notas finais do capítulo

Queridas leitoras, queridos leitores...
Como vocês sabem, demoramos para postar por problemas pessoais. Então, sejam gentis e comentem, ou ficarão sem saber o resto da história.
Fim.~
Beijos, Walker-má. q