Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 44
Capítulo 44




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Capítulo 44 - Desafio Aceito


– Aí! Aí está! - gritou o diretor - É ele mesmo! O desgraçado do Mendonça mandou mesmo o desafio!


De fato, era o desafio de luta que o diretor do colégio Lua Minguante estava propondo. O assunto da mensagem era "Desafio de luta. Mwahahahaha!"


– Quantos anos vocês tem mesmo? - perguntou Lien.


– Esqueçam os detalhes - falou Freiriano - Vamos ver o que está dizendo.


Freiriano clicou tremulamente no e-mail, abrindo uma mensagem sem muito texto (apenas com um "Segue o desafio em anexo") e um arquivo de imagem anexado.


– O desafio deve estar na imagem - disse Freiriano - Ei, e se for vírus?


– Não é vírus! - disse Fernanda, que estava tão impaciente quanto as meninas - E se for, nosso anti-vírus está com a última atualização. Clique logo nessa droga!


O diretor prosseguiu, abrindo uma imagem com o emblema do colégio Lua Minguante, um texto escrito "Grande Desafio Secreto de Lutas entre Colégios" seguido do horário e do dia.


– Amanhã às onze da noite? - questionou Amanda - Por que tão tarde?


– Sem dúvida ele quer manter segredo da batalha - falou Fernanda - Se o Ministério da Educação souber disso, estaremos em apuros.


– E vocês ainda querem que a gente aceite isso? - retrucou Lien.


– Vocês são nossa última esperança! A alma do fundador da escola não vai descansar em paz enquanto aquela estatueta não for encontrada!


– Bem, eu não acredito nessa coisas - disse Fernanda - Mas estaremos ferrados tanto por perdermos a estatueta quanto pelo Ministério da Educação descobrir esse evento clandestino.


– Não é melhor chamar a polícia logo? - perguntou Kéfera.


– Se fizermos isso, cairemos na mídia - disse Freiriano - Por favor, não custa nada. Vocês com certeza vão ganhar deles brincando. É só ir lá, bater em alguns meliantes e já era!


– Não sei, não - Amanda ainda estava relutante - Aqueles alunos são meio sinistros.


– Bem, eu já disse que aceito - disse Kéfera - Se eles forem fortes mesmo, quero muito enfrentá-los!


– E eu não vou deixar você ir sozinha - disse Lien - Amanda, é melhor aceitarmos essa bobagem. Se nós que somos mais fracas que você estamos confiantes, não acho que você deva se preocupar.


– Uma coisa é lutar de forma limpa...mas não sabemos nada sobre esses alunos - comentou a presidente do grupo disciplinar - Eles podem ser muito trapaceiros.


– Qualquer ação suspeita, fujam - disse Fernanda - A vida de vocês é mais preciosa que qualquer estatueta.


– Mas se der para lutar, lutem - disse o diretor.


– O senhor é mesmo um exemplo de diretor - ironizou Lien.


– E então? Vamos ou não? - perguntou Kéfera.


Diretor Freiriano olhava para as três com um olhar de cachorro sem dono. A pressão foi tanta que Lien e Amanda finalmente cederam.


– Tá, tá bom. Vamos lá - disse Lien.


– Ótimo! Sabia que podia contar com vocês! - exclamou Freiriano, se segurando para não dar uma abraço nas três. Era uma situação bizarra e infantil, claro, mas mesmo assim, não parecia nada seguro. E essa opinião foi compartilhada por André, assim que ouviu o relato de Lien.


– Vocês três? Sozinhas? Às onze da noite? - repetiu André - Mas isso...isso é loucura!


– E o nosso diretor é o quê? Certo da cabeça? - disse Lien - Parece que ou fazemos isso, ou a reputação da escola vai para as cucuias!


– Cucuias? Onde você aprendeu essas palavras? - intrometeu-se Alex.


– Muito relevante seu comentário, Alex - retrucou Lien - Mas o fato é que se o diretor conta com a nossa ajuda...e se fizermos isso ele fica nos devendo um favor.


– Só precisamos ir lá e derrotar uns caras, nada demais - falou Kéfera.


– Mas vocês três...sozinhas? - insistia André - Isso é...


– Muito perigoso - disse uma voz conhecida. De trás de um pilar, surgia a figura poética de um romântico heroi...bem, na verdade era o Álvaro mesmo, campeão de tênis marcial do colégio.


– Álvaro? - perguntou Lien - Não tinha pessoa melhor para ouvir nossa conversa, não?


– Nada tema, adorada Lien Wong! - disse ele, ignorando André e pegando na mão da já não muito paciente Lien - Eu assumirei os riscos dessa missão e enfrentarei sozinhos todos os desafios que surgirem.


– Ei, ela tem namorado, esqueceu? - lembrou André, mas Álvaro realmente não o percebeu.


– Você...seria?


– Você sabe quem eu sou! - reclamou André.


– Ah, relaxa, gente - disse Kéfera - A gente acaba com isso rapidinho. Eles não vão nem saber o que aconteceu.


– Mas não podemos deixar três meninas entrando numa escola desconhecida, do outro lado da cidade sozinhas - disse André - Eu faço questão de acompanhar vocês!


– Não precisa, André - disse Lien.


– Claro que não precisa - insistiu Álvaro - Eu mesmo faço questão de proteger as três. Um fraco como você só seria um estorvo.


– Fraco? Mas você é só um tenista - retrucou André.


– Um tenista marcial, meu caro - respondeu Álvaro - É como eu disse, a raquete é como uma espada.


– Então tá dizendo que pode enfrentar os caras só com isso? - perguntou Kéfera.


– Hehe. Não me subestime - disse Álvaro - Minhas habilidades não se resumem às quadras.


– Faça como quiser - disse Amanda - Mas nada garante que será fácil.


– Você conhece os caras? - perguntou André.


– Não, mas ouvi algumas conversas - disse ela - Aquela região é estranha.


– Mas se é luta, a gente garante - falou Kéfera - Acho que os meninos não precisam se preocupar.


– Mesmo assim eu insisto em ir - continuou André - Bem...apesar de ser mais fraco que vocês...os alunos da escola não precisam saber disso.


– Você não tem cara de mau, querido - falou Lien - Mesmo que queira.


– Mas...


– Mesmo assim, não vou impedir que você vá - disse Lien - Talvez ajude no treinamento...ou seja uma total perda de tempo se eles forem fracos!


– Então está combinado - disse Álvaro - Amanhã às onze da noite estaremos todos nos portões do colégio Lua Minguante.


E o finalmente chegou a hora combinado. O colégio era do outro lado da cidade, numa região não muito conhecida (e tampouco segura). Lien, André e Alex chegaram praticamente juntos com Amanda, que, usando suas roupas de lutadora com suas luvas de boxe penduradas na mochila, olhava desconfiada para tudo e todos.


– Ei, é a Amanda! - gritou Alex - E aí?!


– Shhhh!!! - disse ela, praticamente socando a boca do rapaz - Fica quieto! Tem ideia do quanto esse lugar é sinistro?


– Desculpa, ele é assim mesmo - falou André.


– E...ei, pra começo de conversa o que você está fazendo aqui? - perguntou Amanda - Nem lutar você luta! Só veio atrapalhar, né?


– Ei, vai com calma aí - defendeu-se Alex, segurando sua câmera - Eu estou representando a imprensa. Se eles trapacearem, teremos os fatos gravados para usar no tribunal.


– Sabe onde eles vão colocar essa câmera se não tomar cuidado? - ralhou Amanda.


– Calma, Amanda - disse Lien, com todo o estilo em suas roupas de luta chinesas (André usava uma versão mais masculina destas, cortesia da academia Wong) - Eu também achei esquisito ele vir, mas é verdade que gravar vídeos pode ajudar a nos proteger. Além disso, o Alex é ótimo em gravar sem ninguém perceber.


– É verdade - disse Amanda - Eu lembro do que ele já fotografou por aí..


– Relaxa, tá? - falou Alex - Daqui para frente só precisamos ser discretos.


Discretos, hã? Bem, diga isso para Kéfera, que chegou aos berros nas proximidades da escola.


– E aí, gente? - gritou ela. Amanda gelou.


– Quieta, garota! - ralhou ela - Quer mesmo que todos os assaltantes venham para cá?


– Ah, relaxe - disse Kéfera - Dois deles tentaram me assaltar antes de eu chegar aqui, mas eram lentos demais. Devem estar desmaiados por aí.


– Você...não tem noção do perigo?! - gritou Amanda - E se eles estivesse armados?


– Ah, não estavam não - explicou ela - No máximo, um deles tinha um pedaço de madeira.


"Ela é louca", pensaram todos. Mas Kéfera estava mais preocupada em saber como seria o desafio.


– E então? A escola tá aberta? - perguntou Kéfera, ansiosa.


Acho que sim...tem algumas luzes acesas - disse Lien, logo mexendo no portão e viu que estava aberto. Realmente, eles deviam estar esperando.


– T-Tá aberto - gaguejou ela - Vamos entrar?


– Vamos lá - disse Amanda - Cuidado redobrado a partir de agora...tsc, até agora não sei porque estamos fazendo isso..


– O diretor vai ter que nos compensar muito por termos encarado essa - reclamou Lien.


– Se eles forem mesmo fortes, só as lutas já serão uma ótima recompensa - falou Kéfera.


– Ei...não tá faltando mais alguém? - perguntou Amanda.


– Ah, sim, o Álvaro - disse Alex - Achei que ele fosse vir...deve ter amarelado.


Mas Alex estava enganado. Antes mesmo de terminarem de atravessar o portão, lá vinha Álvaro correndo mais rápido que um Papa-Léguas.


– Socorroo!! - gritava ela - Deixem eu entrar!


– Hã? É o Álvaro? - perguntou Lien. O tenista estava sendo perseguido por um enorme cachorro nada contente com uma enorme mochila nas costas (nas costas dele, não na do cachorro, tá). Depois dele entrar mais rápido que um raio na escola, eles fecham o portão, deixando o cão latindo furioso do lado de fora.


– Como você conseguiu irritar um vira-lata? - perguntou Kéfera.


– Acho que pisei no rabo dele enquanto andava pelas ruas desse bairro tentando evitar fazer barulho - disse ele.


– Adiantou muito, heim? - ironizou Lien.


– Oh, Lien Wong, você é um colírio para os meus olhos - disse Álvaro, pegando nas mãos da garota que logo corresponde com um enorme chute no queixo dele.


– Se vai ficar aqui, concentre-se na missão.


– Heh. Claro. Vamos derrotar qualquer um que nos impedir - disse ele - Desde que nenhum deles seja um cachorro monstruoso como aquele..Hehehe.


– Espero que esteja confiante - falou André.


– Oh, sim, claro que sim! Você era...o primo da Lien Wong, não é?


– Namorado! - exclamou André em um raro momento de impaciência com o próximo - Quantas vezes vou ter que repetir?


– Por pouco tempo...Lien Wong irá perceber seu erro assim que perceber minhas imensas habilidades de batalha - disse Álvaro - Trouxe minha mochila com minha raquete da sorte.


– Você sabe que nós não vamos jogar tênis, não é? - perguntou Alex.


– Não se meta nas minhas coisas - reclamou Álvaro - Eu disse que a raquete é tão poderosa quanto à espada!


– Deixem de bobagens e vamos acabar logo com isso - disse Amanda, como líder natural da turma - Não sei que tipo de problemas vamos enfrentar lá dentro.


E, de fato, o diretor Mendonça acompanhava tudo pelas câmeras escondidas nos arbustos da passagem da entrada do colégio.


– Bwahauhauha! - ria o diretor - Então eles vieram. Vamos mostrar ao colégio Sol Nascente quem é o superior. Está pronto, Draco?


Um jovem de cabelos lisos, franja na testa e olhar sereno estava sentado na sala do diretor com as pernas cruzadas.


– Claro - disse ele - Se bem que eu duvido que eles cheguem até aqui...



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