Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 186
Capítulo 186




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Capítulo 186 - A Última Sala

Lien, André e Alex finalmente adentram na última sala da base da Meyou Zidan. De fato era a última, a derradeira, o local onde Chibang aguardava seus algozes sentada em sua cadeira. Seu fiel escudeiro Long aguardava de pé no centro da sala. O trio invade o local com tudo. Lien olha diretamente para Chibang, que, por sua vez, mantinha seu semblante sério.

– Então..você é a Chibang? - perguntou Lien.

– Finalmente chegaram até aqui - disse Chibang - Ótimo. Já podem entregar os pingentes que possuem.

– Nunca! - retrucou Lien - Viemos até aqui para tentar resolver os nossos problemas.

– Não há nada para discutir - rebateu a líder da Meyou Zidan, levantando-se imediatamente - Entreguem os pingentes e deixaremos que você e seus amigos saiam daqui com vida. Um troca justa, não?

– Não podemos deixar que faça tudo que bem entender - disse André - Estamos dispostos a defender o mundo.

– Achei que já tivesse dito isso antes, não? - continuou a séria líder chinesa - Esse mundo precisa de uma liderança urgentemente. A Meyou Zidan é a única com poder suficiente para fazer isso, não percebem? Conseguimos o controle de várias áreas do mundo sem utilizar uma única arma. Nosso clã é a única potência capaz de assumir o controle de tudo da melhor maneira possível. Ou preferem mesmo viver o caos de hoje?

– E aceitar a ditadura que você está propondo? - rebateu André.

– O domínio do mundo já nos pertence - prosseguiu Chibang - Nenhuma outra família é capaz de controlar a energia chi (*) tão bem quanto nós. Vocês não tem a menor chance, por mais que tenham aprendido uma ou outra coisa.

– Você diz isso...mas derrotamos os outros membros mesmo em menor número - retrucou Alex.

– "Derrotamos?" - perguntou Lien - O que você fez?

– Meu apoio moral conta, não? - respondeu o fotógrafo.

Chibang começou a andar. O salão era enorme e isso demorou um pouco. Todos os três ficaram tensos, mas a reação dela não parecia muito violenta. Long tampouco se movia. Ele não iria agir enquanto Chibang não desse ordens.

– Mesmo assim - falou Chibang, cuja presença fazia o coração de todos ali acelerarem por alguma razão - Vocês não conseguirão nos derrotar. Apenas aceitem.

– Não vamos entregar o pingente - falou Lien, embora sua voz não tivesse muita convicção - Ponto final. São vocês que precisam aceitar isso e sair de nosso país logo.

– O que houve, descendente do clã Wong? Você parece com medo..

Lien não queria admitir, mas estava nervosa. Alguma coisa na presença daquela mulher a incomodava. O espírito dela era certamente forte. Não havia dúvidas de que era a líder da Meyou Zidan. Mesmo com todo o seu treino, Lien estava em dúvida se conseguiria derrotá-la ou não. Se conseguisse resolver aqui sem lutar seria ideal, mas ao mesmo tempo seu orgulho de guerreira a puxava para o outro lado. Sabia que enfrentá-la seria a chance perfeita de testar suas habilidades. André também parecia sentir o mesmo.

– Esse garoto do seu lado...também está nervoso, não é? - comentou Chibang.

– L-Lutaremos se necessário - falou André.

– Posso ouvir as batidas do seu coração - disse Chibang friamente - Isso se chama medo? Receio? Ou talvez seja uma simples ansiedade? Eu assusto vocês? Bem, é melhor ser temida do que amada.

– Está mesmo nervoso, André? - perguntou Alex. Como Alex não tinha treinamento, ele não percebia a grandiosidade da energia espiritual de Chibang naquele momento.

– Apenas reconheço que ela parece forte - disse o namorado de Lien, voltando seus olhos ao mesmo tempo para Long, o conselheiro da chefona. Ele também emitia uma aura poderosa e seu olhar para André foi imensamente penetrante.

– Diga, descendente de Wong, onde estão os pingentes que vocês tomaram de nosso clã? - perguntou Chibang - Apenas entregue-os para mim.

– Já disse que não! Pelo visto, você não vai embora pacificamente, não é?

– Está enganada. Tudo que queremos é resolver isso de maneira pacífica. Se você entregar os pingentes, incluindo o pingente do galo, deixaremos que saiam daqui com vida. Não é simples?

Chibang tinha uma maneira própria de enxergar a situação.

– Esse pingente do galo...foi tirado do seu clã há muitos anos, não foi?

– Exatamente. A sua linhagem se ramificou da nossa. Os Wong são o sangue ruim originado daquele ladrão que desonrou o presente dos doze signos dado pelo mago patriarca do antigo clã Xie Bo!

– Xie Bo...esse era o nome original do clã de vocês, não é? Ningjing nos contou - falou André.

– Não vou deixar que insulte o sangue da minha família - retrucou Lien - O clã Wong se tornou uma família honrada, ao contrário de vocês, um bando de assassinos!

– Desonrados? Apenas eliminamos os que se opõem a nós. Se são contra nós, são contra o bem desse mundo. Queremos dar toda a glória ao nome do nosso clã, apenas isso.

– Sua visão é ridícula - criticou Lien - Quanto mais te conheço, mais quero impedi-la.

– Então é isso? Não sairemos daqui sem derramamento de sangue, não é verdade? - comentou Chibang - Que seja feita a sua vontade...eu mesma irei enfrentá-la, descendente de Wong. Farei com que os laços do sangue de seu clã sejam enfraquecidos com sua morte!

– Lien! - gritou André - Tome cuidado...ela...é extremamente poderosa.

– Eu sei - respondeu Lien - Mesmo sem um pingente, sei que você é mais forte do que muitos dos seus subordinados, não é?

– Então você percebeu? Sim, eu consigo utilizar minha energia chi tão bem que não devo em nada aos outros portadores - disse Chibang - Mas seria muito melhor se tivesse o pingente do Galo, o único com o qual sou compatível.

"Mesmo sem pingente ela é poderosa. Que tipo de ataques ela possui?"

– Vou ajudá-la, Lien. Não se preocupe - falou André, mas Long se colocou na frente dele imediatamente.

– Espero que não tenha se esquecido de mim - disse Long, olhando seriamente para André.

– André - Lien olhou para trás preocupada.

– Se quer mesmo lutar comigo... - disse Chibang - ...minha condição é que seja uma luta de um contra um.

Lien voltou-se para a inimiga.

– Será a luta definitiva entre a ramificação Wong e a ramificação da Meyou Zidan. Veremos qual lado da família irá prevalecer em uma luta com as duas representantes máximas.

– Estou pronta - disse Lien - Não tenho medo de você!

– Você diz isso, mas será mesmo? - lembrou Chibang - Posso perceber que você tem algum receio...

Lien lançou seus olhos em André por mais um milésimo de segundo, mas foi o suficiente para Chibang perceber o ponto fraco da garota.

– Ouça, há uma escada logo atrás desse salão que nos levará ao topo da base - falou Chibang, apontando para trás - Lutaremos lá. Não é bem um lugar digno da minha presença, mas quero deixar essa sala para Long.

– Do que está falando? - indagou Lien.

– Long! - chamou Chibang.

– Sim, mestra - respondeu o subordinado.

– Cuide desses dois. Tem minha permissão para utilizar todo o seu poder.

– Entendido - atendeu Long.

Em outras palavras, André teria que lutar sozinho contra o braço direito de Chibang. Os batimentos cardíacos de Lien aceleraram consideravelmente.

– André! - gritou ela - Cuidado!

– Não se preocupe - disse o namorado - Não se preocupe comigo. Concentre-se na sua luta. Eu irei me concentrar na minha!

– Você..

– Treinamos juntos. Você sabe que melhorei bastante - falou ele - Você também está muito forte. Confie em si mesma.

"André", pensou Lien. "Quando começamos a namorar você era só um garoto medroso que mal sabia se defender direito. Agora você precisará enfrentar um oponente absurdamente poderoso. Não acredito que as coisas chegaram a esse ponto..."

– Bem, vamos indo - disse Chibang - Se ficar aqui, verá a morte de seu namorado. Se subir, enfrentará a sua morte. Suas opções não são muito boas de qualquer modo.

– Cale a boca - falou Lien, já irritada - Vou calar essa sua boca até você desejar nunca ter saído da China!

– Gostaria de ver isso - continuou a inimiga - Suba logo.

E Chibang subiu as escadas logo atrás de sua cadeira. Lien lançou um último olhar e balbuciou "eu te amo" para André. Ele, por sua vez, reagiu com um sorriso e logo mudou sua expressão para um ar mais sério ao se defrontar com seu oponente.

– Alex, as coisas ficarão complicadas. É melhor você sair...

– Está brincando? - falou Alex - Eu te acompanhei até aqui. Se eu tiver que morrer, vou morrer lutando.

– Pare de bobagens! Não precisa correr esse risco! Você não sabe lutar e..

– Vou apostar minha vida na sua vitória, amigão - disse Alex - Afinal, se você perder, mesmo que eu fugisse, esse cara iria atrás de mim..

– Façam como quiserem - falou Long - Apenas cumprirei as ordens da mestre Chibang.

Long já preparava sua pose de batalha. André também estava pronto.

"Agora é a hora de conferir os resultados do meu treinamento", pensou ele. "O inimigo não terá piedade, mas...preciso confiar em mim mesmo!"

O que ocorrerá nessas últimas batalhas?

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(*)= "Chi" pode ser considerada a energia espiritual que chamamos de "ki" nos outros capítulos. Na China, a terminologia "chi" seria mais correta e o autor da história, se não fosse tão burro, teria utilizado esse termo desde o começo, já que essa história está baseada em cultura chinesa. De qualquer maneira, para o universo de Encrenca, considere chi e ki como palavras referentes ao mesmo princípio.


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Notas finais do capítulo

Espero que essas últimas lutas sejam épicas...

Mais uma vez, obrigado a todos (na verdade, acho que é uma pessoa só) que estão lendo essa história.

Até!



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