Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 182
Capítulo 182




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Capítulo 182 - Quebrando o feitiço

Dushé conseguiu paralisar Amanda com seu estranho poder. Agora a pugilista estava nas mãos de sua inimiga. Enquanto a garota tentava em vão mover seus músculos, Dushé aproveitava da situação o máximo que podia.

– Achei que essa luta fosse um pouco mais demorada - comentou a chinesa, aplicando mais um golpe na barriga de sua adversária - Você treinou mesmo?

"Que golpe sujo! Me deixando paralisada, é claro que não poderei reagir", pensava Amanda, enquanto sua oponente não tirava o sorriso de seu rosto.

– Não gosto do seu olhar - disse Dushé, referindo-se ao olhar determinado de Amanda, mesmo naquele sofrimento - Quero que você implore por misericórdia!

– Heh - sorriu Amanda cinicamente - É a típica atitude de alguém espiritualmente fraco...querer se sentir superior a qualquer custo.

– Como? - resmungou Dushé em tom de raiva, dando mais um tapa na face da garota - A pessoa que caiu na minha armadilha foi você. Quem está chamando de espiritualmente fraca?

"O pior é que se meu poder espiritual fosse mesmo forte, eu não teria caído nisso", pensou Amanda. "Preciso...me lembrar do que aprendi."

Amanda teve um treinamento espiritual bastante demorado com seu professor Márcio. Ela aprendeu a concentrar sua energia interior de maneira adequada, mas, naquele momento, estava falhando em alguma coisa. Do que ela precisava? Sua inimiga continuava a atingi-la fisicamente e psicologicamente. Não era raiva de que precisava, pelo contrário, precisava de calma. Calma o suficiente para receber a energia do mundo em seu próprio espírito e jogá-la de volta para o adversário. Mesmo recebendo mais um tapa de Dushé, Amanda não titubeou.

– E então? Quero ver suas lágrimas. Chore. Chore logo.

– É você quem vai chorar...se continuar assim - balbuciou Amanda, liberando uma grande quantidade de ki por todo o seu corpo. Dushé foi lançada para longe.

– Mas..como?

– Agora...me sinto bem melhor - falou a garota, girando seu braço tranquilamente.

– Você se libertou. Droga!

– Talvez você estivesse certa. Eu estava distraída, pensando em muitas coisas. Se vamos sair dessa situação ou não...se vamos sair dessa base vivos ou não..muitas dúvidas e pouca fé. Mas o que eu preciso é me concentrar na minha luta e confiar no treinamento que tenho.

Dushé estava espantada, mas não iria se dar por vencida tão facilmente. Ela se levantou lentamente, limpou a poeira de sua roupa e sorriu cinicamente.

– Belas palavras - disse Dushé - Mas você sabe que meu poder não se resume apenas a isso.

– Claro que não.

– Não será tão fácil assim me vencer. Um descuido e as serpentes irão te pegar.

Amanda tomou sua pose de guarda, enquanto Dushé avançou em sua direção. A portadora da serpente usava seus melhores ataques. Amanda percebia o quanto sua adversária era ágil e tinha movimentos suaves.

"Ela se move mesmo como uma serpente. Deve ser a pessoa mais rápida que já enfrentei, mas..."

Amanda conseguiu golpeá-la com uma joelhada na barriga. Dushé foi lançada mais uma vez para trás. Desde que não estivesse paralisada, a garota tinha chances de vencer aquela luta.

– Não é tão fácil quando eu posso me mexer, não é? - disse Amanda, em tom sério e não provocativo - Mas reconheço que você é bem rápida.

"Essa garota", pensou Dushé. "É bem forte. Esse golpe realmente machucou. Apesar do que eu falei, ainda estou subestimando o poder dela."

– Muito bom - parabenizou Dushé - Acho que teremos uma boa luta. Veremos quem sairá daqui vitoriosa.

Amanda voltou a sua posição de guarda. A batalha iria prosseguir. Enquanto isso, Long e Chibang estavam reunidos na sala principal da base, aguardando a chegada de seus oponentes.

– Mestra Chibang - disse Long - Acho que devemos nos preparar.

– Sem dúvida - concordou Chibang - Eles estão mesmo dispostos a nos impedir.

– É verdade que nocautearam Jilié e Fengmi, o Cão e o Cavalo, dois de nossos melhores lutadores, mas certamente não saíram dessas batalhas sem danos.

– Mas não foram todos que ficaram para enfrentá-los, não é? - disse Chibang.

– Parece que apenas três deles ficaram nessas lutas - disse Long - No momento, um deles está enfrentando a Dushé e os outros estão vindo para cá.

– Seja sincero, Long - disse Chibang, com um olhar distante - Acha que Dushé pode vencer essa pessoa?

– Pelo contexto de nossa situação...talvez não. Mas certamente irá atrasá-los.

– Há um jeito de atrasá-los mais - disse uma voz além daqueles dois. Parecia um jovem e cínico rapaz que já teve a honra de encontrar nossos heróis face a face. Estamos falando de Tiaoyue, o primeiro membro da Meyou Zidan que tentou roubar o pingente do Galo.

– Tiaoyue? - reconheceu Chibang - É verdade, você ainda está aqui.

– S-Sim - disse ele - É minha oportunidade de compensar pela falha que tive em minha primeira tentativa. Deixe-me impedir os outros três restantes.

– Pelo menos tente atrasá-los - disse Long - Mas...não posso garantir que não consigam chegar até aqui.

– Perdão, mas...o senhor duvida da minha capacidade?

– Estou apenas sendo realista com a situação em que estamos. Praticamente todos os portadores de pingentes foram vencidos por esses intrusos. A força deles já é mais do que clara.

Tiaoyue não disse nada aos seus superiores, mas o sentimento de seu coração era claro: estava ressentido da humilhação que acabara de ouvir.

– Farei o meu melhor - foi tudo que disse, antes de se retirar. Long e Chibang se entreolharam.

– Espero mesmo que todos tenham feito o seu melhor - comentou Chibang.

De volta à Amanda e Dushé, as duas continuavam a se enfrentar com seus melhores golpes. Amanda havia se acostumado com a velocidade de Dushé e parecia estar em vantagem. Conseguia se esquivar dos golpes serpentinos dela e encaixar golpes de punho bem elaborados. A vitória parecia sorrir para Amanda, mas a garota não parecia contente.

– Você disse que não estava me subestimando, não disse? - retrucou Amanda - Então por que ainda luta assim?

Dushé se levantava com um olhar sério.

– Do que está falando?

– Lien e André me contaram. Eu sei que você pode controlar a água e outros fluidos. Vai ter que usar isso se quiser me deter.

– Sim, é verdade. Usei esse ataque neles.

– Por que está hesitando comigo?

– Por que...na verdade eu estava gostando dessa luta.

– Como?

– Se eu usar meus poderes, ficarei em vantagem de novo. Gostaria de saber até onde eu iria sem recorrer aos poderes da serpente.

– Isso não é subestimação? Acha que essa luta não é séria o suficiente para dar o seu melhor.

– Apenas estou guardando meus últimos recursos - falou Dushé - Assim como você.

– Hã?

– Acha que não sei. Você também é mais do que isso. Você também não mostrou tudo que tem. Estou errada?

– Eu luto de acordo com a situação. Também estou guardando meus trunfos, mas agora quem está em desvantagem é você.

– Acha mesmo?

– Se não usar seus poderes - Amanda mantinha seu olhar fixo na adversária, agora sem medo de cair no truque da paralisia novamente - Irei nocauteá-la antes que perceba. Não se engane. Você sabe que posso fazer isso.

Dushé sorri cinicamente.

– Está bem, eu admito - disse ela - Não posso derrotá-la sem os poderes do pingente.

O orgulho de Dushé tornava essa frase ainda mais dolorosa. A verdade é que Dushé escolheu essa sala justamente para usar seus poderes. No entanto, conforme lutava com Amanda, seu orgulho de lutadora voltou a nascer. Ela queria vencer sua oponente sem recorrer aos poderes. Não conseguia conceber que aquela garota magra tivesse quebrado seu feitiço de paralisia e ainda fosse melhor do que ela em uma luta corpo-a-corpo. Naquele momento, Dushé queria acabar com Amanda usando apenas as próprias mãos, mas ela sabia que era impossível. Amanda era mais forte que ela, a menos que usasse seu poder. Ela era apenas uma mulher fraca sem o pingente. E Amanda, pelo contrário, não precisava de nenhum poder especial para fazer frente a ela, a não ser seu treinamento e determinação. Dushé a odiava, mas pode-se dizer que, ao mesmo tempo, a admirava. Logo, as águas da fonte daquele salão começaram a se mover.

– Que as águas...se movam - disse Dushé, exibindo seu pingente. Amanda estava pronta. A batalha entre duas guerreiras orgulhosas continuaria.


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