Capítulo 170 - Negociação Fracassada

– Quem é? - repetiu a voz do interfone. Na verdade, era apenas um dos criados da Meyou Zidan responsável por atender a porta.

– Err...você teria um tempinho para ouvir a palavra dos Wong? - disse Alex, sem nenhuma vergonha.

– Como?

Antes que o diálogo pudesse continuar, Alex foi atingido por uma bela voadora de Lien.

– Cala essa boca! Se continuar falando vai acabar estragando tudo!

– Ei, também não precisa me bater! - reclamou o cinegrafista.

– Quem está aí? Respondam! - a voz já estava ficando impaciente.

– Gostaríamos de falar com Chibang - disse Lien no tom mais polido que conseguia.

– Mestra Chibang é ocupada demais para lidar com assuntos levianos - respondeu o criado - Podem tratar comigo.

– Na verdade, precisamos muito falar com ela - falou Lien - Afinal, temos algo que a interessa.

A garota tirou o pingente do galo e o mostrou.

– Para quem está mostrando isso? - perguntou Kéfera.

– Eles devem ter uma câmera aqui, não? - disse Lien.

– Não temos câmera nenhuma! - falou o criado - Digam logo do que estão falando.

– Uma base sem câmeras? - estranhou Astolfo.

– Eles são uma máfia que não usa armas de fogo - lembrou Alex - Nada mais me surpreende.

– Ah, dane-se! - falou Lien - Temos os pingentes do zodíaco conosco. Sua mestra vai falar ou não?

– Pingentes? - disse o criado, espantado - Impossível...essas joias não poderiam cair nas mãos de qualquer um.

– Pois é, não somos qualquer um - enfatizou Lien.

– E-Esperem..

O criado, um pobre jovem oriental, correu para o superior mais próximo. No caso, Long passava por ali naquele instante.

– Mestre Long! - disse ele - O senhor precisa ouvir isso imediatamente.

– O que houve? Estamos muito ocupados com a guerra pelos pingentes. Não me envolva com seus assuntos de empregado.

– Mas é justamente sobre isso...aí na porta..estão pessoas dizendo que possuem os pingentes que foram perdidos em batalha.

– O quê?! - Long estava espantado - Não pode ser...preciso avisar a Mestra Chibang imediatamente.

Enquanto isso, Lien e os outros aguardavam pacientemente a resposta. Estavam demorando.

– E então? O que vocês tem a dizer? - perguntou Alex, filmando a cara de todos com sua câmera.

– Bem, espero que isso acabe da melhor maneira possível - falou André.

– E você, Amanda? - perguntou ele, apenas para ter a lente de sua câmera tampada com as mãos dela.

– Quando você vai crescer? É o destino do mundo que está em jogo aqui!

– Por isso mesmo...essa pode ser a sua última chance de se divertir - argumentou o garoto.

– Você é impossível.

– Alô? - finalmente uma voz surgiu no interfone. Agora era uma voz feminina, pertencente a Chibang.

– Deixem que eu falo - insistiu Lien, dirigindo-se para o interfone logo em seguida - Err...quem está falando?

– Sou a líder da Meyou Zidan..Chibang.

Todos sentem um certo frio na espinha.

– Tá zuando...a chefona em pessoa? - comentou Astolfo baixinho.

– É o que parece - respondeu Álvaro.

– Ah, sim..então é com você mesmo que viemos falar - disse Lien - Nós estamos com alguns pingentes da sua família.

– Então são vocês? Tiveram muita coragem em aparecer aqui...imagino como chegaram tão rápido. Será que..minha irmã ajudou vocês?

– Exatamente - falou Lien - Sua irmã está do nosso lado!

– Ei, não tem problema falar isso, não? - perguntou André.

– Ela já deve saber disso faz tempo - falou Lien.

– Entendo - Chibang não parecia abalada - Imagino que ela tenha se convencido de que resistir é inútil e enviou vocês para devolverem logo os pingentes. Ótimo. Isso me poupa muito trabalho.

– Espere, não viemos devolver assim tão fácil.

– Como?

– Até podemos devolver o que pertence a vocês, mas o pingente do galo é da minha família. E, além disso, não permitiremos que use todo esse poder para o mal, está ouvindo?

– Mal, você diz - repetiu Chibang - O que é o bem? O que é o mal?

– Hã?

– Bem e mal são duas faces da mesma moeda, são a eterna união do Yin e do Yang...o que você chama de mal, na verdade, é um bem para nós.

– Ora, você quer mesmo dominar o mundo?

– Você acha que esse mundo está correto? Acha que esse mundo não precisa de mudanças?

– É claro que precisa, mas...

– Nós, a Meyou Zidan, somos a família mais adequada para governar esse mundo todo. Tudo que faremos é mostrar que um líder precisa ser poderoso. Traremos segurança a todos. Qualquer um que desobedecer as leis será eficazmente punido. Nosso governo é a melhor opção para esse mundo. Quer mesmo impedir isso? Está mesmo contra a paz mundial?

– Como pode falar isso? - reclamou Lien.

– Vocês são assassinos e ladrões - gritou Amanda - Nunca aceitaremos um governo vindo de vocês.

– Então é isso? - disse Chibang - Estão contra nós?

– E-Espere - Lien colocou o braço na frente de Amanda - É...pensando bem...acho melhor entregarmos os pingentes!

– Hã? - todos ficaram espantados.

– Você tá louca? - gritou Alex - Vai entregar os pontos assim?

Mas Lien piscou para eles.

– É...não temos como vencer...se nos deixar entrar, entregaremos os pingentes. Que tal?

– Não é necessário - falou Chibang - Deixem os pingentes na caixa de entregas e saiam. Não precisamos nos ver.

– O quê? Mas...é melhor entregar pessoalmente, né? Vai que alguém roube e..

Mas Lien foi imediatamente interrompida.

– Como eu imaginava.

– O que disse? - Lien começou a ficar mais tensa.

– Não sou tão idiota assim. Seu plano era fingir que entregaria os pingentes para nos atacar quando estivesse sozinha comigo ou já aqui dentro, não é?

Lien não conseguiu responder nada.

– Você ainda tem muito o que aprender em estratégias de guerra. Se não querem entregar os pingentes, nós os tomaremos à força.

– Não pense que será tão fácil...

– Vocês é que não tem ideia de onde se meteram...que os portões se abram!

Os portões da base se abriram, revelando vários guerreiros guardas da Meyou Zidan.

– Temos centenas de guardas à nossa disposição - falou Chibang - Eles pegarão os pingentes por nós. Adeus.

Era realmente um grande exército que estava atrás dos portões. Chibang já devia ter planejado isso bem antes de atender o interfone.

– É...é gente pra caramba, né? - comentou Alex - Melhor achar o melhor lugar para me esconder, digo, para filmar a ação.

– Sabia que ela não seria levada na conversa - falou Kéfera - Bom, acho que agora é com a gente, né?

– Hora de colocar nosso treinamento à prova - disse Lien.

A luta iria começar. Dentro da base, Chibang suspirou.

– Acha que nossos guardas conseguirão segurá-los? - perguntou Long.

– Se venceram mesmo nossos subordinados, acredito que não - falou a mestra da máfia - Mas...mesmo que derrubem todos os soldados, lembre-se de que ainda temos nosso cão de guarda...e já orientei que ele não tivesse piedade nenhuma.

A luta final na base de Meyou Zidan finalmente começou. Será que nossos amigos estão prontos para isso?