Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 167
Capítulo 167




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Capítulo 167 - Hora de revidar!

– Espera - disse Lien, em tom ofegante por conta do duro treinamento - Você tá dizendo para a gente ir lá na toca do lobo mesmo?

– Sim - confirmou Ningjing - Melhor resolver a situação de uma vez por todas, não?

– Não parece muito sensato - disse Ming - Lá é a base dos inimigos! Eles podem atacar todos juntos e acabar com tudo e...

– Não há necessidade de preocupação - interrompeu a menininha - Se isso acontecer, basta nos separarmos.

– Separar? - indagou Alex.

– Não é conveniente para os portadores dos pingentes lutarem muito juntos. Na verdade, eles preferem lutar separados. Se quiserem mesmo usar todo o potencial de seus poderes, lutarão separados. Pensem: a maioria dos inimigos apareceram separados.

– Mais ou menos - interveio Álvaro - Kéfera e eu fomos abordados por dois dos seus colegas!

– Mas não demorou muito para se separarem, certo? Nós membros da Meyou Zídan não temos muita união...provavelmente, se atacarmos teremos lutas individuais contra eles. Do jeito que são orgulhosos, vão aceitar até lutar contra todos juntos.

– Então...se falarmos com a sua irmã podemos resolver esse problema? - perguntou André.

– Duvido muito que ela seja compassiva, certamente vocês terão que conversar com os punhos.

– Para variar... - reclamou Alex.

– No entanto, se ficarmos apenas aqui...minha irmã vai continuar mandando mais guerreiros...e uma hora ela vai se cansar e tentará explodir essa academia inteira.

– Tudo por causa de uns pingentezinhos - comentou Astolfo - Caraca, o negócio é sério mesmo, heim?

– Explodir minha academia! Nunca! - gritou mestre Wong, claramente revoltado - Mas...já vi que não tenho mais idade para enfrentar esses safados.

– Não diga isso, vovô - consolou Lien - O senhor ainda é muito forte.

– É verdade. Eu não teria vencido aquele cara do pingente do Boi sem a sua ajuda - lembrou Astolfo.

– Um homem com sua experiência poderia lutar com os membros da Meyou Zidan muito bem se lutar a sério - falou Ningjing - Creio que eu mesma teria dificuldades para vencê-lo, mas...apesar de saber usar ki, o senhor ainda não tem muito controle sobre isso, estou errada?

– Nosso clã tem uma certa aptidão para usá-lo, mas não ao ponto que vocês usam. Perto do treino de vocês, não sei usar nada disso.

– Eu também não posso dizer que controlo direito - falou Márcio - Mas, no meu caso, sou péssimo com lutas corpo-a-corpo.

– Ei, o senhor não vai ajudar a gente, professor? - disse Amanda.

– Sinto muito - Márcio respondeu com um sorriso - Não sou um guerreiro. Detesto a violência. O máximo que posso fazer é ajudá-los a treinar sua energia espiritual.

– Está sendo modesto - falou Amanda - O senhor é perfeitamente capaz de fazer frente a esses caras.

Ningjing concordou.

– Devo lembrar que você me derrotou - falou ela.

– Apenas entendi seu jeito de lutar - comentou Márcio, sorridente - Mas em termos de luta corpo a corpo acho que só seria um fardo.

Ou ele estava sendo muito modesto ou queria que os meninos lutassem sozinhos para ficarem mais fortes. Seja como for, nenhum deles insistiu mais.

– Aumentar a energia espiritual, o senhor disse...é isso que preciso - falou Álvaro - Quero melhorar meu controle de energia espiritual!

– Eu também! - disse Amanda - Aceitamos um treinamento tão rígido quanto o de Lien e André.

– Opa. Tô dentro também - falou Astolfo - Ainda não acho que consigo dominar meu ki, mas até que esse pingente está me ajudando.

Acontece que Astolfo, de certo modo, ganhou uma certa afinidade com o pingente do Boi e sua força corporal aumentou consideravelmente. Ningjing viu que seus "discípulos" eram mesmo pessoas de fibra.

– E vocês? Vão descansar? - perguntou ela a Lien e André.

– Ainda não - falou ele - Se todos estão se esforçando tanto, não vou ficar para trás.

– Muito menos eu - disse Lien - Não vou deixar nenhum de vocês me passar para trás!

"André", pensou mestre Wong. "Você está mais forte do que pensa...gostaria muito de ver suas novas habilidades"

– Mas tá faltando a Kéfera, né? - disse Alex, trocando a bateria de sua câmera filmadora - Será que ela sobreviveu?

– Deixem comigo - falou Ming - Vou lá fora esperar por ela.

– Ah, obrigada - disse Lien - Avise que continuamos o treinamento.

Depois de Ming ter saído, não demorou sequer meia-hora para Kéfera aparecer na academia. Ela parecia exausta.

– Ai, ai, ai....tô morta - disse ela, quase desmaiando, mas apresentando os pingentes que conseguiu em sua campanha.

– Senhorita Kéfera - disse Ming - Tudo bem?

– Tudo...só preciso descansar um pouco - falou ela - Cadê o resto do pessoal?

– Voltaram para a barraca - respondeu Ming - Estão todos treinando para o plano de invasão.

– Plano de invasão?

– Parece que agora vamos atacar o inimigo e não mais esperar por ele.

– QUÊ?! - gritou a menina - O que estou fazendo aqui? Também preciso treinar. Treinar! Treinar! Treinar!

E a garota saiu correndo em direção à barraca. Ming ficou espantado.

– Ela...não tava cansada?

De fato, Kéfera virava outra pessoa quando se tratava de lutas. E assim foi. Depois de todos se entenderem (Ningjing explicar a ideia de invadir e Kéfera falar tudo que aconteceu no Lua Minguante), os treinos continuaram sem trégua. Mais uma semana sem parar dentro da barraca (o que seriam poucas horas fora da barraca) permitiu que o poder espiritual dos nossos heróis aumentasse consideravelmente.

– Ufa! Não aguento mais! - disse Lien, caindo desmaiada no chão.

– Será que é o bastante? - perguntou André, na mesma condição.

– Descansem. Vocês merecem - falou o professor Márcio, com a mesma cara sorridente de sempre.

Do que se trata afinal esse treino de energia espiritual? O esforço desses últimos dias estava carimbado na alma de André.

* Flashback do treinamento *

– Muito bem - disse Márcio para André - Consegue se concentrar nessa posição?

O garoto estava praticamente plantando bananeira com uma mão só. Uma posição extremamente desconfortável.

– Não muito - disse ele.

– A parte mais básica do seu treino é aguentar permanecer nessa posição por cerca de doze horas.

– Doze horas? Mas... - e André se desequilibrou, caindo.

– Não consegue fazer isso? - disse Ningjing - Não me decepcione, garoto.

– Mas...

– Sei que é incômodo, mas você está treinando seu espírito e não o seu corpo. Vai precisar de paciência e concentração, pelo menos nesses primeiros passos.

– E depois?

– Depois continuaremos com o contato com a natureza. Você sabe...o mundo natural está por toda parte. Você precisará ter comunhão com ele se desejar melhorar seu potencial ao máximo.

– Por isso o treino de concentração?

– Sim. Cada um de nós tem uma quantidade ilimitada de energia espiritual. O quanto dela conseguimos colocar para fora, depende de nossa capacidade. Mas o universo ao seu redor também tem uma energia considerável...o objetivo desse treinamento é torná-lo um com a natureza e utilizar o espírito dela ao seu favor.

– A natureza...tem espírito.

– Tudo tem espírito, André. O espírito está por toda parte. O objetivo das religiões é justamente conseguir um contato maior com esse espírito único que a natureza possui. Não digo que o seu treinamento garantirá um contato completo, mas poderá ajudá-lo a alcançar o melhor de seu potencial.

– E-entendi. Farei o meu melhor, professor - disse ele, voltando para a sua posição.

– Isso - disse ele - Faça como Lien.

Lien estava passando pelo mesmo treinamento e, por hábito de sua rotina de treinos, conseguia se concentrar bem nesse tipo de situação. Por outro lado, sua mente não estava tão vazia assim.

"Acho que nunca passei por algo assim antes", pensou ela. "Será que sou tão boa assim para conseguir passar por esse treino e..."

A chinesa se desconcentra e cai.

– Pelo visto ela também não está concentrada - disse Ningjing.

– Desculpe.

– Deixe sua mente relaxada, Lien - falou Márcio - Você deve esquecer os problemas e se concentrar no treino. O que vier depois, fica para depois.

"Queria ser zen como ele", pensou Lien. De qualquer forma, o treino prosseguia.

* Fim do flashback *

– Então...será que estamos prontos? - disse Álvaro - Agora estou mais confiante nas minhas habilidades!

– Eu também - disse Astolfo - Quero fazer aqueles caras da Meyou Zídan beijarem a lona!

"Tenho minhas dúvidas", pensou Amanda, pensativa de pé e de braços cruzados. "Não sei que poder esses caras terão..."

– Podemos ir? Quero muito lutar! - falou Kéfera, segurando o pingente do tigre nas mãos - Quero testar se fiquei mais forte com esse pingente!

Assim como Astolfo ganhou uma certa afinidade com o pingente do boi, Kéfera ganhou uma afinidade com o pingente do tigre. Mas o que eles conseguiram com isso ficará como surpresa.

– Uma semana de treino sem dúvida melhoraria suas habilidades - falou Ningjing - Mas...lutar contra os outros membros, mesmo nesse estado...não vai ser fácil. Mesmo assim, não podemos ficar esperando para sempre.

– Bom, o Ming não falou nada - disse Lien - Então nenhum membro da Meyou Zídan deve ter atacado a academia nesse meio-tempo.

– É...e se ele tivesse morrido, eles já teriam entrado nessa barraca - falou Alex.

– Cala a boca! - gritou Lien.

– Ei, não, não me bate. Você tá forte demais agora!

– Acompanhei o treino de vocês esse tempo todo - comentou Mestre Wong - E...devo admitir que estão muito mais fortes.

– Vovô, o senhor...tá chorando? - perguntou Lien.

– Claro! Não é todo dia que você é superado pelos próprios discípulos! - reclamou o mestre - Sim, André, você agora deve estar mais forte do que eu!

– O que é isso, mestre? Claro que não...ainda tenho muito o que aprender com o senhor!

Mestre Wong avança na direção de André com seus punhos. O garoto defendeu na hora.

– O...o que aconteceu?

– Ataquei com toda a minha velocidade. Você defendeu perfeitamente - disse o mestre - Na época que você começou o treinamento...teria sido atingido por isso sem nem perceber.

– Ah, mas..

– Deixa de falatório. Vão lá. Acabem logo com essa gangue desgraçada! - disse o mestre.

– Sim - todos disseram em uníssono.

O grande contra-ataque de nossos amigos está prestes a se realizar!


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