Capítulo 165 - Punhos contra Bombas

Báozhá era o oponente de Amanda, um estranho membro da Meyou Zídan capaz de materializar objetos explosivos. A garota conseguiu se esquivar dos primeiros ataques, mas logo viu que seu adversário não podia ser subestimado.

– Não me faça repetir - disse Báozhá, embora não desse para ver muito bem os movimentos de seus lábios por parte de seu rosto estar tampada com parte da roupa - Saia do meu caminho.

– Acha mesmo que me assusta com esses ataques? - disse Amanda - Fiz questão de me familiarizar com a energia espiritual antes de aceitar enfrentar vocês. Não pense que será tão simples.

– Hehe. Entendo...por um lado, você tem razão em não se assustar.

– Como?

– Minhas bombas efetuam uma explosão diferente. A física envolvida nesse processo simplesmente causa uma pressão em seu corpo que responde à energia espiritual. Você não morrerá por queimadura ou radiação, mas a dor que sente...é bem alta!

De fato, ao olhar para a região onde o ataque de Báozhá havia atingido há pouco, não havia sinais de destruição, muito embora tenha havido uma explosão e tanto.

Amanda continuou com sua guarda preparada, mas dessa vez Báozhá mandou duas bombas na direção da garota. Ela se desviou da primeira, mas não teve tanta sorte com a segunda.

– Aaah! - gritou ela, ao ser atingida no braço. A sensação foi como se seu braço tivesse sido atingido por várias pancadas de uma dura bola de queimada, mas como se essas várias pancadas estivessem concentradas em uma pequena parte de seu corpo. A pressão aplicada era alta, em outras palavras. Mesmo assim, o efeito lembrava uma bomba explodindo.

– Entendeu o que eu quis dizer? Meus ataques permitem atingir e causar dano com o mesmo alcance de uma explosão. Mas ao mesmo tempo não tem efeitos destrutivos que afetem o prédio. A energia espiritual somada aos poderes do Javali são fantásticas, não acha?

"Ele pode atacar à distância...vou ter dificuldades em me aproximar. Tsc. O que posso fazer?". Enquanto Amanda pensava, outra onda de ataques explosivos se aproximavam dela.

"Só se..."

Ao invés de fugir, ela resolveu contra-atacar.

– Ficou louca? - observou Báozhá - Vai atacar minhas bombas com os próprios punhos? É pedir para morrer!

– Não exatamente..

Amanda havia aprendido a concentrar sua energia interior nos punhos e, assim, conseguiu usar uma onda de choque no ar capaz de atingir as bombas antes que elas tocassem seus punhos.

– Ondas...de choque? - percebeu Báozhá.

– Dependendo da energia, posso usar o próprio ar ao meu favor - falou Amanda, com um sorriso confiante. Sim. Graças à energia interior de Amanda, a pressão aplicada no ar por conta dos punhos foi alta o bastante para se contrapor às bombas do inimigo.

– Inteligente. Heh. Nunca pensei que você fosse capaz de utilizar uma técnica desse nível.

– Não deveria me subestimar.

– Não vou - disse Báozhá - E a prova disso...é utilizar uma técnica ainda melhor.

O invasor retirou um tipo de lenço do bolso amarrado a muitos outros lenços. Amanda não entendeu o que aquilo poderia significar, mas manteve-se alerta. O movimento de Báozhá foi extremamente rápido. Ele retirou toda aqueles lenços amarrados em um movimento relativamente gracioso, jogou para o alto e transformou todos em pombos.

– Truque Numero Dois! Pombos Bombas!

"Pombos Bombas?", pensou Amanda.

Embora os pombos parecessem muito com pombos comuns, eles eram claramente feitos de energia espiritual. Mais uma cortesia do poder de materialização do pingente do Javali. Aquelas criaturas eram muito mais difíceis de desviar do que as esferas que foram lançadas. Elas pareciam ter alguma capacidade de percepção e conseguiam até mesmo desviar das ondas de choque de Amanda. A garota, por sua vez, não conseguiu escapar de duas investidas dos pássaros criados.

– Tão divertido...não preciso sequer me deslocar daqui - disse Báozhá arrogantemente - Por que deveria sujar minhas mãos com uma oponente tão fraca?

"Fraca, não é?", pensou Amanda, ainda meio tonta pelos ataques que sofreu. "E o seu ponto fraco? Será que consegue atacar de perto?"

– O que foi? - Báozhá percebeu uma mudança no comportamento de Amanda. A garota, de repente, correu na direção dele. Os pombos a seguiram imediatamente.

– Haaaah! - gritou a mocinha.

– Hahah. Tola. Meus pombos vão atingi-la antes que consiga se aproximar!

– Eu sei!

– Como?

Amanda praticamente mergulhou na direção de seu inimigo, sem se importar com as explosões que ocorriam à sua volta.

– Você só ataca de longe...e suas bombas são apenas truques de pressão - retrucou Amanda - Acha mesmo que eu não consigo aguentar essa dor para me aproximar de você? Pare de me subestimar!

"Essa garota...ninguém normal suportaria tantas explosões de uma vez!"

Amanda estava quase se aproximando.

– Ainda assim você não conseguirá me vencer. Acha mesmo que eu não consigo lutar de perto? Apenas não gosto de sujar minhas mãos..

– Você não passa de um fraco - retrucou Amanda - Provarei isso agora!

Amanda conseguiu se aproximar apesar de toda a dor e começou a golpear Báozhá sem piedade. As explosões causavam dor e impacto, mas nada além disso. E a energia espiritual de Amanda estava transbordando. Báozhá nunca tinha enfrentado alguém assim.

– Se eu explodi-la aqui também serei golpeado - disse ele - Mas acho que vale a pena.

Báozhá criou dois cilindros com as mãos que pareciam bombas ainda mais potentes que as anteriores e estava pronto para colocá-los bem na barriga de Amanda, mas a garota foi mais rápida.

– O que acontece...se eu pegar isso?

– O quê? Meu pingente? Devolva..

Báozhá desfez seu golpe imediatamente, mas essa foi a chance da garota contra-atacar.

– Tome isso!

Amanda deu o soco mais forte que conseguiu no queixo de Báozhá. Forte o bastante para mandá-lo para fora dos muros da academia (talvez tenha atingido até o outro lado da rua). Certamente, ele não acordaria tão cedo depois de um impacto daqueles.

Amanda caiu de joelhos, cansada e dolorida com a luta.

"Esses caras são mesmo uns monstros. Se recebesse mais ataques desses, acho que morreria", pensou ela, cansada por um lado, mas satisfeita por ter conseguido retirar o pingente de seu inimigo. "Meu espólio de guerra será esse pingente. Isso deve enfraquecer o lado inimigo."

Depois de ter se deitado um pouco no chão para descansar da luta, Amanda resolveu se levantar e entregar o pingente para Ningjing. Mas, assim que se levantou, ouviu Álvaro se aproximando, mancando e apoiado em enorme galho que ele devia ter arranjado de uma árvore qualquer ali por perto.

– Álvaro? - exclamou Amanda - O...inimigo te pegou..

Ele só teve forças para mostrar os dois pingentes que conseguiu.

– Dois pingentes! Incrível! Você realmente..

– Não - interrompeu o tenista, com um tom particularmente sério - Eu...preciso ficar mais forte!

A tensão era clara. O que Álvaro fará agora?