Capítulo 163 - Duelo de ilusões

Shuìmían parecia ter subestimado Draco. O garoto parecia ter um controle fantástico sobre a própria mente, dificultando as ações do membro da Meyou Zidan. Agora era Shuìmían que estava sentado e acorrentado em uma sala escura, recebendo as ameaças de Draco.

– Do que eu tenho mais medo? Ora, cale-se...como um guerreiro poderoso como eu poderia ter medo de algo? - disse ele.

– Será mesmo?

– Heh! Apenas saia daqui! - Shuímían tentou usar suas pernas para golpear Draco, mesmo amarrado na cadeira, mas o rapaz desvia. Shuìmían acabou caindo no chão, ainda acorrentado, mas algo no cenário havia mudado.

– Shuìmían. O que está fazendo? - disse uma voz diferente, atrás de Shuìmían.

– Essa voz - o chinês olha para trás e dá de cara com sua superior, Chibeng - Mestre Chibeng!

– Achei que tivesse sido clara em ordenar que você recuperasse o pingente.

– Sim, mestra...estou a caminho...apenas encontrei um oponente inesperado.

– Espero que sim...ou não terá um destino melhor do que os outros que falharam comigo - Chibeng olha para ele com o máximo de desprezo que conseguia. Shuìmían se desesperou.

– Farei isso, Mestra. Aguarde e..

Mas assim que Shuìmían abre os olhos, dá de cara com Draco, apoiado na parede e rindo em um canto.

– Entendi - comentou Draco - Então você tem medo da sua mestra...

– Como ousa invadir minha mente? Acha mesmo que pode me enfrentar com esse tipo de coisa?

– É? E o que mais você sabe fazer? - Draco parecia cada vez mais confiante - Já mostrei que tenho total controle no mundo dos sonhos. Seus truquezinhos não funcionam comigo.

– Não teria tanta certeza - ralhou Shuímían - Ainda tenho muitos pesadelos na manga.

– Oh, interessante - disse Draco cinicamente.

O cenário muda mais uma vez. Agora o chão havia se desfeito e os dois adversários estavam em queda livre. Abaixo, apenas o solo duro de uma região gramada.

– Vejamos até onde vai o seu controle - disse Shuìmían, atacando Draco de todos os lados. O garoto não previu um cenário assim e apresentava certa dificuldade em se esquivas dos vários ataques de seu inimigo. Shuìmían, por sua vez, parecia ter dominado totalmente a técnica de voo em sonhos.

"Tsc", penso Draco. "Isso não é nada bom...mas ainda dá para me divertir um pouquinho"

O embate continuou até que os dois estavam a poucos metros do chão.

– Bem, acho que agora é só deixar a gravidade fazer seu trabalho - disse Shuìmían, levantando voo mais alto - Não quero ver como ficará o estado do seu corpo no mundo real!

De fato, Draco caiu feio, o tipo de queda em que ninguém sairia vivo. Shuìmían aterrizou e foi conferir o que restou de Draco. Ele não havia escapado dessa.

– Hehe! Que te sirva de lição Nunca mais me desafie onde eu domino.

Mas, de repente, o que deveria ser o cadáver de Draco começa a se levantar. Aquilo não era muito normal.

– Como? Mas..você está morto! Impossível! - reclamou Shuìmian, espantado em ver a versão zumbi de seu inimigo. Draco não respondia nada e continuava a avançar na direção de Shuímían com seu bastão. Shuìmían foi mais rápido e atacou Draco no rosto. A cabeça de seu inimigo caiu imediatamente. Ainda assim, o corpo do zumbi pegou a cabeça e continuou a avançar. Shuímían não esperava por essa situação.

– Moleque...desgraçado - reclamou ele - ONDAS MENTAIS!

Sim. Shuìmían havia usado seu ataque de novo. Draco já estava sonhando, mas Shuímían o levou a um estado de sonho ainda mais profundo. Dessa vez, o cenário era uma grande arena de luta com várias pessoas assistindo.

– Então..voltou ao normal - disse Shuìmían, ao ver seu oponente de novo em sua mente.

– Um sonho dentro de outro...que interessante - foi tudo que Draco disse - Você realmente não me decepciona.

– Aproveite. Este será seu último sonho - falou ele - Quanto mais fundo eu for em sua mente, maiores as chances de deixá-lo em coma.

– Coma?

– Farei você perecer para sempre no limbo do mundo dos sonhos! - gritou Shuìmían - Tome isso! Esfera do pesadelo!

Shuímían gerou uma enorme esfera roxa de energia em suas mãos e lançou na direção de Draco. Apesar da imensa capacidade energética do ataque, Draco saiu dele sem nenhum arranhão.

– Como?! Impossível! Esse foi meu melhor ataque! - Shuìmían não conseguia acreditar em seus próprios olhos.

– Seu melhor ataque, é? - Draco coçou a cabeça - É...acho que está na hora de acabarmos com isso.

– Ora, seu..

– Vou ser direto. Caro Shuìmían, se é que eu lembro o seu nome...onde você está agora? Na minha mente ou na sua? Esse mundo é uma ilusão sua ou minha?

– Claro que é minha! Eu domino os seus sonhos como eu quiser!

– Hehe...pelo visto você não percebeu.

– Como?

– Logo na primeira vez que eu te encontrei, já lancei minha ilusão sem que você percebesse - completou Draco - Sendo assim, você esteve o tempo todo sendo iludido por mim.

Shuìmían se recordou daquele instante em que Draco o tocou nas costas com o bastão. Ele havia caído naquela ilusão desde aquele momento?

– Bem, você sabe controlar bem sonhos e ilusões - afirmou Draco - Eu poderia ter perdido no meu próprio território se você tivesse ideias melhores.

– O que está dizendo?

– Que em termos de níveis mentais...sou superior a você e seu pingente do Carneiro.

Ao dizer isso, o cenário começou a sugar tudo em volta como um grande buraco negro. Shuìmían tentou escapar, mas foi tragado pelo buraco, e, do outro lado, acordou caído diante de um Draco sorridente de maneira cínica bem ao seu lado.

– Aqui é...

– Sim. Bem-vindo ao mundo real, meu caro Shuìmían - disse ele, sorrindo. O chinês tentou se levantar, mas seu corpo estava muito surrado para isso. Kéfera estava bem ao lado, olhando tudo com pena.

– Seu moleque..o que você fez?

– Apenas aproveitei para surrar todo o seu corpo, enquanto você estava brincando comigo no mundo dos sonhos - disse ele - Posso atuar em vários níveis de consciência. Como eu falei, em termos de poderes mentais, eu sou superior ao seu pingente.

Draco finalizou a conversa com um golpe de bastão forte o bastante para desacordar Shuìmían. Estava acabado.

– Obrigado pela luta - disse Draco, tomando o pingente do carneiro do pescoço de Shuìmían - Faz tempo que não me divertia tanto assim.

E assim ficou provado que Draco era o grande mestre das ilusões.