Capítulo 119 - Conspiração

Aquele garoto da sexta série, com seu óculos de alto grau e seu físico magrelo não parecia estar em seus melhores dias. Principalmente na situação em que se encontrava, com três valentões do primeiro ano do Médio não muito bem encarados cercando-o bem na saída da escola.

– E aí, meu chapa? - disse o que parecia ser o líder deles, em um tom sarcástico - A gente soube que você é rico...estamos precisando de uma graninha emprestada.

– D-Desculpa! - gaguejou o pobre garoto - Não sou rico, não...

– Não? E esse celular que você ficou mexendo o tempo todo na aula? - disse outro dos ameaçadores.

– Foi presente. Por favor, preciso ir embora.

– Por quê? Sua mamãe tá esperando, é? - disse o terceiro.

– Não se preocupa. A gente só quer ter uma conversinha com você e já te liberamos! - voltou a dizer o líder.

– E-Esperem...é sério..eu...já gastei tudo no lanche.

– Ah, é? Então não tem problema. A gente te cobra amanhã. Mas hoje a gente pode se divertir um pouco - o meliante praticamente agarrou o garoto pela camiseta que já fechava os olhos esperando uma surra, mas, para sua surpresa, alguma coisa mudou seu destino.

– F-Fabio - gaguejou um dos amigos do canalha.

– Que foi? Agora que eu ia mostrar para esse fracote como se age e...ops

Um simples olhar para trás foi suficiente para o tal Fabio se sentir mais do que ameaçado.

– Vocês parecem estar se divertindo - disse Amanda - Posso participar também?

– A-A-A-A-manda...da equipe discipllinar - Fabio gaguejava como uma galinha.

– A própria. Poderia fazer a gentileza de soltar esse garoto?

– C-Claro..é pra já...a gente só tava brincando, né? Não é, amiguinho? Hehe.

– Já estou de olho em vocês há algum tempo - disse Amanda - Vocês sabem...que o grupo disciplinar do colégio tem seu próprio jeito de lidar com pessoas como vocês, não sabem?

– Não! Não, por favor...a gente já tava de saída...por favor...

– Às vezes eu acho que pegamos muito leve com vocês - continuou a garota - Ameaçar um aluno mais fraco...existe algo mais covarde que isso? Um pobre magrelo, raquítico, que pode ser levado pelo vento. Vocês não tem vergonha de assustar um fracote medroso desses?

– Err...eu estou ouvindo - disse a vítima baixinho.

– Não estávamos ameaçando, só conversando..hehehe. Só isso - Fabio tentava se explicar, mas o medo era evidente em sua voz.

– Já que são tão fortes...por que não tentam enfrentar alguém que também seja forte? Sempre gostei de desafios...

– Mas...nunca poderíamos te enfrentar...você é a mais forte, Amanda...você..

– Já chega - disse ela - Cansei de olhar para o rosto de vocês. Caiam fora!

– É...É pra já! - disseram eles, saindo correndo sem olhar para trás.

– O..Obrigado - disse o pobre garoto, suspirando aliviado.

– Ei, eu já te ajudei uma outra vez, não ajudei? - disse Amanda.

– Acho que sim - disse o pobre garoto fraco, lembrando-se que Amanda já o havia protegido de outros bullies em outra ocasião.

– E pelo que eu me lembro...te disse para ficar mais forte, não foi?

– Bem, sim, mas ainda não descobri como..

– Procure uma academia ou algo assim. Já disse que detesto pessoas que não querem se fortalecer tanto quanto pessoas que abusam dos fracos.

– Sim, senhora! - disse o garoto, fechando os olhos (mais por respeito do que medo), mas Amanda já havia dado as costas antes dele terminar.

Amanda continuava com suas atividades do grupo disciplinar e continuava a treinar tanto o corpo quanto a mente e o espírito. Podíamos dizer que ela estava ainda mais forte do que nunca! Sua imagem como grande líder disciplinar inspirava respeito em todos do Colégio Sol Nascente e, claro, medo e revolta naqueles que ameaçavam a paz escolar.

– Que saco! - disse Fabio, o mesmo que foi repreendido por Amanda instantes atrás, já longe e reunido com seus dois comparsas em uma lanchonete próxima - Aquela Amanda não deixa a gente curtir em paz...é uma chata!

– Até que é bonitinha - falou um dos moleques.

– Então casa com ela, Caio - repreendeu Fabio - Ela vai te mandar em tudo. Tsc. Sabe o que a gente precisa? Dar uma lição naquela chata!

– Fala baixo, Fabio! - disse o outro comparsa - E se algum conhecido dela ouvir? A gente vai virar purê!

– Relaxa, Pedro..só tem a gente do Sol Nascente aqui - disse Fabio - Conheço um cara...é meio caro, mas aposto que poderia dar um jeito nela.

– Epa, peraí, não é traficante, não, né? Não quero mexer com esse povo aí, não! - reclamou Pedro.

– Que traficante? - disse Fabio - Ele é aluno de uma escola aqui perto. O nome dele é Lúcio, mas é mais conhecido como Lúcifer por uma galera. O cara conhece uma pá de gente. Deve saber algum ponto fraco dessa tal Amanda aí.

– Duvido que ela tenha algum ponto fraco - disse Caio.

– Vamos ver o que ele tem a nos dizer - falou Fabio, com um olhar malvado - A casa dele é perto daqui. Meu irmão já pediu serviço dele para se livrar de uns chatos do colégio dele. É quase um chefão da máfia escolar.

– Uau. O cara deve ser bom mesmo - comentou Caio.

– Vamos comer e ir direto pra lá - terminou Fabio.

Mais tarde, os três estavam na frente da casa do tal Lúcio. A mãe dele atende a porta.

– O que vocês querem? - disse a mulher, cheia de bobes no cabelo e com cara de mal humorada.

– Err...o Lúcife...digo, o Lúcio está?

– Lúcio! É pra você! - gritou a mulher, deixando a porta aberta - Entrem aí

Não era bem o tipo de mãe que encontramos por aí, mas o trio entra. Não demora muito e um cara gordo e espinhento, provavelmente por volta dos 20 anos, descia as escadas. Caio e Pedro não confiaram muito nele.

– Tem certeza que esse é o cara? - perguntou Caio.

– É ele mesmo. Pode não parecer, mas ele é o cão! - sussurou Fabio.

– E aí? Tão precisando de alguma coisa? - disse Lúcio, sem esboçar muito sorriso.

– Err...você ainda estuda no colégio? - perguntou Caio.

– É...repeti algumas séries algumas vezes. Não tenho muito saco para as aulas, mas minha velha não liga. Até sei me virar bem na escola. Ou melhor, nas escolas. Conheço praticamente todo mundo que estuda por aí.

– Sério? - Fabio se animou - Ouvi dizer que você já deu uma lição em muita gente folgada por aí.

– Ah...então já ouviram falar de mim? Para vocês terem uma noção, já controlo boa parte da galera do Lua Minguante.

– Lua Minguante? Aquele colégio é perigoso pra caramba! - disse Caio.

– Mas o que vocês querem? Tem algum alvo em especial?

– Err...você conhece..uma tal de Amanda Viena?

Lúcio cresceu o olho.

– Tá falando...da líder do grupo estudantil do Sol Nascente?...É..vocês estão com o uniforme de lá. Devia imaginar.

– Estamos precisando dar um jeito nela - disse Fabio.

– Heh! Já andei pesquisando sobre ela...mas esse serviço vai sair caro - disse Lúcio - Cuidar dessa mina aí não é trabalho fácil, sabia?

– Quanto vai sair?

– Por quatrocentos...acho que consigo dar um jeito.

– Não temos quatrocentos contos - disse Fabio.

– Querem ou não dar um jeito na garota? Posso fazer isso

Fabio olhou para os comparsas que tampouco tinham dinheiro.

– Bom...ganho minha mesada essa semana...poderia adiantar cem contos e.

– Feito! Cem é o máximo que posso dar essa semana também - Fabio interrompeu Caio - Podemos adiantar duzentos até o fim dessa semana? E pagamos o resto quando o serviço estiver pronto?

– Se não tem jeito...bom, estava precisando ampliar meu território no Sol Nascente mesmo e essa Amanda já tava na minha mira há algum tempo. Vocês estão com sorte. Não se preocupem. Ela vai ter o que merece.

Os três riem já imaginando o sucesso. Apesar de ser uma garota, Amanda era uma ameaça e tanto. Mas não deixava de ser uma garota e tinha seus momentos de fraqueza. Ou pelo menos teve. Naquela mesma semana, voltanda para a sua casa após o término das atividades do colégio, Amanda é chamada por uma voz familiar.

– Amanda? - alguém a chamou por trás. Amanda se virou e exclamou em surpresa.

– Oh...você? - disse ela, deixando uma expressão de espanto bem evidente - Marcos!

Quem seria esse Marcos?