Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 117
Capítulo 117


Notas iniciais do capítulo

Um Feliz Natal para todos os leitores (se é que algum lê o capítulo no dia certo).



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Capítulo 117 - Baile Beneficente

Acreditem ou não, a maior parte do tempo de nossos amigos Lien e André é bem comum. Assim como qualquer estudante de Ensino Médio, os dois normalmente aproveitam o intervalo do colégio ao lado dos amigos. Estavam conversando tranquilamente com Kéfera, Alex e Betina, embora essa última ainda não se sentisse muito à vontade com os dias mais perigosos dos colegas.

– Então...aquele filme é muito bom, não acham? - comentou Lien, enquanto comentava sobre um filme aleatório (que, por sinal, não era de artes marciais).

– É verdade! Também adoro! - concordou Betina, aliviada por nada envolvendo artes marciais ter aparecido na conversa, embora seu sossego fosse terminar dentro de poucos instantes, mais precisamente, quando um afobado tenista surge do nada, praticamente entrando na frente da pobre garota.

– Lien Wong! - disse Álvaro, chegando mais desesperado do que de costume - Preciso da sua ajuda! Agora!

– Nossa, de onde ele veio? - perguntou Kéfera.

– É o Álvaro...a lógica comum não se aplica a ele - respondeu Alex.

– E eu achando que hoje seria um dia comum - reclamou Lien - Isso é jeito de entrar aqui? Nem sequer cumprimentou os nossos amigos!

– Oh, perdão - disse ele - Muito bom dia, André, Kéfera...Sr. Fotógrafo..

– Bom dia - respondeu André, educadamente, por mais excêntrico que fosse a figura à sua frente.

– Sério que você não sabe o meu nome? - reclamou Alex.

– Sempre o vejo, mas acho que nunca perguntei - disse Álvaro.

– Alex, Alex Venner - respondeu o garoto, tirando uma foto inesperada com o celular, não pegando o melhor ângulo de Álvaro.

– Ei, não tire fotos assim...precisaria me preparar melhor - disse ele - Nem fiz uma pose ou algo assim.

– Sou um paparazzo, prefiro tirar fotos sem que posem para mim - respondeu Alex.

– E você - disse Álvaro para Betina, logo atrás dele - Err...creio que nunca a vi antes.

– Meu nome é Betina - respondeu a pobre menina, sem muito entusiasmo na voz. Ela pressentia que algo maluco estava prestes a começar.

– Você disse que precisava da ajuda da Lien? - perguntou Kéfera - O que aconteceu?

– Vai me dizer que precisa de uma parceira para uma partida de tênis marcial ou algo do tipo? - questionou Alex.

– Hã? Bem, seria muito bom ter alguém tão habilidosa como Lien Wong como parceira, realmente, muito bom.

Álvaro começou a especular, mas Lien fez questão de trazê-lo de volta à realidade com um berro bem dado.

– Dá pra falar logo o que veio fazer aqui?! - exclamou ela.

– Oh, claro, claro...Srta. Lien Wong...por favor, venha ao baile comigo - disse ele, apenas para levar um tapa da garota tão bem dado quanto o berro.

– E tem a cara de pau de me chamar para dançar com você? - reclamou a chinesa - Quantas vezes vou ter que dizer: sou compromissada!

Ela puxou André, com as mãos bem dadas a ele.

– É...é isso...mas tenho certeza de que pode encontrar muitas meninas dispostas a dançar com você - foi tudo que André disse, sem saber muito bem como lidar com a situação (como na maioria das vezes).

– Nem olhem para mim...eu não sei dançar! - Kéfera se apressou em responder, com o rosto vermelho.

Os olhares se voltam para Betina.

– Nem que a vaca tussa - reclamou a menina - Podem procurar outra pessoa.

– Seria ideal se fosse com Lien Wong...mas se ainda não tenho permissão de seu primo, fica complicado - ponderou Álvaro, meio que pensando alto.

– Dá pra esclarecer a situação? - perguntou Alex, ajeitando os óculos - Nunca ouvi falar de que haveria um baile no colégio...e se houvesse um, eu saberia, afinal, sou um futuro jornalista.

– Baile no colégio? Não, não, nunca disse que seria no colégio - disse Álvaro - Na verdade...

O tenista retirou um panfleto do bolso, mostrando para a turma. Betina leu de forma pausada.

– "Baile Beneficente da Terceira Idade" - disse ela.

– Sim. É o baile do grupo da minha avozinha - falou Álvaro - Ela gostaria muito que eu fosse prestigiá-la.

– Mas...o que nós temos a ver com isso? - perguntou Lien.

– Minha avó não pode dançar por conta da idade, por isso ela gostaria de me ver dançando no lugar dela para lembrar os tempos de juventude - disse Álvaro.

– Pra mim isso é desculpa para dançar com a Lien - comentou Alex.

– Se duvidam tanto, podem vir também. Estão todos convidados - disse Álvaro - Será uma honra para a minha tão vivida vovozinha receber tantas visitas.

– Acho que seria legal - disse André.

– Vai mesmo cair nessa? - questionou Lien.

– Mas o panfleto parece verdadeiro - respondeu o namorado.

De fato, naquele fim de semana, todos que estavam no intervalo se encontraram no endereço marcado no panfleto. Todos incluindo Betina.

– Nossa, Tina. Não pensei que você viria - disse Lien.

– Não parece ser perigoso - disse ela - Então acabei vindo.

– Mas tivemos que desembolsar uma graninha - disse Alex.

– É um baile beneficente. Estão recolhendo recursos para os velhinhos. Nada mais justo - falou André.

– Tá, tá. Mas ainda bem que acertamos na roupa, né? - comentou Alex - Todo mundo aqui está bem usual.

– Todos menos ele, né? - apontou Betina para um Álvaro bem trajado em terno e gravata borboleta.

– Alguém usa gravata borboleta? - indagou Lien.

– Oh, bem-vindos, amigos e colegas! - disse Álvaro - É uma honra recebê-los aqui na festa do grupo da minha querida vovozinha.

– Olha aquele moleque, que idiota - era possível ouvir comentários dos idosos a respeito da roupa de Álvaro.

– É, onde ele pensa que tá? Numa festa de casamento? Hahuaha..cof..cof..cof - o outro senhor nem conseguiu terminar de rir sem tossir.

Mas, como era de se esperar, Álvaro não ouvia (ou fingia não ouvir) nada, mantendo o sorriso de sempre.

– Venha, Lien Wong! Quero que conheça a minha avó - disse ele, puxando Lien sem nenhuma cerimônia.

– Ei, espera aí - reclamou a chinesa. Os outros só puderam dar de ombros e acompanhar.

– Bom, vamos nessa, né? - conformou-se Alex.

– Ah, até que pode ser divertido - disse Kéfera.

– É...acho que aqui não vamos ter muitos problemas - comentou Betina.

– Ei, menina - disse um dos velhinhos, com voz fraca. Pela aparência devia ter quase noventa anos..ou mais que isso. Parecia bem debilitado, embora conseguisse falar com uma aparente lucidez.

– Hã? É comigo? - perguntou Betina.

– É..você e essa loirinha - disse ele.

– Sim. O que o senhor deseja? - disse Kéfera, toda sorridente.

– Por favor...estou muito velho...morrerei logo..

– Não diga isso! - exclamou Kéfera - O senhor precisa pensar positivo!

– Não temo a morte...sei que logo ela chegará...faz parte da vida...encaro-a com dignidade.

– Isso é bonito - comentou Betina.

– Obrigado...mas é por isso..cof..cof..que gostaria de pedir uma coisa..

– Para a gente? - indagou Kéfera.

– Sim..cof..cof - o velhinho realmente tinha dificuldades de falar, mas continuava - Só vocês...podem realizar o desejo desse pobre velho.

– Oh. Diga. No que podemos ajudar? - perguntou Kéfera.

– Por favor...me deixem..cof..cof..

– Diga...no que podemos ajudá-lo? - Kéfera insistia.

– Deixem..cof..cof.

– Diga, vovô. Estamos ouvindo - falou Betina.

– Deixem...eu sentir o peito de vocês...minha mulher morreu há tanto tempo...vocês tem ideia do quanto é difícil viver sem sentir a maciez de um peitinho e..

– O quê?! - Kéfera pareceu um pimentão.

– Vambora, Ké - disse Betina, deixando toda a compaixão de lado e levando a loirinha pelo braço.

– Por favor.. - o vovô continuava a falar com dificuldade - Pelo menos me mostrem...por que estão com medo? A minha pipa nem sobe mais.

Já do outro lado do salão, Álvaro e o resto da turma chegaram até onde a avó dele estava, sentada em uma cadeira, segurando uma bengala, ao lado de outras senhoras.

– Vovó - disse Álvaro.

– Ah, você veio - disse ela.

– Sim, vovó. Sou eu, seu netinho - disse ele.

– Eu sei! Neto a gente não escolhe! - reclamou ela - Justo o meu neto mais xarope que teve tempo de vir aqui hoje

– Haha...vovó..a senhora é sempre tão espirituosa! - disse Álvaro. Já Lien e os outros apenas concluem que a velhinha não ia muita com a cara do neto.

– E então? O que veio fazer aqui? - disse a velhinha.

– Vim visitá-la! Ah, e trouxe alguns amigos e uma parceira para dançar comigo, representando a senhora!

– Uma japonesa? E desde quando japoneses são bons em dançar? - reclamou a idosa.

– Err...na verdade eu sou chinesa - disse Lien.

– Tanto faz - disse a velhinha - Mas já que só tem tu, vai tu mesmo...vê se ganha essa competição de dança

...quero muito ganhar aquela pipoqueira! - disse ela, apontando para a mesa.

– Ganhar? - perguntou André.

– É. Ganhar. Esse baile também é uma competição de dança, valendo uma pipoqueira como primeiro prêmio.

É que os outros prêmios eram apenas coleções de panos de prato e revistas de tricô.

– Oh, entendi - disse Alex - Bom, eu filmarei tudo.

– E coloca na internet depois? - perguntou a velhinha.

– A senhora acessa a Internet? - estranhou Alex.

– Tá pensando que eu sou o quê? Não tem nada pra fazer na minha casa! Sou viúva...tudo que me resta é cuidar da casa, navegar na Internet e jogar Candy Crush...aqueles docinhos malditos...ainda não consigo passar da fase 100.

Era uma senhora diferenciada, enfim.

– Bom, já que é pela sua avó...tentarei te ajudar - falou Lien.

– Sério? Isso é ótimo! - disse Álvaro.

– Mas que fique bem claro: não se atreva a se aproveitar da situação, ouviu bem? - alertou a chinesa.

– Com certeza..mas...terei que segurar na sua cintura..

– Passe disso e morre

– Entendi - Álvaro se convenceu.

Nisso, uma voz conhecida apareceu no meio da conversa.

– Não acredito! Você por aqui! - disse aquela garota, com seu rabo de cavalo e animação habitual.

– Oh, mestra - disse Álvaro.

– Mestra? Mas é...é aquela garota do futebol! - exclamou André.

Sim. O nome dela era Juliana. A mesma que enfrentou Lien naquela partida de futebol estranha...e a mesma que ajudou Álvaro a treinar os dois braços para a Liga de Academias.

– Oh, por favor, não me chame de Mestra...apenas te ajudei a treinar, só isso - disse Juliana, sorrindo, mas mudando seu sorriso assim que vê Lien Wong do lado de Álvaro.

– O que...o que essa sirigaita tá fazendo aqui? - reclamou ela.

– Sirigaita? Ora, sua..

Parece que aquele baile não seria tão tranquilo quanto se pensava.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo. A saga de verdade da temporada deve começar depois do cap. 120.

Flw!



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