Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 112
Capítulo 112




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Capítulo 112 - Horas Difíceis

Alguns minutos depois, André e Lien já se encontravam dentro da Academia vendo Clayton, priminho de Astolfo, xeretando e vendo tudo que podia. E claro que tudo isso já havia resultado em problemas para o pobre Mestre Wong.

– O vidro da janela...quebrado - lamentou o pobre Mestre.

– Xii..foi mal. Eu só queria ver como esse nunchaku funcionava - disse o garoto, mostrando nas mãos as duas pequenas barras presas por uma corrente (isso é um nunchaku).

– Largue isso já! - bronqueou o Mestre.

– Tá legal - disse o garoto, jogando o nunchaku em um canto, sem ao menos ver o que poderia ter atingido - Ei , que cortinas legais!

– Ei! Cuidado com isso! - gritou Mestre Wong, ao vê-lo puxando algumas cortinas no fundo da Academia - Esse tecido é bem caro!

– Caro? - perguntou Clayton - Por que o senhor não vende?

– É um tecido muito antigo que trouxe da China! Não tem dinheiro que compre! - reclamou o vovô.

– Ah, tá...ei, olha! Aqueles bastões de luta! - disse Clayton, logo mudando sua atenção para um bastão encostado no canto.

– Ei, cuidado, não vá... - mas antes que Lien conseguisse avisar, o garoto já pegou o bastão e começou a balançá-lo.

– Legal! Vamos lutar um pouco? - disse ele.

– Como é? - perguntou Lien, desacreditada.

– Hah! - e o garoto simplesmente começou a balançar o bastão loucamente na direção da chinesinha - Yah! Yah!

– Ei, cuidado com esse negócio..vai acabar machucando alguém. Sério! - Lien se desviava facilmente dos ataques, mas o garoto era hiperativo o suficiente para continuar atacando sem parar.

– Clayton, já chega!

– Mas agora que eu tô quase acertando ela! Hah! - mas no meio da confusão, Clayton acabou deixando o bastão escapar, atingindo uma das janelas da Academia. Sim, mais vidros quebrados.

– Oh, não! Mais um vidro quebrado...

– Ops...desculpa - lamentou Clayton - Mas já que o senhor terá que pagar o outro vidro mesmo, pode aproveitar e pedir um desconto para consertar esse também, né?

– Que raio de lógica é essa? - questionou Lien.

– Ele tem bastante energia, não é? - falou André.

– André - disse Lien, praticamente agarrando o namorado pela camiseta - Trata de controlar esse moleque.

– Você parece..meio brava - reparou o garoto.

– A ideia de trazê-lo aqui foi sua! Dá um jeito de disciplinar esse garoto ou nossa Academia vai acabar indo à falência!

– Tá legal - disse André - Ei, Clayton. Quer ver algo legal?

– Quero! - exclamou o menino animado.

André levou o garoto para o jardim da Academia, onde havia um pequeno lago com carpas. Lien não achou a ideia das melhores.

– Deixá-lo vendo as carpas é a sua ideia? - perguntou Lien.

– Dizem que ver peixes nadando te deixa mais calmo - falou André, mas assim que ele virou as costas para falar com a namorada, a cena não parecia conter nada de calmo.

– Ah, é? Aquilo parece calmo pra você? - disse Lien, virando André para fazê-lo ver Clayton dentro da água tentando pegar as carpas com as mãos. Um segundo foi o suficiente para o molequinho tirar os sapatos e entrar na fonte sem a mínima cerimônia.

– Clayton! O que você tá fazendo?! - gritou André.

– Sempre que meu pai me leva pra pescar, nunca tenho paciência de ficar esperando o peixe morder o anzol. Aqui é bem mais fácil de pegar e..

– Sai daí! Vai acabar pegando um resfriado se molhando desse jeito!

– Mas eu tô quase pegando um e..

– Sai logo daí e... - mas na tentativa de pegar Clayton por fora da fonte, só acabou fazendo André cair na fonte também.

– Ai - lamentou André com sua roupa molhada.

– Por que não falou que queria entrar também, tio? - perguntou Clayton - É mais legal com todo mundo junto!

"Vou sugerir ao vovô para colocar piranhas no lago ao invés de carpas", pensou Lien.

Mais tarde, depois de André já ter trocado de roupas no vestiário da Academia, ele ainda se mantinha de bom humor.

– Só precisamos achar uma atividade que deixe o Clayton ocupado...só isso - falou André.

– Você é tão otimista - falou Lien.

– Alguém...deixa esse garoto longe das cortinas! - reclamou Mestre Wong, trazendo Clayton em suas mãos praticamente carregado como um vaso.

– Desculpa, vovô. Eu só quis ver se elas eram firmes mesmo!

– Cuidem dele enquanto eu tento colocar as cortinas de volta! - disse o Mestre - Sei lá, levem ele lá pra cima!

– O que tem lá em cima? - perguntou Clayton - Vocês tem uma sala de treino secreta ou algo assim?

– Na verdade, são só coisas comuns de uma casa - falou Lien.

– Ah - Clayton parecia desapontado.

– Ei, mas você não tá com fome? Podemos comer alguma coisa - sugeriu André.

– Tá legal! - o garoto pareceu mais animado.

Já lá em cima, o lanche de pão com mortadela pareceu acalmar o menino.

– Não esperava pão e mortadela como lanche de uma academia de artes marciais - falou Clayton.

– A gente se adaptou bem ao Brasil - explicou Lien, enquanto André enchia seu copo de refrigerante.

– Ei, vocês são namorados, né? Vocês já transaram?

Lien praticamente se engasgou com o pão e André derramou o refrigerante na toalha da mesa após ouvir aquilo. Após tomar um pouco de refri para desengasgar, a chinesa finalmente consegue dar uma resposta á pergunta.

– Isso é pergunta que um garoto da sua idade faça?

– Ué? Mas namorados não fazem isso?

– Você nem sabe o que é isso, moleque! - gritou Lien - Vamos mudar de assunto!

– Tá...então não, né? E o que mais tem aqui?

– Não tem muita coisa - disse André - É mais cozinha e o quarto do Mestre mesmo. Nem video-game tem..

– Aaah...então não tem mais nada de legal pra fazer? Vocês não vão me ensinar nenhum golpe mesmo? - perguntou Clayton.

– Nós já dissemos, Clayton. Artes marciais são muita responsabilidade - disse Lien.

– Mas podemos te ensinar como se defender - falou André - Ei, que tal o Mudjong?

– Um o quê? - perguntou Clayton.

– É um boneco de madeira para treinamento de artes marciais - explicou Lien - É...acho que seria legal.

Os três descem para a Academia e mostram o tal boneco. É um objeto de treino com várias barras de madeira, útil para treinar agilidade nos golpes. André já teve que usar muito isso.

– Então, Clayton...eu posso girar essas barras..e você pode tentar bloqueá-las com os braços. Vou fazer devagar.

– Tenho uma ideia melhor! - disse o menino, indo na direção do boneco imediatamente - Já que não vou conseguir aprender kung-fu em duas horas...deixa eu girar o boneco?

– Ah, é...acho que não vai ter problema - falou Lien - E além disso, o André treina um pouco, né?

– Hã? Ah, por mim tudo bem - concordou André. E assim foi feito. Mas assim como com o bastão, Clayton girava tudo bem rápido.

– Hahauhau. Divertido - falou ele - Mais rápido.

– Pode ir - disse André, desviando de tudo facilmente.

– Uau! Você é bem rápido mesmo! - falou Clayton, admirado.

– Bom, treinei bastante.

– Legal! Vamos continuar! - disse ele - Quero ver até onde você vai.

Lien observava tudo de longe. Mestre Wong se aproximou dela.

– Parece que finalmente acharam algo para deixá-lo distraído, heim?

– É..o André leva jeito com isso. Bom, ele tem um irmão mais novo, deve estar acostumado.

– Isso é bom, não é?

– Como assim, vovô?

– Quando tiverem seus filhos, ele certamente será um bom pai.

– Haha. Ah, ainda é cedo pra pensar em filhos e..ei, espera. Quer dizer que o senhor aceita o André como meu noivo?

– Ainda não! Ele ainda precisa aprender muita coisa! - retrucou Wong - Mas...de todos os seus namorados...ele é de longe o melhor.

– Hihi. Vou lembrar disso.

Parece que finalmente André conseguiu domar aquela pequena fera. E, no final da tarde, Astolfo finalmente chegou de seu evento.

– Cheguei, primão! - falou ele - E aí? Ele se comportou bem?

– Ah...Astolfo - disse André, já cansado (mais pela repetição do que pelo cansaço) - Foi bom você chegar..

– Ah, um boneco de treino! Sempre quis treinar num desses!

– Opa. Legal. Troca de lugar comigo! - falou Clayton.

– Como é que é?! - exclamou André.

– É. Já tô cansado de girar esse negócio. Achei que você nunca ia me mandar parar.

– Mas, mas..

– Opa. Da hora. Hehe. Vambora, André. Mostra aí do que você é capaz! Ah, mas antes.

Astolfo retirou um calendário da mochila e jogou para Lien.

– Um calendário de um comediante oriental famoso - disse Astolfo - Os calendários de dragão já tinham acabado.

A garota olhou para o presente sem saber bem o que dizer.

"Nunca vi esse ator na vida", pensou a garota.

– Deixa eu ir, André. Hehe. Isso vai ser bom!

"Isso não vai acabar nunca", pensou o pobre André. Enquanto isso, Clayton foi na direção de Lien e Mestre Wong para dizer alguma coisa.

– Obrigado por deixarem eu ficar aqui essa tarde. Eu me diverti bastante.

– Oh, até que você é fofo - disse Lien.

– Se você não fosse namorada do tio André, eu queria te namorar- falou Clayton.

– "Tio André", é? Vou lembrar disso - falou a chinesinha.

– Hehe. Se quiser namorar minha neta...terá que derrotar aquele André primeiro - falou Mestre Wong - Essa é a minha condição.

– Não, não, acho que vai demorar pra eu chegar lá. Talvez o meu primo Astolfo consiga.

– Você acha mesmo? - perguntou Wong.

– É. Olha só. Ele tá deixando o André cansado só de girar o boneco - falou Clayton, apontando para os dois que ainda estavam ali.

– Que corpo mole é esse, Andrezão? Vai! Mais agilidade aí! - disse Astolfo, para um pobre André que ficou cerca de três horas treinando no mesmo esquema.

"Isso deve ser bom para o treinamento. Ai, ai", pensou o rapaz.

Alguns minutos depois, finalmente Astolfo liberou André que não aguentava mais usar aquele boneco. Hora de ir embora.

– Valeu, galera - agradeceu Astolfo, com Clayton logo ao seu lado - Graças a vocês pude ir ao meu evento e o Clayton se divertiu. Não é, Clayton?

– Sim. A Tia Lien e o Tio André são bem legais...ah, o vovô Wong também.

– Me chama de tia de novo e eu...

Mas André interrompeu a namorada.

– Ela quis dizer que também se divertiu. O senhor também não é, mestre? - perguntou André.

– Hã? Ah, sim, claro, claro - disse o velho mestre, que degustava uma tigela de macarrão - Apareça mais vezes.

– Ah, legal! Passaremos aqui com mais calma outro dia! - falou Astolfo - Um tarde é pouco, né? Seria legal passar o dia aqui e..

A cara de Lien parecia dizer "como é que é?" sem emitir nenhuma palavra.

– Acho que já está tarde, né? Obrigado por virem...err...o Astolfo sabe lutar, ninguém precisa de proteção para ir até o ponto, não é? Até!

E André fechou a porta, encerrando o dia.

– Acho que...isso vale para um dia de treino, não é? - perguntou o rapaz.

– Até parece- falou Mestre Wong - Trate de fazer duzentas flexões aí! Já que gastou a tarde toda brincando, vai ter que treinar intensivamente nessas últimas horas!

– Quê?! Oh...tá bom - disse André, já se preparando para fazer suas flexões.

Realmente, foi um duro dia...


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