A Girls Choice escrita por DehBlackRose


Capítulo 9
Entre abraços e sorrisos




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A Girl’s Choice

Entre abraços e sorrisos

Eu afundava cada vez mais no sorvete. Já não conseguia mais respirar, senti minhas extremidades começarem a congelar. Eu tremia descontroladamente, e não era apenas por causa do frio, eu também temia pela minha vida.

Não conseguia mais me mexer. Minhas juntas travaram, e meu corpo tornou-se completamente imóvel.

Foi então que eu senti algo quente segurar fortemente no meu braço, puxando-me para cima. Voltei a respirar, mas meu corpo ainda não se mexia conforme eu mandava. Eu tinha medo de abrir os olhos, de ver quem ou o que estava ali, ainda me segurando.

-Fique calma. –uma voz masculina dizia. –Está tudo bem agora.

Eu queria poder perguntar a essa pessoa quem ela era, o que estava fazendo ali. Mas minha boca não se mexia.

-Vamos, abra os olhos.

Ainda temerosa, eu fiz como a voz mandou. Vagarosamente, eu abri meus olhos.

E me encontrei deitada no sofá da sala enrolada na manta que antes cobria o próprio sofá. Ainda estava assustada com o sonho, eu ainda tentava distinguir o real do imaginário.

-Ah, acordou? –meu pai saía da cozinha e passava pela sala.

-O que..aconteceu? –perguntei, sentando-me e passando a mão pela cabeça.

-Seu amigo te trouxe de carro. Como você estava dormindo ele te carregou até o sofá. E eu deixei você dormir.

Eu apenas soltei um gemido baixo de cansaço. Tudo por causa daquele sonho idiota.

-Está se sentindo bem? –meu pai perguntou.

-Estou. É só cansaço.

-Quer comer alguma coisa?

-Não, não. –a última coisa que eu queria ver no momento era comida, principalmente coisas geladas que lembrassem napolitano.

-Bom, eu tenho que sair, houve alguns problemas lá no trabalho. Você vai ficar bem?

-Vou, não se preocupe. –forcei um sorriso, não gostava de preocupar meu pai por pouca coisa.

Papai terminou de se arrumar e foi embora. Estava sozinha de novo. Mas eu prefiro assim.

As lembranças daquela tarde começavam a voltar à minha mente. No princípio, parecia tudo apenas um borrão, mas, conforme eu fui me movimentando e me desligando do sonho, tudo ficou mais nítido.

Todas as experiências pelas quais eu passara voltaram como um flash. Retornaram com mais intensidade do que eu gostaria. A cada dia que passava eu me tornava mais e mais indecisa.

Não pude continuar, porque o telefone tocava.

-Alô? –eu disse, com uma voz ligeiramente sonolenta.

-Tenten? –eu reconhecia aquela voz, mas, na minha lentidão, não associei a voz à pessoa.

-Sim, sou eu.

-É o Neji. –nossa, eu devo estar arrasada para não ter notado isso.

-Ah, oi! –falei, mais animada do que antes.

-Ahm, eu liguei para combinar um horário para compensar aquela aula que não tivemos.

-Ah, sim. Também tenho que devolver a sua camisa.

-Você está livre hoje?

Demorei um pouco para responder. Mas, afinal, eu me decidi.

-Claro.

-Ótimo. Nos encontramos no parque às duas? –há poucos parques por aqui, e apenas um deles é comumente utilizado, por isso ele não precisou especificar.

-Tudo bem.

-Até.

-Até.

Desliguei o telefone e fiquei olhando para o teto. Não estava me sentindo com vontade de estudar geometria, mas fiquei muito aliviada depois de saber que Neji não estava bravo ou ressentido comigo.

Fui para o meu quarto para arrumar tudo o que eu tinha de levar. Estojo, caderno, livro, tudo já estava dentro da mochila. Desci e fui até a lavanderia pegar a camisa dele.

Graças a Deus, não havia nenhuma mancha! Caso o contrário, não sei com que cara eu ia dizer a ele que “sua camisa está permanentemente inutilizável por causa do ciúme do Shino, que, aliás, está competindo com você por mim. Mas eu sinto muito pela camisa.”

Falando em lavar, eu é que preciso de um banho. Notei agora que ainda estou usando o biquiní.


São duas horas, e eu já estou no parque. Acho estranho o fato de ainda não ter encontrado Neji, ele com certeza já está aqui. Mas o problema é: onde?

Para qualquer lado que eu olhe eu só vejo crianças brincando e correndo, algumas mães conversando. Mas nada dele.

Talvez ele tenha se atrasado por algum motivo. Imagino que esse tipo de coisa aconteça até para alguém como ele. Vou só me sentar e esperar. Ele logo irá aparecer. Pelo menos eu espero que sim...


Bom, são duas e meia e nada de Hyuuga Neji. Será que ele realmente não vem? Será que ele está realmente bravo comigo e que toda essa coisa de marcar um encontro foi só para se vingar de mim?

Se for isso, ele definitivamente é uma pessoa muito insensível! Eu sei que foi horrível o que eu fiz, mas ele também podia ter um pouco de consideração comigo. Ele deveria saber que eu nuncadiria o que disse se soubesse que aquela simples frase pudesse deixá-lo assim. Nunca foi minha intenção magoá-lo!

Ah, não. Eu estou quase chorando! Que saco! A última coisa que eu quero é ficar aqui sozinha no meio de um parque, chorando por causa dele!

-Tenten...?

Eu levantei o meu rosto, que estava enterrado em minhas mãos para esconder as lágrimas, e o vi parado em frente a mim. Neji estava arfante, mas com um olhar preocupado em minha direção.

-O que houve? –ele me perguntou, ainda preocupado, ainda arfante.

Eu não respondi. Eu apenas levantei em um impulso súbito, deixando cair a mochila que estava no meu colo, e me joguei contra ele, abraçando-o.

-Eu sinto muito... –eu disse, tentando com todas as minhas forças não chorar.

-P-Pelo que? –como assim pelo que? Ele não se lembra?

-Por ter ferido os seus sentimentos quando eu falei da sua família. –eu desfazia o laço que meus braços deram em volta do pescoço dele.

Fiquei de frente para Neji, concentrando-me nos olhos dele. Através deles pude ver que a menção à sua família foi, mais uma vez, incômoda, e que ele ainda não entendia porquê eu me sentia tão culpada.

-O que quer dizer? –ele perguntou, depois de considerar bastante.

-Da última vez que nos vimos, eu falei uma coisa sobre a sua família que eu acho que você não gostou, porque você tem me evitado desde então. Eu sinto muito se o deixei com raiva. –a última frase eu pronunciei olhando para o chão, sem coragem para encará-lo.

Eu soube, pela sua respiração pesada, que ele estava tentando controlar a sua ira. Minha intenção era me desculpar pelo mal que eu havia causado, mas acho que acabei abrindo ainda mais a ferida. Lágrimas continuavam a querer transbordar pelos meus olhos, turvando minha visão, queimando minha garganta.

-Eu é que devo me desculpar...–ele disse em um tom estranhamente terno.

Eu queria poder perguntar-lhe porquê, mas estava antônita demais.

Ele sorriu para mim, um sorriso um pouco triste, mas, ainda assim, calmante.

-Falar da minha família é um assunto complicado, mas é um problema só meu. Sinto muito se eu descontei em você, eu realmente não queria.

Seu sorriso desaparecera e fora substituído por um morder de lábios em uma face em profunda consternação.

-Eu achei que eu... –sussurrei.

-Não. –ele interveio. –Você não fez nada. Eu é que ainda não consigo lidar muito bem com essa história toda. Eu sou o culpado de tudo e...

Não queria ouvir mais nada, chega de desculpas. Eu o abracei de novo, mas, desta vez, foi um modo de demonstrar carinho, e não arrependimento, como da outra vez. Esse foi o jeito que eu encontrei de dizer que estava tudo bem, que ele não deveria se preocupar com o que passou.

E assim, abraçados com ternura, ficamos por algum tempo. Ele me segurava delicadamente pela cintura, enquanto eu mantinha meus braços ao redor do pescoço dele.

O tórax de Neji era extremamente confortável, por isso relutei em soltá-lo. Mas eu o fiz e olhei em seu rosto, que me recebia com um sorriso diferente do normal. Não era o típico sorriso fugaz que normalmente se via, era algo mais profundo, mais alegre. Mas nem por isso menos charmoso...

Correspondi àquele sorriso com outro de igual intensidade. Como era bom saber que estava tudo bem!

Ele soltou um dos braços da minha cintura e usou a mão livre para secar as lágrimas que molharam o meu rosto. Um pouco envergonhada de ter chorado, virei para o lado e eu mesma passei a secar minha face.

-Bom, -eu disse, tentando me recompor. –viemos aqui para estudar, não é?

Ele apenas riu levemente e me soltou.

-Por que você se atrasou? –perguntei, casualmente.

-Tive de levar minha prima ao médico.

-Está tudo bem com a Hinata? –perguntei, preocupada.

-Na verdade, foi a Hanabi. –a irmã da Hinata. –São só exames de rotina.

-Ah, que bom. –estava aliviada, Hinata tem uma saúde um pouco frágil, por isso fiquei preocupada.

Nós nos sentamos em uma mesa feita para piqueniques e começamos a trabalhar. No meio de uma explicação que Neji me dava, eu olhei por cima do ombro dele e vi uma coisa que me assustou: eu vi o Shino andando pelo parque.

Ele estava de costas, então não nos vira, mas eu sei que a possibilidade de ele se descontrolar e ter outro ataque de ciúmes era muito grande para eu me arriscar. Ou melhor, para eu arriscar o bem-estar de Neji.

-Ahn, Neji, -eu o interrompi, ainda aturdida. –aqui está muito quente, você não acha?

-Nem tanto, mas...

-Por que nós não vamos para a minha casa? –perguntei, não deixando ele responder.

Eu já havia levantado e estava guardando meus pertences.

-Tenten, está tudo bem?

-O-O que? Como assim? É claro que está tudo bem! –eu fico assim quando estou nervosa: não paro de falar, e, quanto mais eu falo, mais confusão eu arrumo.

-Você está estranha...

-Estranha? Imagina...deve ser o calor! –acho melhor eu parar de falar antes que as coisas piorem.

Apesar da minha maluquice súbita, Neji concordou e também já havia levantado. O único problema é que ele estava se virando para a direção da saída, a mesma direção onde estava Shino, que agora estava sentado em baixo de uma árvore escutando música.

E eu entrei em pânico. Naqueles milésimos de segundos eu comecei a suar e fiz a única coisa em que eu consegui pensar. Eu pus cada uma das minhas mãos nos lados do rosto de Neji e o beijei...


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Notas finais do capítulo

Reviews? :3