A Girls Choice escrita por DehBlackRose


Capítulo 3
"Qual é a sua cor favorita?"




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A girl’s choice

"Qual é a sua cor favorita?"

Ele tinha as mãos nos bolsos e olhava distraidamente para os carros. Parecia que ele estava me esperando. Bom, ele esperava alguém, e, com certeza, não era o meu pai.

Ele me cumprimentou quando eu cheguei perto o suficiente, e eu fiz o mesmo.

-O que está fazendo aqui?- perguntei.

-Eu só achei que, bem, poderíamos estudar quando você voltasse do treino.

-E por quanto tempo você ficou aqui me esperando?- eu estava ficando curiosa.

-Não muito tempo.- desconfiei que ele estivesse mentindo, mas deixei passar.

Abri a porta e convidei-o a entrar (apenas por educação, porque sabia que ele aceitaria). Joguei minha mochila e livros em cima do sofá e perguntei-lhe se queria alguma coisa. Relutantemente, ele aceitou um copo d’água.

Nós nos sentamos à mesa da cozinha e voltamos ao mesmo esquema: eu resolvendo os problemas sozinha, e ele me interrompendo quando precisava. Só que, desta vez, havia duas mudanças: a primeira era que a matéria era relativa a do segundo bimestre (o que significa que eu praticamente não conseguia nem começar a resolver nada), e a segunda é que Neji estava mais perto de mim, observava-me mais de perto.

É desconfortável ter alguém como ele me observando, e, mesmo assim, fiz o máximo que pude para me concentrar em geometria. Se ao menos ele não fosse tão...charmoso.

Ai meu Deus, tenho que aprender a me controlar. Quase escrevo charmoso ao invés de cotg.

-Você não está com fome?

Fiquei aliviada quando ele me perguntou isso. Não por eu estar realmente com fome, mas por eu ter tido uma desculpa para, finalmente, olhá-lo.

-Ah, um pouco. Mas não está um pouco cedo para jantar?- eram seis horas da tarde.

-Não se se está com fome. Gostaria de ir até o Ichiraku?

-Tudo bem.- o que mais eu poderia dizer?

No curto percurso até o Ichiraku, ele me fez perguntas aleatórias sobre mim (coisas como há quanto tempo eu morava naquela casa, se eu gostava do lugar, etc). A mais pessoal foi relativo à minha cor favorita: ciano escuro. Ele não conhecia essa cor. Eu lhe expliquei da melhor maneira que eu pude, mas, infelizmente, não havia nada que eu pudesse usar como exemplo.

-É um verde-azulado, azul-esverdeado...

-É como se fossem combinados azul e verde escuros?

-Eu nunca tentei fazer isso, mas, em teoria seria isso mesmo.

-Parece ser uma cor bonita.

-E qual é a sua cor favorita?

-Castanho. Assim como seus olhos.

Acho que depois disso eu fiquei vermelha-pimentão. Acho, porque depois de um elogio desses minha sanidade mental foi dar um passeio. E disse não saber quando vai voltar; ou até mesmo se vai voltar.

O que me salvou de desmaiar na rua foi o fato de eu já estar sentada à uma mesa do Ichiraku. Outro fator pelo qual eu serei eternamente grata é que Neji tinha à sua frente o cardápio e, assim, acho que ele não me viu corar.

Tentei me recompor, fingir que nada de mais havia acontecido e que aquilo acontecia todo o dia e não significava nada. Demorou, mas senti minhas bochechas voltarem à cor normal. Antes tarde do que nunca.

-Eu poderia anotar o seu pedido?

Ai meu Deus, era o Shino.

Ai meu Deus, porque eu estou nervosa com isso?

Ai meu Deus, eu ainda não escolhi o que eu quero.

Sorte que, por trabalhar aqui, eu conheço o menu de trás para a frente.

-Eu gostaria de um ramen de porco, por favor.- Neji respondeu prontamente.

-E você?- Shino perguntou-me.

Ele estava estranho. Mais do que o normal. Pode ser que eu esteja enganada, mas me pareceu...ciúmes.

-Eu queria o especial número dois.- o que significa apenas ramen de soja.

-Algo para beber?

Nós dois recusamos. Shino virou-se e levou nosso pedido até o balcão para que o mesmo chegasse às mãos do cozinheiro.

Neji pareceu não ter notado a atitude fora do padrão de Shino, mas deve ter sido pelo fato de que o próprio Shino é fora do padrão. Afinal, ele consegue ser bem...incomum quando quer.

Além da paixão pelo estudo de insetos, ele andava sempre com um casaco grosso de capuz e um par de óculos escuros. Essa mania já lhe rendeu várias perguntas curiosas, inclusive de professores, e sua resposta era sempre a mesma: senbilidade à luz. Particularmente, não conheço nenhuma doença que provoque uma sensibilidade tão forte assim à luz, mas prefiro não contrariar. Apesar de todas as suas maluquices, acredito que ele seja uma pessoa legal.

Contudo, ainda não entendo porque ele agiu daquela forma. Um pouco rude, meio impaciente. Seu suposto ciúme era completamente infundado, já que nós não somos namorados e não estabelecemos o encontro de amanhã como sendo um encontro entre namorados. Aliás, ele deixou claro que eu podia entender esse encontro do jeito que eu quisesse.

Sendo assim, eu o entendo como um encontro causal entre amigos. Era assim que eu me sentia, mas, definitivamente, Shino pensava muito diferente de mim. Tive a confirmação disso quando ele estava trazendo nossos ramens numa bandeja e, “sem querer”, derrubou os dois em cima de Neji.

-Ah, meu Deus! Você está bem?- fiquei preocupada porque aquela comida estava quente.

-Tá tudo bem, não se preocupe. Eu vou ao banheiro.- Neji saiu correndo, deixando pingar um pouco da nossa ex-refeição no chão.

-Porque você fez isso?- perguntei a Shino.

-O que quer dizer?

-Não se faça de idiota, eu sei que foi de propósito.- a sentença saiu mais áspera do que eu esperava.

-Ainda não sei do que está falando.

Eu continuaria discutindo, mas Neji saia do banheiro neste exato momento e eu não queria que ele me visse argumentando com Shino. A mancha de comida não havia sido retirada, é possível que nunca saísse.

Se eu estivesse em outro restaurante, qualquer outro restaurante, iria mandar chamar o gerente e reclamaria da incapacidade do garçom. Mas eu não queria ficar mais naquele lugar. E, como Neji não também não reclamou de Shino, imagino que ele quisesse sair dali tanto quanto eu.

Pagamos a conta, na verdade, Neji insistiu em pagar tudo sozinho. Eu tentei dizer que ele já tinha tido um grande prejuízo com a blusa dele, mas ele nem me ouviu. Assim, ainda com fome, estressados e, no caso dele, sujo de ramen, voltamos para a minha casa. Quando entramos, ele me pediu para usar a lavadora, porque, se ele esperasse até chegar em casa, a camisa ia ficar manchada para sempre.

Levei-o até a lavanderia e, enquanto enchia a máquina com sabão em pó, ele fez uma coisa que quase provocou uma hemorragia nasal em mim:


 


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Notas finais do capítulo

¹: cotangente, coisa de trigonometria. como eu não sei a matéria de segundo ano (eu tô no 1°) eu coloquei uma coisa que eu estudei esse ano...
Reviews? :3 (quanto mais reviews, mais rápido eu posto! XD)