A Bela E A Fera. escrita por Nivea_Leticia


Capítulo 1
Basta um olhar...


Notas iniciais do capítulo

Como não podia faltar, peço por favor que escutem a música temática da Bela e a Fera (Sentimentos ou Beauty and the Beast; indico mais a versão em inglês porque assim a gente não canta ;D ) *-----*

E bem... Lá vai mais um dos planos de Afrodite!



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Luzes, comidas, convidados e tudo mais que compõem uma festa encontravam-se no casamento de Atena com Poseidon. O evento totalmente planejado por Afrodite e Hera no Olimpo. Era inverno, a época em que todos ficavam mais juntos e sorridentes por ali. E nada melhor para as deusas fazerem um verdadeiro banquete para os noivos mais improváveis possíveis no modo mais temático que conseguiram.

O vento do norte assobiava suavemente dentre as folhas cristalizadas de gelo e passava, enroscando a todo segundo, um fio de cabelo que escorregava da parte presa do cabelo de Artemis que nem mais se irritava com isso. Haviam acabado de chegar ao palácio criado para o evento. A deusa, ao olhar para cima, teve de admitir que ficara perfeito. Paredes de vidro cheio de arabescos dourados que brilhavam do grande salão, escadarias e enormes portas de carvalho para dar um gostinho de princesa ao local. Lá em cima, a lua cheia banhava o ponto mais alto da torre tom de prateado e escorria pela arquitetura provavelmente criada por Atena. Estava simplesmente maravilhada.

E, para completar, a festa temática, o traje viera a “La Disney”, como Afrodite mesmo havia dito a Artemis quando aparecera mais cedo de Bela Adormecida. De acordo com a deusa do amor, as roupas dos noivos seriam surpresa, mas ao ver aquilo, Artemis tinha a leve desconfiança de que Atena, ao acaso, aparecesse de Cinderela.

O que não fazemos por Afrodite?, Perguntou a si mesma, subindo os últimos degraus, a segurar um pouco o vestido, com a mão calmamente descansada no braço forte de Orion que a todo minuto sorria. Viril e elegante, como sempre fora.

Logo que alcançaram a porta, braços passaram-se a volta do pescoço de Artemis e ouviu-se Afrodite chorar ali.

– Você está linda – murmurou fungando de leve ao soltar-se dela, segurando-a pelos ombros para ver a roupa que usava. Sorriu. – Eu sabia que fazer você vir de Bela ficaria perfeita. Como em a Bela e a Fera. Awnt... E Orion está magnífico de Gastón. Ownt...

Uma suave risada atravessou histeria de Afrodite. Dois deuses sorriam para eles e chegaram mais perto ao ver que foram notados ali, ao canto, esperando para falar com Artemis e Orion.

– Parece mais que esse casamento é da Afrodite do que meu – murmurou um Poseidon em trajes de príncipe, que como Artemis havia imaginado, era o par de uma Atena com um enorme e lindo vestido azul que destacava os olhos cinza da deusa da sabedoria. Ela sorria, mais feliz do que já parecera a Artemis e a abraçou assim que Afrodite, ainda chorando, deu espaço com o seu vestido rosa cheio de detalhes.

Eles riram.

– Parabéns – sussurrou Artemis, soltando Atena, com um enorme sorriso. – Espero que seja muito feliz, irmã.

Atena sorriu, a segurar uma mão de Poseidon que agora dava alguns tapinhas no ombro de Orion.

– Obrigada, Art, espero o mesmo para você – piscou – Parece que Afro também conseguiu fazê-la vestir isto – e apontou para seu vestido que contrastava com a coroa de brilhantes dentre os fios loiros da deusa.

Artemis riu.

– Ela me ameaçou, então – ela deu de ombros - tive de usar.

Afrodite cruzou os braços.

– Eu tinha que fazer Artemis vestir isto. Imagine ela estragando o que eu demorei anos para fazer? – fez biquinho.

As duas deusas riram.

– Ok, ok, entendemos você, Afro – Artemis voltou a pousar os dedos no braço de Orion e sorrir – Vou deixar vocês recebendo os convidados.

De leve, Poseidon sorria, os dedos cruzados aos de Atena, fazendo a deusa do amor suspirar de segundos em segundos. E acenou para a deusa da caça ao vê-la indo para o grande salão.

Deixaram lá, o casal a receber os demais deuses, e Artemis já ia virando a esquina quando Afrodite passou quase correndo perto de si e sussurrou um “Lembre de sua historia” para sorrindo sumir dentre os demais convidados.

Ainda a tentar decodificar o que Afrodite havia dito a ela, que Artemis parou a frente do enorme salão, seu nome e o de Orion sendo ditos enquanto preparavam-se para descer a escadaria que desembocava no mais lindo local que ela já havia visto. O chão como um tapete persa sem pelos se estendia em vários tons de azulejo a fim de criar um complexo mosaico formando um retângulo ao centro, exatamente aonde, preso ao teto, a mais ou menos oito metros de altura, um elaborado candelabro que brilhava o seu ouro pelas velas que ali queimavam. Juntos em uma perfeita forma de sofisticação. Ao fundo, todas as paredes em vidro, sua estrutura em arabescos dourados, traziam a luz da lua para dentro.

Aquilo era um verdadeiro conto de fadas.

Artemis sorriu ao descer as escadas com tapete vermelho e viu todos os olhares dirigirem-se a ela e a seu acompanhante. Como pensara, nenhuma fantasia havia sido repetida e isto a surpreendeu. Onde será que Afro arrumou tanta princesa? Questionou, rindo por dentro, ao assistir, de longe, Hera de Branca de Neve, sorrindo para ela.

Eram tantos deuses, e todos vieram falar com Artemis. Sorriu, conversou e riu com eles quando passavam pelos seus “grupos” como qualquer outra festa tem. Já se sentia em casa e, de certa forma, Orion passava-lhe exatamente a imagem de cara perfeito.

Isto, até passarem em uma determinada parte.

– Como sempre – murmurou Orion, sem perceber que a deusa ouvira, em um tom de puro desgosto, ao fitar algo pelo ombro de Artemis. Surpresa com aquela arrogância, ela virou-se para bisbilhotar, a fim de ver o que causou tal reação.

Um homem alto, extremamente bonito, ria, sua voz a encantar as mulheres a sua volta que, de alguma forma, tentavam agradá-lo. Em uma de suas mãos, uma taça com entalhes dourados se destacava, e com a outra, passava os dedos pelos cabelos loiros. Seu traje azul, uma roupa de príncipe, destacava toda a sua beleza e Artemis viu-se conectando os dados assim que aqueles olhos azuis encontraram os seus. Na mesma hora, ela o viu parar de falar e só encará-la. Nada fizeram, só seguraram o olhar, o azul no prateado, até Orion a tirar de seu entorpecimento.

– É seu irmão, não é? – perguntou o caçador, ainda a olhar para trás, o exato local que Artemis fitara segundos antes. A deusa pouco compreendeu o porquê daquela acidez e aquele nojo ao falar do deus da música, no entanto, assentiu, dando uma olhadela para o dito cujo.

– Sim – sussurrou ela, outra vez encontrando o olhar azul do deus que segundos depois sorriu. O coração da deusa errou dois pulsos. Ela reconhecia aquele sorriso. Era o sorriso que ele só dedicava a ela sempre que se viam. Aquele que a fazia se sentir idiota e corar, como acontecera agora. Sem graça, ergueu o queixo e desviou o olhar, já louca para fugir da proximidade de seu irmão. – Vamos, Orion, deixe Apolo.

Orion negou com a cabeça, mas continuou a andar em direção a Hera que com Afrodite e Hestia (esta de Ariel) riam.

– Não gosto dele. – Artemis franziu o cenho, confusa, para o que Orion dizia. – De Apolo, que digo.

– Ah, sim. – mas continuava confusa – Por que não?

Orion revirou os olhos.

– É narcisista demais. Se ama mais do que ama os outros, só vê a si mesmo e não tem amor por ninguém. – bufou – Um homem assim é destinado a ficar sozinho. Vejo nele uma criatura repugnante, que dá agonia de ficar perto. Como uma...

– Fera – finalizou Artemis, olhando para baixo, a calcular aquilo que Orion lhe dizia.

– Sim, exatamente – ele a olhou. – Ei, está bem?

Saindo de seus devaneios, Artemis ergueu os olhos e sorriu para o lindo homem a sua frente. Era impossível negar a beleza de seu caçador. Era tudo o que uma garota queria. Toda garota...

Menos ela.

– Sim, sim, estou ótima – sorriu – Um pouco cansada. Afro me prendeu por muito tempo, só isso.

Sem escutar de fato o que Orion dizia, para tentar ver o que sua mente já se preocupara em desvendar que olhou para trás por uma ultima vez. Apolo ainda a encarava e desviou o olhar de Orion para Artemis, para depois, dedicar-lhe um sorriso.

Mas, este, não foi feliz. Ela percebeu. Havia algo naqueles olhos. Suas idéias fervilharam ainda mais ao voltar a encarar a frente com a imagem do deus da música em sua mente. Havia algo errado. Ela sentia isto.

Mas, como sempre, ignorou e sorriu para deusas que já lhe chamavam.

Ainda que ele continuasse ali, sorrindo, em sua mente.








Artemis sorria, escutando pedaços da conversa entre Atena e Afro, quando o baile de fato começou. As musas de Apolo criavam linhas melódicas perfeitas, desfazendo as mais complexas musicas de uma forma... Sem descrições. E Artemis via de pouco em pouco os casais indo para o centro, aos sorrisos para logo depois deslizarem com elegância pelo salão. Fascinada naquilo que por pouco não notou uma mão esticada em sua direção.

– Poderia conceder uma dança, linda donzela? – questionou o deus da música curvando-se de leve, com um sorriso para Artemis.

Ela estava surpresa com o pedido e de nada adiantava as risadinhas e conversinhas que se alastrou pelo salão aos deuses verem aquilo. Finalmente, todos compreendiam os trajes e ver que Apolo era seu par em nada adiantou Artemis a formular algo inteligente a se dizer. Pasma, a deusa da caça assistiu ele sorrir de lado ainda a esperar por alguma reação sua, mas o máximo que ela conseguia fazer era ver o qual lindo ele estava naquela roupa. Mais cedo havia notado, mas agora, com ele a centímetros de si, compreendia porque mulheres lutavam por ele. Como não encantar-se com aqueles olhos azuis tão amáveis que agora tinham uma leve insinuação de medo mesclando-se ao dourado que viam por trás do céu? Ela perguntava-se quando foi de leve empurrada para mais perto dele por Afrodite.

E Artemis jurou que a mataria por isto. Se antes o espaço era pequeno, agora era menor ainda. Pela sua altura, teve de olhar para cima e o viu sorrir da vermelhidão que se estendeu pelo seu rosto. Ela nunca havia ficado tão sem graça perto dele como ocorria neste momento.

Ele riu baixinho, o som rouco a deixando boba.

Isto segundos antes dos dedos do deus apanharem sua mão e puxarem-na com suavidade, chamando-a, para o centro do salão. Só no meio do caminho para lá, ainda sentindo aqueles leves choques pela diferença de temperatura, que seu cérebro voltou a funcionar.

Estou indo dançar com Apolo sem brigas ou reclamações. Sem contar que, tecnicamente, ele é o meu par! Pelos deuses, o que eu estou fazendo?

Mesmo com sua mente debatendo sobre aquilo, viu-se sendo girada de leve pelo deus, assim que estiveram ao centro. Como seguia ao costume, fizeram uma suave referencia e o som temático daquele filme começou a tocar pelo salão, levando todos os demais a pararem para assistir e darem espaço aos dois. Se for aquilo que Afrodite havia pensado, era exatamente o que acontecia.

Com cuidado, Artemis pousou os dedos no ombro largo dele e sentiu os dedos masculinos curvarem-se com carinho contra os seus, fazendo uma pressão agradável. Encarando um ao outro, o azul no prateado, que começaram a deslizar pelo salão.

Apolo sorriu ao puxá-la para mais perto com o braço e Artemis só bateu de leve os cílios um nos outros. Rodaram mais uma vez, graciosos, destacando-se no cenário feito sob medida para o casal.

– A Bela e a Fera – sussurrou ela, em transe, associando o modo como Apolo sempre agia e como si mesma agia. Ele, o arrogante, ela, a pessoa que ajudava todos. Ele, o narcisista, ela, a carinhosa.

Apolo pareceu pensar o mesmo e vacilou um pouco no sorriso, um pouco de ansiedade demonstrando-se atrás da mascara da beleza.

– Eu só compreendi quando a vi chegar – murmurou ele, encarando-a com algo desconhecido no azul. – Outra vez, planos de Afrodite. Devia estar me acostumando.

Ela riu baixinho antes de ser rodada, o vestido girando consigo como sempre acontecia em contos de fadas, e voltar para os braços dele. Outra vez, viu-se afogar nos olhos complexos do deus.

– Nunca nos acostumamos com Afrodite – sussurrou Artemis antes de olhar para onde Orion a fitava, de braços cruzados, e cara de poucos amigos. Apolo seguiu sua linha de visão.

– Todos os personagens.

– Gastón – virou-se para fitá-lo. Automático, seu sorriso cresceu. – A Fera.

Ele enrugou de leve o nariz de um modo que a fez rir.

– Sou tão feio assim? – perguntou depois de rodá-la – Tenho cara de Fera?

Ela revirou os olhos de uma forma amável.

– Claro que não. Muito pelo... – sua voz morreu ao encará-lo. Os olhos brilhantes, mesclados ao dourado, a saudavam como se fosse a melhor pessoa do mundo. Os cabelos loiros penteados de uma forma sexy para trás. O sorriso ampliado para ela. E o seu traje, acomodado perfeitamente em seu corpo, que combinava com ela. Achou-se outra vez sem palavras.

Vendo-a analisá-lo sem terminar o que dizia, Apolo ergueu uma sobrancelha e apertou de leve os dedos femininos que se encaixavam perfeitamente a sua palma.

Rápida, recobrou a consciência e viu a pergunta nos olhos dele.

– Ah, sim – ela corou – Você é...

– Linda – murmurou ele em seu ouvido, ao som dos últimos acordes, para então girá-la duas vezes e vira-la em direção dos deuses que encantados, batiam palmas e sorriam. Agradeceram, aos sorrisos, ainda de mãos dadas.

Artemis calculava o que ele havia dito e a cada vez seu coração pulava forte conta sua costelas que se achou difícil de respirar dentro daquele espartilho do vestido amarelo igual ao da personagem.

Com um ultimo agradecimento, Apolo encarou-a e sem desviar os olhos, beijou a mão da deusa, fazendo uma leve reverencia.

– Obrigada – sussurrou para ela, sem soltar os dedos. Corando, ela murmurou um “Foi um prazer”, a soltar os dedos dos dele, e já ia embora, um pouco triste, admitia a si mesma, pronta para voltar a conversar com Afrodite (que chorava) e Atena (que era abraçada por Poseidon, este sorria daquele modo sacana) quando ele a puxou de volta e de uma vez, a trazendo-a para seus braços, a beijou.

Demorou um tempo para Artemis compreender o que ocorrera. Até, aqueles lábios quentes, pressionados ao seu, sugarem o que ia dizer e de leve mover-se pelos seus. Devagar, ela fechou os olhos e quando o deus pediu passagem com a língua, a deusa prendeu os dedos aos fios loiros da nuca dele, sentindo aqueles braços fortes passarem-se a sua volta e apertarem com carinho contra seu peito, que assim como o dela, pulava, frenético, em um ritmo que ambos acharam impossível.

Foi assim, neste estado, que Apolo aprofundou o beijo e sentiu de uma maneira que jamais esqueceria o gosto de morango da balinha que a deusa mais gostava em sua língua. De leve, ele a sentiu mordiscar o seu lábio e sorriu, a segurar o rosto de Artemis em uma de suas mãos. Nunca se sentira tão feliz como agora. Poderia esquecer todo o resto, pois só ela, aquela deusa, seu par de uma historia tão antiga, era quem importava e quem o beijava neste momento, retribuindo, em meio a todos, o seu sentimento. Suspirou.

Muito devagar, antagônico a como havia começado, que Apolo parou, segurando os lábios colados e permitindo-os que se soltassem deliberadamente. Ainda a acariciar com o polegar o rosto da deusa que o deus, após abrir os olhos e certificar-se de que não era um sonho, assistiu-a suspira e como o bater de asas de uma borboleta, abrir os olhos, mostrando o prateado mesclado ao negro que eles eram um pouco misturados a um sentimento novo que só enfim compreendiam. Para sua surpresa, ela sorriu, de leve inclinando-se de leve em direção a sua mão, permitindo seu rosto ser acariciada por ele.

Com o sorriso só dela, ele sorriu e a abraçou, o rosto afundando nos cabelos ônix.

– E a Bela mostrou o amor a Fera – murmurou ele em seu ouvido, de olhos fechados, entregue a aquele sentimento que só dava sinais de vida e o deixava bobo com ela.

Em contrapartida, a deusa suspirou e enterrou o rosto no pescoço dele, sentindo o cheiro impar de “Dia ensolarado” dele.

– E a Fera virou o Príncipe – sussurrou ela, inerte a tudo o que ocorria a sua volta, sem qualquer outro pensamento além dele.

Ele a apertou. Tendo-a o mais perto possível de seu coração, que o deus afastou alguns cabelos e colou os lábios no ouvido de Artemis, fazendo ambos tremerem.

– Eu te amo, Artemis – disse sem gaguejar, de uma forma que soou tão calmamente, apenas uma confirmação do que se amontoava dentro do peito do deus da música.

Surpresa, mas ainda a pensar que ela afastou o rosto e colou sua boca dele, em uma pressão suave. Ele sorria assim que ela o soltou e não pode fazer outra coisa que retribuir.

– Eu também te amo, Apolo – disse encarando os olhos azuis agora líquidos de amor.

Ele riu, feliz demais para se conter, e a rodou ao som de milhares de palmas e gritinhos. Só ai que se lembraram de onde estava e tiveram a bola de ar, que os separavam dos demais, estourada.

Corando, Artemis assistiu todos os fitarem, mas Apolo parecia calmo, quase feliz por todos verem aquele momento íntimo deles.

De dedos cruzados, começaram a andar em direção a uma Afrodite que chorava nos braços de Ares a fim de agradecerem por tudo, quando, sem aviso, um soco abateu-se sobre o rosto de Apolo. Surpreso demais, o deus só teve tempo de soltar os dedos de Artemis e se proteger logo que outro golpe foi dado. Por pouco não o acertara. Sem pensar que devolveu a agressão que atingiu o rosto do agressor, mas viu-se jogado para trás, um Orion furioso sobre si.

– Ela é minha – dizia ele, dando outro soco em Apolo. Com uma fúria renovada que o deus rodou e desferiu vários golpes consecutivos no caçador, sem dó alguma.

– Ela não é objeto para ser sua – disse ele ao segurar Orion pela gola e olhá-lo sangrar por causa de seus socos – E ela escolhe quem ela bem entender.

Soltando-o com força, o deus levantou e limpou com o polegar o sangue que escorria pelo canto de sua boca. Fora preciso só dois segundos para deuses estarem tirando Orion do local e Artemis estar empurrando um deus muito descontente em uma cadeira para enfim poder limpar os machucados criados na rápida luta da qual o deus saiu vitorioso.

Soltando sons de dor que Artemis terminou de cuidar do ferimento ao canto da boca dele e procurou mais algum enquanto ele a encarava, os dedos de leve se passando nas costas da deusa que se encontrava de pé entre as pernas do deus, quase o abraçando também. Ele sorriu com aquilo e Artemis retirou o gelo que segurava na têmpora dele. Ela suspirou.

– Pronto – disse olhando-o para ver se estava tudo correto – Acho que mais nenhum. Está se sentindo bem?

Delicadamente, ele colocou um cabelo dela atrás da orelha e deslizou o nó dos dedos pela maça do rosto da deusa.

– Estou ótimo, obrigada por cuidar de mim. – falou carinhoso, vendo-a corar. – E me desculpe por bater em Orion. – desviou o olhar – Você deve estar querendo me matar depois daquilo.

Pegando com cuidado o queixo dele entre dedos, ela girou a cabeça do deus e o encarou, mostrando tudo o que sentia por ali.

– Eu disse que amo você – olhou mais profundamente no azul – E não que amo Orion. Ele errou ao te bater, mas... – sorriu – vendo como Afrodite é, era meio previsto que ocorresse.

Ele revirou os olhos, mas sorria, a cruzar os dedos atrás das costas da deusa.

– Igual ao filme.

Ela ampliou o sorriso.

– Sim, igual no filme, mas, acho que isto daqui não estava no roteiro.

Ele franziu o cenho.

– Isto o que?

Tomando cuidado para não machucá-lo ainda mais, Artemis pousou as mãos enluvadas nos ombros do deus e aproximou os lábios, encarando-o.

– Isto – e o beijou mais uma vez.

Assim como da outra, os corações pularam, ondas bateram contra o estomago deles e Apolo teve de segurá-la quando os joelhos da deusa fraquejaram. Sentindo o gosto de cada um nos lábios um do outro, que aprofundaram ainda mais o beijo, agora protegidos dos olhares públicos dentro de uma das tantas salas por ali que era levemente iluminada pela luz da lua atravessada pelas janelas que iam do chão ao teto, mostrando as estrelas que lá fora havia.

Suave, deliciando-se com o toque gelado da pele dele coberta pelo vestido, que Apolo deslizou os dedos coluna acima calmamente até ter os dedos presos nos cabelos ônix da nuca da deusa. Sentiu-a tremer rapidamente em seus braços e sorriu disto, tendo a consciência de que era de prazer. Devagar, segurou entre seus dentes um dos lábios dela e colou-os como um selinho. Amoroso, escorregou a boca pelo pescoço gelado da deusa que suspirou e então a abraçou, apoiando-a contra seu peito e fechando os olhos enquanto suspirava. Em seu abraço, sentiu-a acomodar-se em seu corpo e, tão igual, suspirar.

Nada falaram, não precisavam, se compreendiam ali. Daquele modo. Calados. Escutando a respiração que se estabeleciam um do outro e notar a velocidade do coração lentamente diminuir. Já estavam assim, quietos, calmos, com Apolo a acariciar os fios ônix da deusa e Artemis a escorregar um de seus dedos pelo braço dele que a segurava quando a porta abriu-se em um ímpeto, assustando-os.

Uma deusa de rosa e longos cabelos castanhos, outra vez caiu no choro e, juntos, riram de Afrodite tentar se recompor ao vê-los abraçados daquele modo.

– Esta-tavamos – soluçou a deusa, sorrindo. – Estávamos procurando vo-vocês. Ah, meus deuses – e lá vinha outra vez ela enxugar com um paninho as lágrimas que não cessavam – Vocês são tão lindos. Eu sabia que ia funcionar. A Bela e a Fera. Um clássico. Ownt, eu sempre soube que ficariam juntos...

Girando nos braços de Apolo, Artemis sorriu para a deusa do amor, de leve trançando os dedos ao do deus.

– Afro, obrigada – disse Artemis, sorrindo singela.

Apolo apertou de leve o braço envolta de Artemis que a fez levantar o olhar para o mesmo.

– É, de verdade, Afro, obrigada tanto pela oportunidade quanto por ser... – encarou os olhos prateados da deusa da caça - ...Ela.

Afrodite fungou e segurou-se para não voltar a chorar. Ela sorria.

– De nada, meus queridos. Vocês merecem esse amor, apesar de eu ter amado escutar isto de vocês – sorriu e sem mais nada saiu dizendo para o nada, deixando para trás a porta aberta – Eu sempre sei quem vai... – até sumir pelo enorme corredor.

Suspirando, Artemis o olhou e sorriu.

– Ela não disse que estavam nos procurando? – questionou, com os olhos brilhando para o deus. – Temos que ir ver o que queriam.

Dando de ombros, ele a puxou para mais perto, as respirações embaraçando-se pela proximidade, mas ainda assim se fitando.

Ele sorria.

– Pra que? Eu quero ficar com você – roçou os lábios, já a fechar os olhos. – Temos que curtir o nosso “Felizes para sempre”.

Sorrindo, a deusa fechou os olhos e segurou os cabelos da nuca dele.

– Para nós dois...

– Um Feliz para Sempre – e a beijou mais uma vez naquela noite.

E como sempre, Afrodite estava certa.

Sempre existe um amor para uma pessoa, seja ela fria, seja ela tímida. Assim como “A Bela e a Fera”. Assim como “Artemis e Apolo”. Assim como para mim vai ter um, assim como vai ter um para você. O que importa, jamais é casca que te cobre, mas sim o coração que há abaixo de todas estas camadas. E até a pessoa mais forte, um dia, se desdobrará por um amor.

Então, para mim, para você, para Apolo e Artemis...

E ELES VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE.

Com muito amor (e, de acordo com a Afro, muito sexo, mas acho que podemos deixar isto em segundo lugar, certo? ^^).





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Notas finais do capítulo

Não esqueçam os rewis *---* Please, sou viciada em Rewis ^^

Beijinhos e esperam que tenham gostado.

Ps: Culpem a Disney e Globo por estar história melosa =)

"Sentimentos são

Fáceis de mudar

Mesmo entre quem

Não vê que alguém

Pode ser seu par"

*assobiando como uma boba*

Ps² Disney é demais *----*