Premonição 2: A Morte lhe Cai Bem escrita por Lerd


Capítulo 9
Maria Sangrenta


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo da fic, com muita ação e um clímax. Ainda uma participação pequena e secundária de uma personagem dos filmes. Espero que gostem!



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Te vejo em breve. A morte está chegando. Sem acidentes. Sem coincidências. Sem escapatória. Você não pode deter a morte. Você não pode deter a morte?

Mia e Kaleb almoçavam na casa da garota, em silêncio. Ao lado deles, Frank N Furter dormia, deitado em uma das cadeiras. O único som audível era o dos talheres de encontro com a porcelana dos pratos, e foi assim durante vários minutos. Mia parecia calma diante da situação, mas o indiano estava prestes a ter um ataque de nervos. Ele coçou a cabeça por alguns segundos, e então disse:

— Apesar dos pesares... Terrível o que aconteceu com Tony. Ninguém merece um destino assim.

A garota concordou, meneando a cabeça positivamente, porém sem conseguir demonstrar o interesse desejado. Kaleb a questionou:

— Olha Mia, se você está assim pela situação do dinheiro da Cicciliona...

— Assim você me ofende, Kaleb. — Ela o interrompeu, visivelmente irritada.

O rapaz demonstrou surpresa.

— Me desculpe, eu fui rude. — Ele murmurou, e a garota acenou com a cabeça, sinal de que ele não devia se importar com aquilo. — Então qual o motivo desse desânimo?

Mia baixou os olhos, fixando o olhar no cachorro deitado ao seu lado. Ele parece tão... Em paz. Por alguns segundos, a jornalista o invejou.

— É que... Eu não sei... — Ela começou. — Eu estou tão cansada... A cada dia que passa a morte está mais perto de nós, e ela está vindo com pressa. O que nós vamos fazer, Kaleb? E se nós não conseguirmos prever seu momento exato para impedi-la? E se nós... Morrermos?

Aquela última frase da loira foi suficiente para fazer o indiano tremer. Mesmo assim, ele forçou-se a abrir um sorriso no rosto, tocando a mão da garota em cima da mesa.

— Nós vamos conseguir Mia. Nós vamos deter essa lista.

Mas Mia não acreditava naquelas palavras. As lágrimas surgiram dentro de si de maneira incontrolável, e antes que a garota pudesse contê-las, percebeu que elas escorriam por seu rosto. Kaleb levantou-se da cadeira e se aproximou da loira, tocando seu ombro com delicadeza. Ele queria repetir a ela que tudo ficaria bem, mas faria alguma diferença? Nem ele mesmo tinha certeza daquilo.

De repente Mia parou, olhando atônita para a parede. As lágrimas em seu rosto pararam de cair, e o soluço foi cortado de maneira abrupta. Tudo o que a jornalista fez por vários segundos foi encarar a parede bege à sua frente, os olhos fixos em um ponto qualquer. E então ela soltou um grito rápido e estridente, e tocou seu pescoço no mesmo instante.

Kaleb arregalou os olhos.

— O que foi, Mia?

Mas a loira parecia muda, ainda chocada pela sensação. O indiano esperou pacientemente, até que Mia se sentisse melhor. Ela então chacoalhou a cabeça duas vezes e murmurou, como se falasse uma reza:

— Eu senti uma dor forte no pescoço, como se ele estivesse sendo rasgado.

Kaleb entendeu imediatamente o que aquilo significava, afinal já havia acontecido antes. Oh, não!

— Damien!

No mesmo instante, quase como que se suas mentes estivessem interligadas, Mia e Kaleb levantaram da cadeira, ambos correndo na direção da porta. A garota pegou a chave do carro em cima da bancada da cozinha e correu para fora, deixando que o indiano trancasse a porta. O barulho que eles fizeram foi suficiente para acordar Frank N Furter, que desceu da cadeira no mesmo instante, correndo na direção da saída e latindo de maneira estridente.

Em segundos os dois já estavam no carro de Mia. A garota girou a chave na ignição e deu a partida no veículo, saindo da garagem. Ao lado dela, o rapaz ligava insistentemente para Gretel, tirando o telefone do ouvido somente para apertar o botão de rediscagem.

— Ninguém atende!

x-x-x-x-x

Maria estava em frente a dois promotores de justiça, mantendo o olhar enigmático e incerto. Diante dela estava um papel com diversas palavras em inglês e uma linha em branco, esperando por sua assinatura. Nele ela se comprometia a voltar para a Colômbia nos dias que viriam, com o bônus de ter a sua acusação de homicídio retirada.

— Senhorita Delgado? – O primeiro homem chamou-a de maneira insistente, tirando Maria de seus devaneios.

A latina piscou algumas vezes e olhou nos olhos dele, mas nada disse. Absorta em pensamentos, ela remoia a ideia de que tudo estava dando errado. Ela não podia mudar-se, não agora. Ela precisava terminar o que tinha começado, precisava finalizar o seu serviço. Ela não iria abandonar a sua única chance de ter seu rosto novamente por nada no mundo.

— Maria. – Quem a chamou dessa vez foi seu advogado.

— Desculpa, eu... Estava pensando. — Ela murmurou, tentando soar doce em suas palavras.

O primeiro promotor sorriu de maneira maliciosa e cochichou algo com outro promotor ao seu lado. O advogado da latina pareceu incomodado com aquilo, mas nada disse. Maria ignorou a situação, perguntando:

— Eu estou proibida de voltar aqui por quanto tempo?

— Nos Estados Unidos? – O segundo promotor perguntou.

— Sim.

O sorrio malicioso no rosto de ambos foi inevitável. Era quase como se eles sentissem prazer com o sofrimento dela. Malditos republicanos, ela murmurou para si. Vocês vão ser a ruína dos Estados Unidos, não os imigrantes. Nós temos mais ética de trabalho do que vocês jamais terão em toda a sua vida medíocre.

O homem suspirou e respondeu:

— Se a senhorita ler com atenção, verá que essa é uma decisão definitiva. A senhorita não poderá pisar nunca mais neste país.

Aquela frase atingiu Maria como um soco no estômago.

— Então isso não é uma simples deportação?

— De forma alguma. Isso é uma expulsão. — O primeiro dos homens respondeu de maneira firme.

O jeito como ele falava, a maneira como ele demonstrava prazer diante daquela situação... Tudo aquilo era nojento demais para a modelo. Ela sentiu a raiva crescendo dentro de si, e então explodiu:

— Vocês não podem fazer isso! — Maria berrou, batendo com as mãos algemadas em cima da mesa de metal. — Eu me dediquei nos últimos dez anos a construir alguma coisa solida aqui! Eu estou pagando a minha casa, eu comprei um carro, eu... Eu tenho uma vida aqui. — E então, diante da expressão de surpresa e ofensa nos olhos dos promotores, ela abaixou o seu tom de voz, finalizando: — Na Colômbia eu vou ter de começar do zero. Eu, eu... — E então não soube mais o que dizer.

Os homens à sua frente se mantiveram em silêncio, e o primeiro deles balançou os ombros, como a não dar importância para aquilo. Maria sabia que discutir com eles seria inútil, de modo que tentou encaminhar as coisas para uma outra direção:

— Isso é legalmente permitido, Andre? – Ela perguntou, olhando na direção de seu advogado.

Andre pareceu um pouco desconfortável com a situação, pigarreando antes de dizer:

— Bom, segundo esse documento, eles consideram a sua permanência no país um perigo a segurança pública dos norte-americanos. É motivo mais do que suficiente para uma expulsão.

— Mas isso é extremo e ridículo! — A mulher falou, tentando conter seu tom de voz. — Olhem para mim e me digam com sinceridade: eu pareço oferecer algum risco a qualquer pessoa que seja?

O silêncio que se formou na sala foi sepulcral. O segundo promotor foi quem resolveu quebrá-lo, tentando ser falsamente imparcial:

— Isso não é uma decisão pessoal, senhorita Delgado. Nós estamos apenas pensando no bem de nossos compatriotas e...

— Isso se chama xenofobia! — Ela berrou, interrompendo-o.

Os dois promotores arregalaram os olhos. O primeiro deles falou, deixando de lado a sua postura pomposa:

— Chame do que a senhorita quiser. A partir do momento em que você se mete em problemas em um país que não é o seu, você está sujeita as leis daquele país. E não creio que a decisão colocada aqui seja severa. Nós estamos sendo brandos, na verdade. Se julgada como culpada, a senhoria poderia ser condenada à cadeira elétrica, perdendo não apenas o direito de voltar aos Estados Unidos, mas a própria vida. Apesar disso, nós pedimos pouco. Não a sua vida, menos. Nós queremos que a senhora se retire dos Estados Unidos da América. Para sempre.

Maria não conseguiria aguentar aquilo por mais tempo. Ela engoliu em seco, sentindo um nó na garganta e as lágrimas querendo se formar em seus olhos. Apesar disso, lutou. Ela não deixaria que os homens à sua frente tivessem o prazer de vê-la chorar. Maria cochichou algo com Andre e em seguida ergueu a caneta colocada diante de si, assinando em cima da linha demarcada no papel branco.

— A senhorita tomou uma decisão acertada, senhorita Delgado. — O primeiro promotor falou.

A colombiana pensou em mostrar o dedo do meio a ele, mas desistiu. Não valia a pena.

x-x-x-x-x

O telefone da mansão dos DuBois tocava, o som ecoando por todos os corredores do primeiro andar, mas ninguém o atendia. Gretel estava no quarto de Damien, certificando-se pela milésima vez de que não havia algo perigoso por lá. Já o garoto conversava com o jardineiro da mansão, nos jardins do fundo. A única outra pessoa no casarão era a governanta, que saiu pela porta da cozinha e gritou:

— Damien, almoço!

— Já estou indo, Constance! – O garoto respondeu, também gritando.

Ele então se abaixou e recolheu seus brinquedos espalhados pelo chão, indo guardá-los no depósito da mansão, mais ao fundo. O caminho em direção até lá era estreito, entre a parede da casinha de madeira e a cerca que separava a propriedade dos DuBois do quintal dos vizinhos. De lá Damien podia ouvir os latidos altos e insistentes de um enorme cachorro, preso pela coleira à uma frágil casinha de madeira.

— Pobre Pitt... — Damien murmurou para si mesmo. — O Senhor Tachibana deveria soltá-lo algumas vezes...

x-x-x-x-x

O carro da jornalista parou em frente à mansão dos DuBois com uma freada brusca, e Mia saltou num pulo, correndo em direção à porta. Kaleb já estava na frente dela, apertando a campainha de maneira insistente. Quem veio atendê-los foi a própria Gretel, descendo as escadas de dois em dois degraus.

— Mia? Kaleb? A que devo a visita de vocês? — A dama de ferro perguntou, aparentando surpresa.

A mulher tentou ser educada em suas palavras, mas ao ver a expressão de pavor no rosto do casal, foi contaminada por ela. Oh, não!

— Onde está o Damien? — Mia perguntou, ofegante.

— No jardim brincando, por quê? – Gretel perguntou, sentindo as mãos tremerem.

Mia sentiu uma dor física ao pronunciar as palavras que viriam em seguida:

— Eu acho que ele vai ser atacado por um cachorro. Nós precisamos deixá-lo seguro.

Gretel soltou um grito de horror.

— O cão dos Tachibana!

O trio atravessou a mansão, deixando a porta aberta. Gretel correu à frente, gritando pelo menino, enquanto Mia e Kaleb a seguiram. A mulher deparou-se com Constance na cozinha, mas a governanta apenas meneou a cabeça negativamente, sem saber onde o garoto estava. Os três então saíram pela porta da cozinha em direção ao jardim. A dama de ferro percebeu que o jardineiro regava as rosas azuis com concentração, de modo que tocou o seu ombro e perguntou:

— Onde está o Damien, Tom?

— Ele foi guardar os brinquedos na casinha dos fundos, senhora. — O homem respondeu de maneira solícita.

— Droga! — A dama de ferro exclamou. Ela então começou a correr até o local, sendo acompanhada pelo casal. — Damien!

Os três correram em direção à estreita passagem para o depósito, um atrás do outro. Foi quando eles ouviram um estrondo alto, e viram o momento exato em que o cão soltou-se da coleira. Ele arrebentou a casa de madeira em que ficava, deixando-a em pedaços, e pulou com facilidade a pequena cerca que separava os terrenos. Damien percebeu o animal na mesma hora, e arfou de maneira assustada. Ele então se esquivou da primeira investida do bicho, caindo no chão. Mas o cachorro não parecia abatido, e voltou a pular na direção do menino, abrindo sua bocarra de maneira feroz. Dessa vez, Damien não conseguiu livrar-se, sentindo os dentes afiados do pittbull cravarem-se de maneira profunda em seu fino e pálido pescoço.

— Damien! – Gretel gritou o mais alto que pôde, sentindo dor em sua garganta.

No mesmo instante do grito da mulher, Kaleb retirou do bolso de sua calça uma minúscula pistola e mirou-a na direção do cachorro. O indiano então disparou um tiro preciso na pata traseira do bicho, fazendo-o ganir de dor. Mas o animal não parecia disposto a recuar, e chacoalhou a cabeça com força, paralisando o trio de medo e ansiedade. Mia era uma estátua de gelo, e Gretel gritava de maneira histérica. Kaleb suspirou e por fim decidiu-se. Mirou com precisão, e então atirou na cabeça do cachorro, fazendo seu sangue respingar na parede de madeira.

— Oh! — Mia exclamou, tapando a boca.

Gretel correu na direção do garoto de maneira desesperada, pegando-o no colo e tentando tapar o sangramento em seu pescoço. Em poucos segundos suas mãos ficaram completamente rubras. O líquido escorria aos montes, sujando de vermelho a roupa de ambos.

— Damien, acorda! — Ela exclamou de maneira nervosa. — Damien!

O corpinho do garoto estava completamente mole e inerte. Seus olhos estavam fechados, mas apesar disso, a mulher conseguia perceber o seu peito subindo e descendo, sinal de que ele ainda respirava.

— Chamem uma ambulância! Rápido!

Gretel gritou o pedido de ajuda sem perceber que Mia já havia desaparecido para pedir ajuda há algum tempo. Kaleb largou a arma no chão e também correu para dentro da casa, enquanto a dama de ferro se mantinha chorando com o corpo de Damien em seu colo. As lágrimas escorriam de seus olhos e caíam diretamente no rosto do menino.

— Por favor... Não morre, meu amor... Oh, Mike, por favor...

x-x-x-x-x

A ambulância chegou rapidamente, dois minutos depois. O primeiro enfermeiro que tocou em Damien, afastando-o de Gretel, pareceu preocupado. A mulher encheu-o de perguntas, mas a única coisa que o homem respondeu foi:

— Os batimentos cardíacos dele são quase nulos. Ele perdeu muito sangue.

A frase foi como um soco no estômago de Gretel. Mas instantes depois as esperanças da dama voltaram a crescer, ao ver o garoto cuspir algum sangue pela boca. Os paramédicos o colocaram na ambulância com agilidade e precisão, sendo seguidos pela dama de ferro a todos os momentos.

Na casa vizinha, Takuma Tachibana, dono de Pitt, apareceu pelo cercado para verificar a confusão. Ele conseguiu ver com clareza o corpo de seu cão estirado no chão, caído em cima de uma poça de sangue. O homem então exclamou, extremamente assustado:

— O que vocês fizeram com o meu cão?!

Gretel mal conseguiu ouvi-lo, absorta em seus pensamentos. A mulher estava parada em frente aos fundos da ambulância, observando os paramédicos acomodarem Damien. Quando ela colocou a perna direita dentro do veículo, pronta para entrar, Mia sentiu novamente uma sensação estranha em seu pescoço.

Oh, não. Eu me enganei. Ainda não acabou. Tudo o que a jornalista conseguiu fazer foi gritar:

— Se abaixa, Gretel!

A loira olhou para o seu lado direito e viu a janela da casa de Takuma Tachibana aberta. Nela um vinil tocava, com a agulha fazendo um barulho ensurdecedor. Mia viu o exato momento em que o disco soltou-se do aparelho e voou através dos quintais, como um disco de frisbee, atravessando a cerca. O disco acertou o pescoço de Gretel com força, fazendo a dama de ferro tremer e instintivamente segurar com força a porta de metal da ambulância. A mulher engoliu em seco e depois cuspiu algum sangue. Mia virou o rosto, e não viu quando a cabeça de Gretel desprendeu-se de seu corpo e caiu no gramado, rolando alguns centímetros. Kaleb abaixou a cabeça e vomitou.

— Oh.

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Maria estava em frente à mansão dos DuBois, observando tudo o que acontecia ali. Ela vira a morte de Gretel, e sabia que precisava encontrar a vítima seguinte, Theo. Ela tinha pouco tempo, já que a polícia dera vinte e quatro horas para ela recolher suas coisas e se apresentar para o embarque em um voo só de ida para a Colômbia. Ela acreditava, porém, de maneira presunçosa, que era tempo mais do que suficiente para terminar seu trabalho.

Maria viu quando Kaleb entrou na ambulância ao lado do garoto, fechando a porta atrás de si. Mia por sua vez, seguiu em seu carro em uma direção oposta.

— Ela deve estar indo encontrar o Theo... – Maria pensou em voz alta.

A latina então teve um estalo e lembrou-se do local exato onde Theo provavelmente estaria. Ele já o ouvira mencionar o local para Liam duas ou três vezes, de modo que era um palpite arriscado, mas certo. O estabelecimento era bar country gay chamado Fella. Era para lá que eles iam todo fim de semana. Aquela era uma informação que Mia com certeza não tinha e que iria facilitar imensamente o seu trabalho.

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A latina corria com rapidez, praticamente voando pelas ruas, sentindo os cabelos esvoaçarem e o vento beijar seu rosto. Seus passos rápidos venceriam qualquer corrida. Correr estava em seu sangue. Ao contrário do que esses republicanos de merda pensam, isso é bom. Nós não corremos de medo, nós corremos por bravura, corremos em direção aos nossos objetivos.

Maria chegou ao bar após cerca de oito minutos de corrida, suando pouco. Logo na entrada havia uma mendiga encostada na parede, com os braços estirados esperando por qualquer moeda. A mulher olhou-a com desprezo e prezar, chamando-a:

Chica!

Maria devolveu o olhar de desprezo da velha, e aquilo foi o suficiente para fazer a outra mulher arregalar os olhos, assustada, como se tivesse visto a coisa mais terrível do mundo.

La muerte tiene su diseño... Tu es la bestia. Maria sangrienta! El diablo! El diablo!

A mulher começou a gritar de maneira ensandecida, dizendo que Maria era o diabo repetidas vezes, parecendo apavorada com o que via. A latina abalou-se com aquela frase por alguns segundos, sentindo uma onda de eletricidade passando por todo o seu corpo. A besta? Maria Sangrenta? O diabo? Pois que seja. Ela então ignorou os gritos da mendiga e entrou no bar de queixo erguido.

Dentro do loca, Maria viu apenas homens, a maioria deles vestida com um visual cowboy, e quase todos com uma espessa barba em seu rosto. Ela então seguiu até o balcão e pediu um drink.

— Um Bloody Mary, por favor.

O homem do outro lado ergueu a cabeça e se espantou levemente com as cicatrizes no rosto da garota, mas em seguida sorriu, tentando não fazê-la se sentir mal. Maria retribuiu o sorriso, aproveitando para perguntar:

— Você sabe se o Theodore Chevalier veio aqui hoje?

O barman meneou a cabeça positivamente, enquanto preparava a bebida. Ele então disse de maneira despretensiosa:

— O Theo está no banheiro, señorita.

— Oh, entendo. — Ela falou, tentando fingir ingenuidade. E eu posso entrar lá?

O homem rapidamente indicou o local onde o banheiro ficava, como a concordar com a pergunta dela. Quando Maria chegou na porta do WC, ele gritou:

— Você pode não gostar do que vai ver aí, Charo.

A garota deu com os ombros e sorriu uma última vez. Ela então colocou a mão debaixo da saia e retirou de lá um pequeno canivete, certificando-se de que ninguém havia visto a cena. Ao fundo, a música que tocava era tão emblemática que parecia poética. Maria teve vontade de rir.

I won't cry for you

I won't crucify the things you do

I won't cry for you, see

When you're gone I'll still be Bloody Mary

Dentro do banheiro, Maria deu de cara com Theo se olhando no espelho. Ele parecia especialmente bonito naquele dia, com a barba por fazer e usando uma camisa xadrez azul e uma justa calça jeans. A latina não conseguiu evitar de pensar que era uma pena o que ela iria fazer. Você daria um bom namorado para o Liam, isso eu devo admitir. Ele tinha sorte.

O rapaz pareceu assustado ao vê-la, dando um pulo e segurando na beirada da pia.

— Maria? O que você está fazendo aqui? — Ele perguntou.

— Eu vim te ver. Eu imaginei que você estaria aqui, já que era pra onde você e o Liam sempre vinham e tudo mais...

Theo abriu um largo e nostálgico sorriso. Maria tinha razão.

— Que surpresa mais agradável. — Foi tudo o que ele conseguiu dizer, tentando afastar os pensamentos de Liam. — Faço questão de te pagar um drink.

— Não espero menos. – Maria concordou, rindo falsamente e ajeitando o canivete em suas mãos.

— Ótimo! — Theo exclamou. — Você está linda hoje, señorita.

— Obrigada.

O rapaz sorriu e voltou a se virar para o espelho, ajeitando seu cabelo uma última vez. Ele não percebeu o momento em que Maria retirou o canivete de trás das costas, aproximando-se dele com um sorriso no rosto. A mulher então cravou a lâmina de metal em seu pescoço, retirando-a em seguida. Uma quantidade infinita de sangue começou a jorrar, e Maria teve certeza de que tinha atingido uma artéria. Theo não ofereceu resistência, de modo que não houve qualquer ruído. Maria sorriu de maneira diabólica e voltou a apunhalá-lo por mais sete vezes, nas costas e no pescoço. Na última punhalada, Theo caiu de joelhos, ainda de olhos abertos e visivelmente espantado. O espelho estava completamente encharcado de sangue.

— Isso é por ser uma vadia mentirosa. — A latina murmurou seu epitáfio.

Maria chutou o corpo inerte do rapaz e pôs-se a lavar o rosto ensanguentado. Naquele momento ela era uma visão transcendental, daquelas que povoam o imaginário das pessoas.

Maria sangrenta, Maria sangrenta, Maria sangrenta...

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Mia parou o carro em frente ao bar e desceu sem se preocupar em trancá-lo. Lá dentro, percebeu que todos os olhares se voltaram para ela. A jornalista ignorou a situação e seguiu em direção ao bar a passos rápidos. O barman a olhou de maneira desconfiada.

— Você pode me dizer se o Theo está aqui? Eu fui até a casa dele e um rapaz me disse que ele estaria aqui.

— Você é a segunda que pergunta por ele hoje, sweetheart. — O homem resmungou, parecendo se divertir com a situação. — A primeira foi uma señorita muito peculiar. Parece que o Theo está mudando de time, hein? — Ele terminou sua frase falando alto, e todos os homens no local ergueram seus copos, rindo em uníssono.

Mia bufou de maneira impaciente.

— Você sabe ou não sabe onde ele está?

O barman surpreendeu-se com a seriedade dela, de modo que respondeu de maneira monossilábica:

— No banheiro.

A loira agradeceu de maneira irônica e seguiu até o local, respirando de maneira pesada.

O que viu foi uma cena que, tinha certeza, ficaria em sua memória para sempre. O corpo ensanguentado de Theo estava caído ao lado de uma poça rubra gigantesca, estirado como se fosse um pedaço de carne. No espelho havia ainda mais sangue, escorrendo pelo vidro e pingando na beirada da pia. Mia não conseguiu conter o grito de pavor, berrando o mais alto que pôde.

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Já dentro de seu carro, Mia dirigia com fúria e rapidez, sem se importar com os sinais de trânsito. Ainda não é a minha vez, certo? Não é assim que funciona? Nada pode me acontecer, então..., ela refletiu, e então pisou firme no acelerador. Ela pegou o celular em seu bolso e discou o número de Kaleb, dizendo assim que ele atendeu:

— O Theo está morto. Ele foi assassinado.

Como? — Kaleb perguntou, aparentando estar nervoso. Ao fundo, Mia conseguia ouvir o barulho de uma sirene, sinal de que ele ainda estava dentro da ambulância.

— Eu acho que foi a Maria quem o matou. O barman me disse que uma garota latina havia procurado por ele alguns minutos antes de eu chegar.

Kaleb nada disse. Ele sabia que aquele era o momento. Tentara não pensar sobre aquilo durante todo o tempo em que eles buscavam alternativas, mas agora era inevitável. A minha vez chegou.

Mia confirmou que estava chegando ao hospital em breve e, antes de desligar, sentiu a necessidade de dizer uma última coisa. Não queria que a frase soasse como um epitáfio, mas seria inevitável. O que ela não podia era deixar que Kaleb escapasse por entre seus dedos sem saber daquilo. A loira suspirou, tomando coragem. E então falou:

— Eu te amo.

A resposta veio meio segundo depois:

— Eu também te amo.

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Maria corria com uma energia admirável. Ela parou por apenas dois segundos, em frente a uma vitrine, e viu suas bochechas perfeitas. Está funcionando. Passo a passo, de maneira lenta, porém constante, ela estava recuperando seu rosto. O próximo da lista era Kaleb, e ela sabia exatamente onde ele estava. O hospital ficava longe dali, de modo que a garota decidiu pegar um taxi.

— Para o hospital, rápido. — Ela exclamou, assim que entrou no veículo.

O taxista deu a partida, mas então viu alguns pingos de sangue no vestido de Maria. Através do vidro retrovisor, a latina percebeu quando ele ergueu as sobrancelhas, curioso.

— A senhora está ferida?

A resposta de Maria já estava ponta da língua. Ela estava ficando boa naquilo.

— Um pouco, eu cortei os meus joelhos. — E então verificou o velocímetro, sentindo-se ansiosa. — Será que você poderia dirigir um pouco mais rápido?

O homem concordou com um aceno de cabeça e pisou com força no acelerador.

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Maria desceu do taxi com rapidez, jogando diversas notas de dez dólares em cima do banco do passageiro, mais do que suficiente para pagar a corrida. Ela então correu até a recepção, encostando as mãos na bancada e perguntando de maneira impaciente:

— Eu preciso saber em que quarto está o Damien Rancourt, por favor...

A recepcionista ergueu uma sobrancelha, desconfiada.

— Você é da família?

— Tia. — A mentira veio instintivamente.

A mulher digitou alguma coisa no computador e, depois de alguns segundos, disse:

— Ele acabou de fazer uma operação e está no quarto 23, mas não pode receber visitas. A situação dele é muito delicada. — A mulher falou, tentando imprimir o máximo de empatia em sua voz.

— Mas eu preciso vê-lo! – Maria implorou, com os olhos mareados. Não soube de onde conseguiu a força para quase chorar, mas acreditava que fosse o seu instinto. A minha vida depende disso.

A recepcionista negou com a cabeça, parecendo pesadora:

— Desculpe, mas eu não posso permitir. São ordens médicas.

A latina não pensou duas vezes e abaixou a cabeça, deixando as lágrimas rolarem por seu rosto.

— Faz dois anos que eu não vejo meu sobrinho. — Ela começou a falar, entre soluços. — Eu acabei de chegar do México, e corri para cá assim que soube do acidente dele. Meu visto é válido por apenas dois dias, e o prazo se encerra hoje. Se eu não conseguir ver o Damien agora, eu... Eu... — E voltou a chorar de maneira copiosa.

Do outro lado do balcão, a mulher sentiu-se apiedada da garota, principalmente por causa das cicatrizes em seu rosto. Imaginou que ela não deveria ter tido uma vida fácil.

— Tudo bem, mas apenas alguns minutos e você não pode tocá-lo. — A recepcionista disse, tentando soar autoritária. — É o segundo quarto à esquerda.

Maria abriu um largo e convincente sorriso:

— Obrigada.

A garota seguiu com rapidez pelos corredores, torcendo para encontrar Kaleb do lado de fora do quarto de Damien, já que o plano dependia disso. Ela chegou ao local indicado segundos depois, e olhou pelo vidro. O indiano dormia no sofá ao lado da maca onde estava o garoto.

— Perfeito.

Maria entrou sorrateiramente, pé ante pé, já com o canivete em mãos. Kaleb era um alvo fácil, e ela cortaria sua garganta em segundos, de maneira silenciosa e eficaz. Os passos lentos em direção à vítima foram se intensificando, quando de repente algo inesperado aconteceu.

— Maria?! – Kaleb acordou, num pulo.

A latina sabia que não podia não perder tempo, e investiu com o canivete na direção do pescoço do rapaz. Kaleb percebeu o movimento e desviou, empurrando-a com força para o chão. Maria levantou-se em segundos, e tentou acertá-lo por mais duas vezes, errando em ambas, atacando o ar de maneira ensandecida. Foi então que o indiano segurou o braço direito da garota, fazendo a arma cair em cima da maca, ao lado do braço de Damien.

— Desgraçado! — Maria berrou.

Ela então investiu com as mãos contra Kaleb, lhe dando um soco certeiro com seu braço esquerdo. O rapaz se esforçava para segurar os pulsos da latina, mas ela parecia ter sido tomada por uma força maior, algo grande e poderoso.

— Socorro! – Kaleb gritou fracamente, com a esperança de ser ouvido.

A mulher soltou-se dele com um movimento ágil, e rapidamente pegou um abajur ao lado da cama de Damien. Antes que o rapaz pudesse entender o que acontecia, Maria acertou-o com força. Um, dois, três golpes. No sétimo Kaleb já não reagia mais, de olhos fechados e algum sangue escorrendo de sua cabeça.

— Filho da puta! — A latina berrou, tomada de raiva. — Eu só estou fazendo a porra do meu trabalho.

Maria agachou-se próxima do corpo do rapaz e passou a mão pelo sangue da testa dele, sentindo um prazer inexplicável diante daquilo. Ela então se levantou em seguida, preparada para pegar o canivete e finalizar o serviço. Mas mais uma vez, algo inesperado aconteceu. Deus ex machina.

Mia entrou e viu a cena. Num instante as duas se olharam, e então notaram ao mesmo tempo o objeto na maca, correndo na direção dele e fazendo seus corpos se chocarem violentamente. A loira empurrou Maria para o chão e, com ela caída, sentou-se em seu tronco e começou a lhe dar tapas em seu rosto. Mas a latina se mantinha forte e furiosa, e empurrou Mia com o dobro da força, fazendo a loira cair de costas e bater a cabeça no chão. Maria então desferiu dois chutes na barriga de Mia, fazendo-a gemer de dor. A jornalista cuspiu algum sangue e tentou dizer, numa fala entrecortada:

— Por favor, Maria... Você não precisa fazer isso...

Mas Maria a ignorou. A latina, porém, não percebeu quando a mãozinha pequena e trêmula de Damien segurou o canivete com firmeza em cima da maca. Mia percebeu.

A jornalista levantou-se no mesmo instante e, com uma rapidez fenomenal, empurrou Maria contra a cama, fazendo-a cair em cima da mão do garoto, entrando em contato direto com o objeto cortante. O canivete entrou nas costas de Maria de maneira lenta, rasgando sua carne e fazendo algum sangue sair de sua boca e respingar no rosto de Mia.

A latina sentiu sua humanidade esvaindo-se através do corte, sem conseguir reagir ou esboçar qualquer gesto ou expressão. A única coisa que ela conseguiu ver antes de morrer, foi seu rosto, no reflexo da janela do quarto do hospital. Ali não havia o nariz perfeito e nem a bochecha lisa. Sua face ainda estava danificada como sempre estivera. Nunca houve acordo algum. É isso. Sim, oh, como eu fui estúpida! É claro que é isso. A morte nunca lhe procurara para lhe dar um rosto novo em troca das vidas. Foi tudo coisa da minha cabeça, não foi? Paranoia, medo, angústia... Chame do que quiser. Isso não torna o meu pesadelo menos real.

— Eu... Estou feia. — Ela murmurou, e então deu seu último suspiro, soltando os braços ao lado do corpo de maneira flácida.

Mia não perdeu tempo e retirou o corpo de Maria de cima de Damien com dificuldade, ouvindo o barulho do canivete saindo de dentro da carne da latina. O garoto mantinha os olhos entreabertos, respirando com dificuldade através do tubo de oxigênio.

— Obrigada, Damien. — Mia cochichou, sem ter certeza se o menino ouvira.

Ela não teve certeza, mas o Damien pareceu sorrir de maneira fraca. Mia então se abaixou e colocou a mão no pescoço de Kaleb, suspirando aliviada, já que ele respirava, embora de maneira fraca e irregular.

— Nós precisamos de ajuda aqui! – Mia gritou o mais alto que pôde, correndo para fora do corredor do hospital.

x-x-x-x-x

Mia e Kaleb almoçavam na cantina do hospital. Do lugar onde estavam, eles conseguiam ver a luz do fim da tarde iluminando a mesa, atravessando as persianas claras do ambiente. Damien ganharia alta em dois dias, mas nenhum dos dois tinha certeza de como seria o futuro deles dali em diante. Apesar disso, Mia procurava não pensar naquilo. Eles tinham todo o tempo do mundo para se preocupar, e ela estava aliviada demais para começar a pensar em seus problemas naquele momento. Tudo o que eu quero é ir pra casa, tomar um banho quente e abraçar o meu cachorro até ele se irritar e começar a latir.

— Esse corte na sua sobrancelha vai deixar cicatriz. – A jornalista comentou, apontando os pontos que Kaleb levara no rosto devido ao ataque de Maria. Dezessete, ela ouvira o médico dizer. No fim das contas, o corte fora grave.

— Essa cicatriz é a que menos importa. – Kaleb disse, rindo. Ele em seguida ergueu seu braço amputado, numa tentativa de humor negro que a jornalista parecia não aprovar.

Mia sorriu de maneira fraca, demonstrando uma expressão de desapontamento em seu rosto.

— Você sabe que eu não gosto quando você faz piada sobre isso.

Kaleb deu com os ombros.

— Então acabou não é? — Ele perguntou, tentando mudar de assunto. — A Maria não deveria morrer antes de você ou eu. Nós forçamos a lista a ser quebrada.

Mia meneou a cabeça de maneira positiva.

— É o que parece. Nós vencemos. — Ela decretou, se esforçando para sorrir.

Houve então um silêncio sepulcral, sendo que o único som audível era o burburinho dos que estavam na cantina ao redor deles.

— Sabe, eu estive pensando... — Kaleb começou, sentindo-se estranho por tocar naquele assunto. Por que diabos a Maria matou o Liam e o Theo? Eu refleti bastante sobre isso nos últimos dias, mas não faz sentido algum pra mim.

Taí uma boa pergunta, Mia refletiu.

— Aquela garota era uma assassina maluca e psicótica. — Foi tudo o que ela conseguiu dizer. — Me sinto até mal por falar isso, mas antes eu tivesse a deixado morrer no Maiden’s Garden. Muita coisa poderia ter sido evitada.

Kaleb concordava com aquilo, mas não soube como responder.

— Minha vez. — Mia disse, olhando nos olhos do rapaz. — No dia do ataque ao Damien... Você me deixou curiosa. De onde você tirou àquela arma?

— Oh! — O rapaz exclamou, parecendo surpreso com a pergunta. Ele apenas sorriu e meneou a cabeça negativamente, concluindo: — Eu imaginei que seria necessário. Digamos que eu tive uma premonição. — E então Kaleb caiu na gargalhada.

— Nem brinque com isso! – Mia protestou, embora em tom de brincadeira.

O silêncio voltou a reinar por mais alguns segundos, e, pela segunda vez, foi o indiano quem o quebrou:

— Eu decidi aceitar o dinheiro da Cicciliona. — Kaleb falou à queima roupa.

Mia quase engasgou, colocando na mesa, com delicadeza, o copo de suco que tinha em mãos.

— Como?

— Pois é. — Foi tudo o que ele respondeu.

— Então você está rico, é? — Ela brincou, rindo de maneira genuína.

Kaleb devolveu a risada, olhando para a garota de maneira apaixonada. Ele fica tão lindo quando sorri, foi tudo o que Mia conseguiu pensar.

— Não, não... — Kaleb apressou-se em explicar. — Eu decidi aceitá-lo, mas não vou ficar com ele. Eu vou doar todo o dinheiro para instituições de apoio a crianças que sofreram abusos, sejam eles quais forem. Abusos psicológico, físicos, sexuais... Vou dar um bom uso para essa grana suja. — E então finalizou, sentindo-se orgulhoso: — Eu faço isso pela Maya.

Mia sentiu as lágrimas de felicidade se formando em seus olhos.

— Ela com certeza deve estar orgulhosa de sua atitude... — A jornalista começou, sorrindo, seus olhos brilhando por causa da luz do fim da tarde. — Eu sei disso porque eu estou muito orgulhosa de você, meu Ganesha.

Kaleb riu e meneou a cabeça negativamente, achando graça do apelido.

E então aconteceu. A garota inclinou-se um pouco, por cima da mesa, e aproximou seu rosto do indiano. Ele fez o mesmo, e seus lábios se tocaram de maneira delicada e mágica. O beijo durou vários segundos. Quando eles se afastaram, Mia tinha o rosto completamente vermelho de vergonha. Como eu sou estúpida! Envergonhada como uma adolescente!

— No celular, quando eu achei que nós morreríamos... — Kaleb começou a perguntar, interrompendo sua frase na metade. — Você disse que me amava. Era verdade?

Mia sorriu maliciosamente. Você tem dúvidas disso?

— Te dou um doce se você adivinhar.


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Notas finais do capítulo

Obviamente a fic não acaba aí, porque, como alguns podem perceber, existe uma incoerência no discurso de vitória de Kaleb e Mia. Aguardem o último capítulo, postarei logo.



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