Premonição 2: A Morte lhe Cai Bem escrita por Lerd


Capítulo 4
Ceifadora


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Espero que gostem!



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Maria entrou em seu quarto de maneira ansiosa. Pegou seu videogame portátil, um Gameboy antiguíssimo, e observou-o por alguns segundos. Quem havia o deixado ali? Com toda certeza um de seus irmãos da Colômbia. Havia uma fita vermelha amarrada ele, junto a um bilhete que dizia:

Jogue

A garota então percebeu que já havia um cartucho no videogame. Ligou-o e abriu-se uma tela preta. Apareceram duas opções:

Novo Jogo Voltar do ponto anterior

Maria estranhou a segunda opção e a selecionou. Na tela havia uma imagem assombrosa: ela deitada numa maca de hospital com o rosto completamente enfaixado, tudo mostrado em 8 bits. Apareceram alguns dizeres e as opções:

Primeira vítima Voltar ao início

Maria clicou em “primeira vítima” e viu sua personagem se levantar da cama e seguir durante alguns segundos, num fundo preto, até um local bastante ruidoso, parecido com uma caverna. Lá havia um rapaz encolhido num canto. Ele disse algumas coisas (através de textos) e a animação de Maria em 8 bits ergueu uma faca. Novamente apareceram duas opções:

Tomar vida Ignorar

A garota chocou-se com aquilo e selecionou “ignorar”. A personagem dela abaixou a faca e um ruído forte foi ouvido, seguido de um choro. Maria estava de volta na cama de hospital. As opções eram parecidas com as da última vez:

Segunda vítima Voltar ao início

Ela escolheu a opção “segunda vítima” e a mesma animação de sua personagem levantando da cama e seguindo durante um fundo preto foi vista. Dessa vez, porém, ela parou em frente a uma garota, aparentemente. A garota estava deitada em uma cama, amarrada. Maria dessa vez tinha um machado em mãos, e leu as opções:

Tomar vida Ignorar

Temendo voltar ao início, clicou em “tomar vida”, e o que se seguiu paralisou-a: seu avatar no jogo começou a dar diversas machadas na mulher na cama, enquanto um sangue falso e vermelho feito em 8 bits era jogado na tela. Por fim viu seu rosto ensanguentado e um texto qualquer. O mais assustador, porém, aconteceu em seguida. Maria retirou a faixa e viu seu rosto horrendo, cheio de cicatrizes. Mas ao entrar em contato com o sangue da mulher, as cicatrizes foram lentamente se curando e ficando menos visíveis.

O jogo se seguiu por mais sete fases. Na última, Maria visualizou sua personagem: o rosto estava perfeito, sem nenhuma cicatriz ou marca de queimadura. Uma tela preta então apareceu, e nela se lia:

Saia agora

Depois disso apenas os créditos do fim do jogo, todos inelegíveis. Maria suspirou. Olhou para o lado e gritou, ao ver seu rosto queimado no espelho.

Acordou. Estava na mesma cama de hospital, rodeada por tubos. Gritou assustada com o que acabara de sonhar. O quarto estava vazio e bastante escuro, tornando sua experiência traumatizante. Maria se sentia sufocada de uma maneira que jamais pensou ser possível. Sentiu a presença da própria morte, seguida por um vento forte. Apertou os olhos procurando acordar de um pesadelo, mas em vão. Nada acontecera. Tentou se levantar, mas seu corpo não a obedecia. Quando achou que não iria mais aguentar, uma luz se acendeu no quarto.

— Já está acordada, mocinha?

A enfermeira então abriu a janela, revelando um dia ensolarado. Maria suspirou. Seu pesadelo havia terminado.

x-x-x-x-x

Mia estava em uma lanchonete, junto de Cub, tomando sorvete. O rapaz contava trivialidades com relação à Gretel e Damien e à programas fúteis que fizera com os amigos, enquanto a garota apenas concordava com tudo, entediada. A história da modelo que sofrera um acidente de quase morte ecoava forte em sua cabeça.

Cub interrompeu seus pensamentos:

— Terra chamando Mia!

A garota imediatamente chacoalhou a cabeça, desviando aqueles pensamentos e procurando prestar atenção no que o rapaz dizia.

— Desculpa Cub, estou com a cabeça cheia. Você se importa de terminar o lanche sozinho? Eu preciso mesmo ir pra casa descansar. Minha cabeça tá explodindo.

O rapaz ficou surpreso por alguns segundos, mas logo disse:

— Tudo bem, pode ir Mi. Descansa por mim também, aliás. A dama de ferro me quer na mansão pra ajudar nos preparativos da decoração do quarto do garoto...

Mia sorriu e saiu, despedindo-se do rapaz com certa melancolia. Abraçou-o longa e fortemente, sentindo uma sensação estranha. Quando os dois se separaram, a loira sentiu como se seu coração tivesse se quebrado no peito.

— Você sabe que eu te amo, né? — Disse no tom de voz mais amoroso que conseguiu exprimir.

O rapaz sorrindo, concordando com um aceno de cabeça.

— Claro, sua boba. Eu também te amo.

A loira sorriu mais uma vez e então foi embora, ainda com uma péssima sensação de perda. Fica bem, filhotinho...

x-x-x-x-x

A moto de Cub praticamente voava pelas ruas da selva de concreto. Ele era extremamente habilidoso com o veículo. Em cinco anos de pilotagem sofrera apenas um acidente, onde quebrou o braço. O motivo fora a imprudência de quem batera nele, uma senhorinha de oitenta anos que acabara de tirar sua primeira habilitação. Não havia preocupação alguma com o problema mecânico da moto, já que qualquer que fosse ele, Cub saberia contornar a situação. Era naquilo que ele era bom. Era aquilo que ele sabia fazer melhor.

Cub passou por alguns prédios conhecidos em direção a mansão dos DuBois. De repente, sem motivo aparente, o recado de seu irmão sobre o acidente passou por sua cabeça, seguido do acidente de Maria e por fim a visão de Mia.

Piscou.

A lista da morte do deathiscoming.com fez com que uma onda de eletricidade o consumisse por inteiro. Olhou para o motor: o chaveiro de Marilyn não estava mais ali. Estava quase chegando a um cruzamento quando viu a fachada de um prédio: Burned Phoenix 180.

Arfou. Cub foi arremessado com força para o cruzamento, enquanto sua moto ficou para trás. Caiu com uma força ainda maior em cima de seu braço, e viu o osso do cotovelo ser exposto. A dor foi lancinante, e o rapaz gritou alto, sentindo sua voz ser abafada pelo capacete que usava.

Não percebeu quando um caminhão carregando toras de madeira acertou-o em cheio, passando com as gigantescas rodas em sua cabeça, explodindo-a. O que restou de Cub foi uma massa vermelha estendida no asfalto.

x-x-x-x-x

Liam avisou de sua presença no interfone da mansão de Cicciliona com certa solenidade. O portão se abriu e ele dirigiu até a porta, estacionando em frente à entrada. Quem veio atendê-lo na porta foi uma mulher idosa, que disse:

— Pode entrar.

O rapaz agradeceu-a e entrou. Theo veio recepcioná-lo.

— Olá!

Liam apertou a mão do outro, fazendo uma careta. O infeliz continua lindo.

— Infelizmente a Cicciliona está ocupada, conversando com aquela sua amiga Mia...

— Oh não, eu não vim falar com ela. Eu vim falar com você.

Theo estranhou aquilo. Por algum motivo que não soube explicar, sentiu o coração bater mais forte.

— Pode dizer. — Murmurou, tentando não gaguejar.

O oriental pigarreou. Disse:

— É sobre a Maria, uma das minhas modelos.

— O que tem ela?

— Bom... Ela sofreu um acidente grave e está internada. O pior já passou, porém. Ela vai sobreviver.

— Que horror! — Theo exclamou, colocando a mão no peito. — Há algo que eu possa fazer a respeito?

— Tem sim. Foi você que me indicou a garota, então eu esperava que soubesse algo a respeito dela. Contato dos familiares, qualquer coisa assim...

Theo pensou durante alguns segundos. Lembrava-se claramente de quem era a garota, de modo que disse:

— Eu tenho alguns números de contatos dos irmãos dela na Colômbia, mas estão no meu escritório. Eu vou estar com eles à noite, tudo bem pra você?

— Claro, ótimo. Eu seria eternamente grato.

Liam sorriu e virou-se, preparado para sair.

— Espera... — Theo pediu de maneira incerta.

— Sim?

Os dois trocaram olhares por alguns segundos.

— Você sente a minha falta, admita.

Liam foi tomado de surpresa pela pergunta do outro.

— Como?

— Você ainda me ama.

— E faz diferença? Não sei se você se lembra, mas foi você quem terminou comigo.

O asiático pôs-se a sair por mais uma vez, mas sentiu o braço de Theo tocando seu ombro.

— Eu não terminei com você.

— Você se recusou a dar um passo adiante em nossa relação. Se não queria nada mais sério, está implícito que não me queria mais. Não importa o que eu pensei ou o que eu ainda sinto por você. Agora se me dá licença eu realmente preciso ir. Eu estou cheio de trabalho a fazer...

Virou-se pela terceira vez, mas Theo segurou-o pelo braço, obrigando-o a se virar. Foi pego de surpresa por um delicado beijo.

— Seu... Traste!

Liam empurrou Theo com força e saiu xingando-o. O outro rapaz nada disse. Continuou parado ali por diversos segundos, tocando os lábios.

x-x-x-x-x

A cena no escritório seria cômica se não fosse tensa. Mia estava sentada em frente a uma grande mesa de linóleo, tremendo. À sua frente estava Cicciliona, portada da maneira mais extravagante e aristocrática possível, intimidando a loira de maneira colossal.

— Então... — A grande dama começou. — Seu nome é Mia, correto? Mia do quê?

A garota tossiu e gaguejou, mas por fim disse:

— Kirklin.

A grande dama meneou a cabeça, como a compreender.

— Sobrenome francês?

— Inglês, na verdade.

Cicciliona pareceu não gostar de ser corrigida, mas não reclamou. Não queria assustar Mia.

— Bom, antes de qualquer coisa eu preciso dizer que sou grata por você ter aceitado o convite de vir a minha humilde casa. Aliás, antes disso: sou grata pelo que você involuntariamente fez no desfile no Maiden’s Garden...

— Eu agradeço a sua gratidão, mas se quer alguma explicação de como...

Cicciliona interrompeu-a:

— Não querida, eu não quero explicações. O que aconteceu, aconteceu, e devemos ficar gratos pela segunda chance que nos foi dada. Na verdade eu quis conversar com você a respeito do seu amigo, o indiano...

— O Kaleb?

— Não sei o nome dele, mas é óbvio que estamos falando da mesma pessoa. Você sabe qual o problema que ele tem com o Tony, princesa?

Mia tremeu com o adjetivo que Cicciliona usara para se referir a ela. Resolveu que não seria certo entrar em detalhes do que Kaleb confidenciara a ela.

— Não. Ele nem é meu amigo, na verdade. Eu o conheci faz só alguns dias.

A grande dama colocou a mão no queixo, franzindo a testa:

— Entendo... Você está falando a verdade para mim, não é?

Mia engoliu em seco.

— C-Claro.

Cicciliona pigarreou, acenando com a cabeça, como se acreditasse na garota. Houve então alguns intermináveis segundos de silêncio, quebrados pela dama:

— Você é jornalista, certo querida?

— Aham.

— Ótimo. — Outro silêncio. — Você estaria interessada em cobrir Paris... A meu serviço?

Os olhos de Mia brilharam com a oferta. Tudo o que ela sempre quis, assim, na sua frente. Mas logo se desolou, ao perceber o real motivo da oferta.

— Se a senhorita está fazendo isso com a intenção de que eu conte algo sobre o Kaleb e o Tony, é perda de tempo. Eu já lhe disse que não tenho ideia do que ocorre entre eles.

Cicciliona semisserrou os olhos de maneira enigmática.

— Oh, não, querida! De maneira nenhuma! Essa oferta nada tem a ver com o que eu lhe perguntei anteriormente. É que eu andei checando suas credenciais com o Nero, seu editor, e fiquei impressionado com a falta de prestígio que você tem por lá, apesar do currículo impressionante. Você largou o college para se dedicar exclusivamente à profissão. Foi ousada, e fez trabalhos bastante competentes desde então. Eu acho que merece mais. E esse mais sou eu.

Mia ficou pensativa, ainda tonta com todas aquelas informações. De alguma forma as coisas não batiam. Os pontos não ligavam. Verdade fosse dita, ela era mesmo uma boa jornalista, e procurava sempre dar o seu melhor em todo trabalho. Mas dizer que seu currículo era impressionante? Dificilmente semelhante mulher, que poderia ter qualquer repórter, fotógrafo ou jornalista em suas mãos, se interessaria por ela. Mia era boa, mas Cicciliona era excelente. Alguma coisa muito errada estava por trás daquela oferta. Mas... O quê?

Suspirou. Disse:

— Eu posso ter um tempo para pensar?

Cicciliona surpreendeu-se com aquilo.

— Uau! Por essa eu realmente não esperava. Mas eu aceito lhe dar esse tempo. Pense a respeito e depois marque uma hora comigo com o Theo e me diga o que decidiu. Mas já adianto que seria uma honra tê-la a meus serviços...

Mia sorriu falsamente e saiu, despedindo-se friamente da grande dama. Cicciliona manteve-se imóvel, como uma estátua de sal, observando a garota sair.

x-x-x-x-x

Damien levantou-se um pouco mais disposto. Encontrou Gretel no corredor arrumando um quadro. Ela o chamou, mas o garoto não ouviu, apontando para o aparelho. A dama de ferro aproximou-se dele e perguntou, enquanto ele lia seus lábios:

— Eu marquei o médico pra você hoje, querido. Nós iremos ver a situação desse seu aparelho e conversar a respeito do seu tratamento, tudo bem?

O garoto concordou com a cabeça. Gretel então pediu que ele fosse para o quarto trocar de roupa e que em seguida descesse para tomar o café da manhã. Tony já estava na mesa, tomando um café preto e sem açúcar e lendo um jornal.

— Ele vai descer pra tomar café?

A mulher sentou-se em frente ao marido, concordando com a cabeça. Disse:

— Eu vou levá-lo à Dra. Miura hoje.

O homem terminou de tomar sua xícara de café e disse, em um tom de desinteresse:

— Mesmo? Bom.

Gretel sentiu-se ofendida com aquilo.

— Você podia pelo menos fingir que se interessa, Tony.

Ele abaixou o jornal, olhando para a mulher. Depois olhou para os lados e cochichou:

— Eu é que não entendo qual o seu interesse nesse garoto. A mãe dele era minha funcionária, mas e daí? Nós não temos responsabilidade alguma para com ela ou ele.

— Como você pode ser tão frio assim? Esse menino é um órfão!

— O pai dele está preso, não morto. Ele não é um órfão. E mesmo se fosse, o que nós temos a ver com isso?

A mulher desistiu de argumentar.

— Eu sei o que você está fazendo, querida. E eu preciso te dizer: esse menino não é o Mike.

Gretel congelou ao ouvir o nome do filho assassinado.

— Como você ousa falar do meu filho? Seu desgraçado!

— Seu filho? O Mike era nosso filho!

A dama de ferro não conseguiu conter as lágrimas. Levantou-se da mesa e deixou que algumas lágrimas caíssem em sua camisa branca.

— Eu te odeio. — Foi tudo o que conseguiu dizer.

E saiu, deixando o café da manhã para trás. Tony meneou a cabeça negativamente, erguendo o jornal e voltando a lê-lo.

— Bem vinda ao clube.

x-x-x-x-x

Os policiais recolhiam os pedaços humanos do asfalto com dificuldade. Encontraram na jaqueta de Cub um celular, e então procuraram suas chamadas recentes. Deram sorte com a primeira. Mia.

Em segundos a garota chegava ao local e recebia a notícia. Tapou a boca, horrorizada. Apesar de haver um saco preto sendo colocado dentro de uma van, havia sangue espalhado por toda a rua, e a garota tentou atravessar a multidão, gritando:

— Cub! Cub!

Em vão. Não conseguiu nada. Sentiu-se fraca, e então sentiu sua visão ficando turva. Tudo ao seu redor girava...

Desmaiou.

x-x-x-x-x

Quando Mia acordou estava dentro do carro de Liam. O rapaz estava sentado no banco da frente com os olhos um pouco vermelhos.

— Não foi um sonho? — Ela perguntou.

Liam meneou a cabeça negativamente.

— Foi um acidente de moto. Algum problema mecânico, sei lá. Ele foi arremessado para o cruzamento e atropelado por um caminhão de carga que estava passando.

— E quando você chegou?

— Faz uns dez minutos. A polícia me ligou.

O rapaz não se virava para falar com Mia. Mantinha-se focado no espelho do carro. Um turbilhão de ideias percorreu a cabeça da loira, mas por alguns segundos nada aconteceu.

Mas então, de repente, um click reavivou sua memória. O site, a lista da morte, sua visão, o acidente de Maria, a morte de Cub. Estava realmente acontecendo.

Oh, não...

x-x-x-x-x

Maria recebeu alta do hospital a contragosto do médico que a atendera. Ela já estava internada ali há algumas semanas e, embora estivesse liberada, deveria voltar na segunda-feira seguinte para alguns exames.

A latina estava terminando de amarrar seu tênis quando a enfermeira chegou, anunciando:

— Nós precisamos tirar as suas faixas.

A garota congelou, sentindo-se completamente assustada. Não havia pensado que aquele momento fosse chegar. Pelo menos não tão rápido. Tentou argumentar:

— Isso é realmente necessário?

— Querida, você não vai poder ficar com isso para sempre.

A enfermeira trabalhava rápido, puxando as ataduras sem dó. Maria não sentiu nenhuma dor. Quando a mulher terminou seu trabalho, aproximou timidamente um espelho e colocou-o ao lado da mão de Maria.

— Vou deixá-la a sós.

E saiu. Maria olhou instintivamente para o espelho e viu uma parte de seus olhos. Uma massa desfigurada estava bem abaixo das pálpebras. Suspirou.

E então, assustada, viu seu reflexo por inteiro.

Sua primeira reação foi o horror, o asco. Tentou afastar aquela figura horrenda de si, mas logo percebeu ser impossível. Aquela era ela. Para sempre Ao aceitar esse fato, pôs-se a observar todos os detalhes: sua boca, seu nariz, os olhos, a maçã do rosto. Nada mais estava do jeito que era. Nada mais estava do jeito que deveria ser.

Maria não era mais a moça bela e estonteante que atraía para si qualquer homem (e mulher) que desejasse. Não era mais a moça que tinha poder sobre outros, que conseguia o que queria apenas com uma jogada de cabelo. Ela perdera sua beleza, seu poder, sua carreira, sua vida. Tudo do que gabou e se orgulhou durante anos estava acabado. Ela jamais seria a mesma.

Começou a chorar, gemendo alto. A dor e o sofrimento tomaram conta de seu ser completamente, não deixando brecha alguma para a racionalidade. Maria jogou o espelho no chão com força, chorando ainda mais.

— Não!

Imagens tomaram conta de sua mente, e seu sonho com o videogame veio à tona. Sua personagem matando pessoas e recuperando a beleza, passo a passo. Tomando vidas em troca da perfeição de volta à sua face. Um acordo?

— Saiam daqui! — Ela berrou.

Maria expulsava as enfermeiras aos prantos. Queria ficar só, não queria que ninguém a visse. Um vento soprou forte e arrastou os cacos de vidro para fora do quarto. As imagens do videogame vinham e voltavam, enquanto Maria ouvia vozes sussurrando coisas ininteligíveis.

— Tome... A vida.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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