Simplesmente Complexo escrita por Julie Blair


Capítulo 52
Capítulo 52




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Voz: Brennan

Booth apagou a luz, puxando-me para si. Apoiei a cabeça sobre seu peito, escutando as batidas de seu coração... Compassadas, com as minhas. Booth entrelaçou seus dedos nos meus, e com a mão que estava livre, acariciou meus cabelos. Pela primeira vez em semanas, me sentia segura. E aquela sensação de segurança, embora fosse boa, machucava-me. Ele não sabia... Ainda não havíamos conversado... E não sabia se teria coragem de contar a ele. Embora estivesse feliz por sua presença, parte de mim temia... Temia acordar lá de novo, temia que toda minha felicidade não passasse de um sonho. Foi então que Booth puxou-me ainda mais... Ele queria mais. Mas não podia, eu não conseguiria... Não naquele momento. Afastei-o. Afastei-o com pressa. Enquanto as lágrimas rolavam por meu rosto.

Voz: Booth

- O que está acontecendo, Bones?

Ela permanecia muda, enquanto chorava.

- Bones... Eu estou com você. Nada mais vai acontecer... Eu prometo.

Acariciei seu ombro, me aproximando. Logo depois, com uma das mãos, puxei seu queixo de leve... Para que seus olhos encontrassem os meus. Podia sentir sua dor... Podia sentir o quanto lhe machucava não encontrar as palavras certas para me dizer.

- Você não precisa falar nada agora, Bones... Podemos deixar pra depois, quando estiver pronta.

Vi ela balançar a cabeça, negativamente.

- Não! Não, Booth! Eu preciso contar... Não posso mais guardar comigo... Preciso que saiba.

Mesmo que em meio as lágrimas, suas palavras eram firmes.

- Eu já volto.

Ela disse, levantando-se. Voltou para o quarto com uma bolsa amarela... A bolsa que insistira tanto para acharmos. Colocou-a em cima de nossa cama, sentando-se em seguida. Ficamos frente a frente, com a bolsa entre nós.

- Preciso que abra. Preciso que leia. Preciso contar.

E então fiz o que ela pediu. Li carta por carta, enquanto escutava o barulho de seu choro... Enquanto sentia sua dor. Suas palavras atingiam-me, uma por uma, sabia o quanto havia sofrido distante de tudo.

 Quando finalmente acabei de lê-las e iria aproximar-me para um abraço, Brennan impediu-me...

- Isso não é tudo.

As lágrimas agora corriam mais rapidamente por seu rosto. A fala era praticamente impossível... Ela soluçava e tremia, e eu não sabia o que fazer... Não sabia como deveria agir naquele momento.

- Você não precisa...

- Não, eu preciso.

Ela me interrompeu, em meio as suas lágrimas.

Uma pausa se deu... Até que Brennan conseguisse começar.

- Eles... Eles eram horríveis! Foi horrível. Eu não consigo esquecer... Eu tento, mas não é o suficiente.

- Nós esqueceremos.

- Não, Booth... Eu não consigo.

- O que exatamente não consegue esquecer?

Suas lágrimas voltavam a correr mais rapidamente, mas dessa vez, a pausa não foi tão longa.

- Na primeira noite... Eles me agrediram... Eu tentei lutar, mas não tinha forças.

As palavras de Brennan me machucaram como nunca. Sentia-me culpado... Eu deveria estar lá... Para protegê-la. Não acreditava em parte no que escutava... Era demais... Até mesmo para mim. Saber que ela havia passado por aquilo, me deixava igualmente triste e perdido. Eu não conseguia acreditar.

- E então, eu mordi... Era a única maneira. Ele deu um tapa forte em meu rosto, e junto com os outros, me levou para a floresta... Lá eles tiraram a minha roupa... Eu estava assustada... Não tinha como me defender... Estava tão fraca!

As lágrimas rolavam por seu rosto com intensidade. Novamente deu uma pausa... Precisava daquele tempo. Quando seus olhos cruzaram com os meus, encorajei-a a continuar... E assim ela fez.

- Naquela noite, dormi na Cabana de Ben... Ele me vestiu... Não tinha outra opção. Depois daquele dia, passei dias sem comer... Estava ainda mais fraca. Jung me salvou.

Novamente, uma pausa se deu. A menção do nome de Jung fez com que ela se deitasse em meu colo, chorando ainda mais.

- Ele não merecia morrer... Não por minha causa!

Acariciei de leve seus cabelos, e sussurrei...

- A culpa não foi sua.

Brennan então secou as lágrimas, levantando, decidida a continuar.

Contou sobre a carta que havia sido forçada a escrever, sobre a noite em que dormira com Ben, sobre o quanto tinha medo de nunca mais ver a mim e a Sophie.

Quando enfim terminou, seus olhos estavam fixos nos meus.

- Você pode...

- Posso. É por isso que estou aqui.

Sorrimos um para o outro, com a impressão de já termos dito aquelas mesmas palavras. Abracei-a forte, e sussurrei antes de dormir...

- Minha parceira. Podemos enfrentar qualquer coisa juntos.

- Sim, nós podemos.

E então a senti, aproximando-se. Abraçou-me, e em seguida, pegou no sono.


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