Simplesmente Complexo escrita por Julie Blair


Capítulo 32
Capítulo 32




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Voz: Brennan

- Mani – Aiá demorou... Jung ficou cansado...
- Bom, mas trouxe isto aqui!

Apanhei a arma de dentro da bolsa.

- Arma dos brancos... Jung sempre quis usar uma dessas!
- Jung, é melhor não... Vamos apenas seguir o plano... Precisamos sair daqui.

Senti Jung me pegar pelo braço, tentando me guiar... Larguei a bolsa amarela, e apenas o segui... Tinha a certeza de que sabia o melhor caminho para não sermos encontrados. Andamos com cuidado, silenciosamente... Por trás das árvores e pedras, lugares por onde dificilmente nos procurariam. Suponho que naquele exato momento, Ben notou que sua arma não estava dentro da mochila. Informou os guardas, chamou Nathan e os demais... Todos com tochas e lampiões, em grupos, para me procurar. Eles sabiam... Sabiam que eu queria fugir. Não tinha outro motivo para pegar a arma de Ben... Era lógico para eles. Enquanto isso, Jung e eu corríamos... Estávamos a vinte minutos de atravessar a zona vigiada, havíamos percorrido o caminho mais longo... E também mais seguro. Mas enfrentar os guardas, os tantos guardas... Não me pareceu tão seguro e fácil como andar silenciosamente, entre ás árvores e atrás de grandes pedras. Foi aí, que percebemos que aquele não era o nosso único problema...

- Jung viu luz! Jung viu luz!
- Jung, como assim? Jung!

Quando percebi, Jung já me puxava, em direção a uma grande árvore. Me vi obrigada a escalá-la, tão depressa quanto Jung. Não questionei... Não tínhamos tempo. Apenas subi, rapidamente, até que Jung indicasse um galho grande, onde poderíamos parar. Ao chegar, me puxou pela mão, com uma força que não sabia que tinha até aquele momento. Jung fez sinal para que permanecesse calada, não entendia o que estava acontecendo... Não entendia o que Jung via. Mas passado um curto tempo, entendi... Vi Ben, Nathan e alguns guardas aproximando-se. Eles carregavam tochas, lampiões e algumas lanternas... Todos prontos, para o momento em que me encontrassem. A folhagem não nos cobria totalmente... Podíamos ser vistos, de um certo ângulo. Viamos todos eles, passarem por de baixo de nossos pés... Minhas mãos e pernas tremiam, e Jung me segurava para que não fizesse barulho ou caísse. Cochichei...

- Eu poderia matá-los.

Jung apenas fez um sinal para que permanecesse em silêncio, eles ainda estavam próximos... Muito próximos. Se não fosse noite, provavelmente nos veriam no primeiro momento... Mas estávamos cobertos, pelo céu negro sem estrelas que cobria aquela noite. Ficamos calados, ali, por mais vinte minutos. Então Jung fez sinal para que descesse, ainda em silêncio. Desci, ainda com as pernas bambas... Jung desceu primeiro, e ao pisar no chão, me ajudou a terminar a descida. 

- Mani – Aiá, preciso que confie em Jung... Preciso que siga Jung.

Concordei, balançando a cabeça afirmativamente. Confiava em Jung... Ele era um índio muito, muito esperto... Soube desde o momento em que o conheci. Jung fez com que nos afastássemos daquele lugar, para o lado contrário de Ben e os guardas que o acompanhavam. Andamos por mais dez minutos, entre as árvores... E depois, faltando quinze para enfrentarmos os guardas que protegiam o local, Jung fez com que entrasse em uma pequena gruta.

- Mani – Aiá disse que confia em Jung... Então Jung precisa que Mani – Aiá não atire em Abaetês.
- Mas Jung, se não atirarmos... Como vamos passar?

Jung ficou pensativo... Sabia que elaborava o final do plano naquele exato momento.

- Mani – Aiá sabe nadar bem?
- Sei sim, Jung...

Já conseguia prever o que viria a seguir...

- Então vamos nadar. Jung viu que os guardas que ficam na zona do rio são poucos... Jung já pensou em fugir por ali.

Era brilhante. Era arriscado, mas ainda assim, brilhante.

- Bom... Por onde andamos agora?

Jung sorriu, pegou novamente meu braço, e indicou a direção. Andaríamos ainda mais para o Leste, até chegarmos ao rio. Foram mais vinte minutos de caminhada... Por um caminho ainda mais difícil de percorrer do que os outros. As escaladas eram muitas, e a vegetação dificultava bastante a nossa passagem sem que fizéssemos barulho. Quando chegamos ao rio, percebemos que o lugar estava realmente deserto... Pelo menos a princípio. Esperávamos poucos guardas, mas não havia nenhum. Jung andou silenciosamente pelo local, procurando um indício de algum homem ali escondido... Mas para nossa sorte, não havia. 

- Jung precisa que Mani – Aiá nade o mais rápido que puder... Mas Mani – Aiá não pode bater perna... Se não Abaetês podem escutar Mani – Aiá.

Concordei com a cabeça, e em seguida, entrei no rio, incentivando-o a entrar também. Jung apontou para onde deveríamos nadar, e em seguida, mergulhamos. Apenas voltamos à superfície quando o ar não era mais suficiente, e já estávamos parcialmente seguros. Mas a pressa mudou, assim que ouvimos ao longe...

- Eu a encontrei! Eu a encontrei!


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