Simplesmente Complexo escrita por Julie Blair


Capítulo 15
Capítulo 15




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/166405/chapter/15

Voz: Brennan

- A mocinha acordou!

Ben entrava pela porta. Vestia uma camiseta e bermuda de marca, além de havaianas brancas. O cabelo estava bagunçado e molhado, carregava uma toalha de banho que aparentemente recém havia sido usada. Continuei em silêncio.

- Queria dizer que você tem um corpo muito bonito... Foi difícil vesti-la sem tocá-la.

Minha pele arrepiou-se de nojo.

- Isso jamais acontecerá.

Disse, anojada.

- Temperance Brennan prevendo o futuro? É realmente novo pra mim!

Ben gargalhou, e eu o ignorei mais uma vez. Não me sentia a vontade com ele ali...

- De qualquer forma Dra. Brennan, vou deixar você a vontade para se trocar. Se quiser tomar banho, escovar os dentes, tem um riacho a poucos metros daqui. Todos, exceto eu, saíram para caçar o almoço... É a melhor hora para ficar nua sem ser vista.

Ben deu um sorriso, piscou, e retirou-se. Não sabia como ele conseguia ser tão nojento e elegante ao mesmo tempo... Acho que suas elegâncias me faziam odiá-lo ainda mais. A noite passada havia feito com que me sentisse suja... Precisava de um banho, precisava me apressar. Levantei-me, estava realmente forte... Peguei a bolsa amarela que Ben havia dito ser minha, e saí da cabana. O sol ainda estava nascendo, o dia estava quente... Era um belo dia pra recomeçar. Contornei a cabana para não ser vista de camisola, até que estivesse em meio as árvores. Meus pés descalços sentiam a areia, Hodgins certamente adoraria aquele lugar... As espécies, tipos diferentes de solo... Aquele lugar para Hodgins certamente seria o paraíso. Escutava o barulho de alguns animais... Pássaros, macacos, entre outros... Além de escutar o barulho da cachoeira, que aproximava-se cada vez mais. Andei por cerca de trinta minutos até que avistasse parte da cachoeira. A água transbordava pelas pedras que contornavam aquele curso da água...

Parecia ser um dos últimos, a água estava calma. Do outro lado, enxergava mais pedras e uma mata pura... Aquele lugar era realmente lindo! Abri a bolsa amarela, lá encontrei tudo o que precisava... Escova de dente, pasta de dente, sabonete, produtos para o cabelo, roupas limpas e uma toalha de banho. Me despi e mergulhei fundo. A água estava gelada, a sensação de estar só, livre, me fortaleceu ainda mais. Fiquei um tempo ali, apenas pensando em como poderia escapar... Depois de completamente limpa, me sequei e coloquei a roupa que havia separado. Uma camisa larga de uma banda que não conhecia, e um short jeans claro. Calcei umas havaianas brancas que haviam dentro da bolsa, escovei o cabelo, e voltei para o acampamento. Me aproximando, já senti o cheiro forte de carne. Eles assavam um dos animais que haviam caçado, e passavam uma garrafa de cachaça de mão em mão. Não suportava aquele cheiro... Não queria voltar para aquela realidade, queria apenas passar mais tempo na floresta, sozinha. Mas sabia que não sobreviveria... Sabia que voltaria uma hora ou outra. Então tranquei a respiração, e atravessei o acampamento até chegar à cabana. Os homens do acampamento assobiavam, enquanto eu apenas tentava chegar a cabana o mais depressa possível. Ben estava lá, sentado em sua cama, lendo. Embora a companhia não fosse agradável, não podia ficar na companhia daqueles homens...

- Dra. Brennan, que bom que você chegou... Tenho que pedir gentilmente algo pra você!

Ben sorria, irônico.

- Recuso, obrigada.

Retribuí a ironia.

- Bom... Então sinto muito, não pedirei gentilmente.

Ben que estava encostado na cabeceira, sentou-se e pegou primeiramente um par de luvas, e depois tirou da gaveta uma folha de papel e uma caneta, alcançando-me.

- Quero que escreva uma carta para o Agente Booth. Eu estudei vocês, sei que ele não vai deixar de procurá-la tão cedo... Então preciso que escreva para ele, dizendo que está começando uma nova vida.

- Eu jamais vou fazer isso!
- Dra. Brennan, você não tem escolha... Sabemos onde sua filha estuda... Sophie não é? Aparentemente ela é uma criança prodígio... Mas não será mais, se não escrever essa carta.

Não queria escrever aquela carta. Aquela carta podia significar nunca ser encontrada, podia significar o rompimento com a minha antiga vida. Quando tudo parecia estar melhorando, finalmente tudo volta a piorar. Eu precisava ter a minha vida de volta, eu precisava ter Booth e Sophie mais uma vez... Mas só de pensar no que eles poderiam fazer a Sophie, já sentia medo. Nada poderia acontecer a ela... E eu sabia que eles eram capazes, sabia que eles poderiam fazer mal a ela sem nenhum remorso. Eu preferia abrir mão de minha vida a deixar que eles fizessem qualquer mal a minha filha. Então peguei a folha de papel e a caneta das mãos de Ben, e fui para a escrivaninha escrever.

- Posso ficar sozinha?
- Pode. Desde que saiba que irei ler a carta antes de mandarmos para o Jeffersonian. Não tente dar uma de espertinha, seja bem clara... Caso não for, já sabe o que acontecerá.

Ben saiu, com um sorriso no rosto. Pensei em tentar achar algum material com as suas digitais, mas se ele descobrisse, certamente estaria colocando a vida de Sophie em risco. Mesmo que me doesse, mesmo que tudo o que mais quisesse escrever para Booth era para que me buscasse, fiz exatamente o que Ben queria que eu fizesse.

“Booth, queria dizer que todos os anos que passamos juntos foram maravilhosos... Nunca pensei que amaria tanto alguém, nunca pensei que me faria feliz apenas concentrar meus pensamentos por um tempo em você. Mas a felicidade, como tudo na vida, é relativa... Uma hora a temos, outra hora podemos perdê-la, e a dor de perdê-la é ainda maior quando já a tivemos um dia. Eu sinto muito, por tudo... Mas talvez a vida seja melhor assim, talvez seja melhor buscar novas experiências... Talvez seja melhor esquecer, talvez seja melhor me afastar de tudo o que mais amei. Quero que cuide de Sophie, nunca a abandone. Ela é uma garotinha muito especial... E me dói muito saber que não a verei crescendo. Mas sempre lembrem que amo vocês, e se estou fazendo isso, estou fazendo por amor. Não me procurem mais, apenas não me apaguem da memória.

Eu amo vocês. Com todo carinho, Temperance Brennan.”

Acabei a carta com os olhos cheios d’água. Não queria entregá-la, mas sabia que era preciso... Vestígios de lágrimas haviam ficado na folha de papel... A caneta um pouco borrada, as linhas um pouco tortas... Minha mãos tremiam. Estava me despedindo de tudo o que mais aprendera a amar na vida... Mas fiquei com uma das frases em minha mente, “se estou fazendo isso, estou fazendo por amor”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Simplesmente Complexo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.