Tentando Meadowes escrita por Miller


Capítulo 3
Vacas, palavras e... Ah meu Deus, FOCAS!


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas! Mais um novo capítulo e esse é dedicado à Camila Potter que recomendou a fic.



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Vacas, palavras e... Ah meu Deus, FOCAS!

Mas é claro que toda a perfeição daquele beijo não poderia durar, porque é claro que o telefone tinha de tocar e atrapalhar nosso momento. É realmente incrível a falta de sorte que eu consigo ter, sério.

E o celular de Remus tocou em um rock, o que fez nós dois nos separarmos e corarmos furiosamente.

Ele atendeu ao telefone e eu rapidamente me distanciei, ficando do outro lado do banheiro, o mais longe possível dele. Não que eu não tenha gostado do beijo nem nada disso, porque, fala sério, eu espancaria até a morte alguém que se atrevesse a dizer que não era bom beijar Remus Lupin, eu apenas queria tomar uma distância para por meus pensamentos em ordem, sem todos aqueles dentes malditamente brancos perto de meu pescoço ou aqueles olhos brilhantemente cinzas me encarando.

Eu precisava ter foco.

Um risinho escapou pelos meus lábios, mas por sorte Remus não me ouviu, pois estava muito absorto em sua conversa ao telefone.

Recapitulando ao que estava pensando, bem, eu realmente precisava ter foco, não o foco marido da foca, apenas o foco que... Bem, uh, que era marido da foca.

Oh droga, isso deveria ser alguma maldição não é mesmo? Porque era incrível que até alguns minutos atrás eu podia falar e pensar em foco – droga ri de novo – sem imaginar focas ou pessoas ‘focando’. E agora eu não conseguia fazer isso sem ter algum ataque alucinógeno onde pessoas se metamorfoseavam em focas.

Respirei profundamente e algumas palavras da conversa de Remus ao telefone penetraram minha mente.

- Não, Emme, escuta... – ele disse e estava falando estranhamente baixo.

Emme... Hum, Emme... Quem era Emme?

E ai eu lembrei quem era Emme.

Porque é claro que, para o zoológico ficar completo naquele banheiro, além de focas precisávamos de vacas também.

Emmeline Vance, a garota mais absurdamente vadia que alguém poderia conhecer – e é claro que eu estou exagerando um pouquinho por causa do ciúme, mas releve – era a ex namorada de Remus.

Ou será que era atual e eu não estava sabendo?

Decidi chegar um pouco mais perto e ouvir a conversa. Minha mãe vivia me dizendo que ouvir conversa alheia é muito feio, mas existem certas coisas que precisam de medidas desesperadas.

- Olha só Emme, eu entendo, mas eu realmente não posso agora e... – bem, acho que desligaram o telefone na cara dele porque Remus tirou o celular do ouvido e ficou olhando para a tela como se tivesse vontade de atirá-lo longe. Eu realmente queria que ele fizesse isso, especialmente se fosse impedir que vacas continuassem a ligar para ele.

Virei o rosto para longe, fingindo que nem havia ouvido nada quando estava me roendo por dentro para saber do que se tratava a conversa.

Eu realmente odiava Emmeline Vance, e o principal fato para esse ódio era que quando ela começou a namorar Remus, ela sabia que eu gostava dele, e ela sabia disso porque era minha amiga naquela época.

Eu senti quando ele virou de frente para mim e eu prendi minha respiração, esperando pelo que ele iria fazer ou falar.

- Hum – ele resmungou e eu finalmente olhei para ele.

Ele estava com a testa franzida e olhava para o chão como se o achasse extremamente interessante. Como se algo pudesse ser interessante naquele chão extremamente branco.

Decidi parar de fingir que não havia ouvido nada, afinal de contas eu realmente não tinha nada a perder. Remus não era meu de qualquer forma.

- E então? – eu perguntei como se estivesse comentando sobre o tempo.

- Então... O quê? – ele perguntou finalmente erguendo os olhos das lajotas do chão.

- Você e a Emme – ele fez uma careta quando eu disse o nome dela. – Estão juntos?

Os olhos – malditos olhos! – cinza dele se fixaram nos meus e ele parecia estar analisando minha expressão. Tentei parecer o mais normal possível, o que era meio difícil porque afinal de contas eu nunca fui normal.

- Não – ele respondeu simplesmente e eu senti um alivio enorme tomar conta de mim.

- Huh – resmunguei e desviei meus olhos dos dele.

E então aquele maldito silêncio constrangedor caiu sobre a gente, porque, depois de mais de seis anos convivendo juntos, em meio à bagunça e confusões dos nossos amigos, um beijo realmente pode mudar tudo.

Tentei prestar atenção em outras coisas que não fossem ele, como por exemplo, a linda janela que havia ao lado da pia. Ela era toda em madeira e estava pintada de branco, realmente muito interessante. Mas infelizmente não consegui prestar muita atenção nisso, porque meus pensamentos insistiam em voltar sempre para o ser que estava parado em minha frente e que provavelmente estava se perguntando o que diabos eu estava tentando fazer ao ficar encarando a janela daquele jeito.

Droga, porque mesmo que eu era amiga da Lily e da Lene?

Tentei pesquisar os motivos dessa infame amizade por minha mente, tentando me focar em qualquer coisa que... Oh droga, tive que rir.

- Que foi? – ele perguntou confuso. –Do que está rindo?

Yeah, claro que ele estava confuso, afinal de contas eu era a louca que ficava encarando janelas sem graça e rindo como se fosse uma retardada mental. O que provavelmente era, mas eu não queria que ele soubesse disso.

- Nada – eu tentei parecer natural enquanto lutava para tirar os pensamentos de perto de qualquer animal marinho que não devesse estar em minha mente.

Porque é claro que, além de me trancarem no banheiro, aquelas duas cobras – sim, porque elas eram umas cobras e não amigas – ainda me faziam ficar com uma bobagem como ‘o foco é marido da foca’ na cabeça apenas para eu passar a imagem mais imbecil de todas pro cara de quem eu gosto.

- Nada – ele resmungou, não acreditando em minhas palavras. – Mas porque você perguntou se eu estava com a Emmeline? – ele perguntou tentando obviamente puxar assunto.

Olhei para Remus e ele me encarava com uma sobrancelha erguida.

- Só saber – eu respondi sentindo-me corar.

Remus sentou no chão em minha frente e encostou a cabeça na parede. O que eu achei uma péssima idéia, pois deixava amostra um pedaço de seu peitoral pela gola da camiseta.

E eu realmente NÃO precisava de mais nada que me fizesse ter vontade de agarrá-lo ali mesmo.

- Tigre – ele falou e eu dei um pulo de susto encarando-o sem entender com uma cara do tipo ‘que merda você está falando?’.

Ele sorriu um meio sorriso que fazia uma covinha aparecer na sua bochecha esquerda – e que também fazia meus batimentos cardíacos saírem do controle – e apontou para o cano da pia. – É a marca.

- Hum – eu não consegui deixar de ficar com os olhos arregalados por causa disso. Talvez eu não fosse a única com alguns problemas mentais.

Ele riu novamente.

- Eu costumo ler coisas quando não tenho nada para fazer – ele explicou me encarando.

- Ah – afirmei com a cabeça.

Achei que estava parecendo uma analfabeta de tanto falar ‘ah’ e ‘hum’, por isso acrescentei:

- Eu canto músicas quando não tenho nada para fazer – eu disse.

Ele meneou a cabeça.

- Diga uma palavra que comece com ‘gre’ – ele disse e novamente o encarei sem entender. – Tigre acaba com ‘gre’ – ele explicou.

- Oh, nós vamos brincar de caça palavras? – perguntei irônica.

- A menos que você saiba de algo mais divertido para fazer – seus olhos brilharam, convidativos.

Senti meu corpo esquentar.

Sentei no chão em frente a ele.

- Grêmio – eu disse a primeira palavra que me veio a mente com ‘gre’.

- Nada mais divertido então – ele resmungou. – Uma palavra com ‘mio’? – franziu a testa. – Míope – ele disse.

- James vale? – perguntei e ele riu enquanto negava com a cabeça. – Pe, hum, pernas – eu completei.

Os olhos dele vagaram por minhas pernas que estavam descobertas por causa do short curto que usava e eu conclui que estava começando a entender o porquê de Remus fazer parte dos marotos.

- Nascimento – ele disse.

- Mentos – eu disse.

- Tosa – ele riu.

Parecíamos duas crianças brincando.

- Salada – eu disse e ele franziu a testa.

- Dado.

- Domingo.

- Gostosa – e as palavras dele vinham cheias de subentendidos. Eu corei. Claro que sim.

Decidi revidar.

- Safado – eu ri.

- Dormir – e estranhamente a palavra dele não parecia se referia a ‘dormir’ realmente.

- Mirrado – eu gargalhei alto com isso.

- Dorcas – ele disse e eu revirei os olhos.

- Caso.

- Sofá – era impressão minha ou todas as palavras que ele dizia tinham alguma coisa por trás.

- Falta.

- Tarado – ele balançou a cabeça quando disse isso.

- Doido

- Dominar – ele falou.

- Árabe – eu disse a primeira coisa que veio em minha mente.

- Beijo – ele disse e ficamos em silêncio.

Soltei um suspiro e passei a mão pelos cabelos. Aquilo estava ficando embaraçoso.

- E então? – ele perguntou e eu o encarei.

- Jogo – eu disse revirando os olhos.

- Gostosa – ele falou e eu franzi a testa.

 – Você já falou isso antes – eu indiquei.

- É verdade de qualquer jeito – ele deu de ombros e sorriu. E aquele era o sorriso mais incrivelmente safado que eu já o tinha visto dar, era quase como se o espírito de Sirius tivesse baixado nele. Estremeci. – Você sabe o motivo porque te trancaram aqui? – ele perguntou.

- Bem, acho que era mais para Lene e Lily se livrarem de mim mesmo, ou talvez apenas porque eu perguntei o que é que esse banheiro tinha – eu disse. – Não compreendo o que aconteceu com elas depois de terem ficado aqui apenas algumas horas – dei de ombros.

- Você está errada – ele disse e eu o encarei sem entender. – Você está aqui comigo porque eu pedi a James e Sirius que fizessem isso – e ele pôs a mão dentro da jaqueta e tirou de lá uma chave. – Achei que era o único jeito de ficar com você.

Bem, então além de ficar imaginando pessoas se transformarem em focas eu ainda por cima também estava ouvindo coisas.

- Você O QUÊ? – perguntei completamente surpresa e estupefata.

Remus me encarou com aqueles olhos muito cinza dele e mostrou a chave para mim, balançando-a.

- Se quiser sair – ele estendeu a mão para mim e eu fiquei apenas encarando o pequeno objeto de metal que tinha ali.

Então o cara de quem eu gosto está me falando com uma cara completamente safada – digna de Sirius Black – que está trancado ali comigo de propósito e ainda pergunta se eu quero sair dali? Eu acho que o louco ali não sou eu.

Eu sorri completamente irônica para ele.

- Você realmente acha que eu vou sair daqui depois de saber disso?

Ele sorriu.

E bem, nós descobrimos que as lajotas daquele piso poderiam ser realmente interessantes.


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Notas finais do capítulo

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Até o próximo post!
Beijos :*